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BBC News 2021 (Brasil), Por que ventilação é mais importante que limpar superfícies, segundo cientistas

Por que ventilação é mais importante que limpar superfícies, segundo cientistas

Limpar todas as compras que vêm do mercado virou uma cena comum depois da chegada do coronavírus.

Se você não fazia isso antes, é bem possível que tenha passado a fazer em 2020.

Mas agora, mais de um ano depois do início da pandemia, o que sabemos sobre os riscos de uma

embalagem, quando falamos do coronavírus? Eu sou a Laís Alegretti, da BBC News Brasil

aqui em Londres, e neste vídeo eu vou falar sobre o que se sabe hoje sobre a

transmissão do coronavírus por superfícies. E também vou explicar por que cientistas

apontam que você deve prestar tanta atenção na ventilação de um ambiente.

O capítulo mais recente sobre o debate a respeito do grau de importância que

damos à higienização de superfícies vem da agência de saúde pública dos Estados Unidos.

O CDC, Centro de Controle e Prevenção de Doenças, apontou que a chance do contato de uma pessoa

com uma superfície contaminada pelo coronavírus resultar em uma infecção é menor que 1 em 10 mil.

O órgão atualizou em abril as informações sobre transmissão do coronavírus por

superfícies e afirmou que o risco é baixo. O texto diz que é sim possível que pessoas

sejam infectadas pelo contato com superfícies ou objetos contaminados,

mas que o risco é geralmente considerado baixo, se comparado com contato direto,

transmissão por gotículas ou transmissão aérea. E aqui é importante dizer que o risco de contágio

pelo ar varia muito, dependendo de fatores como quantidade de pessoas, ventilação do ambiente,

se é ao ar livre ou se não é, por exemplo, tempo de exposição e uso de máscaras adequadas.

E por que eu disse que esse é o episódio mais recente?

Porque a discussão sobre transmissão por superfícies e transmissão pelo ar

vem ocorrendo há tempos, é claro, já que tantos cientistas estão debruçados sobre esse tema pra

encontrar as formas mais eficientes de proteção. E o jeito de entender como se proteger começa,

é claro, entendendo as principais formas de transmissão do vírus.

A orientação de limpeza de produtos e de outras superfícies, como corrimão e botão de elevador,

por exemplo, virou uma das primeiras medidas lá no início da pandemia, para tentar evitar

a contaminação quando alguém toca uma área ou objeto contaminados e depois leva a mão ao rosto.

Aí, conforme os cientistas foram conhecendo melhor o comportamento do vírus, muitos

especialistas começaram, ainda em meados de 2020, a alertar sobre o que consideravam um

foco exagerado na transmissão por superfície contaminada, enquanto os cuidados, segundo eles,

com transmissão pelo ar ficavam em segundo plano. Eu conversei com a epidemiologista Adélia

Marçal dos Santos, especialista na dinâmica de transmissão de doenças infecciosas e professora de

Medicina e o que ela me disse é que ela que avalia que um fator que dificultou muito a contenção da

doença, isso no mundo inteiro, foi a dificuldade de admitir a transmissão aérea do vírus.

Foi em julho de 2020 que a Organização Mundial da Saúde, OMS, reconheceu que havia evidências

de que o coronavírus podia se espalhar por minúsculas partículas suspensas no ar e que

a transmissão aérea não podia ser descartada em ambientes lotados, fechados ou mal ventilados.

E o CDC atualizou em outubro de 2020 suas diretrizes sobre os tipos de transmissão

do coronavírus e naquele momento passou a incluir os aerossóis, considerando que a

transmissão pode ocorrer pelo ar. Esse entendimento é essencial,

segundo os especialistas, exatamente para destacar a importância de evitar locais com ventilação

ruim ou com muitas pessoas aglomeradas. No Brasil, a página do Ministério da

Saúde atualizada em abril de 2021 menciona, sem entrar em muitos detalhes, que o coronavírus "é

transmitido principalmente por três modos". E aí eles citam: contato, gotículas ou por aerossol.

Bom, e nesse contexto em que muitos especialistas passaram a defender

que governos e indivíduos estavam dando pouca atenção para os riscos da transmissão pelo ar,

foi criado um termo: teatro da higiene. Ele foi usado em um artigo na revista

The Atlantic em que o autor Derek Thompson diz que "o teatro de higiene pode retirar recursos

limitados de objetivos mais importantes". A expressão teatro da higiene passou a ser

usada para definir situações em que medidas insuficientes ou ineficazes dão o que seria

uma falsa sensação de segurança em relação ao combate ao coronavírus.

Imagine, por exemplo, um estabelecimento com funcionários fazendo a limpeza de

mesas e cardápios com alguma frequência, mas sem medida alguma para garantir uma

boa ventilação naquele local ou para exigir o uso de máscaras apropriadas.

Essa é a descrição de uma cena que poderia dar a falsa sensação de segurança, segundo me

falou o engenheiro biomédico Vitor Mori. O que ele explicou é que essas

medidas têm um apelo visual. Quer dizer, a gente vê algo sendo feito e tem

uma sensação de conforto e de segurança, como se aquilo garantisse que o coronavírus não está ali.

Diante disso, qual a recomendação dele? Ele diz que as pessoas devem prestar mais

atenção em medidas como priorizar ambientes ao ar livre (ou com a maior ventilação possível),

fazer distanciamento físico e usar boas máscaras, bem ajustadas ao rosto.

E, por favor, isso tudo não significa que você tá livre de lavar suas mãos ou mesmo de higienizar

produtos que serão tocados durante o preparo e ingestão de alimentos. Aliás, essa higiene

é importante não só por causa do coronavírus, mas também devido a outras doenças infecciosas,

segundo a professora Adélia Santos. Ela também diz que um fator que dificulta

esse debate sobre a transmissão pelo ar é que a melhoria na ventilação de estabelecimentos,

como lojas e prédios empresariais, geralmente significa um investimento alto.

Sobre esse tema, a OMS divulgou neste ano um documento com indicação de estratégias para

melhorar a ventilação de ambientes internos e com isso reduzir riscos de transmissão do coronavírus.

O arquivo, que é em inglês, traz recomendações técnicas sobre ventilação mecânica e natural e

aponta que algumas delas devem ser avaliadas com profissionais dessa área de aquecimento,

ventilação e ar condicionado. Antes de terminar, é importante dizer

aqui que temos visto muita evolução na compreensão sobre esse vírus.

E a gente, da BBC News Brasil, vai continuar acompanhando cada novidade e trazendo todo esse

conteúdo lá no nosso site e também aqui no canal da BBC News Brasil no Youtube.

Então, se você ainda não se inscreveu, se inscreve pra receber outros vídeos como este.

Espero que estas informações tenham sido úteis, e até a próxima!


Por que ventilação é mais importante que limpar superfícies, segundo cientistas Warum die Belüftung nach Ansicht von Wissenschaftlern wichtiger ist als die Reinigung von Oberflächen Why ventilation is more important than cleaning surfaces, according to scientists Por qué la ventilación es más importante que la limpieza de las superficies, según los científicos Pourquoi la ventilation est plus importante que le nettoyage des surfaces, selon les scientifiques 科学者によれば、なぜ換気は表面の清掃よりも重要なのか? 科學家表示,為什麼通風比清潔表面更重要

Limpar todas as compras que vêm do mercado virou  uma cena comum depois da chegada do coronavírus.

Se você não fazia isso antes, é bem  possível que tenha passado a fazer em 2020.

Mas agora, mais de um ano depois do início da  pandemia, o que sabemos sobre os riscos de uma

embalagem, quando falamos do coronavírus? Eu sou a Laís Alegretti, da BBC News Brasil

aqui em Londres, e neste vídeo eu vou  falar sobre o que se sabe hoje sobre a

transmissão do coronavírus por superfícies. E também vou explicar por que cientistas

apontam que você deve prestar tanta  atenção na ventilação de um ambiente.

O capítulo mais recente sobre o debate  a respeito do grau de importância que

damos à higienização de superfícies vem da  agência de saúde pública dos Estados Unidos.

O CDC, Centro de Controle e Prevenção de Doenças,  apontou que a chance do contato de uma pessoa

com uma superfície contaminada pelo coronavírus  resultar em uma infecção é menor que 1 em 10 mil.

O órgão atualizou em abril as informações  sobre transmissão do coronavírus por

superfícies e afirmou que o risco é baixo. O texto diz que é sim possível que pessoas

sejam infectadas pelo contato com  superfícies ou objetos contaminados,

mas que o risco é geralmente considerado  baixo, se comparado com contato direto,

transmissão por gotículas ou transmissão aérea. E aqui é importante dizer que o risco de contágio

pelo ar varia muito, dependendo de fatores como  quantidade de pessoas, ventilação do ambiente,

se é ao ar livre ou se não é, por exemplo,  tempo de exposição e uso de máscaras adequadas.

E por que eu disse que esse  é o episódio mais recente?

Porque a discussão sobre transmissão  por superfícies e transmissão pelo ar

vem ocorrendo há tempos, é claro, já que tantos  cientistas estão debruçados sobre esse tema pra

encontrar as formas mais eficientes de proteção. E o jeito de entender como se proteger começa,

é claro, entendendo as principais  formas de transmissão do vírus.

A orientação de limpeza de produtos e de outras  superfícies, como corrimão e botão de elevador,

por exemplo, virou uma das primeiras medidas  lá no início da pandemia, para tentar evitar

a contaminação quando alguém toca uma área ou  objeto contaminados e depois leva a mão ao rosto.

Aí, conforme os cientistas foram conhecendo  melhor o comportamento do vírus, muitos

especialistas começaram, ainda em meados de  2020, a alertar sobre o que consideravam um

foco exagerado na transmissão por superfície  contaminada, enquanto os cuidados, segundo eles,

com transmissão pelo ar ficavam em segundo plano. Eu conversei com a epidemiologista Adélia

Marçal dos Santos, especialista na dinâmica de  transmissão de doenças infecciosas e professora de

Medicina e o que ela me disse é que ela que avalia  que um fator que dificultou muito a contenção da

doença, isso no mundo inteiro, foi a dificuldade  de admitir a transmissão aérea do vírus.

Foi em julho de 2020 que a Organização Mundial  da Saúde, OMS, reconheceu que havia evidências

de que o coronavírus podia se espalhar por  minúsculas partículas suspensas no ar e que

a transmissão aérea não podia ser descartada em  ambientes lotados, fechados ou mal ventilados.

E o CDC atualizou em outubro de 2020 suas  diretrizes sobre os tipos de transmissão

do coronavírus e naquele momento passou a  incluir os aerossóis, considerando que a

transmissão pode ocorrer pelo ar. Esse entendimento é essencial,

segundo os especialistas, exatamente para destacar  a importância de evitar locais com ventilação

ruim ou com muitas pessoas aglomeradas. No Brasil, a página do Ministério da

Saúde atualizada em abril de 2021 menciona, sem  entrar em muitos detalhes, que o coronavírus "é

transmitido principalmente por três modos". E aí  eles citam: contato, gotículas ou por aerossol.

Bom, e nesse contexto em que muitos  especialistas passaram a defender

que governos e indivíduos estavam dando pouca  atenção para os riscos da transmissão pelo ar,

foi criado um termo: teatro da higiene. Ele foi usado em um artigo na revista

The Atlantic em que o autor Derek Thompson diz  que "o teatro de higiene pode retirar recursos

limitados de objetivos mais importantes". A expressão teatro da higiene passou a ser

usada para definir situações em que medidas  insuficientes ou ineficazes dão o que seria

uma falsa sensação de segurança em  relação ao combate ao coronavírus.

Imagine, por exemplo, um estabelecimento  com funcionários fazendo a limpeza de

mesas e cardápios com alguma frequência,  mas sem medida alguma para garantir uma

boa ventilação naquele local ou para  exigir o uso de máscaras apropriadas.

Essa é a descrição de uma cena que poderia  dar a falsa sensação de segurança, segundo me

falou o engenheiro biomédico Vitor Mori. O que ele explicou é que essas

medidas têm um apelo visual. Quer dizer, a gente vê algo sendo feito e tem

uma sensação de conforto e de segurança, como se  aquilo garantisse que o coronavírus não está ali.

Diante disso, qual a recomendação dele?  Ele diz que as pessoas devem prestar mais

atenção em medidas como priorizar ambientes ao  ar livre (ou com a maior ventilação possível),

fazer distanciamento físico e usar  boas máscaras, bem ajustadas ao rosto.

E, por favor, isso tudo não significa que você tá  livre de lavar suas mãos ou mesmo de higienizar

produtos que serão tocados durante o preparo  e ingestão de alimentos. Aliás, essa higiene

é importante não só por causa do coronavírus,  mas também devido a outras doenças infecciosas,

segundo a professora Adélia Santos. Ela também diz que um fator que dificulta

esse debate sobre a transmissão pelo ar é que  a melhoria na ventilação de estabelecimentos,

como lojas e prédios empresariais,  geralmente significa um investimento alto.

Sobre esse tema, a OMS divulgou neste ano um  documento com indicação de estratégias para

melhorar a ventilação de ambientes internos e com  isso reduzir riscos de transmissão do coronavírus.

O arquivo, que é em inglês, traz recomendações  técnicas sobre ventilação mecânica e natural e

aponta que algumas delas devem ser avaliadas  com profissionais dessa área de aquecimento,

ventilação e ar condicionado. Antes de terminar, é importante dizer

aqui que temos visto muita evolução  na compreensão sobre esse vírus.

E a gente, da BBC News Brasil, vai continuar  acompanhando cada novidade e trazendo todo esse

conteúdo lá no nosso site e também aqui  no canal da BBC News Brasil no Youtube.

Então, se você ainda não se inscreveu, se  inscreve pra receber outros vídeos como este.

Espero que estas informações  tenham sido úteis, e até a próxima!