CANTADA DE CARNAVAL | EMBRULHA PRA VIAGEM
Ê, Carnaval! Terceira vez essa semana, hein?
E não é o teu, não.
Próximo.
Obrigado.
-Delícia! -Moça!
Eu já tô sabendo.
Vocês podem ficar tranquilos que vamos mandar averiguar,
nós vamos atrás das suspeitas, mas eu preciso de respostas.
A senhora pode perguntar o que quiser.
O seu filho...
Tava fazendo o quê às 14h, com a bebida na mão,
na Vila Madalena?
Bebendo cerveja e seguindo o bloco.
Sem namorada?
Bebendo sozinho? Tava querendo o quê?
Acho que se divertir?!
O senhor me desculpe, mas, solteiro, dando risada,
dançando e bebendo sozinho?
O senhor há de convir que chama atenção.
Um homem sério não faz uma coisa dessas.
Tá pedindo, né?
Doutora, ele só queria conversar, ver gente, acompanhar um bloco.
Ele gosta muito de dançar, não é, filho?
Eu sou casado. Minha esposa tava em casa.
Eu saí da academia. Eu trabalho a semana inteira, doutora.
Eu queria... só tomar uma cerveja com os meus amigos.
Bater um papo, espairecer um pouco.
Eu não tava procurando nada.
Tá. Então vamos fazer um corpo de delito.
Pode tirar.
Coisa estranha. Mas, aqui, doutora?
-Olha pra isso! -Aqui.
Um tórax desses! Que você acha, Elisângela?
Tá querendo.
Aí vagabunda vem na bucetada e a culpa é de quem?
Por favor! Ele passou um trauma muito grande!
Então...
Que foi que aconteceu, quantas mulheres?
A princípio, eu tava dançando sozinho, doutora.
Aí veio uma loira, ou uma ruiva, não sei exatamente.
Eu sou comprometido, não fiquei prestando atenção.
Só sei que ela fedia à cachaça.
Puta cecê.
Chegou atrás de mim e me chamou de gostoso.
Fingi que não era comigo, né.
Saí andando, ela veio atrás, apertou minha bunda.
E falou no meu ouvido.
"Não finge de santo não que eu sei que tu gosta"
Eu saí de perto, fui lá pro outro lado.
Ela ficou a tarde inteira, me enchendo o saco,
mandando beijinho, piscando pra mim.
E toda vez que eu ia dançar,
ela chegava por trás,
me chamava de brocha,
e ainda ficava tentando passar a mão no...
-No seu pau. -No meu pau.
Mas isso não caracteriza um estupro.
Talvez um assédio. Mas é mais uma cantada.
Eu acho que você deveria receber isso como elogio.
Mas não foi só isso não, doutora.
Quando eu tava indo embora, tava esperando o carro,
ela veio com mais quatro amigas, me pegou por trás,
arrancou minha camisa.
Estavam todas bêbadas. Nojentas, fedendo muito.
Não tava com tesão nenhum, doutora. Nenhum tesão.
Não queria nada com elas.
Na verdade, eu tava com nojo.
Você é viado ou você é brocha.
-Porra, não gosta de mulher?! -Tá de sacanagem, doutora?!
Ah, espera aí! Eu gosto de homem!
Olha, eu vejo uma piroca, não importa se tá bêbado, fedendo,
Caiu na rede, eu dou logo uma bucetada!
É ou não é, Elisângela?
Foi aí que vieram mais duas.
Já chegaram me arranhando,
uma passando o sexo suado na minha cara,
enquanto a outra abria a bolsa e eu vi ela pegando o consolo.
Eu tentei correr, caí no chão.
Elas já vieram tirando minha calça.
Botando a mão no meu membro, que...
Nem reagia.
Foi aí que...
Que eu tomei a dedada.
Ela teve coragem de olhar pra mim e falar:
"Tá vendo?"
"É isso que a gente faz com homem brocha!"
Mas aí eu empurrei ela, saí, entrei no carro,
e pedi pro motorista me levar pra casa.
E o consolo? Introduziram?
Foi só dedada.
Então não foi estupro!
Foi no máximo um assédio!
Olha, foi cantada de carnaval!
Tô cheia de coisa pra fazer.
Olha, vai pra casa. Toma um banho, dorme.
Amanhã você não vai lembrar de nada!
Quer um conselho?
Para com esse negócio de academia pra ficar gostoso.
Para com esse negócio de dançar sozinho,
de beber sozinho, de dar risada.
Assim, nada disso vai acontecer.
O segredo...
É não se oferecer, tá?
Mas que eu faço, doutora?
O senhor vai educar melhor seu filho!
Vai falar pra ele não ficar provocando.
Esse mundo tá cheio de vagabundo!
-...vai ficar complicado. -Por quê?
Porque tá muito quente, tá começando empolar minhas costas.
Deixa eu ver.
Tudo bem, você é jovem.
...bêbada, olha! Piroca chegou,
eu dou logo uma bucetada!
Não é.
Caiu na rede!