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Gloss European Portuguese Level 2+, Como o coronavírus já acelerou a ciência

Como o coronavírus já acelerou a ciência

Já há mais de mil artigos científicos sobre o coronavírus e em poucas semanas os cientistas já descodificaram o genoma que provoca a nova epidemia e identificaram uma proteína-chave que pode acelerar vacina e medicamentos.

Há já perto de um milhar de artigos científicos publicados online e em tempo real sobre os mais variados aspetos do novo coronavírus e a epidemia que ele está a propagar através do globo, e decorrem discussões em direto entre cientistas de todo o mundo em plataformas digitais próprias - a investigação científica acertou o passo pelo dos acontecimentos, como nunca antes se viu.

"Assistiu-se a este fenómeno durante outros surtos virais, como foi o caso da SARS ou da MERS [a primeira em 2002 e 2003, e a segunda uma década depois, ambas causadas também por coronavírus], ou do ébola e do Zika, mas agora é tudo mais rápido", diz Pedro Simas, virologista e investigador do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, da Universidade de Lisboa. "A comunicação científica também evoluiu muito. Hoje todos os investigadores estão conectados entre si através da internet".

A rapidez de todo o processo, a par da velocidade da própria epidemia, é desde logo evidente na celeridade com que, apenas dez dias depois de as autoridades chinesas terem anunciado o surto de uma nova doença (a 31 de dezembro) um grupo de cientistas do país partilhou com a OMS e a comunidade científica uma versão preliminar do genoma do novo vírus SARS-cov-2. E o que se seguiu, na corrida ao seu estudo e à nova doença, por parte de grupos de investigação de todo o mundo, confirma isso mesmo.

"Fiz essa verificação há dias e encontrei mais de 700 artigos científicos [aproximam-se agora de um milhar] sobre este novo coronavírus", adianta Diana Lousa, que há cerca de uma década estuda no ITQB Nova, o Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, da Universidade Nova de Lisboa, as proteínas que os vírus utilizam para entrar nas células humanas, para as infetarem. Para a investigadora portuguesa, o novo vírus é por isso uma nova oportunidade de estudo que, aliás, já iniciou, utilizando simulações computacionais.

O seu objetivo é desvendar a forma como funciona a proteína que neste novo vírus faz de chave para abrir caminho para o interior das células, com os olhos postos em futuros alvos terapêuticos. A estrutura dessa proteína já é, aliás, conhecida, o que atesta uma vez mais a velocidade a que a ciência está a avançar no conhecimento sobre o novo coronavírus.

"A estrutura tridimensional da proteína foi publicada apenas dois meses depois do início do surto, o que é extraordinário, e só é possível porque a tecnologia evoluiu imenso na microscopia eletrónica, que, por seu turno, foi muito acelerada por novos métodos computacionais", explica Diana Lousa. A ciência, de resto, também "está cada vez mais aberta", considera a investigadora do ITQB. "Os cientistas estão a publicar os resultados sobre o novo coronavírus assim que têm os dados, e isso é novo", afirma, sublinhando que "há um movimento de ciência aberta e existem servidores e sites que permitem a publicação aberta. Tem sido interessante verificar como isso está a catalisar todo este desenvolvimento na investigação sobre o SARS-cov-2".

Foi este processo novo que permitiu, afinal, ficar a saber em tempo recorde uma série de informações essenciais para combater a doença, entretanto designada Covid-19 OMS. Graças a este esforço inédito, sabe-se agora que a maioria das infeções (cerca de 80%) são ligeiras, sem necessidade de cuidados médicos especiais, e que os grupos de risco são os idosos e as pessoas com doenças crónicas (diabetes, problemas cardiovasculares e problemas respiratórios essencialmente), e que a taxa de mortalidade é de 3,4%, embora este valor ainda possa ser revisto em baixa, já que muitos casos passarão despercebidos porque a maioria da população não é testada laboratorialmente.

Perguntas ainda sem resposta

Numa altura em que a epidemia continua a progredir velozmente, agora fora da China, com a Itália a liderar o número de novos casos e vítimas mortais, há muitas perguntas ainda sem resposta. Não se sabe, por exemplo, se a chegada do tempo quente no hemisfério norte ajudará a travar a epidemia, como costuma acontecer com a gripe, desconhece-se também como a epidemia poderá progredir em África, onde os sistemas de saúde tendem a ser mais vulneráveis, e também não se sabe se o vírus poderá sofrer mutações que o tornem mais agressivo.

Estas e muitas outras questões estão nesta altura na mira dos cientistas, e os estudos prosseguem a bom ritmo. Ainda há dias, cientistas do Centro de Investigação em Genómica de Taipé anunciaram a síntese de um anticorpo que se liga especificamente com uma proteína do novo vírus e que espera com isso desenvolver um teste de diagnóstico mais rápido para o SARS-Cov-2, podendo acelerar o diagnóstico da doença no terreno.

Mas o que se espera, acima de tudo, é que toda esta investigação em curso venha a resultar em breve em medicamentos eficazes contra o Covid-19 e, o mais depressa possível, também numa vacina.

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Já há mais de mil artigos científicos sobre o coronavírus e em poucas semanas os cientistas já descodificaram o genoma que provoca a nova epidemia e identificaram uma proteína-chave que pode acelerar vacina e medicamentos.

Há já perto de um milhar de artigos científicos publicados online e em tempo real sobre os mais variados aspetos do novo coronavírus e a epidemia que ele está a propagar através do globo, e decorrem discussões em direto entre cientistas de todo o mundo em plataformas digitais próprias - a investigação científica acertou o passo pelo dos acontecimentos, como nunca antes se viu. |||||thousand|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

"Assistiu-se a este fenómeno durante outros surtos virais, como foi o caso da SARS ou da MERS [a primeira em 2002 e 2003, e a segunda uma década depois, ambas causadas também por coronavírus], ou do ébola e do Zika, mas agora é tudo mais rápido", diz Pedro Simas, virologista e investigador do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, da Universidade de Lisboa. ||||||||viral outbreaks|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||| "A comunicação científica também evoluiu muito. Hoje todos os investigadores estão conectados entre si através da internet".

A rapidez de todo o processo, a par da velocidade da própria epidemia, é desde logo evidente na celeridade com que, apenas dez dias depois de as autoridades chinesas terem anunciado o surto de uma nova doença (a 31 de dezembro) um grupo de cientistas do país partilhou com a OMS e a comunidade científica uma versão preliminar do genoma do novo vírus SARS-cov-2. E o que se seguiu, na corrida ao seu estudo e à nova doença, por parte de grupos de investigação de todo o mundo, confirma isso mesmo.

"Fiz essa verificação há dias e encontrei mais de 700 artigos científicos [aproximam-se agora de um milhar] sobre este novo coronavírus", adianta Diana Lousa, que há cerca de uma década estuda no ITQB Nova, o Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, da Universidade Nova de Lisboa, as proteínas que os vírus utilizam para entrar nas células humanas, para as infetarem. ||||||||||||||||||||||||||about||||||ITQB Nova||||||||||||||||||||||||||||| Para a investigadora portuguesa, o novo vírus é por isso uma nova oportunidade de estudo que, aliás, já iniciou, utilizando simulações computacionais.

O seu objetivo é desvendar a forma como funciona a proteína que neste novo vírus faz de chave para abrir caminho para o interior das células, com os olhos postos em futuros alvos terapêuticos. A estrutura dessa proteína já é, aliás, conhecida, o que atesta uma vez mais a velocidade a que a ciência está a avançar no conhecimento sobre o novo coronavírus.

"A estrutura tridimensional da proteína foi publicada apenas dois meses depois do início do surto, o que é extraordinário, e só é possível porque a tecnologia evoluiu imenso na microscopia eletrónica, que, por seu turno, foi muito acelerada por novos métodos computacionais", explica Diana Lousa. A ciência, de resto, também "está cada vez mais aberta", considera a investigadora do ITQB. "Os cientistas estão a publicar os resultados sobre o novo coronavírus assim que têm os dados, e isso é novo", afirma, sublinhando que "há um movimento de ciência aberta e existem servidores e sites que permitem a publicação aberta. Tem sido interessante verificar como isso está a catalisar todo este desenvolvimento na investigação sobre o SARS-cov-2".

Foi este processo novo que permitiu, afinal, ficar a saber em tempo recorde uma série de informações essenciais para combater a doença, entretanto designada Covid-19 OMS. Graças a este esforço inédito, sabe-se agora que a maioria das infeções (cerca de 80%) são ligeiras, sem necessidade de cuidados médicos especiais, e que os grupos de risco são os idosos e as pessoas com doenças crónicas (diabetes, problemas cardiovasculares e problemas respiratórios essencialmente), e que a taxa de mortalidade é de 3,4%, embora este valor ainda possa ser revisto em baixa, já que muitos casos passarão despercebidos porque a maioria da população não é testada laboratorialmente.

Perguntas ainda sem resposta

Numa altura em que a epidemia continua a progredir velozmente, agora fora da China, com a Itália a liderar o número de novos casos e vítimas mortais, há muitas perguntas ainda sem resposta. ||||||||to spread|||||||||||||||||||||||| Não se sabe, por exemplo, se a chegada do tempo quente no hemisfério norte ajudará a travar a epidemia, como costuma acontecer com a gripe, desconhece-se também como a epidemia poderá progredir em África, onde os sistemas de saúde tendem a ser mais vulneráveis, e também não se sabe se o vírus poderá sofrer mutações que o tornem mais agressivo.

Estas e muitas outras questões estão nesta altura na mira dos cientistas, e os estudos prosseguem a bom ritmo. Diese und viele andere Fragen sind derzeit im Fokus der Wissenschaftler, und die Studien schreiten zügig voran. Ainda há dias, cientistas do Centro de Investigação em Genómica de Taipé anunciaram a síntese de um anticorpo que se liga especificamente com uma proteína do novo vírus e que espera com isso desenvolver um teste de diagnóstico mais rápido para o SARS-Cov-2, podendo acelerar o diagnóstico da doença no terreno. Vor einigen Tagen verkündeten Wissenschaftler des Genomforschungszentrums in Taipeh die Synthese eines Antikörpers, der spezifisch an ein Protein des neuen Virus bindet und damit die Entwicklung eines schnelleren Diagnosetests für SARS-CoV-2 vorantreiben kann, um die Diagnose der Krankheit vor Ort zu beschleunigen.

Mas o que se espera, acima de tudo, é que toda esta investigação em curso venha a resultar em breve em medicamentos eficazes contra o Covid-19 e, o mais depressa possível, também numa vacina. Vor allem wird jedoch gehofft, dass diese laufende Forschung bald zu wirksamen Medikamenten gegen Covid-19 und möglichst bald auch zu einem Impfstoff führen wird.