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Parafernalha, INDEPENDÊNCIA | PARAFERNALHA

INDEPENDÊNCIA | PARAFERNALHA

Eu quero propor um brinde aqui ao aniversariante. Aê!

- Já pode beber agora em, filhão. - Claro.

Só tava esperando eu fazer 18 anos, né, para eu poder provar. Talvez eu nem goste.

Vai lá, vai lá, isso. Vira, vira, vira.

- Que isso, hein? - Gostou né, filho?

- Gente, 18 anos já, né, amor passou rápido. - Muito rápido.

Parece que foi ontem que eu tava naquela sala de parto urrando de dor…

toda ensanguentada que me rasgou de ponta-a-ponta esse garoto.

- Esse menino é um estouro.

- Obrigado, mãe. Obrigado, pai.

Eu queria aproveitar essa ocasião para propor uma mudança.

Que tipo de mudança, filhote?

Então pai, para começar você podia parar de me chamar de filhote.

Ah claro, claro imagina, filhote… Quer dizer, agora ele já é um homem, né?

Mãe, por favor, eu sou adulto e eu quero minha independência.

- Eu entendo, eu entendo, papai super entende você. - Eu fiz uma lista.

Ele fez uma lista…

Eu quero fazer meus próprios horários…

eu quero acordar a hora que eu quiser e dormir a hora que eu quiser…

quero sair de casa sem precisar pedir e sem hora para voltar…

- e poder pegar o carro de vez em quando. - Ah, gostei de ver, atitude é isso aí.

Não, eu entendo só que… Nós queremos fazer uma contra proposta. Posso?

Seguinte: vai poder dormir até tarde, tranquilo.

Mas se ficar jogando lolzinho até de madrugada, vai ter que contribuir com a conta da internet.

Que não é barato…

Tá. Mas eu posso trazer a minha crush aqui para casa?

Que isso? Tá ficando maluco? Não criei filho para ser drogado, não, tá louco?

Que isso, mãe. Que droga o quê. Crush são as minhas namoradinhas.

Uhm.. Namoradinha…

Pode trazer a namoradinha, namoradinho, a gente não vai te julgar, meu filho…

o negócio é seu, você faz o que você quiser com ele.

- Qual é a mãe? - Ué, meu amor, nunca se sabe.

- Lembra do Arnaldo? Ninguém dizia. - Impressionante. O menino parecia mais macho que…

- Parou! - Ah, sim.

Ah, outra coisa: vai poder sair de casa a hora que quiser, liberadão. Hein, gostou?

Só tem um detalhe: se você sair sem dar satisfação, o papai não vai poder te pegar…

caso você seja assaltado, atropelado, cair um ar condicionado na sua cabeça...

- Tá pai, já entendi. - …um ônibus passar por…

Mas pode pegar o carro da mamãe, olha que legal. É só pagar a gasolina tá, amor?

Não adianta botar dez contos, que eu não sou idiota, a gasolina tá cara eu trabalho com litro.

Mas você quer que eu coloque gasolina com qual dinheiro?

Aí tá a segunda parte da nossa contra-proposta.

Você vai ter que arranjar um empreguinho, veião.

- Mas pai, eu ainda estou estudando. - Ué, meu amor, não quer ser independente?

Não virou homem? Vai ter que trabalhar.

Ou você acha que você vai ser independente com o nosso dinheiro?

Mas relaxa, meu filho, tá cheio de emprego ótimo aí que paga bem.

Telemarketing está bombando.

E se eu quiser que vocês continuem me dando mesada, pagando a internet, a gasolina?

Ué, aí vai ficar tudo do jeito que tá mesmo. Até você um dia finalmente sair da nossa aba.

- Ah o meu Deus! - Ó o coquinho dele. Parece a tua mãe, né?

Tá bom. Eu vou para o meu quarto. Jogar LOL.

Ah, lolzinho! Mas olha só, bota o fone de ouvido, tá, filho?

É porque minha crush já tomou três copos de cerveja, tá doidaça.

Nossa, pai, credo. Desnecessário, cara.

Acho que ele acreditou, né. Vai sair de casa, o quê?

- Tá maluco, eu hein. - Vagabundo.


INDEPENDÊNCIA | PARAFERNALHA 獨立|帕拉費爾納爾哈

Eu quero propor um brinde aqui ao aniversariante. Aê!

- Já pode beber agora em, filhão. - Claro.

Só tava esperando eu fazer 18 anos, né, para eu poder provar. Talvez eu nem goste.

Vai lá, vai lá, isso. Vira, vira, vira.

- Que isso, hein? - Gostou né, filho?

- Gente, 18 anos já, né, amor passou rápido. - Muito rápido.

Parece que foi ontem que eu tava naquela sala de parto urrando de dor…

toda ensanguentada que me rasgou de ponta-a-ponta esse garoto.

- Esse menino é um estouro.

- Obrigado, mãe. Obrigado, pai.

Eu queria aproveitar essa ocasião para propor uma mudança.

Que tipo de mudança, filhote?

Então pai, para começar você podia parar de me chamar de filhote.

Ah claro, claro imagina, filhote… Quer dizer, agora ele já é um homem, né?

Mãe, por favor, eu sou adulto e eu quero minha independência.

- Eu entendo, eu entendo, papai super entende você.  - Eu fiz uma lista.

Ele fez uma lista…

Eu quero fazer meus próprios horários…

eu quero acordar a hora que eu quiser e dormir a hora que eu quiser…

quero sair de casa sem precisar pedir e sem hora para voltar…

- e poder pegar o carro de vez em quando. - Ah, gostei de ver, atitude é isso aí.

Não, eu entendo só que… Nós queremos fazer uma contra proposta. Posso?

Seguinte: vai poder dormir até tarde, tranquilo.

Mas se ficar jogando lolzinho até de madrugada, vai ter que contribuir com a conta da internet.

Que não é barato…

Tá. Mas eu posso trazer a minha crush aqui para casa?

Que isso? Tá ficando maluco? Não criei filho para ser drogado, não, tá louco?

Que isso, mãe. Que droga o quê. Crush são as minhas namoradinhas.

Uhm.. Namoradinha…

Pode trazer a namoradinha, namoradinho, a gente não vai te julgar, meu filho…

o negócio é seu, você faz o que você quiser com ele.

- Qual é a mãe? - Ué, meu amor, nunca se sabe.

- Lembra do Arnaldo? Ninguém dizia. - Impressionante. O menino parecia mais macho que…

- Parou! - Ah, sim.

Ah, outra coisa: vai poder sair de casa a hora que quiser, liberadão. Hein, gostou?

Só tem um detalhe: se você sair sem dar satisfação, o papai não vai poder te pegar…

caso você seja assaltado, atropelado, cair um ar condicionado na sua cabeça...

- Tá pai, já entendi. - …um ônibus passar por…

Mas pode pegar o carro da mamãe, olha que legal. É só pagar a gasolina tá, amor?

Não adianta botar dez contos, que eu não sou idiota, a gasolina tá cara eu trabalho com litro.

Mas você quer que eu coloque gasolina com qual dinheiro?

Aí tá a segunda parte da nossa contra-proposta.

Você vai ter que arranjar um empreguinho, veião.

- Mas pai, eu ainda estou estudando. - Ué, meu amor, não quer ser independente?

Não virou homem? Vai ter que trabalhar.

Ou você acha que você vai ser independente com o nosso dinheiro?

Mas relaxa, meu filho, tá cheio de emprego ótimo aí que paga bem.

Telemarketing está bombando.

E se eu quiser que vocês continuem me dando mesada, pagando a internet, a gasolina?

Ué, aí vai ficar tudo do jeito que tá mesmo. Até você um dia finalmente sair da nossa aba.

- Ah o meu Deus! - Ó o coquinho dele. Parece a tua mãe, né?

Tá bom. Eu vou para o meu quarto. Jogar LOL.

Ah, lolzinho! Mas olha só, bota o fone de ouvido, tá, filho?

É porque minha crush já tomou três copos de cerveja, tá doidaça.

Nossa, pai, credo. Desnecessário, cara.

Acho que ele acreditou, né. Vai sair de casa, o quê?

- Tá maluco, eu hein. - Vagabundo.