General Eduardo Villas Bôas
General Eduardo Villas Bôas
General - Deixa eu ver uma coisa aqui; quem serviu o Exército?
Entrevistador - Meninos, quem serviu o Exército?
General - Ah, logo vi que o bigodão ali serviu, oh…
Entrevistador- Ah!
General - Ele já me fez uma continência muito bem feita.
Entrevistador- Só você serviu o Exército? Mas vem cá, que moleza… Então, ninguém serviu aqui?
General - É que eles não sabem que na saída tem uma comissão de alistamento, e vai passar todo mundo lá. / As meninas já podem entrar pro Exército; esse ano já temos as meninas ingressando na Academia Militar, na Escola Preparatória em Campinas e também nas escolas de sargento. Estão aumentando nosso contingente de mulheres no Exército, e já há algumas na linha, no caminho pra serem promovidas a general.
Entrevistador- Quem diria, hem? No seu tempo, no seu início de carreira, não tinha nada disso, nem pensar!
General - Não tinha nada disso…
Entrevistador- Você é de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul… como tem gaúcho na História Militar brasileira, né? Vai de Prestes a Médici, de Hermes da Fonseca, Geisel, Golbery…
General - É verdade…
Entrevistador- Mas na sua família tinha militares? O exemplo era de parentes, de onde veio a sua vocação?
General - A minha família Villas Boas é do Nordeste. - É de Aracaju. Um dos ramos do Villas Boas vem de lá. História de brasileiro, né? Meu avô, em Aracaju, entrou para o Correio telégrafo; era como é… Piripipi? Telegrafista… Aí, foi transferido pro interior de São Paulo, lá se casou… Meu pai nasceu aqui em Campinas. E meu pai, aí foi pra Escola Militar e saiu aspirante. Pelo jeito, não foi muito bem classificado, porque foi parar em Cruz Alta, não é, e lá se casou. Então é por isso que eu nasci aí e vivi até os dez, doze anos por lá…
Entrevistador- Então tinha o exemplo paterno.
General - Alguma raiz gaúcha…
Entrevistador- Seu exemplo é paterno então.
General - É paterno, é meu pai.
Entrevistador- Mas é, a inspiração de uma febre… A cobra vai fumar, essas histórias heroicas do Exército brasileiro, de como viram?
General - Certo, certo. Como eu vivia em ambiente militar, participava de... assistia a muitas cerimônias, né, de exaltação… Então, isto me motivou bastante.
Entrevistador- E durante o regime militar, a sua atuação foi puramente profissional, ou o senhor chegou a ter algum cargo com atribuições políticas, direta ou indiretamente?
General - Não, porque eu era muito jovem, né? Como você disse, em 64 eu tinha treze anos.
Entrevistador- É, é…
General - Né. E eu me graduei oficial em 73, com vinte e três anos. Quer dizer, de 73 até 8…
Entrevistador- Cinco, é…
General - Em 85 eu tinha trinta e quatro anos; era um oficial jovem, é… Voltado totalmente pra atividade operacional, vamos dizer assim, de doutrina, doutrina militar, não é? Então, a minha geração teve muito pouca participação nas questões, enfim, políticas. Eu confesso que a atividade profissional que mais me motiva é a de dar aula, né, exatamente pelo contato com a juventude. O Orlando Villas Boas dizia que, “numa aldeia indígena, o adulto é o dono da aldeia; o velho é o dono da História e o jovem é o dono do mundo”, né, e é… A juventude é a mais importante matéria prima que um país tem.