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Porta Dos Fundos 2020, PROTEÇÃO

-Amor, vamos? -Bora.

Nem acredito que a gente vai sair, finalmente.

Ai, nem me fale. Nem eu, meu Deus.

Bora lá.

Amor.

Máscara, né?

-Posso sair um pouquinho sem? -Não.

Só um pouquinho. Dar uma saidinha só.

-Não. -Uma saída, vai.

Só a cabecinha. Vai, vida louca.

-Deixa, só um pouquinho. -Amor, não.

Você está infectando igual. Não existe isso.

Vai, máscara.

Estou morrendo de vontade de sair sem.

Não. Você está maluco?

Amor, não. Você está louco?

-Faz um tempão que eu não saio. -Não.

É que sair de máscara não é a mesma coisa.

-É igual chupar bala com papel. -Mas olha só.

-É o que vivemos hoje. -Eu não sou grupo de risco, não.

-Eu me garanto. -Não é sobre você, meu amor.

A senhorinha do segundo andar.

Elevador. Está maluco? Não.

Vamos fazer o seguinte? Estou morrendo de vontade de sair.

Eu saio e, quando eu estiver lá fora,

eu ponho a máscara. Deixa eu fazer isso.

-Não. Sem, não. -Olha o meu nariz. Está vendo?

O que tem a ver o seu nariz com isso?

Incomoda porque não tem máscara pro meu formato de rosto.

Cadê? Vai, põe sua máscara.

Eu não sei nem colocar isso. Aqui, amor, olha.

-Não é pro meu rosto. -Meu Deus. Dá aqui, vai.

-Quer ver? -Deixa eu te ensinar, meu amor.

-Coloca aqui numa orelhinha. -Olha o que está acontecendo.

Está vendo? Estou perdendo a vontade de sair.

Perdi a vontade.

Amor, vai aonde?

Eu estou pensando em usar os fundos.

-A máscara? -Acho que, nos fundos,

-não precisa de proteção, né? -Precisa, sim.

-Precisa, não, vai. -Precisa.

Deixa pra lá. Vou sair, não.

Nossa, está um cheiro horrível aqui atrás.

É que eu tenho que descer o lixo.


-Amor, vamos? -Bora.

Nem acredito que a gente vai sair, finalmente.

Ai, nem me fale. Nem eu, meu Deus.

Bora lá.

Amor.

Máscara, né?

-Posso sair um pouquinho sem? -Não.

Só um pouquinho. Dar uma saidinha só.

-Não. -Uma saída, vai.

Só a cabecinha. Vai, vida louca.

-Deixa, só um pouquinho. -Amor, não.

Você está infectando igual. Não existe isso.

Vai, máscara.

Estou morrendo de vontade de sair sem.

Não. Você está maluco?

Amor, não. Você está louco?

-Faz um tempão que eu não saio. -Não.

É que sair de máscara não é a mesma coisa.

-É igual chupar bala com papel. -Mas olha só.

-É o que vivemos hoje. -Eu não sou grupo de risco, não.

-Eu me garanto. -Não é sobre você, meu amor.

A senhorinha do segundo andar.

Elevador. Está maluco? Não.

Vamos fazer o seguinte? Estou morrendo de vontade de sair.

Eu saio e, quando eu estiver lá fora,

eu ponho a máscara. Deixa eu fazer isso.

-Não. Sem, não. -Olha o meu nariz. Está vendo?

O que tem a ver o seu nariz com isso?

Incomoda porque não tem máscara pro meu formato de rosto.

Cadê? Vai, põe sua máscara.

Eu não sei nem colocar isso. Aqui, amor, olha.

-Não é pro meu rosto. -Meu Deus. Dá aqui, vai.

-Quer ver? -Deixa eu te ensinar, meu amor.

-Coloca aqui numa orelhinha. -Olha o que está acontecendo.

Está vendo? Estou perdendo a vontade de sair.

Perdi a vontade.

Amor, vai aonde?

Eu estou pensando em usar os fundos.

-A máscara? -Acho que, nos fundos,

-não precisa de proteção, né? -Precisa, sim.

-Precisa, não, vai. -Precisa.

Deixa pra lá. Vou sair, não.

Nossa, está um cheiro horrível aqui atrás.

É que eu tenho que descer o lixo.