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O Assunto (*Generated Transcript*), 06.07.23-A ofensiva histórica de Israel na Cisjordânia

06.07.23-A ofensiva histórica de Israel na Cisjordânia

Um novo capítulo nos históricos conflitos no Oriente Médio.

Dessa vez, uma cidade da Cisjordânia foi alvo da maior operação militar israelense

em duas décadas.

Os ataques de drones com explosivos na madrugada foram seguidos por uma incursão por terra.

Quase 2 mil soldados avançaram pelas ruas de Jenin em direção ao campo de refugiados,

que fica na margem da cidade desde o início dos anos de 1950 e abriga, hoje, 14 mil pessoas.

O que está acontecendo no campo de refugiados é uma verdadeira guerra, com ataques vindos

do céu, diz esse motorista de ambulância.

Ao todo, 12 palestinos morreram nessa operação.

Cinco eram integrantes dos grupos Hamas e Jihad Islâmica, mas há também três crianças

entre os mortos.

Um soldado jaelense também morreu nos confrontos.

A violência na região alcançou novos patamares, principalmente depois do anúncio da construção

de novos assentamentos israelenses, uma das promessas do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

O conflito na região tem se intensificado desde o início do ano, com cerca de 200 mortos

de ambos os lados.

O primeiro-ministro israelense vem sendo pressionado por grupos ultranacionalistas que o ajudaram

a voltar ao poder e que exigem respostas mais duras contra os palestinos.

Com a ofensiva de Israel, veio a retaliação.

Hoje, um motorista atropelou seis pessoas em Tel Aviv, a maior cidade do país, e depois

foi morto a tiros.

Ele era palestino e morava na Cisjordânia.

O Hamas, que controla a Faixa de Gaza, outro território palestino ao sul de Israel, disse

que esta é a primeira resposta à operação em Jenin.

E o aprofundamento da crise humanitária naquele que é um dos maiores campos de refugiados

da região.

Os reflexos na situação humanitária em Jenin.

De acordo com as Nações Unidas, equipes médicas e de assistência estão sendo impedidas

de chegar ao campo.

Já faltam água, comida e luz.

Da redação do G1, eu sou Natuzaneri e o assunto hoje é

A crescente tensão entre israelenses e palestinos.

Um episódio para entender a maior operação militar dos últimos 20 anos na Cisjordânia.

Eu converso com Guga Chakra, comentarista da TV Globo e da Globo News em Nova Iorque,

e colunista do jornal O Globo.

Quinta-feira, 6 de julho.

Guga, o conflito entre israelenses e palestinos é um conflito histórico, mas atingiu um

ponto muito significativo nos últimos dias.

Então eu começo te pedindo para nos localizar nessa história.

O que é a Cisjordânia e o que é o campo de refugiados do Jenin?

Olha, a Cisjordânia é um dos chamados territórios palestinos.

É um território pequeno, de pouco mais de 5.600 quilômetros quadrados.

E o que é a Cisjordânia?

A Cisjordânia é uma área que fica a oeste do chamado Rio Jordão, que é a fronteira

entre a Jordânia e Israel.

Até 1967, ali estava nas mãos dos jordanianos.

Em 1967 teve uma guerra, a chamada Guerra dos Seis Dias, e Israel conquistou a Cisjordânia.

O problema é que a Cisjordânia tem milhões de palestinos, vivem três milhões de palestinos

na Cisjordânia.

E Israel, depois que conquistou a Cisjordânia, iniciou uma ocupação não apenas militar,

mas também uma ocupação civil, com a construção de dezenas de assentamentos judaicos na Cisjordânia.

E a população hoje de colonos israelenses na Cisjordânia é de mais de 400 mil habitantes,

quer dizer, 400 mil colonos vivendo em meio a três milhões de palestinos.

E há toda uma infraestrutura para garantir a segurança desses assentamentos.

O país que está conquistado ali é um território reivindicado pelos palestinos para um futuro Estado,

e que para a maior parte da comunidade internacional, inclusive o Brasil, é um território palestino.

Israel tem todo um sistema de estradas, de barreiras, com muros, com cerca,

e uma série de restrições que eles impõem ali na Cisjordânia para garantir o controle do território.

Ao mesmo tempo que os palestinos, para irem de um lugar para o outro na Tusa,

eles são obrigados a passar por uma série de postos de controle.

Então, para você ir de Nablus para Jenin ou de Nablus para Ramallah,

você precisa passar por postos de controle do exército israelense.

Você não tem livre circulação dos palestinos de um lugar para o outro.

E só para entender, a Cisjordânia é dividida em três pedaços,

no sentido de três áreas, que eles chamam, no que foi chamado de Acordos de Oslo,

que deram início às negociações entre israelenses e palestinos,

que era uma divisão para ser transitória até ter um acordo final.

E por esse acordo, Israel controla 60% da Cisjordânia,

incluindo parte administrativa e militar, isso é o chamado Área C.

A Área B, que são 22%, é controle administrativo palestino,

mais segurança israelense, e só 18% corresponde à área que é controlada

pela Autoridade Palestina e também a segurança está a cargo da Autoridade Palestina.

Mas mesmo nessa área, Israel realiza operações militares.

Esses 18% são os principais centros urbanos.

Então, para você ir de um para o outro, são como se fossem várias ilhas palestinas

no meio de um território ocupado por Israel,

o que inviabiliza completamente a possibilidade de haver um Estado palestino ali.

Porque quando as pessoas falam, tem que criar um Estado palestino na Cisjordânia,

a Cisjordânia é completamente ocupada quase por Israel,

tirando essas pequenas ilhas urbanas dentro da Cisjordânia,

onde Israel pode agir militarmente, como agiu, inclusive ali em Jenin,

no campo de refugiados de Jenin, nessa semana.

3 mil palestinos deixaram Jenin, que antes da Operação Israelense

abrigava cerca de 14 mil pessoas.

A ONU alerta para os bombardeios numa área densamente povoada.

10 palestinos morreram, entre eles 3 crianças,

e outros 100 ficaram feridos em dois dias de ataques aéreos e terrestres.

Este é apenas mais um capítulo da onda de violência na região,

que desde o início do ano deixou quase 200 palestinos e 25 israelenses mortos.

Eu queria entrar justamente nisso, porque a última Operação Militar Israelense

já é considerada histórica, foi a maior dos últimos 20 anos.

E essa operação a que você se refere é atribuída a uma série de motivos,

que vão desde a presença de assentamentos israelenses em território palestino,

até o lançamento de foguetes palestinos em territórios israelenses.

Mas o que explica o ataque em Jenin ter acontecido justamente nesse momento?

No momento em que aconteceu?

Tem crescido a tensão ali na região, na Cisjordânia, como um todo.

Tem havido muitos choques entre colonos israelenses e palestinos,

e atos violentos dos dois lados.

Então isso tem elevado a tensão, especialmente desde a chegada

do novo governo do Netanyahu ao poder.

Não que não existisse antes, isso existe há décadas,

mas houve um agravamento desde a chegada do governo do Netanyahu ao poder,

porque o atual governo do Netanyahu é composto, ele tem dentro do governo,

figuras que são colonos, figuras responsáveis inclusive pela segurança

ali na Cisjordânia, que são colonos.

Por exemplo, o Itamar Ben-Gvir e o Smoltric.

Só para ter uma advenção, o Itamar Ben-Gvir foi proibido de fazer exército

em Israel quando ele tinha 18 anos por ser considerado radical.

Então você tem um governo que é dominado pelos colonos.

Hoje em Israel não é dominado por aquela sociedade liberal, progressista,

de Tel Aviv, de Raifa.

Não, é dominado pelos colonos, por figuras ultra extremistas.

Em Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu

permitiu a construção de um número recorde de assentamentos

desde a moratória, que expirou há dois anos.

Revoltados com o anúncio dos novos assentamentos,

militantes palestinos fizeram uma série de ataques a colonos judeus

que vivem nas residências construídas ali na região.

Desde lançamentos de pedras até foguetes, segundo o Tel Aviv.

No lado palestino você tem novos grupos que são extremamente radicais,

formados por jovens em lugares como Nablus,

e também ali no campo de refugiados de Jenin,

que nasceram depois da segunda intifada,

que não tem muita perspectiva, e começaram, sim, a se radicalizar

e a realizar atos violentos, tanto contra as colonos,

mas também algumas vezes dentro do território israelense

reconhecido pela comunidade internacional.

No dia 4 de julho, um dia após a operação de Israel nasce Jordânia,

o Hamas atacou o Tel Aviv.

Um homem do grupo atropelou e feriu oito pessoas.

Segundo a polícia, ele era um palestino de 20 anos,

morador da Cisjordânia.

O grupo Hamas, formado por militantes palestinos radicais,

assumiu a responsabilidade pelo ataque.

O porta-voz do grupo disse que o atentado foi um ato heróico

e uma retaliação à operação do governo israelense na cidade de Jenin.

Então são esses dois motivos, um governo radicalizado em Israel,

somado à radicalização de jovens, especialmente em Jenin,

mas também em Nablus, e, por último, uma autoridade palestina

completamente enfraquecida.

Espera um pouquinho que eu já volto para falar com o Guga.

Guga, você citava o governo radicalizado de Israel.

Na sua coluna do jornal O Globo, você inclusive cita

que esse governo de Benjamin Netanyahu,

que foi reeleito em novembro do ano passado,

é considerado o mais extremista de todos os tempos,

da história de Israel.

Como esses ataques em Jenin se relacionam com a política israelense dele?

Olha, o Netanyahu, ele em si é uma figura da direita tradicional conservadora.

Ele já comandou outros governos de Israel, alguns de coalizão nacional,

tendo até partidos mais à esquerda, partidos de centro,

outros mais à direita, mas com partidos da direita tradicional

israelense, mas agora ele se aliou à extrema direita.

Por quê? Porque parte da direita, além do centro e da esquerda israelense,

se voltou contra o Netanyahu diante dos múltiplos escândalos

de corrupção do primeiro-ministro.

Benjamin Netanyahu responde a um processo criminal na justiça

por corrupção, fraude e quebra de confiança.

Ele nega as irregularidades.

O promotor disse que o primeiro-ministro usou o poder

de forma ilegítima ao negociar com meios de comunicação

a publicação de notícias favoráveis ao governo em troca de benefícios.

Na última eleição, o Netanyahu conseguiu formar uma coalizão

ao se aliar com essa extrema direita, que cresceu bastante

na política israelense, que são, acima de tudo, partidos

ligados aos colonos israelenses, aquelas figuras que eu citei

na resposta anterior, como Ben-Gvir e o Smoltric.

Então, o Netanyahu se tornou a figura menos de direita

da coalizão. Netanyahu, que é uma figura associada

à direita internacional. Ele seria o mais moderado

da coalizão. Só que ele quer essa coalizão, primeiro,

porque ele gosta do poder, naturalmente, e segundo,

por causa da questão de ele ser réu.

E ele, tendo o cargo de primeiro-ministro, pode manter

esse poder, tentar alterar as leis. E é o que ele quer.

Ele quer enfraquecer a Suprema Corte de Israel.

Esse é o objetivo dele, que a Suprema Corte de Israel

é bem independente e tem um viés, que aqui nos Estados Unidos

se chama de liberal progressista. Ela é mais progressista,

a Suprema Corte israelense, e bate muito de frente

com o Netanyahu. E o Netanyahu quer enfraquecer.

Se essa reforma for aprovada na íntegra, o governo teria

controle da comissão que escolhe os juízes da Suprema Corte

e o parlamento poderia reverter decisões do principal

tribunal do país. Netanyahu alega que a corte

tem tomado decisões que desafiam o equilíbrio dos poderes.

Mas críticos dizem que a reforma acabaria justamente

com a independência do sistema legal.

O Netanyahu seria o todo poderoso, porque ele quer,

com a mudança nas leis, que o parlamento derrube decisões

da Suprema Corte. Como ele controla o parlamento,

ele consegue derrubar qualquer decisão da Suprema Corte.

Grande parte da sociedade israelense tem saído às ruas

para protestar contra essa tentativa do Netanyahu

de mudar as leis, as regras em Israel.

Os organizadores calculam que 500 mil pessoas

participaram da manifestação, no que está sendo considerado

o maior protesto da história do país.

E quando você realiza uma operação de segurança

contra, de fato, ali no campo de refugiados de Jenin,

há grupos radicais que realizam ataques não só contra

colonos, mas também contra israelenses dentro do território

de Israel, você leva o debate para a área de segurança.

A gente está falando disso agora, não está falando da questão

da lei. No mesmo dia que ele fez isso, dezenas de israelenses

foram presos por estarem se manifestando contra o governo,

por causa da questão do poder judiciário.

Então o Netanyahu vai usando questões de segurança

a favor dele e também porque ele precisa agradar

esses membros ultra-radicais do governo dele.

Esses membros, Ben-Gurion e Smoltric, que se pudessem

tentariam expulsar todos os palestinos da Cisjordânia

e anexariam a Cisjordânia a Israel o quanto antes.

Aliás, eles defendem isso abertamente.

Aliás, essa situação me lembrou uma declaração que uma

das ministras da nossa Suprema Corte aqui no Brasil,

a Carmen Lúcia, disse que não há democracia sem poder

judiciário independente. Mas isso é uma outra história.

Guga, eu quero agora com você contextualizar a política

do outro lado desse conflito. A Autoridade Palestina,

na figura de Mahmoud Abbas, que é quem preside os territórios

da faixa de gás e da Cisjordânia, tem enfrentado

bastante dificuldade para se manter em Jenin.

Você consegue nos descrever o cenário político nessa cidade

e essas dificuldades todas?

A Autoridade Palestina, em teoria, só governa

aqueles 18% da Cisjordânia, que são os centros populacionais.

A faixa de Gaza foi dominada pelo Hamas há mais de 15 anos.

Então é controlada pelo Hamas, que é um grupo considerado

terrorista pelos Estados Unidos, por Israel, por uma série

de países, e que de fato comete atentados terroristas.

É rival do Fatah. O Fatah é uma organização mais laica,

mais secular. O Hamas é uma organização de viés religioso

islâmico radical. Ali na Cisjordânia, o Mahmoud Abbas

nunca foi uma figura carismática. Ele é extremamente incompetente.

Ele tem menos poder na prática do que um síndico de prédio.

Ele é bem enfraquecido, ao mesmo tempo que ele vai se perpetuando

no poder porque eles não realizam eleições ali há mais de 15 anos,

porque eles temem, inclusive, isso envolve os Estados Unidos

e Israel, temem que o Mahmoud Abbas saia derrotado,

que o Fatah, que é mais moderado, saia derrotado,

que haja uma vitória do Hamas. Ele não é uma liderança

carismática como foi o Yasser Arafat.

O primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas,

classificou a operação de invasão do território palestino

e acusou o governo israelense de crimes de guerra.

A expectativa é o que vem depois do Mahmoud Abbas,

quem pode ser o sucessor dele, como que vai ficar

a questão da Autoridade Palestina.

Mas na prática, a Autoridade Palestina, hoje, não tem poder nenhum.

É que é um Estado, imagine um Estado consolidado,

com instituições forças. Não, é extremamente fraca,

dependente bastante dos Estados Unidos, de Israel também,

os impostos são recolhidos por Israel, que depois repassa

para a Autoridade Palestina, mas não tem muita perspectiva

de mudanças, não. Então, na prática, Natuzaf,

é o seguinte, a Cisjordânia, você tem 3 milhões de palestinos lá,

você tem o status quo atual, você pode manter esse status quo,

você pode anexar toda a Cisjordânia, mas nesse caso,

Israel teria que dar cidadania aos 3 milhões de palestinos,

se você anexa formalmente, caso contrário, configuraria

um Estado de apartheid, afinal, Israel nunca anexou,

Israel ocupa, mas não diz que ali é território israelense.

Se anexasse, como anexou ilegalmente o Golã,

e como anexou Jerusalém Oriental, ali Israel ofereceu

cidadania aos moradores. Palestino e Jerusalém Oriental

têm direito à cidadania, e os sírios do Golã também têm

direito à cidadania israelense. Agora, se você concebe para 3 milhões

de palestinos, isso levaria a um possível fim da maioria

judaica em Israel. Então, Israel não concederia essa cidadania.

Outra alternativa seria a criação de um Estado palestino,

que é o que a maior parte do mundo defende.

A ONU está mantendo a posição dela, diz que a resolução

do Conselho de Segurança considera os assentamentos

uma violação da legislação internacional, e disse

que se mantém comprometida em apoiar palestinos e israelenses

a conseguirem um acordo de paz durável.

Israel já decidiu que vai ser o status quo, para Israel

é o status quo, porque formalmente não anexa,

tem ali os assentamentos, na prática controla o território,

e ficam essas ilhas palestinas. Para os palestinos,

o status quo para eles é insustentável, então você sempre

é natural, como qualquer povo que está sob ocupação,

acaba lutando para tentar terminar com a ocupação,

por mais que fracasse constantemente, mas vai continuar

lutando e vai prosseguindo esse conflito indefinidamente,

e as vítimas são justamente os civis israelenses

e os civis palestinos.

Pois é, para muita gente que nos ouve aqui,

esse assunto é um assunto de décadas, a criação

de um Estado palestino, o conflito entre

Palestina e Israel, e tem gente que desde que nasceu

que ouve essa história. Quais são as chances

de uma solução, já que você acabou de nos explicar

que Israel tende para o status quo, ou seja,

manter as coisas do jeito que estão, e ir levando

do jeito que está levando há décadas. Existe algum tipo

de luz no fim do túnel, ou na sua avaliação, não a gente

vai ficar velhinho comentando conflito

por lá, sem solução aparente?

É, eu sou do grupo dos céticos, eu quis ser jornalista

porque eu queria um dia cobrir um acordo de paz entre Israel

e Palestina.

Jura?

É, mas eu não vou cobrir, não vai ter esse acordo,

na minha avaliação vai continuar o status quo,

talvez ampliando um pouco os assentamentos ainda mais,

os colonos vão ser cada vez mais fortes dentro

da sociedade israelense, existem as narrativas

dos dois lados, genuinamente muitos israelenses avaliam

que os palestinos que não quiseram um acordo de paz,

e genuinamente muitos palestinos avaliam que os israelenses

que não quiseram um acordo de paz,

tem muitas narrativas históricas dos dois lados,

os israelenses e os israelenses judeus avaliam que ali

sempre foi pátria dos judaís, a nação judaica há milênios,

quer dizer, Jerusalém está no centro do judaísmo,

e os judeus de fato foram perseguidos no mundo todo,

culminando com o holocausto, então precisava de um país

para os judeus, os palestinos argumentam que eles

estavam morando ali, são um povo que morava

nas cidades, dali do que se chama Palestina histórica,

onde está hoje a Israel, Jordânia e Faixa de Gaza,

então você tem duas narrativas, cada lado,

por exemplo, só de eu falar isso, Natuza,

gente de um lado vai me atacar, porque eu citei

a narrativa do outro, porque a radicalização é muito grande.

Guga Chakra, sempre um bálsamo ter você aqui,

e o fato de reproduzir as narrativas

de um lado ou de outro, significa que você

nada mais faz do que jornalismo, e que bom que você está

aqui hoje falando de jornalismo e do que está acontecendo

por lá com a gente, bom trabalho para você.

Obrigado Natuza, um abraço.

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Comigo na equipe do Assunto estão Mônica Mariotti,

Amanda Polato, Lorena Lara, Luiz Felipe Silva,

Thiago Kazurowski, Gabriel de Campos,

Guilherme Romero e Nayara Fernandes.

Eu sou o Natuza Neri e fico por aqui.

Até o próximo assunto.

Legendas pela comunidade Amara.org

06.07.23-A ofensiva histórica de Israel na Cisjordânia 06.07.23-Israels historische Offensive im Westjordanland 06.07.23-Israel's historic offensive in the West Bank 06.07.23-La histórica ofensiva israelí en Cisjordania 06.07.23-ヨルダン川西岸地区におけるイスラエルの歴史的攻勢 06.07.23 - Історичний наступ Ізраїлю на Західному березі річки Йордан

Um novo capítulo nos históricos conflitos no Oriente Médio.

Dessa vez, uma cidade da Cisjordânia foi alvo da maior operação militar israelense

em duas décadas.

Os ataques de drones com explosivos na madrugada foram seguidos por uma incursão por terra.

Quase 2 mil soldados avançaram pelas ruas de Jenin em direção ao campo de refugiados,

que fica na margem da cidade desde o início dos anos de 1950 e abriga, hoje, 14 mil pessoas.

O que está acontecendo no campo de refugiados é uma verdadeira guerra, com ataques vindos

do céu, diz esse motorista de ambulância.

Ao todo, 12 palestinos morreram nessa operação.

Cinco eram integrantes dos grupos Hamas e Jihad Islâmica, mas há também três crianças

entre os mortos.

Um soldado jaelense também morreu nos confrontos.

A violência na região alcançou novos patamares, principalmente depois do anúncio da construção

de novos assentamentos israelenses, uma das promessas do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

O conflito na região tem se intensificado desde o início do ano, com cerca de 200 mortos

de ambos os lados.

O primeiro-ministro israelense vem sendo pressionado por grupos ultranacionalistas que o ajudaram

a voltar ao poder e que exigem respostas mais duras contra os palestinos.

Com a ofensiva de Israel, veio a retaliação.

Hoje, um motorista atropelou seis pessoas em Tel Aviv, a maior cidade do país, e depois

foi morto a tiros.

Ele era palestino e morava na Cisjordânia.

O Hamas, que controla a Faixa de Gaza, outro território palestino ao sul de Israel, disse

que esta é a primeira resposta à operação em Jenin.

E o aprofundamento da crise humanitária naquele que é um dos maiores campos de refugiados

da região.

Os reflexos na situação humanitária em Jenin.

De acordo com as Nações Unidas, equipes médicas e de assistência estão sendo impedidas

de chegar ao campo.

Já faltam água, comida e luz.

Da redação do G1, eu sou Natuzaneri e o assunto hoje é

A crescente tensão entre israelenses e palestinos.

Um episódio para entender a maior operação militar dos últimos 20 anos na Cisjordânia.

Eu converso com Guga Chakra, comentarista da TV Globo e da Globo News em Nova Iorque,

e colunista do jornal O Globo.

Quinta-feira, 6 de julho.

Guga, o conflito entre israelenses e palestinos é um conflito histórico, mas atingiu um

ponto muito significativo nos últimos dias.

Então eu começo te pedindo para nos localizar nessa história.

O que é a Cisjordânia e o que é o campo de refugiados do Jenin?

Olha, a Cisjordânia é um dos chamados territórios palestinos.

É um território pequeno, de pouco mais de 5.600 quilômetros quadrados.

E o que é a Cisjordânia?

A Cisjordânia é uma área que fica a oeste do chamado Rio Jordão, que é a fronteira

entre a Jordânia e Israel.

Até 1967, ali estava nas mãos dos jordanianos.

Em 1967 teve uma guerra, a chamada Guerra dos Seis Dias, e Israel conquistou a Cisjordânia.

O problema é que a Cisjordânia tem milhões de palestinos, vivem três milhões de palestinos

na Cisjordânia.

E Israel, depois que conquistou a Cisjordânia, iniciou uma ocupação não apenas militar,

mas também uma ocupação civil, com a construção de dezenas de assentamentos judaicos na Cisjordânia.

E a população hoje de colonos israelenses na Cisjordânia é de mais de 400 mil habitantes,

quer dizer, 400 mil colonos vivendo em meio a três milhões de palestinos.

E há toda uma infraestrutura para garantir a segurança desses assentamentos.

O país que está conquistado ali é um território reivindicado pelos palestinos para um futuro Estado,

e que para a maior parte da comunidade internacional, inclusive o Brasil, é um território palestino.

Israel tem todo um sistema de estradas, de barreiras, com muros, com cerca,

e uma série de restrições que eles impõem ali na Cisjordânia para garantir o controle do território.

Ao mesmo tempo que os palestinos, para irem de um lugar para o outro na Tusa,

eles são obrigados a passar por uma série de postos de controle.

Então, para você ir de Nablus para Jenin ou de Nablus para Ramallah,

você precisa passar por postos de controle do exército israelense.

Você não tem livre circulação dos palestinos de um lugar para o outro.

E só para entender, a Cisjordânia é dividida em três pedaços,

no sentido de três áreas, que eles chamam, no que foi chamado de Acordos de Oslo,

que deram início às negociações entre israelenses e palestinos,

que era uma divisão para ser transitória até ter um acordo final.

E por esse acordo, Israel controla 60% da Cisjordânia,

incluindo parte administrativa e militar, isso é o chamado Área C.

A Área B, que são 22%, é controle administrativo palestino,

mais segurança israelense, e só 18% corresponde à área que é controlada

pela Autoridade Palestina e também a segurança está a cargo da Autoridade Palestina.

Mas mesmo nessa área, Israel realiza operações militares.

Esses 18% são os principais centros urbanos.

Então, para você ir de um para o outro, são como se fossem várias ilhas palestinas

no meio de um território ocupado por Israel,

o que inviabiliza completamente a possibilidade de haver um Estado palestino ali.

Porque quando as pessoas falam, tem que criar um Estado palestino na Cisjordânia,

a Cisjordânia é completamente ocupada quase por Israel,

tirando essas pequenas ilhas urbanas dentro da Cisjordânia,

onde Israel pode agir militarmente, como agiu, inclusive ali em Jenin,

no campo de refugiados de Jenin, nessa semana.

3 mil palestinos deixaram Jenin, que antes da Operação Israelense

abrigava cerca de 14 mil pessoas.

A ONU alerta para os bombardeios numa área densamente povoada.

10 palestinos morreram, entre eles 3 crianças,

e outros 100 ficaram feridos em dois dias de ataques aéreos e terrestres.

Este é apenas mais um capítulo da onda de violência na região,

que desde o início do ano deixou quase 200 palestinos e 25 israelenses mortos.

Eu queria entrar justamente nisso, porque a última Operação Militar Israelense

já é considerada histórica, foi a maior dos últimos 20 anos.

E essa operação a que você se refere é atribuída a uma série de motivos,

que vão desde a presença de assentamentos israelenses em território palestino,

até o lançamento de foguetes palestinos em territórios israelenses.

Mas o que explica o ataque em Jenin ter acontecido justamente nesse momento?

No momento em que aconteceu?

Tem crescido a tensão ali na região, na Cisjordânia, como um todo.

Tem havido muitos choques entre colonos israelenses e palestinos,

e atos violentos dos dois lados.

Então isso tem elevado a tensão, especialmente desde a chegada

do novo governo do Netanyahu ao poder.

Não que não existisse antes, isso existe há décadas,

mas houve um agravamento desde a chegada do governo do Netanyahu ao poder,

porque o atual governo do Netanyahu é composto, ele tem dentro do governo,

figuras que são colonos, figuras responsáveis inclusive pela segurança

ali na Cisjordânia, que são colonos.

Por exemplo, o Itamar Ben-Gvir e o Smoltric.

Só para ter uma advenção, o Itamar Ben-Gvir foi proibido de fazer exército

em Israel quando ele tinha 18 anos por ser considerado radical.

Então você tem um governo que é dominado pelos colonos.

Hoje em Israel não é dominado por aquela sociedade liberal, progressista,

de Tel Aviv, de Raifa.

Não, é dominado pelos colonos, por figuras ultra extremistas.

Em Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu

permitiu a construção de um número recorde de assentamentos

desde a moratória, que expirou há dois anos.

Revoltados com o anúncio dos novos assentamentos,

militantes palestinos fizeram uma série de ataques a colonos judeus

que vivem nas residências construídas ali na região.

Desde lançamentos de pedras até foguetes, segundo o Tel Aviv.

No lado palestino você tem novos grupos que são extremamente radicais,

formados por jovens em lugares como Nablus,

e também ali no campo de refugiados de Jenin,

que nasceram depois da segunda intifada,

que não tem muita perspectiva, e começaram, sim, a se radicalizar

e a realizar atos violentos, tanto contra as colonos,

mas também algumas vezes dentro do território israelense

reconhecido pela comunidade internacional.

No dia 4 de julho, um dia após a operação de Israel nasce Jordânia,

o Hamas atacou o Tel Aviv.

Um homem do grupo atropelou e feriu oito pessoas.

Segundo a polícia, ele era um palestino de 20 anos,

morador da Cisjordânia.

O grupo Hamas, formado por militantes palestinos radicais,

assumiu a responsabilidade pelo ataque.

O porta-voz do grupo disse que o atentado foi um ato heróico

e uma retaliação à operação do governo israelense na cidade de Jenin.

Então são esses dois motivos, um governo radicalizado em Israel,

somado à radicalização de jovens, especialmente em Jenin,

mas também em Nablus, e, por último, uma autoridade palestina

completamente enfraquecida.

Espera um pouquinho que eu já volto para falar com o Guga.

Guga, você citava o governo radicalizado de Israel.

Na sua coluna do jornal O Globo, você inclusive cita

que esse governo de Benjamin Netanyahu,

que foi reeleito em novembro do ano passado,

é considerado o mais extremista de todos os tempos,

da história de Israel.

Como esses ataques em Jenin se relacionam com a política israelense dele?

Olha, o Netanyahu, ele em si é uma figura da direita tradicional conservadora.

Ele já comandou outros governos de Israel, alguns de coalizão nacional,

tendo até partidos mais à esquerda, partidos de centro,

outros mais à direita, mas com partidos da direita tradicional

israelense, mas agora ele se aliou à extrema direita.

Por quê? Porque parte da direita, além do centro e da esquerda israelense,

se voltou contra o Netanyahu diante dos múltiplos escândalos

de corrupção do primeiro-ministro.

Benjamin Netanyahu responde a um processo criminal na justiça

por corrupção, fraude e quebra de confiança.

Ele nega as irregularidades.

O promotor disse que o primeiro-ministro usou o poder

de forma ilegítima ao negociar com meios de comunicação

a publicação de notícias favoráveis ao governo em troca de benefícios.

Na última eleição, o Netanyahu conseguiu formar uma coalizão

ao se aliar com essa extrema direita, que cresceu bastante

na política israelense, que são, acima de tudo, partidos

ligados aos colonos israelenses, aquelas figuras que eu citei

na resposta anterior, como Ben-Gvir e o Smoltric.

Então, o Netanyahu se tornou a figura menos de direita

da coalizão. Netanyahu, que é uma figura associada

à direita internacional. Ele seria o mais moderado

da coalizão. Só que ele quer essa coalizão, primeiro,

porque ele gosta do poder, naturalmente, e segundo,

por causa da questão de ele ser réu.

E ele, tendo o cargo de primeiro-ministro, pode manter

esse poder, tentar alterar as leis. E é o que ele quer.

Ele quer enfraquecer a Suprema Corte de Israel.

Esse é o objetivo dele, que a Suprema Corte de Israel

é bem independente e tem um viés, que aqui nos Estados Unidos

se chama de liberal progressista. Ela é mais progressista,

a Suprema Corte israelense, e bate muito de frente

com o Netanyahu. E o Netanyahu quer enfraquecer.

Se essa reforma for aprovada na íntegra, o governo teria

controle da comissão que escolhe os juízes da Suprema Corte

e o parlamento poderia reverter decisões do principal

tribunal do país. Netanyahu alega que a corte

tem tomado decisões que desafiam o equilíbrio dos poderes.

Mas críticos dizem que a reforma acabaria justamente

com a independência do sistema legal.

O Netanyahu seria o todo poderoso, porque ele quer,

com a mudança nas leis, que o parlamento derrube decisões

da Suprema Corte. Como ele controla o parlamento,

ele consegue derrubar qualquer decisão da Suprema Corte.

Grande parte da sociedade israelense tem saído às ruas

para protestar contra essa tentativa do Netanyahu

de mudar as leis, as regras em Israel.

Os organizadores calculam que 500 mil pessoas

participaram da manifestação, no que está sendo considerado

o maior protesto da história do país.

E quando você realiza uma operação de segurança

contra, de fato, ali no campo de refugiados de Jenin,

há grupos radicais que realizam ataques não só contra

colonos, mas também contra israelenses dentro do território

de Israel, você leva o debate para a área de segurança.

A gente está falando disso agora, não está falando da questão

da lei. No mesmo dia que ele fez isso, dezenas de israelenses

foram presos por estarem se manifestando contra o governo,

por causa da questão do poder judiciário.

Então o Netanyahu vai usando questões de segurança

a favor dele e também porque ele precisa agradar

esses membros ultra-radicais do governo dele.

Esses membros, Ben-Gurion e Smoltric, que se pudessem

tentariam expulsar todos os palestinos da Cisjordânia

e anexariam a Cisjordânia a Israel o quanto antes.

Aliás, eles defendem isso abertamente.

Aliás, essa situação me lembrou uma declaração que uma

das ministras da nossa Suprema Corte aqui no Brasil,

a Carmen Lúcia, disse que não há democracia sem poder

judiciário independente. Mas isso é uma outra história.

Guga, eu quero agora com você contextualizar a política

do outro lado desse conflito. A Autoridade Palestina,

na figura de Mahmoud Abbas, que é quem preside os territórios

da faixa de gás e da Cisjordânia, tem enfrentado

bastante dificuldade para se manter em Jenin.

Você consegue nos descrever o cenário político nessa cidade

e essas dificuldades todas?

A Autoridade Palestina, em teoria, só governa

aqueles 18% da Cisjordânia, que são os centros populacionais.

A faixa de Gaza foi dominada pelo Hamas há mais de 15 anos.

Então é controlada pelo Hamas, que é um grupo considerado

terrorista pelos Estados Unidos, por Israel, por uma série

de países, e que de fato comete atentados terroristas.

É rival do Fatah. O Fatah é uma organização mais laica,

mais secular. O Hamas é uma organização de viés religioso

islâmico radical. Ali na Cisjordânia, o Mahmoud Abbas

nunca foi uma figura carismática. Ele é extremamente incompetente.

Ele tem menos poder na prática do que um síndico de prédio.

Ele é bem enfraquecido, ao mesmo tempo que ele vai se perpetuando

no poder porque eles não realizam eleições ali há mais de 15 anos,

porque eles temem, inclusive, isso envolve os Estados Unidos

e Israel, temem que o Mahmoud Abbas saia derrotado,

que o Fatah, que é mais moderado, saia derrotado,

que haja uma vitória do Hamas. Ele não é uma liderança

carismática como foi o Yasser Arafat.

O primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas,

classificou a operação de invasão do território palestino

e acusou o governo israelense de crimes de guerra.

A expectativa é o que vem depois do Mahmoud Abbas,

quem pode ser o sucessor dele, como que vai ficar

a questão da Autoridade Palestina.

Mas na prática, a Autoridade Palestina, hoje, não tem poder nenhum.

É que é um Estado, imagine um Estado consolidado,

com instituições forças. Não, é extremamente fraca,

dependente bastante dos Estados Unidos, de Israel também,

os impostos são recolhidos por Israel, que depois repassa

para a Autoridade Palestina, mas não tem muita perspectiva

de mudanças, não. Então, na prática, Natuzaf,

é o seguinte, a Cisjordânia, você tem 3 milhões de palestinos lá,

você tem o status quo atual, você pode manter esse status quo,

você pode anexar toda a Cisjordânia, mas nesse caso,

Israel teria que dar cidadania aos 3 milhões de palestinos,

se você anexa formalmente, caso contrário, configuraria

um Estado de apartheid, afinal, Israel nunca anexou,

Israel ocupa, mas não diz que ali é território israelense.

Se anexasse, como anexou ilegalmente o Golã,

e como anexou Jerusalém Oriental, ali Israel ofereceu

cidadania aos moradores. Palestino e Jerusalém Oriental

têm direito à cidadania, e os sírios do Golã também têm

direito à cidadania israelense. Agora, se você concebe para 3 milhões

de palestinos, isso levaria a um possível fim da maioria

judaica em Israel. Então, Israel não concederia essa cidadania.

Outra alternativa seria a criação de um Estado palestino,

que é o que a maior parte do mundo defende.

A ONU está mantendo a posição dela, diz que a resolução

do Conselho de Segurança considera os assentamentos

uma violação da legislação internacional, e disse

que se mantém comprometida em apoiar palestinos e israelenses

a conseguirem um acordo de paz durável.

Israel já decidiu que vai ser o status quo, para Israel

é o status quo, porque formalmente não anexa,

tem ali os assentamentos, na prática controla o território,

e ficam essas ilhas palestinas. Para os palestinos,

o status quo para eles é insustentável, então você sempre

é natural, como qualquer povo que está sob ocupação,

acaba lutando para tentar terminar com a ocupação,

por mais que fracasse constantemente, mas vai continuar

lutando e vai prosseguindo esse conflito indefinidamente,

e as vítimas são justamente os civis israelenses

e os civis palestinos.

Pois é, para muita gente que nos ouve aqui,

esse assunto é um assunto de décadas, a criação

de um Estado palestino, o conflito entre

Palestina e Israel, e tem gente que desde que nasceu

que ouve essa história. Quais são as chances

de uma solução, já que você acabou de nos explicar

que Israel tende para o status quo, ou seja,

manter as coisas do jeito que estão, e ir levando

do jeito que está levando há décadas. Existe algum tipo

de luz no fim do túnel, ou na sua avaliação, não a gente

vai ficar velhinho comentando conflito

por lá, sem solução aparente?

É, eu sou do grupo dos céticos, eu quis ser jornalista

porque eu queria um dia cobrir um acordo de paz entre Israel

e Palestina.

Jura?

É, mas eu não vou cobrir, não vai ter esse acordo,

na minha avaliação vai continuar o status quo,

talvez ampliando um pouco os assentamentos ainda mais,

os colonos vão ser cada vez mais fortes dentro

da sociedade israelense, existem as narrativas

dos dois lados, genuinamente muitos israelenses avaliam

que os palestinos que não quiseram um acordo de paz,

e genuinamente muitos palestinos avaliam que os israelenses

que não quiseram um acordo de paz,

tem muitas narrativas históricas dos dois lados,

os israelenses e os israelenses judeus avaliam que ali

sempre foi pátria dos judaís, a nação judaica há milênios,

quer dizer, Jerusalém está no centro do judaísmo,

e os judeus de fato foram perseguidos no mundo todo,

culminando com o holocausto, então precisava de um país

para os judeus, os palestinos argumentam que eles

estavam morando ali, são um povo que morava

nas cidades, dali do que se chama Palestina histórica,

onde está hoje a Israel, Jordânia e Faixa de Gaza,

então você tem duas narrativas, cada lado,

por exemplo, só de eu falar isso, Natuza,

gente de um lado vai me atacar, porque eu citei

a narrativa do outro, porque a radicalização é muito grande.

Guga Chakra, sempre um bálsamo ter você aqui,

e o fato de reproduzir as narrativas

de um lado ou de outro, significa que você

nada mais faz do que jornalismo, e que bom que você está

aqui hoje falando de jornalismo e do que está acontecendo

por lá com a gente, bom trabalho para você.

Obrigado Natuza, um abraço.

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Eu sou o Natuza Neri e fico por aqui.

Até o próximo assunto.

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