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O Assunto (*Generated Transcript*), 23.06.23-A implosão do submersível rumo ao Titanic

23.06.23-A implosão do submersível rumo ao Titanic

A bordo deste sumergible viajavam cinco pessoas.

Começamos com uma corrida contra o tempo para encontrar o submersivo.

A tele-recherca para encontrar o Titã.

Cinco pessoas devem ser salvadas.

O submarino turístico que levava curiosos até os destroços do histórico Titanic sumiu.

Na corrida contra o tempo, as operações de busca envolveram Estados Unidos, França e Canadá.

Foram usados barcos, aviões, embarcações não tripuladas, sonares, robôs, tudo.

O submarino Titã desapareceu no domingo.

As autoridades responsáveis dobraram o tamanho da área de buscas.

Os militares americanos enviaram para a área de buscas um equipamento chamado FADUS,

especializado em içar destroços do mar.

Mas ainda não há confirmação de que ele funcionaria para a profundidade do Titanic.

O maior desafio, por enquanto, é entender se vai ser possível fazer isso

enquanto as pessoas ainda têm oxigênio dentro dessa cápsula.

Está se aproximando daquela hora fatal, 7 da manhã desta quinta-feira em Brasília,

quando deve acabar o estoque de oxigênio a bordo.

Quase 100 horas depois de o submersível Titã desaparecer nas profundezas do norte do Oceano Atlântico,

a Marinha Americana confirmou o resultado da expedição turística de alto risco.

Ele tem que descer o equivalente a 4 vezes e meia o Burj Khalifa, o maior prédio do mundo.

Ou todo o Monte Fuji, no Japão, embaixo do oceano.

Até chegar nos destroços do Titanic.

O Titanic está localizado a 3.800 metros de profundidade,

num local conhecido como zona da meia-noite.

A pressão é 390 vezes maior que na superfície.

O Titã, submarino que desapareceu, foi projetado para suportar até 4 mil metros de profundidade.

Mais tarde veio a confirmação.

A guarda costeira acaba de confirmar que não há sobreviventes.

Disse que cinco partes do submersível foram encontradas.

Classificou como um evento catastrófico.

Com custo de mais de um milhão de reais por passageiro,

a expedição levava um grupo de bilionários rumo aos restos do transatlântico mais famoso do mundo.

O Titanic, cujo naufrágio em 1912 desperta apelo e curiosidade até hoje.

A viagem até o naufrágio do Titanic leva duas horas.

Quando chegam lá, a quase quatro quilômetros de profundidade,

os visitantes observam o navio por quatro ou cinco horas e voltam para a superfície.

Lá embaixo é totalmente escuro e muito frio.

O fundo do mar é lamacento.

Você se sente como um astronauta no espaço.

E há poucos submarinos que conseguem chegar lá.

Da redação do G1, eu sou Natuzaneri e o assunto hoje é

o final trágico das buscas por um grupo de bilionários que embarcou em uma aventura perigosa

para ver de perto os destroços do Titanic.

Neste episódio, eu converso com Candice Carvalho, correspondente da Globo nos Estados Unidos.

Ela fala comigo direto de Boston, de onde a Guarda Costeira Americana coordenava as buscas.

Depois, falo com o médico Camilo Saraiva, especialista em medicina de mergulho

e diretor médico da Diver's Alert Network,

uma organização internacional sobre segurança em mergulho com sede nos Estados Unidos.

Sexta-feira, 23 de junho.

Candice, a Guarda Costeira dos Estados Unidos fala em uma implosão de dimensão catastrófica da cápsula Titã.

Eu queria te perguntar, te pedir para nos detalhar o que as autoridades disseram sobre as investigações.

Quais são as hipóteses e para onde os trabalhos devem caminhar a partir de agora?

Bom, Natuza, a implosão, uma implosão era o que as autoridades temiam desde o início.

A cápsula, embora o Titã tenha alguns aspectos que parecem amadores na montagem, na parte interna da cápsula,

a gente vai falar sobre isso depois,

a gente não pode esquecer que foi uma tecnologia desenvolvida em parceria com a NASA

e, portanto, tinha uma parte da cápsula que era muito preparada para esse tipo de situação.

Então, existiam sete planos de emergência no caso de algo dar errado.

Por exemplo, se todos os tripulantes, por algum motivo, ficassem sem oxigênio e desmaiassem,

a cápsula, através de um sistema, conseguiria detectar isso e conseguiria automaticamente se colocar de novo na superfície.

Agora, o que os especialistas falaram desde o início é que, no caso de uma implosão, é claro, não tem o que fazer.

Agora, a segurança do Titã a que você se referia já era questionada por muita gente, por engenheiros, por cientistas.

Então, eu te pergunto, do que você apurou sobre isso? Quais eram os pontos mais problemáticos desse veículo?

E o que a OceanGate dizia sobre essa desconfiança?

Olha, Natuzin, em 2018, foi escrita uma carta por um conjunto de engenheiros, cientistas,

e essa carta foi enviada para a OceanGate e essa comunidade científica questionava e fazia alguns alertas em relação ao Titã, ao submersível.

São algumas pessoas que trabalharam como colaboradores em algum momento com a OceanGate,

ou que forneceram materiais para a construção do Titã e viram que, do ponto de vista deles, algo não estava completamente ok.

Então, o que essa carta diz?

Que o Titã, o desenvolvimento dele, não estava de acordo com os padrões de segurança básicos da indústria.

Por exemplo, ninguém, não houve nenhuma, como chamam aqui nos Estados Unidos, uma segunda parte que fiscalizou o Titã, a construção do Titã e a performance do Titã.

Ele foi feito e aprovado unicamente pela OceanGate.

Josh Gates tem um programa sobre aventuras e visitou a cápsula da OceanGate em 2021.

Ele conta que decidiu não fazer a descida até o Titanic depois de constatar o que considerou vários problemas técnicos.

Ele achou que a cápsula ainda precisava passar por mais testes.

O mexicano Alan Estrada fez a expedição para o programa de aventuras dele e passou por dificuldades técnicas, como a perda de comunicação com a base.

Por causa da OceanGate, o processo não foi transparente e isso causou preocupação.

E a resposta da OceanGate foi a seguinte.

Ok, nós entendemos o que vocês estão falando, o processo precisa ser transparente, o que a gente vai fazer?

A gente vai deixar claro que isso é um experimento e que estamos tratando de um protótipo.

E foi isso que a OceanGate fez.

E ao invés de mudar a maneira de trabalhar, eles simplesmente mudaram a mensagem.

A outra questão é que o Titanic é feito de fibra de carbono.

Ele é o único submersível, são cerca de nove modelos de submersíveis que são capazes de chegar a uma profundidade de 3.800 metros, onde está o Titanic.

E o submersível da OceanGate é o único feito de fibra de carbono.

Por que fibra de carbono? Porque fibra de carbono é um material mais leve.

Então isso facilita a operação em alguns aspectos.

Só que isso nunca foi testado antes e certamente não foi testado a uma profundidade de quase 4.000 metros.

Todas as pessoas que embarcaram nessa expedição sabiam disso e tiveram, inclusive, que assinar um termo onde a palavra morte aparecia, o risco de morte aparecia pelo menos três vezes.

Passageiros que toparam a aventura no passado contaram que é preciso assinar um acordo que explica que o submersível não foi avaliado por autoridades e que a viagem tem vários riscos, inclusive de morte.

Agora, o fato dessa cápsula ser controlada por um joystick causou muita espécie, é muito impressionante essa história. O que se sabe sobre isso?

O curioso é que o próprio fundador da OceanGate que estava na expedição, ele mesmo, ele tinha tanta confiança naquele projeto que ele chegou a dar entrevistas falando, se orgulhando disso.

Olha, a cápsula é controlada por um joystick que é o mesmo joystick de videogame que um adolescente de 16 anos pode usar.

O Titã saiu carregado por uma grande embarcação de Newfoundland, no Canadá, e é desembarcado com os cinco passageiros a bordo, preso a uma plataforma que submerge a cápsula até ela ser desacoplada.

A partir daí, ela é controlada por um controle que parece de videogame, dentro uma janela de observação.

O que que aparentemente esse joystick fazia? Ele controlava o submersível em alguns aspectos, não em todos os aspectos, porque isso era feito a partir do barco, do centro de controle, de um barco que estava ali na superfície.

Mas o fato é que parte da autonomia do Titã era, sim, feito por um joystick que era conectado via Bluetooth.

Tem um jornalista americano que fez essa expedição e ele diz isso claramente. Ele fala, eu fiquei com medo porque esses aspectos pareciam muito amadores. A questão do joystick me assustou muito. Ele fala isso com todas as letras.

O jornalista David Polk tentou visitar os destroços no ano passado, por uma reportagem. Ele conta que só desceu cerca de 10 metros porque houve problemas técnicos e que qualquer um ficaria horrorizado de como tudo parecia amador.

Você seria assustado por como é feito.

O importante é que a estrutura da cápsula seja uma estrutura consistente. O importante, do ponto de vista da Ocean Gate, os argumentos da empresa, é que outros aspectos são importantes, que isso não importa.

Mas a gente está vendo, obviamente, pelo desfecho desse cenário, que essa outra estrutura que a empresa dizia que era absolutamente segura, claramente não é.

Agora, tem um ponto aí que eu queria esclarecer contigo. Dessa vez, dadas as condições bem adversas e muito complexas, as equipes de resgate acabaram encontrando os destroços em poucos dias.

Em outros casos, destroços só foram achados muito tempo depois. É o caso, por exemplo, do submarino militar Ara San Juan, que desapareceu. Você vai se lembrar desse caso na Argentina em 2017.

E ele foi encontrado no ano seguinte só, a Khan disse. Então, eu queria que você nos falasse mais sobre as dificuldades desse tipo de operação para vasculhar o fundo do mar. Por que é uma operação tão difícil, tão complexa?

Eu acho que o elemento Titanic conta muito nessa história. A gente sabe que o naufrágio do Titanic é um tema que até hoje fascina as pessoas.

O Titanic era um gigante de 56 mil toneladas. A construção teve um custo estimado em 7 milhões e meio de dólares.

Quatro dias depois, o excesso de confiança se mostraria o erro fatal que o mundo nunca esqueceu e nem vai esquecer.

O navio se chocou com um iceberg. 1.517 pessoas morreram. A história virou filme. Quantos? Sete. Até mesmo um nazista de propaganda anti-americana.

Mas foi pelas lentes de Hollywood que o naufrágio ficou imortalizado na memória das pessoas de todo o mundo.

O fato de você ter bilionários pagando esse valor tremendo de mais de um milhão de reais para estar nessa expedição, tudo isso fez com que essa história se propagasse de maneira muito rápida.

Houve um interesse internacional, uma força-tarefa mesmo internacional, para tentar encontrar o Titã agora, como você disse, sob condições muito difíceis, muito desafiadoras.

Primeiro lugar, o Titanic afundou a 600 quilômetros da costa do Canadá. Os especialistas chamam de um lugar completamente inóspito no meio do oceano.

Significa que as equipes de busca essa semana enfrentaram, por exemplo, um clima muito complicado, com ondas de dois metros de altura, com ventos muito fortes, pouca visibilidade.

Você está literalmente no meio do nada. A profundidade é tremenda, quase 4 mil metros. Pouquíssimos equipamentos no mundo chegam a uma profundidade tão grande porque a pressão da água é enorme.

Se você é um mergulhador, que é um mergulhador recreativo, mas que você tem todas as credenciais avançadas das certificações internacionais de mergulho, o máximo que você pode chegar é 40 metros.

Mesmo assim, para você chegar a 40 metros de profundidade, você tem que fazer várias paradas no meio do caminho para que seu corpo se acostume com a pressão da água.

Quando você vai subir de volta é a mesma coisa, e eu estou falando a uma profundidade de menos de 50 metros.

Abaixo de 300 metros, são poucos os submarinos militares que conseguem chegar. Abaixo de mil metros, a luz do sol já simplesmente não existe, é impenetrável.

Então você tem uma escuridão tremenda no fundo do oceano, você tem correntes marinhas que são completamente imprevisíveis naquela profundidade.

A gente tem um desconhecimento enorme do que acontece lá embaixo na Tusa. A gente sabe hoje mais sobre o espaço e sobre a Lua do que sobre o fundo do mar.

Então a gente junta todos esses aspectos e aí junta com um submarino que tem 6 metros de comprimento por 3 metros de largura, é praticamente você achar uma agulha num palheiro.

O submersível não tem uma caixa preta, até porque o GPS não funciona numa profundidade de 3 a 4 mil metros.

O trabalho das equipes foi excepcional, porém, como eu disse, foi um esforço internacional tremendo.

A gente teve equipamento vindo da França para tentar localizar o submarino, uma parceria da Guarda Costeira Americana com a Guarda Costeira Canadense, junto também com o apoio do Reino Unido.

Eles conseguiram colocar robôs não tripulados no fundo do mar, que foram esses robôs que conseguiram localizar os destroços.

São robôs que são equipados com câmeras super sensíveis, são controlados à distância.

Agora eu queria me deter nas vítimas desse acidente. Quem eram essas 5 pessoas? Quem eram esses 5 bilionários dentro do submersível?

E o que elas esperavam ver, Candice? Porque os destroços do Titanic foram encontrados por meio de tecnologia robô, muito possivelmente bem parecidas com essas que encontraram os destroços do Titã.

Mas eu queria me deter sobre essas 5 pessoas.

Uma era o CEO da Ocean Gate, o Stockton Rush. Mas as outras 4, a gente não sabe se todas pagaram para estar ali, mas a gente acredita que sim.

Então, embora essas pessoas tenham pago para estar na expedição, a gente não pode chamar de turistas comuns.

A gente está falando de pessoas muito privilegiadas, a gente está falando, por exemplo, do bilionário e empresário o Hamish Harding, britânico.

Mas que se considera um explorador, já foi para o espaço, já quebrou vários recordes mundiais em situações extremas.

Então, é especializado em serviços de aviação e serviços aeroespaciais.

Então, quer dizer, são pessoas que têm um perfil que é de aventura barra interesse em ciência e que estão acostumados com as expedições extremas.

A gente tem o francês, o Paul-Henri Najolet, que é ex-comandante da marinha francesa, é o principal especialista no naufrágio do Titanic, inclusive o apelido dele é senhor Titanic.

Depois a gente tem o Sharzad Daoud, que é um empresário paquistanês que é obcecado por energia, tecnologias digitais.

Um homem que inclusive investiu em pesquisa extraterrestre nos Estados Unidos, enfim.

E ele levou o filho de 19 anos, o Suleman Daoud.

E hoje surgiram, inclusive, na imprensa começou a dizer que a irmã mais velha disse que o irmão não queria que ele foi porque era um sonho do pai, etc.

Então, quer dizer, é uma história muito triste.

O que chama a atenção é que, como a gente falou antes, o Stockton Rush acreditava tanto no projeto que ele estava na expedição.

Uma história incrível veio se somar a todo o inusitado desse caso.

A mulher do piloto do submarino, Stockton Rush, Wendy, descende de um casal que ficou famoso no naufrágio do Titanic, Isidor e Idas Trost.

Como mostrou o filme Titanic, ele se recusou a escapar num bote antes que todas as mulheres e crianças fossem resgatados.

E a mulher, Ida, decidiu ficar com o marido.

Os dois foram vistos abraçados no convez quando o Titanic afundou.

Mas a gente não pode chamar a considerar essas pessoas turistas comuns.

É uma rede de exploradores pelo mundo que se conhecem e que pagam cada vez mais.

Cada vez mais. Isso é um turismo muito específico que tem crescido ultimamente.

Pessoas muito ricas com um interesse muito grande por ciência ou por aventura que pagam expedições que o turista comum não consegue pagar e também não quer correr o risco de fazer.

A única coisa que a gente sabe dizer nesse momento é que o Titã perdeu comunicação depois de 1h45min da descida.

Depois que começou a descer para chegar até o Titanic.

E agora a imprensa americana começou a dizer que um sonar ultra secreto americano detectou um barulho.

Isso no domingo, quer dizer, no dia do desaparecimento do Titã.

E que avisou as autoridades, avisou a guarda costeira.

Então suspeitava-se que o Titã tinha implodido no domingo.

E pelo fato de ter perdido a comunicação depois de 1h45min que começou a descer.

Isso é um indício de que a implosão pode ter acontecido nesse momento.

Mas ainda é cedo para a gente ter certeza.

As buscas vão continuar agora para tentar entender esses detalhes e sobretudo para tentar entender o que causou a implosão.

Candice, muito obrigada por ter topado falar com a gente depois de uma cobertura que eu sei tem sido bastante exaustiva.

Eu espero que a gente volte a se falar no assunto em outras oportunidades.

Eu que agradeço, é um prazer estar aqui. Espero ter esclarecido algumas questões importantes sobre esse caso.

E conta comigo sempre, Natuza, é um prazer.

Espera um pouquinho que eu já volto para falar com Camilo.

Camilo, a gente sabe que o corpo humano tem limitações debaixo d'água e a principal delas é suportar a enorme pressão a partir de uma determinada profundidade.

Então eu queria te pedir para nos descrever a diferença de pressão de quando a gente está dentro e fora da água.

Um princípio físico que a gente usa muito é que os líquidos e sólidos não são compressíveis e os espaços aéreos são.

Então a grande diferença que tem para a gente é que quando a gente está envolvido em algum líquido, seja o ar ou seja a água,

a pressão desse líquido é exercida sobre a gente e os nossos espaços aéreos respondem a essa pressão.

Então quando a gente está ao nível do mar, por exemplo, ou estou na praia, eu estou com uma atmosfera de pressão sobre mim,

que é o peso de toda a camada de ar que tem da camada da atmosfera inteira de 10 a 11 quilômetros mais ou menos.

Quando eu entro na água, os espaços aéreos do meu corpo, os meus pulmões, os meus seios da face, os meus ouvidos e até mesmo o meu intestino,

a parte que tem gás dentro do intestino, eles vão ser submetidos então à pressão da atmosfera e da coluna d'água.

Só que a diferença é que é uma ordem de grandeza maior, quase mil vezes maior a graduação da diferença de pressão.

Então na atmosfera, uma atmosfera, eu preciso de 11 quilômetros, 10 a 11 quilômetros de ar,

e na água só 10 metros de coluna de água são suficientes para variar uma atmosfera de pressão.

Então quando eu saio da superfície para 10 metros de profundidade, eu dobro a pressão que está agindo sobre o meu corpo.

E assim sucessivamente, então a 20 metros eu tenho 3 atmosferas, a 30 metros eu tenho 4 atmosferas e assim vai indo.

Se a gente pensar no caso do submarino, quase 4 mil metros de profundidade,

a gente está falando de quase 400 atmosferas de pressão agindo sobre o que for, sobre no caso lá o veículo, o submarino.

Então essa é a grande diferença que a gente tem quando a gente está na água,

a variação da pressão é muito maior do que se a gente estivesse se deslocando na atmosfera.

Agora Camilo, as possibilidades de mergulho são diferentes quando se usa e quando não se usa equipamento.

Que variações são essas?

A gente tem diversos tipos de mergulho.

Desde um mergulho bem básico e trivial, que é um mergulho só prendendo ar e mergulhando,

um mergulho livre que a gente chama, que então você enche os seus pulmões de ar e mergulha,

mas de novo, como eu falei, a pressão sobre os espaços aéreos é o que vai ser o fator limitante.

Então a gente tem hoje o recorde mundial de profundidade em torno de 120 metros de profundidade na água.

Se a gente passar então para um equipamento de mergulho autônomo,

um equipamento que vai te dar o ar de um cilindro de ar comprimido e vai te dar o ar na boca para você respirar,

você consegue muito mais fundo e hoje o recorde mundial gira em torno de 300 e poucos metros.

O mais profundo que o corpo humano já chegou, isso dentro de uma câmara hiperbárica,

sendo pressurizado como se fosse, simulando como se fosse um mergulho na água, mas em ar,

é cerca de 700 metros de profundidade, 701 metros de profundidade para ser mais exato.

A hora que a gente começa a ter essas profundidades muito grandes,

a gente precisa de algum equipamento para proteger a gente, para que a gente fique protegido dessa pressão.

Então esses equipamentos em geral são esses submersíveis, que pode ser um submarino ou não, só uma cápsula,

e esses equipamentos protegem a gente da pressão da coluna d'água.

E aí a gente está falando de pressões, como para chegar ao Titanic, de pressões 400 vezes a pressão que a gente tem na superfície.

O que seria aproximadamente 100 vezes a pressão do recorde mundial de profundidade que o corpo humano conseguiu aguentar.

O que acontece quando um corpo, um objeto é exposto de maneira súbita a essa alta pressão?

A pressão vai variando gradativamente à medida que a gente mergulha, certo?

Então a cada 10 metros de profundidade eu vou tendo uma atmosfera de pressão acrescentada

a essa pressão que está envolvendo esse equipamento, esse corpo.

O que muito provavelmente aconteceu no caso em questão do submersível é que pode ter havido uma falha da estrutura do equipamento

e esse equipamento então cedeu essa pressão bruscamente.

Ele acaba sendo como se fosse implodido pela pressão da água.

Então toda essa pressão que está sendo exercida no casco do equipamento,

a hora que ele não resiste mais ele acaba sendo esmagado instantaneamente pela pressão.

É como se fosse uma explosão, mas em vez de acontecer de dentro para fora, ela acontece de fora para dentro.

Camilo, muito obrigada pelos esclarecimentos.

Obrigada por ter topado falar com a gente aqui no assunto.

Obrigado, igualmente. Tchau, tchau.

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Comigo na equipe do Assunto estão Mônica Mariotti, Amanda Polato, Lorena Lara, Luiz Felipe Silva,

Thiago Kaczorowski, Gabriel de Campos, Guilherme Romero e Nayara Fernandes.

Eu sou Nath Zaneri e fico por aqui. Até o próximo assunto.

Legendas pela comunidade Amara.org

23.06.23-A implosão do submersível rumo ao Titanic 23.06.23-Die Implosion des Tauchbootes gegenüber der Titanic 06.23.23-The implosion of the submersible headed for the Titanic 23.06.23-タイタニック号に向かう潜水艇の爆発事故

A bordo deste sumergible viajavam cinco pessoas.

Começamos com uma corrida contra o tempo para encontrar o submersivo.

A tele-recherca para encontrar o Titã.

Cinco pessoas devem ser salvadas.

O submarino turístico que levava curiosos até os destroços do histórico Titanic sumiu.

Na corrida contra o tempo, as operações de busca envolveram Estados Unidos, França e Canadá.

Foram usados barcos, aviões, embarcações não tripuladas, sonares, robôs, tudo.

O submarino Titã desapareceu no domingo.

As autoridades responsáveis dobraram o tamanho da área de buscas.

Os militares americanos enviaram para a área de buscas um equipamento chamado FADUS,

especializado em içar destroços do mar.

Mas ainda não há confirmação de que ele funcionaria para a profundidade do Titanic.

O maior desafio, por enquanto, é entender se vai ser possível fazer isso

enquanto as pessoas ainda têm oxigênio dentro dessa cápsula.

Está se aproximando daquela hora fatal, 7 da manhã desta quinta-feira em Brasília,

quando deve acabar o estoque de oxigênio a bordo.

Quase 100 horas depois de o submersível Titã desaparecer nas profundezas do norte do Oceano Atlântico,

a Marinha Americana confirmou o resultado da expedição turística de alto risco.

Ele tem que descer o equivalente a 4 vezes e meia o Burj Khalifa, o maior prédio do mundo.

Ou todo o Monte Fuji, no Japão, embaixo do oceano.

Até chegar nos destroços do Titanic.

O Titanic está localizado a 3.800 metros de profundidade,

num local conhecido como zona da meia-noite.

A pressão é 390 vezes maior que na superfície.

O Titã, submarino que desapareceu, foi projetado para suportar até 4 mil metros de profundidade.

Mais tarde veio a confirmação.

A guarda costeira acaba de confirmar que não há sobreviventes.

Disse que cinco partes do submersível foram encontradas.

Classificou como um evento catastrófico.

Com custo de mais de um milhão de reais por passageiro,

a expedição levava um grupo de bilionários rumo aos restos do transatlântico mais famoso do mundo.

O Titanic, cujo naufrágio em 1912 desperta apelo e curiosidade até hoje.

A viagem até o naufrágio do Titanic leva duas horas.

Quando chegam lá, a quase quatro quilômetros de profundidade,

os visitantes observam o navio por quatro ou cinco horas e voltam para a superfície.

Lá embaixo é totalmente escuro e muito frio.

O fundo do mar é lamacento.

Você se sente como um astronauta no espaço.

E há poucos submarinos que conseguem chegar lá.

Da redação do G1, eu sou Natuzaneri e o assunto hoje é

o final trágico das buscas por um grupo de bilionários que embarcou em uma aventura perigosa

para ver de perto os destroços do Titanic.

Neste episódio, eu converso com Candice Carvalho, correspondente da Globo nos Estados Unidos.

Ela fala comigo direto de Boston, de onde a Guarda Costeira Americana coordenava as buscas.

Depois, falo com o médico Camilo Saraiva, especialista em medicina de mergulho

e diretor médico da Diver's Alert Network,

uma organização internacional sobre segurança em mergulho com sede nos Estados Unidos.

Sexta-feira, 23 de junho.

Candice, a Guarda Costeira dos Estados Unidos fala em uma implosão de dimensão catastrófica da cápsula Titã.

Eu queria te perguntar, te pedir para nos detalhar o que as autoridades disseram sobre as investigações.

Quais são as hipóteses e para onde os trabalhos devem caminhar a partir de agora?

Bom, Natuza, a implosão, uma implosão era o que as autoridades temiam desde o início.

A cápsula, embora o Titã tenha alguns aspectos que parecem amadores na montagem, na parte interna da cápsula,

a gente vai falar sobre isso depois,

a gente não pode esquecer que foi uma tecnologia desenvolvida em parceria com a NASA

e, portanto, tinha uma parte da cápsula que era muito preparada para esse tipo de situação.

Então, existiam sete planos de emergência no caso de algo dar errado.

Por exemplo, se todos os tripulantes, por algum motivo, ficassem sem oxigênio e desmaiassem,

a cápsula, através de um sistema, conseguiria detectar isso e conseguiria automaticamente se colocar de novo na superfície.

Agora, o que os especialistas falaram desde o início é que, no caso de uma implosão, é claro, não tem o que fazer.

Agora, a segurança do Titã a que você se referia já era questionada por muita gente, por engenheiros, por cientistas.

Então, eu te pergunto, do que você apurou sobre isso? Quais eram os pontos mais problemáticos desse veículo?

E o que a OceanGate dizia sobre essa desconfiança?

Olha, Natuzin, em 2018, foi escrita uma carta por um conjunto de engenheiros, cientistas,

e essa carta foi enviada para a OceanGate e essa comunidade científica questionava e fazia alguns alertas em relação ao Titã, ao submersível.

São algumas pessoas que trabalharam como colaboradores em algum momento com a OceanGate,

ou que forneceram materiais para a construção do Titã e viram que, do ponto de vista deles, algo não estava completamente ok.

Então, o que essa carta diz?

Que o Titã, o desenvolvimento dele, não estava de acordo com os padrões de segurança básicos da indústria.

Por exemplo, ninguém, não houve nenhuma, como chamam aqui nos Estados Unidos, uma segunda parte que fiscalizou o Titã, a construção do Titã e a performance do Titã.

Ele foi feito e aprovado unicamente pela OceanGate.

Josh Gates tem um programa sobre aventuras e visitou a cápsula da OceanGate em 2021.

Ele conta que decidiu não fazer a descida até o Titanic depois de constatar o que considerou vários problemas técnicos.

Ele achou que a cápsula ainda precisava passar por mais testes.

O mexicano Alan Estrada fez a expedição para o programa de aventuras dele e passou por dificuldades técnicas, como a perda de comunicação com a base.

Por causa da OceanGate, o processo não foi transparente e isso causou preocupação.

E a resposta da OceanGate foi a seguinte.

Ok, nós entendemos o que vocês estão falando, o processo precisa ser transparente, o que a gente vai fazer?

A gente vai deixar claro que isso é um experimento e que estamos tratando de um protótipo.

E foi isso que a OceanGate fez.

E ao invés de mudar a maneira de trabalhar, eles simplesmente mudaram a mensagem.

A outra questão é que o Titanic é feito de fibra de carbono.

Ele é o único submersível, são cerca de nove modelos de submersíveis que são capazes de chegar a uma profundidade de 3.800 metros, onde está o Titanic.

E o submersível da OceanGate é o único feito de fibra de carbono.

Por que fibra de carbono? Porque fibra de carbono é um material mais leve.

Então isso facilita a operação em alguns aspectos.

Só que isso nunca foi testado antes e certamente não foi testado a uma profundidade de quase 4.000 metros.

Todas as pessoas que embarcaram nessa expedição sabiam disso e tiveram, inclusive, que assinar um termo onde a palavra morte aparecia, o risco de morte aparecia pelo menos três vezes.

Passageiros que toparam a aventura no passado contaram que é preciso assinar um acordo que explica que o submersível não foi avaliado por autoridades e que a viagem tem vários riscos, inclusive de morte.

Agora, o fato dessa cápsula ser controlada por um joystick causou muita espécie, é muito impressionante essa história. O que se sabe sobre isso?

O curioso é que o próprio fundador da OceanGate que estava na expedição, ele mesmo, ele tinha tanta confiança naquele projeto que ele chegou a dar entrevistas falando, se orgulhando disso.

Olha, a cápsula é controlada por um joystick que é o mesmo joystick de videogame que um adolescente de 16 anos pode usar.

O Titã saiu carregado por uma grande embarcação de Newfoundland, no Canadá, e é desembarcado com os cinco passageiros a bordo, preso a uma plataforma que submerge a cápsula até ela ser desacoplada.

A partir daí, ela é controlada por um controle que parece de videogame, dentro uma janela de observação.

O que que aparentemente esse joystick fazia? Ele controlava o submersível em alguns aspectos, não em todos os aspectos, porque isso era feito a partir do barco, do centro de controle, de um barco que estava ali na superfície.

Mas o fato é que parte da autonomia do Titã era, sim, feito por um joystick que era conectado via Bluetooth.

Tem um jornalista americano que fez essa expedição e ele diz isso claramente. Ele fala, eu fiquei com medo porque esses aspectos pareciam muito amadores. A questão do joystick me assustou muito. Ele fala isso com todas as letras.

O jornalista David Polk tentou visitar os destroços no ano passado, por uma reportagem. Ele conta que só desceu cerca de 10 metros porque houve problemas técnicos e que qualquer um ficaria horrorizado de como tudo parecia amador.

Você seria assustado por como é feito.

O importante é que a estrutura da cápsula seja uma estrutura consistente. O importante, do ponto de vista da Ocean Gate, os argumentos da empresa, é que outros aspectos são importantes, que isso não importa.

Mas a gente está vendo, obviamente, pelo desfecho desse cenário, que essa outra estrutura que a empresa dizia que era absolutamente segura, claramente não é.

Agora, tem um ponto aí que eu queria esclarecer contigo. Dessa vez, dadas as condições bem adversas e muito complexas, as equipes de resgate acabaram encontrando os destroços em poucos dias.

Em outros casos, destroços só foram achados muito tempo depois. É o caso, por exemplo, do submarino militar Ara San Juan, que desapareceu. Você vai se lembrar desse caso na Argentina em 2017.

E ele foi encontrado no ano seguinte só, a Khan disse. Então, eu queria que você nos falasse mais sobre as dificuldades desse tipo de operação para vasculhar o fundo do mar. Por que é uma operação tão difícil, tão complexa?

Eu acho que o elemento Titanic conta muito nessa história. A gente sabe que o naufrágio do Titanic é um tema que até hoje fascina as pessoas.

O Titanic era um gigante de 56 mil toneladas. A construção teve um custo estimado em 7 milhões e meio de dólares.

Quatro dias depois, o excesso de confiança se mostraria o erro fatal que o mundo nunca esqueceu e nem vai esquecer.

O navio se chocou com um iceberg. 1.517 pessoas morreram. A história virou filme. Quantos? Sete. Até mesmo um nazista de propaganda anti-americana.

Mas foi pelas lentes de Hollywood que o naufrágio ficou imortalizado na memória das pessoas de todo o mundo.

O fato de você ter bilionários pagando esse valor tremendo de mais de um milhão de reais para estar nessa expedição, tudo isso fez com que essa história se propagasse de maneira muito rápida.

Houve um interesse internacional, uma força-tarefa mesmo internacional, para tentar encontrar o Titã agora, como você disse, sob condições muito difíceis, muito desafiadoras.

Primeiro lugar, o Titanic afundou a 600 quilômetros da costa do Canadá. Os especialistas chamam de um lugar completamente inóspito no meio do oceano.

Significa que as equipes de busca essa semana enfrentaram, por exemplo, um clima muito complicado, com ondas de dois metros de altura, com ventos muito fortes, pouca visibilidade.

Você está literalmente no meio do nada. A profundidade é tremenda, quase 4 mil metros. Pouquíssimos equipamentos no mundo chegam a uma profundidade tão grande porque a pressão da água é enorme.

Se você é um mergulhador, que é um mergulhador recreativo, mas que você tem todas as credenciais avançadas das certificações internacionais de mergulho, o máximo que você pode chegar é 40 metros.

Mesmo assim, para você chegar a 40 metros de profundidade, você tem que fazer várias paradas no meio do caminho para que seu corpo se acostume com a pressão da água.

Quando você vai subir de volta é a mesma coisa, e eu estou falando a uma profundidade de menos de 50 metros.

Abaixo de 300 metros, são poucos os submarinos militares que conseguem chegar. Abaixo de mil metros, a luz do sol já simplesmente não existe, é impenetrável.

Então você tem uma escuridão tremenda no fundo do oceano, você tem correntes marinhas que são completamente imprevisíveis naquela profundidade.

A gente tem um desconhecimento enorme do que acontece lá embaixo na Tusa. A gente sabe hoje mais sobre o espaço e sobre a Lua do que sobre o fundo do mar.

Então a gente junta todos esses aspectos e aí junta com um submarino que tem 6 metros de comprimento por 3 metros de largura, é praticamente você achar uma agulha num palheiro.

O submersível não tem uma caixa preta, até porque o GPS não funciona numa profundidade de 3 a 4 mil metros.

O trabalho das equipes foi excepcional, porém, como eu disse, foi um esforço internacional tremendo.

A gente teve equipamento vindo da França para tentar localizar o submarino, uma parceria da Guarda Costeira Americana com a Guarda Costeira Canadense, junto também com o apoio do Reino Unido.

Eles conseguiram colocar robôs não tripulados no fundo do mar, que foram esses robôs que conseguiram localizar os destroços.

São robôs que são equipados com câmeras super sensíveis, são controlados à distância.

Agora eu queria me deter nas vítimas desse acidente. Quem eram essas 5 pessoas? Quem eram esses 5 bilionários dentro do submersível?

E o que elas esperavam ver, Candice? Porque os destroços do Titanic foram encontrados por meio de tecnologia robô, muito possivelmente bem parecidas com essas que encontraram os destroços do Titã.

Mas eu queria me deter sobre essas 5 pessoas.

Uma era o CEO da Ocean Gate, o Stockton Rush. Mas as outras 4, a gente não sabe se todas pagaram para estar ali, mas a gente acredita que sim.

Então, embora essas pessoas tenham pago para estar na expedição, a gente não pode chamar de turistas comuns.

A gente está falando de pessoas muito privilegiadas, a gente está falando, por exemplo, do bilionário e empresário o Hamish Harding, britânico.

Mas que se considera um explorador, já foi para o espaço, já quebrou vários recordes mundiais em situações extremas.

Então, é especializado em serviços de aviação e serviços aeroespaciais.

Então, quer dizer, são pessoas que têm um perfil que é de aventura barra interesse em ciência e que estão acostumados com as expedições extremas.

A gente tem o francês, o Paul-Henri Najolet, que é ex-comandante da marinha francesa, é o principal especialista no naufrágio do Titanic, inclusive o apelido dele é senhor Titanic.

Depois a gente tem o Sharzad Daoud, que é um empresário paquistanês que é obcecado por energia, tecnologias digitais.

Um homem que inclusive investiu em pesquisa extraterrestre nos Estados Unidos, enfim.

E ele levou o filho de 19 anos, o Suleman Daoud.

E hoje surgiram, inclusive, na imprensa começou a dizer que a irmã mais velha disse que o irmão não queria que ele foi porque era um sonho do pai, etc.

Então, quer dizer, é uma história muito triste.

O que chama a atenção é que, como a gente falou antes, o Stockton Rush acreditava tanto no projeto que ele estava na expedição.

Uma história incrível veio se somar a todo o inusitado desse caso.

A mulher do piloto do submarino, Stockton Rush, Wendy, descende de um casal que ficou famoso no naufrágio do Titanic, Isidor e Idas Trost.

Como mostrou o filme Titanic, ele se recusou a escapar num bote antes que todas as mulheres e crianças fossem resgatados.

E a mulher, Ida, decidiu ficar com o marido.

Os dois foram vistos abraçados no convez quando o Titanic afundou.

Mas a gente não pode chamar a considerar essas pessoas turistas comuns.

É uma rede de exploradores pelo mundo que se conhecem e que pagam cada vez mais.

Cada vez mais. Isso é um turismo muito específico que tem crescido ultimamente.

Pessoas muito ricas com um interesse muito grande por ciência ou por aventura que pagam expedições que o turista comum não consegue pagar e também não quer correr o risco de fazer.

A única coisa que a gente sabe dizer nesse momento é que o Titã perdeu comunicação depois de 1h45min da descida.

Depois que começou a descer para chegar até o Titanic.

E agora a imprensa americana começou a dizer que um sonar ultra secreto americano detectou um barulho.

Isso no domingo, quer dizer, no dia do desaparecimento do Titã.

E que avisou as autoridades, avisou a guarda costeira.

Então suspeitava-se que o Titã tinha implodido no domingo.

E pelo fato de ter perdido a comunicação depois de 1h45min que começou a descer.

Isso é um indício de que a implosão pode ter acontecido nesse momento.

Mas ainda é cedo para a gente ter certeza.

As buscas vão continuar agora para tentar entender esses detalhes e sobretudo para tentar entender o que causou a implosão.

Candice, muito obrigada por ter topado falar com a gente depois de uma cobertura que eu sei tem sido bastante exaustiva.

Eu espero que a gente volte a se falar no assunto em outras oportunidades.

Eu que agradeço, é um prazer estar aqui. Espero ter esclarecido algumas questões importantes sobre esse caso.

E conta comigo sempre, Natuza, é um prazer.

Espera um pouquinho que eu já volto para falar com Camilo.

Camilo, a gente sabe que o corpo humano tem limitações debaixo d'água e a principal delas é suportar a enorme pressão a partir de uma determinada profundidade.

Então eu queria te pedir para nos descrever a diferença de pressão de quando a gente está dentro e fora da água.

Um princípio físico que a gente usa muito é que os líquidos e sólidos não são compressíveis e os espaços aéreos são.

Então a grande diferença que tem para a gente é que quando a gente está envolvido em algum líquido, seja o ar ou seja a água,

a pressão desse líquido é exercida sobre a gente e os nossos espaços aéreos respondem a essa pressão.

Então quando a gente está ao nível do mar, por exemplo, ou estou na praia, eu estou com uma atmosfera de pressão sobre mim,

que é o peso de toda a camada de ar que tem da camada da atmosfera inteira de 10 a 11 quilômetros mais ou menos.

Quando eu entro na água, os espaços aéreos do meu corpo, os meus pulmões, os meus seios da face, os meus ouvidos e até mesmo o meu intestino,

a parte que tem gás dentro do intestino, eles vão ser submetidos então à pressão da atmosfera e da coluna d'água.

Só que a diferença é que é uma ordem de grandeza maior, quase mil vezes maior a graduação da diferença de pressão.

Então na atmosfera, uma atmosfera, eu preciso de 11 quilômetros, 10 a 11 quilômetros de ar,

e na água só 10 metros de coluna de água são suficientes para variar uma atmosfera de pressão.

Então quando eu saio da superfície para 10 metros de profundidade, eu dobro a pressão que está agindo sobre o meu corpo.

E assim sucessivamente, então a 20 metros eu tenho 3 atmosferas, a 30 metros eu tenho 4 atmosferas e assim vai indo.

Se a gente pensar no caso do submarino, quase 4 mil metros de profundidade,

a gente está falando de quase 400 atmosferas de pressão agindo sobre o que for, sobre no caso lá o veículo, o submarino.

Então essa é a grande diferença que a gente tem quando a gente está na água,

a variação da pressão é muito maior do que se a gente estivesse se deslocando na atmosfera.

Agora Camilo, as possibilidades de mergulho são diferentes quando se usa e quando não se usa equipamento.

Que variações são essas?

A gente tem diversos tipos de mergulho.

Desde um mergulho bem básico e trivial, que é um mergulho só prendendo ar e mergulhando,

um mergulho livre que a gente chama, que então você enche os seus pulmões de ar e mergulha,

mas de novo, como eu falei, a pressão sobre os espaços aéreos é o que vai ser o fator limitante.

Então a gente tem hoje o recorde mundial de profundidade em torno de 120 metros de profundidade na água.

Se a gente passar então para um equipamento de mergulho autônomo,

um equipamento que vai te dar o ar de um cilindro de ar comprimido e vai te dar o ar na boca para você respirar,

você consegue muito mais fundo e hoje o recorde mundial gira em torno de 300 e poucos metros.

O mais profundo que o corpo humano já chegou, isso dentro de uma câmara hiperbárica,

sendo pressurizado como se fosse, simulando como se fosse um mergulho na água, mas em ar,

é cerca de 700 metros de profundidade, 701 metros de profundidade para ser mais exato.

A hora que a gente começa a ter essas profundidades muito grandes,

a gente precisa de algum equipamento para proteger a gente, para que a gente fique protegido dessa pressão.

Então esses equipamentos em geral são esses submersíveis, que pode ser um submarino ou não, só uma cápsula,

e esses equipamentos protegem a gente da pressão da coluna d'água.

E aí a gente está falando de pressões, como para chegar ao Titanic, de pressões 400 vezes a pressão que a gente tem na superfície.

O que seria aproximadamente 100 vezes a pressão do recorde mundial de profundidade que o corpo humano conseguiu aguentar.

O que acontece quando um corpo, um objeto é exposto de maneira súbita a essa alta pressão?

A pressão vai variando gradativamente à medida que a gente mergulha, certo?

Então a cada 10 metros de profundidade eu vou tendo uma atmosfera de pressão acrescentada

a essa pressão que está envolvendo esse equipamento, esse corpo.

O que muito provavelmente aconteceu no caso em questão do submersível é que pode ter havido uma falha da estrutura do equipamento

e esse equipamento então cedeu essa pressão bruscamente.

Ele acaba sendo como se fosse implodido pela pressão da água.

Então toda essa pressão que está sendo exercida no casco do equipamento,

a hora que ele não resiste mais ele acaba sendo esmagado instantaneamente pela pressão.

É como se fosse uma explosão, mas em vez de acontecer de dentro para fora, ela acontece de fora para dentro.

Camilo, muito obrigada pelos esclarecimentos.

Obrigada por ter topado falar com a gente aqui no assunto.

Obrigado, igualmente. Tchau, tchau.

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