OS DIAS DE BARTOLOMEU - EDUARDO BUENO - YouTube (1)
Quem foi o maior navegador de todos os tempos? Quem foi o maior navegador de todos os tempos,
classe? "Ahh, sei lá"! Haha, vai virar meme isso. Quem foi? Cara, vocês não sabem nada,
vocês não sabem nada, não é possível. "Cristóvão Colombo!". Ouvi alguém dizer
Cristóvão Colombo!?!? Cristóvão Colombo, cara, é o cara que quando partiu não soube
dizer pra onde tava indo e quando voltou não soube dizer onde tinha estado! Hehehe já
fiz essa piada dez vezes, mas é que é boa, né. É boa, eu ouvi ela in loco, no Caribe.
Quem foi o maior navegador de todos os tempos? "James Cook!". Que James Cook, cara, James
Cook a única coisa que ele fez foi levar a sífilis para as ilhas paradisíacas lá
da Polinésia, e mente que descobriu a Austrália, quem descobriu a Austrália foram os portugueses
muito antes dele, um século antes dele! "Vasco da Gama!". Hehe antes ou depois de cair pra
segunda divisão? CINCO VEZES já caiu pra segunda divisão o Vasco da Gama! Não, não,
cara, o maior navegador de todos os tempos... e como esse canal é meu e eu digo o que eu
quero e faço o que eu quero... o maio navegador de todos os tempos foi Bartolomeu Dias!!!
Bartolomeu Dias, o Moisés dos mares. É, o cara que morreu sem ver a terra prometida,
um cara inacreditável, um cara super ligado ao Brasil (porque o canal Buenas Ideias só
fala sobre o Brasil). "Que lambança, que lambança, foi assim que morreu o descobridor
do Cabo da Boa Esperança". Ah, cada rima, né... Não sei o que que é melhor, se são
os episódios ou se são as rimas. E AS RIMAS SÃO FEITAS DE IMPROVISO! Essa então foi
tão de improviso que eu nem sabia o que eu ia dizer antes de começar. Mas eu sei o que
que eu quero dizer e falar com esse episódio. Alás, eu sempre sei. Mas esse é específico!
Esse episódio está sendo feito pra... TE CONVENCER A COMPRAR ESTE LIVRO, ESTE LIVRO!
COMPRE ESTE LIVRO! Sim, sim, sim. Agora sem piada, cara. Tem um livro meu, "Brasil: Uma
história", que é um belíssimo livro... Esse então aqui, "Brasil: Terra à vista"
acaba de ser lançado, acaba de ser lançado! Quer dizer, relançado porque é um livro
que eu escrevi no ano 2000 e saiu. Era, teoricamente, um livro pra ser... ã, me contrataram pra
escrever um livro para crianças ou adolescentes. Quando eu terminei de fazer o livro eu telefonei
pra editora e disse "ficou pronto o livro pra crianças superdotadas" hahaha sério
cara, não, porque escrever pra criança é difícil, é difícil, e no fim não é bem
um livro pra criança, é um livro que você poderá ler, você, dos 7 aos 77 anos de idade
poderá ler. Não, sério, é um livro bem legal, todo ilustrado tal bababá, eu não
vou mostrar as ilustrações aqui porque tem uma parte marcada que eu quero ler etcetera
e tal. Mas o seguinte cara, pra falar desse livro eu digo "que que eu vou falar desse
livro?", poderia falar só do livro... Mas é que tem um personagem... tem MUITOS personagens
incríveis nesse livro, sem piada, mas tem um inacreditável, inacreditável, que é
o Bartolomeu Dias. Um dos caras mais injustiçados e menos conhecidos da história das navegações,
um herói com uma ligação muito intensa e muito profunda com o Brasil, como você
verá a partir de agora... Porque, na verdade, é agora que está começando este episódio.
Não, não é agora que está começando este episódio porque a gente tem que retroceder
no tempo, retroceder. Os portugueses começaram a sua expansão pelos mares em 1415, você
já viu isso aqui no canal Buenas Ideias, atacando violenta e absurdamente Ceuta, no
Marrocos. Depois de conquistarem Ceuta os os os os árabes e bérberes e muçulmanos
em geral que comercializavam com Ceuta simplesmente foram comercializar em outro lugar e Portugal
ficou dono de uma cidade morta. Então eles resolveram começar a contornar o deserto
africano do Saara para chegar nas fontes que abasteciam Ceuta de ouro e começaram a navegar
pela terrível costa do Marrocos e da atual Mauritânia. Só que chegaram ao finis terra.
É uma história realmente incrível, tá nesse livro também, não é ela que eu vou
contar, talvez algum dia eu ainda conte, se bem que não tá tão ligada ao Brasil, não
vou contar, vou contar só aqui rapidamente. Chegaram no "Cabo Não", eheheééé, Cabo
Não, não deveis ultrapassá-lo. Era considerado o fim do mundo, ninguém nunca tinha navegado
depois dali, né. Passou a se chamar depois Cabo Bojador, porque tem uma pequena boja,
uma pequena borda, era um cabo de nada, só que ele é um cabo pequeninho, não era um
cabo promontório, grandioso, extraordinário como o Cabo Frio, como o cabo que depois viria
a ser chamado Cabo da Boa Esperança, como grandes cabos, o Cape Horn, né, na na lá
no fim da América do Sul... Não, é um cabo pequeninho, só que ele tinha uma enorme restinga
de pedras, de mais de 4 mil quilômetros que entrava mar adentro e os navios afundavam
ali. E não era só isso, não era só isso! É porque depois que você cruzava o Cabo
Não, os ventos mudavam de direção e te empurravam pra lá, pra baixo, pro sul, e
os mareantes, ã, os navegadores portugueses, tinham medo que se cruzassem esse cabo, nunca
mais conseguiriam voltar porque eram navios a vela, eram as caravelas... Não eram bem
caravelas ainda porq... NÃO ERAM CARAVELAS, NÃO ERAM CARAVELAS! Eram barcos e e e e um
outro tipo de barco que agora eu esqueci o nome, depois aparece aqui, ããã, bachinéu,
alguma coisa assim, sei lá, um tipo de barco lá que não navegava contra o vento. Então,
os portugueses pegaram uma invenção árabe, a caravela, aprimoraram a caravela, fizeram
a chamada ãã, vela latina, cujo nome original é La Trina, é, não é de latrina de vaso
sanitário, era porque elas tinham três ângulos, era uma vela triangular, lastrinas, né, ããã,
triângulo, então eles desenvolveram esses barcos, as caravelas, eram capazes de fazer
uma manobra náutica que se chama "bordejar". Que que é bordejar? É viajar em ziguezague,
você navegar com o vento contra! O vento tá soprando daqui, você tem que ir praí,
e o vento tá soprando daí, vem aí de você, da sua casa, aí do teu computador tá vindo
um vento em mim, olha o cabelo, olha o cabelo, olha o cabelo, que que tá fazendo, né, e
eu tenho que ir praí, e eu estou com um BARCO, não é, então eu boto minha vela assim e
vou pra cá. aí eu viro minha vela assim e vou pra lá, aí eu boto minha vela aqui,
vou pra cá, eu boto minha vela aqui e CHEGUEI NA TUA CASA, olha aí, tô dentro da tua casa,
graças a essa manobra, não é. Então, por causa disso, os portugueses venceram esse
promontório e começaram o que se chama "périplo africano". O Cabo Bojador, o Cabo Não, foi
vencido em 1434. O Bartolomeu Dias, que, em tese, vai ser o tema desse episódio, se é
que eu vou conseguir chegar lá, porque desse jeito vai ter MEIA HORA DE EPISÓDIO... Ele
nasceu em 1450, não é. Em 1450, os portugueses recém tinham chegado no golfo da Guinea.
E ali, no Golfo da Guinea, eles se depararam com outro portentoso obstáculo ao seu avanço,
obstáculo náutico, as correntes do Golfo da Guiné, né, além do calor insalubre,
das doenças que vinham da costa, né, era um lugar cheio de malária, um lugar onde
o homem branco não se dava bem, não é. E então eles não conseguiam nem navegar
direito ali, até que eles inventaram uma outra manobra chamada "a volta do mar", que
consistia de, em vez de você ir bordejando a costa da África, você ir bordejando em
direção ao oceano desconhecido e depois voltar para escapar desse grande bolsão de
correntes do golfo da Guiné. Ou seja, viva os navegadores portugueses, os caras realmente
de fato são extraordinários. E aí no ano de de 1481, eles criaram ã ã um um entreposto
na Costa da Mina, chamado Castelo da Mina, que é um lugar horroroso cara. É o maior,
é a maior fortaleza, é a fortaleza onde foram reunidos o maior número de escravos
da história da humanidade. Eles criaram um grande entreposto onde várias tribos africanas
escravizavam umas às outras, vendiam pros portugueses e eles exportavam seus escravos
a partir daí. O Brasil não tinha nem sido descoberto e o Castelo da Mina já tinha sido
construído, em 1481. E quem é que trabalhou no Castelo da Mina? O Cristóvão Colombo!
É, o Cristóvão Colombo trabalhou no Castelo da Mina. Enquanto isso, quem é que trabalhava
num lugar chamado Casa da Mina? Que que era a Casa da Mina? A Casa da Mina era um entreposto
alfandegário que ficava lá em Lisboa, onde eram feitas todas as anotações das mercadorias
e dos escravos que chegavam em Lisboa, trazidos por esses navegantes portugueses. E nela trabalhava
o Bartolomeu Dias. Bartolomeu Dias trabalhava ali com tenra idade, 18, 19, 20 anos de idade,
né. Nessas alturas ele inclusive já estava com trinta anos de idade, porque estamos em
1481 e ele nasceu em 1450, não é. Então ele resolve se lançar ao mar, se torna um
navegador e vai se tornar um navegador impressionante, cara. Um navegador muito incrível. Porque
em 1485, um navegador chamado Diogo Cão, disse que tinha chegado no fim da África.
A África não acabava NUNCA, não acabava nunca, saía navegando navegando navegando
de cabo em cabo, de cabo em cabo, de cabo em cabo, e nunca dava aquela volta que chegaria
no oceano Índico. E o Ptolomeu, o geógrafo grego, dizia desde sempre que não tinha como
cruzar da África até a Ásia, né, que a África encostava sei lá... A Terra é plana,
você sabe, etc... Não, o Ptolomeu sabia bem que a Terra era redonda mas ele dizia
que a África ia até o fim, se encontrava lá contra o Polo Sul, talvez, e não tinha
passagem! E parecia não ter mesmo! Porque não chegava nunca a maldita passagem, né.
Em 1485 um navegador chamado Diogo Cão chegou num lugar chamado Cape Cross, hoje chama Cape
Cross, né, que é um pouco acima da Namíbia, né, e disse "cheguei no fim da África!".
Mentiu, ou se enganou. Voltou pra Portugal com essa notícia que descobriram que era
fake news, fake news, né, o rei Dom João II, na época, né, que era o rei de Portugal,
acabou com a carreira do Diogo Cão. E aí há um hiato e em 1487, né, em agosto de
1487, ele envia numa expedição com duas míseras caravelas e uma naveta de abastecimento,
Bartolomeu Dias! Cara, não tá nem na metade do episódio ainda... Será que eu divido
o Bartolomeu Dias em dois? Vou ter que dividir o Bartolomeu Dias em dois, em dois! Falando
sério! Porque é uma história inacreditável, inacreditável, eu nem vou contar o relacionamento
dele com o Brasil nesse episódio. É, mas eu sei que você tá gostando, eu sei que
você tá gostando! Se não tá gostando problema é teu também. Bom, vai cair no Enem! No
meu Enem! Tá? Vai cair no Enem, então presta atenção. Aí, o Bartolomeu Dias sai em agosto
de de de de 1487 com apenas duas caravelas e uma naveta de mantimentos e chega... Quando
ele chega... Ele chega em outubro de... Em apenas 3 meses ele chega no Cape Cross, o
Cape Cross que era o início da Namíbia. E aí cara, ele começa a navegar por uma
costa desértica terrível que viria a ser chamada depois de Skeleton Coast, Costa do
Esqueleto, e o esqueleto era dos navios portugueses que naufragariam ali voltando da Índia, voltando
da Índia, né. É uma costa que meu querido amigo Amir Klink me contou que é uma costa
terrível, ele já navegou ali, ele saiu de barco de lá pra cruzar... A REMO NÉ, A REMO,