PRUDENTE DE MORAES, O PRESIDENTE DA GENTE (FINA) - EDUARDO BUENO - YouTube (1)
Quem foi o primeiro presidente do Brasil?
Quem foi o primeiro presidente do Brasil, classe?
Haha!
Deodoro da Fonseca!
Que Deodoro da Fonseca, cara?
Desde quando milico é presidente de alguma coisa, cara?
Foi eleito lá pelo Congresso, cara, numa eleição parva, e depois renunciou ainda
por cima.
Aí tu vai dizer: "ah tá, então o primeiro presidente do Brasil foi o Floriano Peixoto",
o Floriano nem presidente foi, cara!
Era vice em exercício num governo ilegal, como eu vou te provar depois, e algum dia
farei um episódio sobre esse cara.
O primeiro presidente é claro, cara, usava fraque, usava terno, usava gravata, era paulista...
Venha conhecer quem foi, de fato, o primeiro presidente eleito do Brasil.
"Prudente, prudente, venha curtir o presidente da gente".
É cara, eu bá, dois anos aqui batendo na mesma tecla, "tu não sabe nada", e o pior
é que tu não sabe nada mesmo, cara.
Sério, vou ter que fazer um dia um episódio sobre o marechal Deodoro, né.
Quem foi, o que significou, qual foi o papel dele na República, cara, é quase meio ridículo.
Mas o fato é que ao ser eleito pelo Congresso, ele, quando anunciaram o nome dele ele "uuuh",
foi vaiado.
Aí quando anunciaram o vice dele, o vice dele foi aclamado.
Só que ele era duma chapa e o vice era de outra.
Que nem assim Jânio e Jango, como é que vai dar certo?
Grêmio e aquele outro time de vermelho...
Não, não ia dar certo, não pode, não pode.
O cara duma chapa, o vice da outra, se odiavam...
O vice dele era o Floriano Peixoto.
Bom, aconteceram coisas incríveis que algum dia eu vou te contar e o Deodoro renunciou.
"A República e a legalidade estão salvas.
A honra do povo brasileiro está ilesa.
Terminou ontem, do modo mais feliz e decoroso, o parêntesis funesto aberto na vida constitucional
da República.
O honrado marechal Deodoro, libertando-se a última hora da fatal influência dos conselhos
que quase o arrastaram ao abismo da execração pública, ouvindo apenas a voz do seu coração
e obedecendo às sugestões do mais alevantado patriotismo, resignou nobremente o seu cargo,
transferindo o poder ao seu sucessor legal, o Sr.
Marechal Floriano Peixoto, digno, vice-presidente da República".
E sabe por que que o Deodoro renunciou?
Renunciou porque a Constituição, que ele mesmo tinha urdido, articulado, durante todo
o ano de 1890, a Constituição, primeira Constituição Republicana do Brasil, de 1891,
dizia que, se o presidente não tivesse cumprido metade do mandato e renunciasse, ou morresse,
ou acontecesse alguma coisa, ou sofresse impeachment, ou se suicidasse... teriam que ser convocadas
novas eleições, mané.
Só que o Floriano Peixoto PÁ, assumiu o poder na mão grande, nunca tomou posse como
presidente, sempre assinou todos os seus atos como vice em exercício, e algum dia, vai
ganhar um episódio.
Claaaro que o Floriano vai ganhar um episódio.
O Floriano, inclusive eu tô com essa camiseta do Olívio Dutra, em homenagem a ele, Floriano
Peixoto.
Não é o Olívio Dutra, ô mané, é o Nietzsche, é o Nietzsche, que não tem nada a ver com
o Floriano Peixoto.
Mas o Floriano é um cara bem interessante, sabe cara, e era meio que o primeiro Lula,
de certa forma, acho que roubou menos, mas ã, acho que nem roubou inclusive, mas cara
tem um lado assim popular, populista, era adorado pelas camadas populares, pela classe
média baixa especialmente, os chamados jacobinos...
É uma história bem engraçada.
Mas o mais engraçado sabe o que que é?
É que os cafeicultores paulistas, a elite latifundiária paulista, os barões do café
que tinham sido os verdadeiros urdidores do golpe, republicano, militar, de 1889, eles
apoiaram o Floriano pra dividir os militares, tá.
E aí quando o Deodoro renunciou e o Floriano assumiu, e começou a fazer um governo de
apoio à industrialização, de apoio à indústria de base, de apoio às classes médias baixas,
de apoio ao povo, os cafeicultor paulista ficaram horrorizados, do tipo assim "onde
é que a gente se meteu!?", né, ele foi apelidado, você sabe, de Marechal de Ferro, muita gente
considera ele o primeiro ditador brasileiro, talvez tenha sido mesmo...
NÃO O EPISÓDIO NÃO É SOBRE ELE CARA NÃO ENCHE MEU SACO, o episódio é sobre o Prudente
de Moraes.
O Prudente de Moraes foi o primeiro presidente do senado republicano no Brasil.
Quando tudo isso que eu te contei, que eu nem deveria ter contado, perdi meu tempo aqui,
o episódio é sobre o Prudente de Moraes, quando ã oo ã tudo isso tava acontecendo,
o presidente do senado era o Prudente de Moraes.
O Prudente de Moraes articulou a sua candidatura para o pleito de 1894, e aí depois das incríveis
turbulências do governo Floriano, ele concorreu primeiro às eleições "livres", primeiro
presidente civil a concorrer, e ele foi eleito com imensos 276.583 votos.
Vou repetir, cara, 276.583 votos porque só rico podia votar, né cara.
Como... bom, não vou dizer nada.
E aí o vice, o vice não, o segundo colocado foi o Afonso Pena, que depois seria um presidente
de dar pena, né, peninha do Afonso Pena, que ficou em segundo lugar com 38 mil votos.
Mas tudo...
Agora é que vai começar o episódio ô mané, agora que vai começar o episódio.
Porque o Prudente de Moraes toma o poder cara, e aí é a volta gloriosa do federalismo conservador,
né, porque o Brasil sempre se dividiu entre governos que eram centralizadores, que eram
estatistas, que eram estatizantes, né, que queriam comandar o poder, contra o federalismo,
que era o neoliberalismo da época, que eram governos que queriam que os estados tivessem
o poder, que não respondessem tanto ao poder central, que pagassem menos impostos, que
a livre iniciativa, bla bla bla bla bla, não é.
E quem é que liderava isso?
São Paulo!
São Paulo.
Sempre quis que o império fosse assim, quando viu que o Império não ia ser assim deu o
golpe republicano, quando deu o golpe republicano os milico tomaram o poder, aí "aah não queremo
mais milico", e aí conseguiram botar o Prudente de Moraes e aí vem, sob as vestes republicanas,
a vitória do federalismo conservador, do governo pras elites, do governo de apoio ao
café, do governo de apoio aos fazendeiros, do governo de apoio aos latifundiários, essa
gente que constrói esse país, viva o agronegócio, o agro é pop, como você sabe, não é.
Bom, e aí...
Bom, e aí o que que eu tava dizendo mesmo?
Porque fui fazer essa piada e cheguei a me perder.
E aí o Prudente de Moraes assume, mas era um homem decente, embora a trajetória dele
fosse exemplar, exemplar, do mauricinho paulista, era quase o Luciano Huck assim né, só que
um Luciano Huck letrado, porque ele estudou na faculdade do largo São Francisco, né,
nos arcos de São Francisco, uma faculdade importantíssima da história do Brasil, algum
dia vou ter que fazer um episódio sobre isso, porque a maior parte dos presidentes civis
brasileiros, a maior parte da elite política paulista da época, no tempo que existia elite
política em São Paulo, estudou lá, e ele era formado em Direito, ele era advogado,
inclusive ele exerceu a profissão como advogado.
Aí ele assume, não é, ele assume no dia ã, que dia que ele assumiu, ele assumiu no
dia 23 de novembro de 1894, talvez eu tenha errado, não interessa, aparece aqui a data
certa, e ele foi cara, ele correu riscos desde o início.
Porque quando ele assume, havia todo um rumor golpista porque as camadas populares, meio
assim o MST, o Guilherme Boulos, o Movimento dos Sem Teto, a república sindicalista, falando
sério, não é piada, claro que é uma metáfora, seu animal, mas é isso mesmo, todos esses
caras apoiavam o Floriano, e disseram "golpe golpe golpe golpe golpe, não deixa ele assumir,
não deixa ele assumir", mas o Floriano Peixoto ficou em casa cuidando das suas rosas.
Até o último momento se achava, existia o risco real e efetivo, perigo real e imediato,
de que o Floriano Peixoto liderasse o golpe, se ele fizesse assim ó, tinha um golpe e
o Prudente não tomava o poder.
Tanto é que ele veio de trem cara, de São Paulo pro Rio de Janeiro, e quando chegou
na estação não tinha ninguém pra receber e ele foi de táxi, cara, da estação pro
palácio do Itamaraty, que na época não tinha o Catete ainda né, o governo tomava
posse no Itamaraty, que existe ainda aqui na Rua Larga, caindo aos pedaços, aqui no
Rio de Janeiro, perto da Presidente Vargas, e aí chegou lá cara, de táxi, e não teve
quem lhe segurasse o chapéu.
Hahaha que já foi um indício de que ããã as coisas não tavam bem pra ele.
E as coisas começariam a piorar quando, logo no início de 1894, ele simplesmente decretou
a anistia e o perdão pros rebeldes gaúchos da revolução federalista de 1893, a maior
guerra civil da história do Brasil, a guerra de maragatos contra chimangos, a guerra da
degola, uma guerra terrível que algum dia vou ser obrigado a falar aqui, é claro, porque
tu não sabe nada.
Então foi uma coisa horrorosa aquela guerra e ele anistiou os caras, e o Floriano Peixoto
tava, tinha estado muito envolvido nessa guerra.
Aí os Florianistas ficaram indignados com o que foi visto como um sinal de fraqueza
daquele almofadinha, daquele mauricinho, daquele Luciano, que tinha perdoado aquela gente bárbara
lá do Rio Grande do Sul, né.
E aí as coisas não ficaram muito bem pra ele e ele continuou governando com grandes
turbulências, grandes turbulências, até que cara, ele ficou doente em novembro de
1896, ele ficou doente e teve que se afastar do poder, e assumiu o vice dele, o Manoel
Vitorino, que era Florianista, que era Florianista, né, ee e, ele volta, o Prudente volta em
março de 1897, e logo que ele volta ao poder ele sofre um atentado, os caras tentaram matar
ele, você já viu isso aqui no incrível, fantástico, admirável episódio que eu achei
que ia fazer muuuito mais sucesso, chamado "O Vice Golpista".
Eu fiz isso no auge de certas movimentações que tavam acontecendo em Brasília, dei um
nome brilhante e maravilhoso, preciso e perfeito, de "O Vice Golpista", achei que todo mundo
ia ver e as pessoas não viram.
Ó, tô olhando pra outra câmera agora, tem outra câmera agora, cê reparou né, estou
olhando pra essa outra câmera só pra te dizer que vocês viram MENAS do que deveriam
ver "O Vice Golpista".
"O Vice Golpista" foi o Manoel Vitorino, né, que articulou um atentado, nunca houve prova
mas tava na cara que foi ele que tentou matar o Prudente de Moraes, o Prudente de Moraes
tomou o tiro de raspão, um cara se jogou na frente dele, o Marechal Bittencourt, vai
lá ler, vai lá ler, e o Prudente não morreu, e aí o Prudente resolveu endurecer, né.
E sabe por que que o Prudente levou esse tiro?
Porque estava recebendo, no porto do Rio de Janeiro, os soldados que voltavam de canudos,
de canudos!
Porque estourou, logo depois da da, teve a Revolução Federalista de 1893, e depois,
em 96, teve canudos, canudos, o episódio mais sangrento, mais alucinado, mais alucinante
da história do Brasil, né, a guerra do fim do mundo, e se dizia que era um levante monarquista
contra a república, nem era, era uns miseráveis lá do Antônio Conselheiro, e toda a imprensa
golpista do Rio de Janeiro chamava ele de "Prudente Demais, Prudente Demais, Prudente
Demais", o Prudente de Moraes, que depois iria ir lá esmagar em sangue aquela gentalha
evangélica, gentalha evangélica, era isso que eles eram, ã ã pela ótica aqui dos
caras, e eles realmente eram evangélicos né, num sentido diferente do que a palavra
tem hoje, né, seguiam o Antônio Conselheiro, que era o pastor deles, só que NÃO PEDIA
DINHEIRO, o Antônio Conselheiro, e realmente esmagaram, mataram aquela gente toda, e o