BARÃO DE MAUÁ parte II. O PRIMEIRO BANQUEIRO DO BRASIL | EDUARDO BUENO
O Phileas Fogg, sabe o Philleas Fogg? Ah, vai dizer que você não sabe quem é o Philleas Fogg?
É o cara que deu a volta ao mundo em 80 dias, meu chapa.
O excêntrico cavaleiro britânico
É, personagem do Júlio Verne. E o que que ele falou do Barão de Mauá?
É o único banqueiro confiável da América Látrina
Que maravilha, hein!
BANCO, BANCO VENHA VER O BARÃO DE MAUÁ METENDO O BANCO
Bom, eu fiz um episódio sobre o Barão de Mauá, né, bombou! Todo mundo ah, Barão de Mauá
Aí eu falei que ia fazer o segundo episódio do Barão de Mauá
Po, aí estou eu aqui, fazendo de má vontade o segundo episódio do Barão de Mauá
Porque é o seguinte, o cara era banqueiro meu chapa, quem é que vai dar bola pra banqueiro?
Mas ele era um banqueiro especial, né cara
Primeiro que foi na verdade o primeiro banqueiro do Brasil, né
Claro, o Dom João VI tinha criado o banco do Brasil em 1808
E quando foi embora, levou todo o dinheiro do banco, raspou o cofre do banco
Aí surgiu o segundo banco do Brasil. Quem é que criou o segundo banco do Brasil?
Evidentemente que foi o Barão de Mauá, você já viu no primeiro episódio
Que ele tinha começado como comerciante, o comerciante foi crescendo e crescendo
Era um gênio dos negócios
Até que em março de 1851, ele resolveu anunciar a criação de um banco
Cara, o discurso dele na criação desse banco é espetacular
Porque ele fala sobre a barateza e a abundância
Reflete cara, barateza e abundância
Na verdade ele faz uma ode aos ingleses
Ele diz vejam a Inglaterra, onde o espírito de assosiação
Fez com o que existam 160 léguas de caminho de ferro
Onde os ingleses conseguem transmitir seus pensamentos com a velocidade de um raio
Graças a uma nova invenção, o telégrafo
Onde as ruas estão todas iluminadas, pela luz refulgentes da iluminação a gás
Tudo graças ao espírito de associação
Que produz a barateza e a abundância
Maravilha, né? Ele conseguiu então várias ações, ele criou um banco poderosíssimo
E já nesse discurso inaugural, ele já projeta o que ele queria fazer
Caminhos de ferro, fábricas, ele fez logo a primeira fábrica digna do nome no Brasil
Já contei essa história né, no primeiro episódio
Vai lá ver de novo, tu já viu mas já esqueceu
Criou a fábrica em Ponta de Areia
E aí...ainda era pouco. Ele resolveu então botar o Brasil nos trilhos
Era óbvio, ele sabia, ele percebia que toda a prosperidade inglesa
Estava basicamente ligada a circulação de mercadorias, que circulavam pelas estradas de ferro
Você sabe está diretamente ligada, o poderio está diretamente ligado
O poderio da revolução industrial aos caminhos de ferro
Então, ele consegue autorização para criar uma estrada de ferro
Que era pra ligar o Rio de Janeiro à Minas Gerais
Quando o ouro foi descoberto lá na Minas Gerais, pra trazer o ouro aqui pro Rio de Janeiro
E levá-lo pra Portugal, pra onde ele iria imediatamente para Inglaterra
Aliás, né, tinha um caminho que vinha até Paraty, mas Paraty era muito atacada por piratas
E o caminho era muito longo. Então já tinha sido feito outro caminho
Que saia do fundo da Baía de Guanabara, de um lugar chamado Porto da Estrela
E subia a serra por um caminho muito mais curto, por onde hoje é a Rio - Petrópolis
Chegava em Juíz de Fora e chegava nas regiões das minas
É óbvio que o Mauá resolveu fazer uma estrada de ferro ali
E essa estrada de ferro começava justamente no porto da estrela
Porque o plano dele era o seguinte, você saia do Rio de Janeiro de barco
Até o fundo da Bahia
No porto de estrela se iniciava a obra que de início era uma parte plana
E depois subia a serra. Ele contratou um engenheiro inglês William Badge
Que ficou pesquisando esse caminho. Esse caminho, já era um caminho que tinha sido descoberto
Pelos portugueses, baseado em trilhas indígenas
Mas o cara refez o caminho, fez os novos taludes
E então ele resolveu, o Mauá, lançar as bases dessa ferrovias e você também já ouviu essa história aqui
Ele convidou toda a nobreza brasileira, no caso carioca. O Brasil quase que se restringia
A nobreza brasileira quase que se restringia nessa época aos
Que viviam mamando na corte no Rio de Janeiro
E levou o Dom Pedro II pra lá, e deu início símbolo as obras
E deu uma pá de prata, com um cabo de jacarandá
Pro Dom Pedro II dar a primeira pazada
O cara arrumou um inimigo pra toda o sempre, né
Mas ele repetiu isso, isso que é o mais inacreditável
Porque quando...porque isso foi só o início das obras e quando se inauguraram
Os primeiros 16 quilômetros da ferrovia antes da subida da serra
Ele levou de novo Dom Pedro II pra lá, e fez um discurso espetacular
Eu vou ler o discurso, porque eu também não vou perder o meu tempo decorando
E aí eu aproveito pra fazer propaganda do livro que você tem que ler
Em vez de ficar vendo essa coisa aqui no YouTube, tu vai e compra o livro do meu amigo Jorge Caldeira
Talvez eu ganhe uma beirada até, e aí você lê uma história muito mais densa
E muito mais complexa que essa que eu estou te contando
20 meses apenas se passaram desde que vossa majestade
Honrou com sua augusta presença o primeiro acampamento de operários dessa companhia
Naquela ocasião, coube-me a distinta honra de depositar nas mãos de vossa majestade
Um humilde instrumento de trabalho, uma pá da qual vossa majestade não desdenhou em fazer uso
Como se para mostrar aos seus súditos que o trabalho, essa fonte perene de prosperidade
Não só era dígno de vossa proteção, mas ao mesmo tempo uma extraordinária honra
Ele disse isso na laje do imperador, que a única coisa que segurava era o garfo e faca na hora da comida, né
Cara, ele já tinha arrumado um inimigo antes, quando ele repetiu a frase nesse 30 de abril de 1854
Aí ele realmente selou uma inimizade, e é muito estranho por que nesse mesmo dia
Por articulação lá do senado, ele virou Barão de Mauá
Ele não sabia. O Visconde do Bom Retiro, que era o único amigo que ele tinha na corte
Chamou e disse: Cara, tu tá exagerando, o cara vai te fazer barão
E de fato fez Barão, tanto é que a primeira locomotiva que puxou os primeiros 16 vagões
Foi batizada de a Baronesa
Tinha vindo de Manchester essa locomotiva, foi batizada de Baronesa
Em homenagem a mulher do própio Mauá
Cara, o imperador ficou afim de destruir o Mauá, é óbvio, só que ele não podia porque um mês antes
O Mauá tinha inaugurado a iluminação a gás no Rio de Janeiro
Também tem um trecho incrível do jornal do comércio
Escrevendo que as pessoas ficaram embarricadas, ficaram boquiabertas, né
Mas mesmo assim um ano depois o Imperador resolveu abrir a sua propiá ferrovia
Pegou empréstimos vinosos na Inglaterra e resolveu fazer a companhia
Estrada de ferro Dom Pedro II, que corria em vários trechos paralela a do Mauá
Entendeu? Que recebeu muito mais subsídio do governo que foi uma obra deficitária
Mas que é claro, acabou prejudicando enormemente o Mauá
Até porque, o própio império permitiu que o Mariano Procópio
Um grande empresário fizesse uma estrada de rodagem, que hoje é a estrada que leva pra Juíz de Fora
Na mesma linha, no mesmo caminho percorrido pela estrada de ferro do Mauá
Quer dizer...Quem mandou fazer o imperador trabalhar, cara
Imperador é Imperador. Então é isso aí, se você quiser saber mais sobre o Mauá
Porque isso aqui é só uma pincelada, mas eu não vou fazer o terceiro episódio sobre o Mauá, né
Então tu lê o livro do meu amigo Jorge Caldeira, entendeu?
Que eu poderia até ganhar uma beirada a cada vez que algum deles for vendido
E acabou, até logo, tchau, chega!
O QUE VOCÊ ACABA DE VER ESTÁ REPLETO DE GENERALIZAÇÕES E SIMPLIFICAÇÕES
MAS O QUADRO GERAL ERA ESSE AÍ MESMO AGORA SE VOCÊ QUISER SABER COMO AS COISAS
DE FATO FORAM AH, ENTÃO VOCÊ VAI TER QUE LER
A primeira ferrovia do Brasil pode estar perto de desaparecer completamente do mapa
Esquecida no meio do mato e encoberta por toneladas de asfalto
Na estrada, a placa informa que estamos cruzando um marco na história do país
Alguns metros adiante, a gente ainda consegue ver essa velha linha e trilhos quase engolida pelo matagal
Essa ferrovia foi construída em 1854. Em 1954, quando ela fez 100 anos foi tombada pelo patrimônio histórico
De lá pra cá, foram quase 60 anos no mais completo abandono. A primeira ferrovia do Brasil foi atropelada
pela modernidade, soterrada pelo asfalto