As Praças - Edição de 24 de dezembro 2012 - Praça do Toural, Guimarães - 03
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Jornalista:
A praça do Toural, tal como existia antes da intervenção da Maria Manuela Oliveira, não poderia acolher muitos dos momentos mágicos que acolheu por exemplo na capital europeia da cultura.
Arquiteta:
De facto este projeto rasgou a praça, isto abriu a possibilidade de se poder ver a praça, de sentir a praça, de a percorrer de um lado ao outro e permitiu também ser um lugar de celebração, um lugar onde tocam orquestras, por exemplo, posso recordar a abertura da praça, no dia 13 de dezembro que coincidiu com os dez anos da elevação do centro histórico a património cultural da humanidade, em que de facto houve um concerto fantástico, com as pessoas, cheia de gente, mesmo a chover, e isso era uma coisa que não era possível com a praça antiga.
Jornalista:
Maria Manuel Oliveira, foi essa intenção de revelar as fachadas da praça que a levou a retirar o jardim do Toural?
Arquiteta:
Sim, claro, esse sentido de terreiro que o Toural tinha, tem essa componente intrínseca que é de se ver o que acontece à volta, e o jardim que aqui existia, enfim, era uma praça com parterres muito delineados, muito recortados, e era bem feito, ou seja, era bem feito para a época em que foi feito, começou no início do século passado já e em meados dos anos cinquenta adquiriu a forma que conheci; agora é verdade que estas intervenções têm ..são sempre uma manifestação cultural da sua época, portanto, quando o Toural adquiriu aquele último desenho, de alguma forma também foi a afirmação da sua contemporaneidade, da sua mocidade, e nesse sentido, as preocupações, é evidentemente eram outras, a maneira como se vivia e habitava este espaço eram outros, o sentido de representação também era outro.
Portanto, hoje em dia, a grande diferença que existe, tem a ver, por um lado, com essa perceção espacial e arquitetónica que nos parece muito interessante, na verdade recuperar a leitura desta grande fachada dita pombalina, embora não seja na verdade, mas que é uma peça única em Guimarães, contraposta à igreja de S. Pedro e poder perceber-se uma frente, um elemento frente …. frente ao outro, o que não era possível na verdade com aquelas pequenas árvores e tantos arbustos que faziam muito ruído.