×

Wir verwenden Cookies, um LingQ zu verbessern. Mit dem Besuch der Seite erklärst du dich einverstanden mit unseren Cookie-Richtlinien.


image

Buenas Ideias, A ERA RIO BRANCO - EDUARDO BUENO - YouTube (1)

A ERA RIO BRANCO - EDUARDO BUENO - YouTube (1)

O que que o Juquinha ia achar dessa situação? Me diz o que que o Juquinha ia pensar, como

é que ele ia agir!? Ainda bem que o Juquinha já não está mais entre nós. Cara, pensa

o que que ele ia... Como é que ele ia estar se sentindo? Agora o Itamaraty está nessas

mãos inaptas, agora que a sede, que o coração da diplomacia brasileira está entregue a

incúria e a incompetência de um cara cujo nome não será dito!? Meu deus, cara, o pobre

Juquinha. Ele que construiu tudo isso! O Juquinha foi um dos maiores brasileiros de todos os

tempos! Eu não sei se foi ele que deu o nome à bala Juquinha, mas até merecia! Porque

olha cara, se você pegar a lista dos dez maiores brasileiros de todos os tempos, é

absolutamente certo que o Juquinha tá nela. Você deve estar pensando "quem é o Juquinha?".

Como que tu não sabe quem é o Juquinha, cara? O Juca Paranhos, cara. Vai dizer que

tu nunca ouviu falar no Juca Paranhos? Bom, talvez então você conheça ele por outro

nome, mas que não é o nome dele, é o título nobiliárquico que ele ganhou. Bom, então

agora você vai mergulhar na inacreditável aventura do cara que criou e projetou a diplomacia

brasileira. Essa mesma, que está sendo agora vítima de deboche fora das nossas fronteiras.

"Aos trancos e barrancos, aos trancos e barrancos, venha acompanhar a vida do Barão de Rio Branco".

Haha cara, talvez os episódios estejam melhorando, mas as rimas... Cara, acho que eu vou fazer

um concurso de rimas, aí eu aviso antes qual vai ser o episódio e você manda a rima,

porque eu esgotei o meu teor poético. Mas não esgotei o meu teor poético na hora de

contar a vida de uma pessoa realmente extraordinária, cara. A vida do José Maria Paranhos Junior,

sim, o Barão do Rio Branco, uma das mentes mais privilegiadas, um dos brasileiros mais

combativos, mais bem preparados da história desse país. E quem diria que ele ia dar isso,

porque na na no final da adolescência, no início da idade adulta, todo mundo achou

que o Juquinha ia dar em NADA. Tudo bem, ele já nasceu... Ele nasceu aqui, no Rio de Janeiro,

ele nasceu no dia 20 de abril... Devia ter nascido 21 de abril, né, que é essa data

tão emblemática, ou 22 de abril, que é o descobrimento do Brasil, mas ele nasceu

dia 20 de abril de 1845, no Rio de Janeiro. E já nasceu em berço de ouro, como convém.

Que nem eu, por exemplo, já nasci rico, já nasci falando, já nasci inteligente... Ele

quase, quase! Ele era filho do Visconde de Rio Branco, o José Maria Paranhos também,

né, que é o cara que em 1871 tinha sido responsável pela assinatura da Lei do Ventre

Livre, que aliás levou o nome dele... Todo escravo que nascesse, seria livre... Eh, bom,

nós não vamos falar dessa lei, algum dia falaremos da lei do Ventre Livre. O que interessa

é que o Juquinha nasceu, foi chamado de Juca, né, de Juquinha, depois de Juca, foi posto

na escola e era péssimo aluno, e aí... Era baderneiro, gazeteiro, faltava aula, vivia

percorrendo aí matas e montanhas do Rio de Janeiro, era um aventureiro, gostava de beber

já desde cedo... E aí o pai, que que fez? Botou no colégio militar. É isso aí, criança

indisciplinadas vão pro colégio militar. O canal Buenas Ideias apoia essa decisão.

E aí ele foi para a escola militar da Praia Vermelha. E a escola militar da Praia Vermelha

daria, por si só, TRÊS episódios. Ela chegou a ser destruída, terra arrasada, existe ainda

lá a escola militar da Praia Vermelha, mas não é aquela, o prédio original no qual

ele estudou. E nesse prédio, ele conheceu e estudou com quem? Não, o contrário do

que você pensou, com o Maquiavel. Porque o Américo Vespúcio, você já aprendeu aqui

no canal Buenas Ideias e também ouve na peça do NVCE que o Maquiavel... Que o Américo

Vespúcio era colega de aula do Maquiavel. O Juquinha, quase. Ele foi colega do futuro

marechal de ferro, o Floriano Peixoto. É, isso teria grande influência na vida dele,

como você vai ver. Ficaram grandes amigos, apesar de serem pessoas tão diferentes, né.

Lutavam esgrima junto, pá pá, esgrima, aquele esporte legal, de rico, tchá tchá tchá,

e aí ficaram bem amigos mesmo, apesar virem de diferentes walks of life. E eram tão diferentes

mesmo os caminhos deles na vida que logo em seguida, enquanto o pobre Floriano Peixoto

era enviado para chafurdar no pantanal, no charco, da terrível, sórdida, imunda Guerra

do Paraguai, o Juquinha, né, com o dinheiro da família, ia estudar na faculdade do Largo

São Francisco, em São Paulo, né, pra estudar Direito, né, Direito. Só que daí ele não

gostou muito do ambiente em São Paulo, como todo mundo, e se mudou pra faculdade de Direito

que era também muito sólida, muito importante, do Recife. Ficou morando lá no Recife até

se formar, com 23 anos de idade. Continuou sendo um boêmio, continuou sendo um farrista,

mas aí pelo menos, brilhante como era, se formou com distinção. Voltou pro Rio de

Janeiro em 1868 e aí virou jornalista, criou um jornal, fundou um jornal chamado A Nação,

que era um jornal abolicionista muito militante e que começou a confrontar diretamente algumas

das bases do Império. Algumas não, a principal base do Império Brasileiro, que era um império

escravista, que dependia da mão de obra escrava enquanto já era uma vergonha universal você

continuar ã ã mantendo a escravidão LEGAL, fazia parte da Constituição, tava lá, você

tinha o direito, o direito (!), de ter um escravo. O escravo era a tua propriedade.

E o Juquinha começou essa campanha muito forte, que mesmo assim fez com que ele não

fosse mal visto pela casa imperial, porque o pai dele já tinha sido amigo do Dom Pedro

II, ele conhecia a Princesa Isabel, etc. e tal, você sabe que rico todo mundo se dá,

ele continuou indo naquelas festividades, sarau, encontros e festins diabólicos que

rolavam ali em torno da família real, eventualmente, porque o Dom Pedro II era meio mala e não

gostava de festa. Mas etc. Tá, não interessa, o que interessa é que ã, o Juquinha, ainda

era, agora já era Juca, né, Paranhos, resolveu estudar, estudar, estudar, história e geografia,

história e geografia, história e geografia. Tanto é que alguns acham que, na verdade,

ele pode ser chamado de historiador, e com certeza pode, e de geógrafo, que com certeza

pode também, o número de conhecimentos que ele adquiriu sobre a história do Brasil e

sobre a geografia física do Brasil são espantosos, o que fariam com que, graças a esses conhecimentos

e a sua habilidade diplomática, e a sua visão incrível, TUDO AO CONTRÁRIO DAS PESSOAS

QUE AGORA ESTÃO NO ITAMARATY, CUJO NOME NÃO SERÁ DITO, mas cujo nome do time será dito,

o cara ainda é vermelho e a nossa bandeira jamais será vermelha, como você sabe, aqui

no canal Buenas Ideias, não é mesmo, e aí, graças a essa habilidade, a essa visão extraordinária

que o Rio Branco conseguiu conquistar pro Brasil territórios que, somando, dão o tamanho

da França, o tamanho da França nas questões de limites, né, das relações de fronteiras.

Mas isso talvez ganhe um ouuuutro episódio, porque nós nem chegamos ainda, e falta muito,

muito, muito pra isso acontecer. Mas isso começa a acontecer quando, em 1875, ele pleiteia

o cargo de cônsul em Liverpool. Por quê? Porque ele queria conhecer os Beatles, né

cara, o fab 4, ele disse "bah, eu me amarro no John, no George, no Paul, acho o Ringo

meio medíocre mas mesmo assim ok", e aí o Dom Pedro II diz assim "nananã nananã",

veta a indicação dele pra ser cônsul em Liverpool. Sabe por quê? Porque ele tinha

a maior fama de mulherengo da história, como de fato era, as mulheres caíam por ele, cara,

porque ele era eloquente, porque ele era bonito, porque ele era elegante, porque ele era rico,

porque ele era chico, chique, TUDO AO CONTRÁRIO DESSE... Bom, e aí ele ã ah, o Dom Pedro

II vetou ele especialmente porque ele vinha mantendo um caso com uma atriz e bailarina

belga, a Marie Stiffens, que ele tinha conhecido no Rio de Janeiro, no Teatro Alcazar... Vai

te informar que que era o Teatro Alcazar, aqui do Rio de Janeiro, um teatro de rebolado,

antes do rebolado, né. E ele conheceu ela, uma bailarina ã, não sei se fazia dança

do ventre, mas era uma mulher assim, encantadora, e aí ela e o Juca tiveram esse caso rumoroso,

que o Rio de Janeiro inteiro sabia, e sabiam que ele era ã, enfim, boêmio, e não gostava

de cumprir o horário, nunca chegava na hora certa, pararã, e o Dom Pedro II disse "nananão,

não vai ser meu cônsul lá em Liverpool coisa nenhuma, ainda mais que ele vai acabar

se relacionando com os Rolling Stones!". Disseram "mas os Rolling Stones são de Londres!",

não, tudo bem, não deixou. E aí, mas se deu mal porque o poderosíssimo Primeiro Ministro

da época, o chefe do gabinete de ministros, que a gente poderia chamar de primeiro ministro,

do qual na tua ignorância profunda, constrangedora, continua, depois de três anos nesse canal,

me dando vergonha, não conhece. É o Cotegipe, o ministro Cotegipe, um cara importantíssimo

na história do Brasil porque realmente quem mandava ali era sempre o chefe dos gabinetes

dos ministros, embora o Dom Pedro II ficasse alterando o partido conservador com o outro

partido cujo nome eu esqueci agora, aparece aqui do lado o nome do outro partido, alterando,

alternando eles no poder, mas quando esses caras tavam no poder mandavam muito, e o Barão

de Cotegipe, que era muito, muito importante, disse "não não, eu quero o Juquinha como

cônsul em Liverpool porque ele é um cara, brilhante, um cara fantástico, um cara articulado".

"Arghh mas é um maconheiro", "não, maconheiro ele não é", e aí venceu o Cotegipe e aí,

em 1876, aos 26 anos de idade, o o o fulano de tal, nosso querido José Maria Paranhos

Junior, o Junior, mais conhecido como Juca, vai... Ele ficaria 26 anos fora do Brasil

e ele faria um trabalho extraordinário lá fora. Esse trabalho foi tão notável que,

em 1888, já no alvorecer... No alvorecer não... No alvorecer da República, mas no

crepúsculo do Império, no crepúsculo do Império, a Princesa Isabel, que era amiga

dele, decide lhe dar o título de Barão do Rio Branco. E faz dele um barão. E é muito

legal porque ele continuou usando Rio Branco pelo resto da vida, ele assinava como Rio

Branco. E o que que isso tem a ver? Que loogo em seguida caiu o Império, então todos esses

títulos, todas essas comendas, todas essas ã homenagens dadas pelo Império foram canceladas

pela República. Mas não a do Barão do Rio Branco, ééé, porque ele já tinha desenvolvido

uma rede de contatos, ãã, na Europa, porque ele era respeitado na Europa, porque ele não

incendiava a Amazônia, porque ele não era um energúmeno, porque ele não era um cara

torpe, porque ele não fazia o Brasil passar vergonha, então os militares golpistas de

1889 disseram "pô, quem sabe a gente não mantém o Barão lá no cargo?". Mas o Barão

era um cara decente e disse "não não, eu tenho um viés monarquista, toda a minha carreira

está ligada ao Império no Brasil, eu não vou servir a dois senhores, eu não vou servir

a República". E aí, o Dom Pedro II, que sempre teve um lado grandioso, como sabemos,

não é só o lado grandioso que ele teve mas ele sempre teve, ele disse, inclusive

ao saber que ele tinha obstaculizado o início da carreira diplomática do Rio Branco, declarou:

"O José Maria Paranhos, o Barão do Rio Branco, é um grande servidor do Brasil, é um grande


A ERA RIO BRANCO - EDUARDO BUENO - YouTube (1)

O que que o Juquinha ia achar dessa situação? Me diz o que que o Juquinha ia pensar, como

é que ele ia agir!? Ainda bem que o Juquinha já não está mais entre nós. Cara, pensa

o que que ele ia... Como é que ele ia estar se sentindo? Agora o Itamaraty está nessas

mãos inaptas, agora que a sede, que o coração da diplomacia brasileira está entregue a

incúria e a incompetência de um cara cujo nome não será dito!? Meu deus, cara, o pobre

Juquinha. Ele que construiu tudo isso! O Juquinha foi um dos maiores brasileiros de todos os

tempos! Eu não sei se foi ele que deu o nome à bala Juquinha, mas até merecia! Porque

olha cara, se você pegar a lista dos dez maiores brasileiros de todos os tempos, é

absolutamente certo que o Juquinha tá nela. Você deve estar pensando "quem é o Juquinha?".

Como que tu não sabe quem é o Juquinha, cara? O Juca Paranhos, cara. Vai dizer que

tu nunca ouviu falar no Juca Paranhos? Bom, talvez então você conheça ele por outro

nome, mas que não é o nome dele, é o título nobiliárquico que ele ganhou. Bom, então

agora você vai mergulhar na inacreditável aventura do cara que criou e projetou a diplomacia

brasileira. Essa mesma, que está sendo agora vítima de deboche fora das nossas fronteiras.

"Aos trancos e barrancos, aos trancos e barrancos, venha acompanhar a vida do Barão de Rio Branco".

Haha cara, talvez os episódios estejam melhorando, mas as rimas... Cara, acho que eu vou fazer

um concurso de rimas, aí eu aviso antes qual vai ser o episódio e você manda a rima,

porque eu esgotei o meu teor poético. Mas não esgotei o meu teor poético na hora de

contar a vida de uma pessoa realmente extraordinária, cara. A vida do José Maria Paranhos Junior,

sim, o Barão do Rio Branco, uma das mentes mais privilegiadas, um dos brasileiros mais

combativos, mais bem preparados da história desse país. E quem diria que ele ia dar isso,

porque na na no final da adolescência, no início da idade adulta, todo mundo achou

que o Juquinha ia dar em NADA. Tudo bem, ele já nasceu... Ele nasceu aqui, no Rio de Janeiro,

ele nasceu no dia 20 de abril... Devia ter nascido 21 de abril, né, que é essa data

tão emblemática, ou 22 de abril, que é o descobrimento do Brasil, mas ele nasceu

dia 20 de abril de 1845, no Rio de Janeiro. E já nasceu em berço de ouro, como convém.

Que nem eu, por exemplo, já nasci rico, já nasci falando, já nasci inteligente... Ele

quase, quase! Ele era filho do Visconde de Rio Branco, o José Maria Paranhos também,

né, que é o cara que em 1871 tinha sido responsável pela assinatura da Lei do Ventre

Livre, que aliás levou o nome dele... Todo escravo que nascesse, seria livre... Eh, bom,

nós não vamos falar dessa lei, algum dia falaremos da lei do Ventre Livre. O que interessa

é que o Juquinha nasceu, foi chamado de Juca, né, de Juquinha, depois de Juca, foi posto

na escola e era péssimo aluno, e aí... Era baderneiro, gazeteiro, faltava aula, vivia

percorrendo aí matas e montanhas do Rio de Janeiro, era um aventureiro, gostava de beber

já desde cedo... E aí o pai, que que fez? Botou no colégio militar. É isso aí, criança

indisciplinadas vão pro colégio militar. O canal Buenas Ideias apoia essa decisão.

E aí ele foi para a escola militar da Praia Vermelha. E a escola militar da Praia Vermelha

daria, por si só, TRÊS episódios. Ela chegou a ser destruída, terra arrasada, existe ainda

lá a escola militar da Praia Vermelha, mas não é aquela, o prédio original no qual

ele estudou. E nesse prédio, ele conheceu e estudou com quem? Não, o contrário do

que você pensou, com o Maquiavel. Porque o Américo Vespúcio, você já aprendeu aqui

no canal Buenas Ideias e também ouve na peça do NVCE que o Maquiavel... Que o Américo

Vespúcio era colega de aula do Maquiavel. O Juquinha, quase. Ele foi colega do futuro

marechal de ferro, o Floriano Peixoto. É, isso teria grande influência na vida dele,

como você vai ver. Ficaram grandes amigos, apesar de serem pessoas tão diferentes, né.

Lutavam esgrima junto, pá pá, esgrima, aquele esporte legal, de rico, tchá tchá tchá,

e aí ficaram bem amigos mesmo, apesar virem de diferentes walks of life. E eram tão diferentes

mesmo os caminhos deles na vida que logo em seguida, enquanto o pobre Floriano Peixoto

era enviado para chafurdar no pantanal, no charco, da terrível, sórdida, imunda Guerra

do Paraguai, o Juquinha, né, com o dinheiro da família, ia estudar na faculdade do Largo

São Francisco, em São Paulo, né, pra estudar Direito, né, Direito. Só que daí ele não

gostou muito do ambiente em São Paulo, como todo mundo, e se mudou pra faculdade de Direito

que era também muito sólida, muito importante, do Recife. Ficou morando lá no Recife até

se formar, com 23 anos de idade. Continuou sendo um boêmio, continuou sendo um farrista,

mas aí pelo menos, brilhante como era, se formou com distinção. Voltou pro Rio de

Janeiro em 1868 e aí virou jornalista, criou um jornal, fundou um jornal chamado A Nação,

que era um jornal abolicionista muito militante e que começou a confrontar diretamente algumas

das bases do Império. Algumas não, a principal base do Império Brasileiro, que era um império

escravista, que dependia da mão de obra escrava enquanto já era uma vergonha universal você

continuar ã ã mantendo a escravidão LEGAL, fazia parte da Constituição, tava lá, você

tinha o direito, o direito (!), de ter um escravo. O escravo era a tua propriedade.

E o Juquinha começou essa campanha muito forte, que mesmo assim fez com que ele não

fosse mal visto pela casa imperial, porque o pai dele já tinha sido amigo do Dom Pedro

II, ele conhecia a Princesa Isabel, etc. e tal, você sabe que rico todo mundo se dá,

ele continuou indo naquelas festividades, sarau, encontros e festins diabólicos que

rolavam ali em torno da família real, eventualmente, porque o Dom Pedro II era meio mala e não

gostava de festa. Mas etc. Tá, não interessa, o que interessa é que ã, o Juquinha, ainda

era, agora já era Juca, né, Paranhos, resolveu estudar, estudar, estudar, história e geografia,

história e geografia, história e geografia. Tanto é que alguns acham que, na verdade,

ele pode ser chamado de historiador, e com certeza pode, e de geógrafo, que com certeza

pode também, o número de conhecimentos que ele adquiriu sobre a história do Brasil e

sobre a geografia física do Brasil são espantosos, o que fariam com que, graças a esses conhecimentos

e a sua habilidade diplomática, e a sua visão incrível, TUDO AO CONTRÁRIO DAS PESSOAS

QUE AGORA ESTÃO NO ITAMARATY, CUJO NOME NÃO SERÁ DITO, mas cujo nome do time será dito,

o cara ainda é vermelho e a nossa bandeira jamais será vermelha, como você sabe, aqui

no canal Buenas Ideias, não é mesmo, e aí, graças a essa habilidade, a essa visão extraordinária

que o Rio Branco conseguiu conquistar pro Brasil territórios que, somando, dão o tamanho

da França, o tamanho da França nas questões de limites, né, das relações de fronteiras.

Mas isso talvez ganhe um ouuuutro episódio, porque nós nem chegamos ainda, e falta muito,

muito, muito pra isso acontecer. Mas isso começa a acontecer quando, em 1875, ele pleiteia

o cargo de cônsul em Liverpool. Por quê? Porque ele queria conhecer os Beatles, né

cara, o fab 4, ele disse "bah, eu me amarro no John, no George, no Paul, acho o Ringo

meio medíocre mas mesmo assim ok", e aí o Dom Pedro II diz assim "nananã nananã",

veta a indicação dele pra ser cônsul em Liverpool. Sabe por quê? Porque ele tinha

a maior fama de mulherengo da história, como de fato era, as mulheres caíam por ele, cara,

porque ele era eloquente, porque ele era bonito, porque ele era elegante, porque ele era rico,

porque ele era chico, chique, TUDO AO CONTRÁRIO DESSE... Bom, e aí ele ã ah, o Dom Pedro

II vetou ele especialmente porque ele vinha mantendo um caso com uma atriz e bailarina

belga, a Marie Stiffens, que ele tinha conhecido no Rio de Janeiro, no Teatro Alcazar... Vai

te informar que que era o Teatro Alcazar, aqui do Rio de Janeiro, um teatro de rebolado,

antes do rebolado, né. E ele conheceu ela, uma bailarina ã, não sei se fazia dança

do ventre, mas era uma mulher assim, encantadora, e aí ela e o Juca tiveram esse caso rumoroso,

que o Rio de Janeiro inteiro sabia, e sabiam que ele era ã, enfim, boêmio, e não gostava

de cumprir o horário, nunca chegava na hora certa, pararã, e o Dom Pedro II disse "nananão,

não vai ser meu cônsul lá em Liverpool coisa nenhuma, ainda mais que ele vai acabar

se relacionando com os Rolling Stones!". Disseram "mas os Rolling Stones são de Londres!",

não, tudo bem, não deixou. E aí, mas se deu mal porque o poderosíssimo Primeiro Ministro

da época, o chefe do gabinete de ministros, que a gente poderia chamar de primeiro ministro,

do qual na tua ignorância profunda, constrangedora, continua, depois de três anos nesse canal,

me dando vergonha, não conhece. É o Cotegipe, o ministro Cotegipe, um cara importantíssimo

na história do Brasil porque realmente quem mandava ali era sempre o chefe dos gabinetes

dos ministros, embora o Dom Pedro II ficasse alterando o partido conservador com o outro

partido cujo nome eu esqueci agora, aparece aqui do lado o nome do outro partido, alterando,

alternando eles no poder, mas quando esses caras tavam no poder mandavam muito, e o Barão

de Cotegipe, que era muito, muito importante, disse "não não, eu quero o Juquinha como

cônsul em Liverpool porque ele é um cara, brilhante, um cara fantástico, um cara articulado".

"Arghh mas é um maconheiro", "não, maconheiro ele não é", e aí venceu o Cotegipe e aí,

em 1876, aos 26 anos de idade, o o o fulano de tal, nosso querido José Maria Paranhos

Junior, o Junior, mais conhecido como Juca, vai... Ele ficaria 26 anos fora do Brasil

e ele faria um trabalho extraordinário lá fora. Esse trabalho foi tão notável que,

em 1888, já no alvorecer... No alvorecer não... No alvorecer da República, mas no

crepúsculo do Império, no crepúsculo do Império, a Princesa Isabel, que era amiga

dele, decide lhe dar o título de Barão do Rio Branco. E faz dele um barão. E é muito

legal porque ele continuou usando Rio Branco pelo resto da vida, ele assinava como Rio

Branco. E o que que isso tem a ver? Que loogo em seguida caiu o Império, então todos esses

títulos, todas essas comendas, todas essas ã homenagens dadas pelo Império foram canceladas

pela República. Mas não a do Barão do Rio Branco, ééé, porque ele já tinha desenvolvido

uma rede de contatos, ãã, na Europa, porque ele era respeitado na Europa, porque ele não

incendiava a Amazônia, porque ele não era um energúmeno, porque ele não era um cara

torpe, porque ele não fazia o Brasil passar vergonha, então os militares golpistas de

1889 disseram "pô, quem sabe a gente não mantém o Barão lá no cargo?". Mas o Barão

era um cara decente e disse "não não, eu tenho um viés monarquista, toda a minha carreira

está ligada ao Império no Brasil, eu não vou servir a dois senhores, eu não vou servir

a República". E aí, o Dom Pedro II, que sempre teve um lado grandioso, como sabemos,

não é só o lado grandioso que ele teve mas ele sempre teve, ele disse, inclusive

ao saber que ele tinha obstaculizado o início da carreira diplomática do Rio Branco, declarou:

"O José Maria Paranhos, o Barão do Rio Branco, é um grande servidor do Brasil, é um grande