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Buenas Ideias, O CAMINHO DO PEABIRU - EDUARDO BUENO (1)

O CAMINHO DO PEABIRU - EDUARDO BUENO (1)

Tu sabe, ne cara.

As pessoas têm mania de perguntar.

Andando na rua... ai vem um cara e: "Ah, eu queria te fazer uma pergunta."

"Tá, qual é a pergunta?""

"Qual é o seu episódio favorito da história do Brasil?"

Tá bom, cara.

Já me perguntaram isso 10 vezes.

Então vou te responder agora "qual é o meu episódio favorito da história do Brasil",

e tu vai ficar de queixo caído.

Peabiru, Peabiru.

Venha caminhar daqui até o Peru.

Meu, a história do Brasil é cheia de histórias inacreditáveis.

Mas a minha favorita, a história que me levou a escrever a maior parte dos livros que já

escrevi sobre a história do Brasil, foram 30, ela começou por causa de um fato extraordinário,

que todos nós deveríamos saber, e por algum motivo estranho não nos contaram no colégio.

A história dos náufragos que caminharam da ilha de Santa Catarina até o Peru, em

1524.

Uma história incrível, por um caminho indígena chamado Peabiru.

Cada vez mais gente sabe dessa história e eu me orgulho muito, muitíssimo, de ter ajudado

a propagar essa história com esse livro: náufragos, traficantes de degredados.

Que eu sei que você já está louco para comprar, e vai comprar.

No final desse episódio é certo que vai comprar.

Porque esse é um livro que resgatou essa história, que já tinha contada, mas não

foi contada de uma forma mais popular, mais pop, digamos assim.

Essa história se inicia em 1524, mas para chegar nela você tem que retroceder um pouco

no tempo e chegar na descoberta do Rio da Prata.

A história da descoberta do Rio da Prata já é por si só extraordinária.

Os europeus descobriram o “novo mundo”, logo descobriram que era uma massa continental.

Colombo quando chegou...

Colombo você já sabe, eu já falei aqui, é o cara que quando saiu não sabia para

onde estava indo, e quando voltou não sabia dizer onde tinha estado.

É uma piada que contam sobre o Colombo lá no Caribe.

E é verdadeira, ne.

Porque ele chegou ali nas Antilhas, ante-ilhas, ne, no Caribe, achando que estava chegando

nas proximidades da Índia.

Nessa época que nós vamos começar a falar agora, 1515, por ai... os europeus já tinham

plena consciência que este era um novo mundo.

Uma massa continental.

E tudo que tem início tem fim, ne.

Então essa massa continental tinha que ter um fim.

Tinha que ter um lugar que daria passagem pro outro lado.

Que daria passagem para o oceano que não se conhecia.

O oceano que viria a ser chamado de Pacífico.

Então se enviaram várias expedições para o norte.

O norte onde é a América do Norte, o Canadá...

Expedições que todas resultaram em naufrágios, em desgraça, em tragédia.

Porque eram continentes gelados.

Os portugueses mandaram muitos caras pra lá.

Essa é outra história, não é a nossa história.

E os portugueses mandaram também uma expedição em 1514 para tentar descobrir onde é que

terminava o continente.

Quando eles chegaram onde é hoje Punta del Este, depois de ter navegado em uma costa

inacreditável, que vai de Laguna , em Santa Catarina até Punta del Este, que é a maior

costa retilínea do mundo.

São 660 quilômetros sem nenhuma baía, nenhuma retranca, sem nenhum porto natural.

Um lugar onde até hoje é muito difícil navegar.

Eles enfrentaram essa terrível navegação, e quando chegaram aonde hoje é Punta del

Este, viram uma grande abertura, que eles acharam que era um estreito.

Eles entraram e não era um estreito.

Era o Rio da Prata.

Que eles chamaram de Mar Dulce.

Aliás o mesmo nome que o Vicente Pinzón, tinha dado para o Amazonas lá em cima.

De tão grande que era a foz do Amazonas e de tão grande, embora menor que o Amazonas,

a foz desse rio que viria a ser chamada de Rio da Prata.

E por que que ele foi chamado de Rio da Prata?

Porque em 1514 essa expedição portuguesa encontrou indígenas da nação Charruas,

que viviam, onde hoje é o Uruguai, e que deram pra eles um machado de prata.

E que disseram que essa prata vinha de um lugar onde esse próprio rio nascia.

Que era um lugar de montanhas enormes, montanhas permanentemente geladas.

Onde vivia um povo serrano muito rico, repleto de ouro, repleto de prata e com uma civilização

desenvolvida.

E que essa prata tinha vindo dali.

Tu imagine ne, Tah!

Os europeus: oh essa prata..

E havia aquela prova material, ne.

E além de tudo a largura e dimensões daquele rio eram provas geográficas o suficiente

para saber que ele deveria ter nascido muito longe e em lugare elevado.

Porque senão não seria um rio tão gigantesco quanto era o rio que acabou sendo batizado

de Rio da Prata.

Isso foi em 1514, e tinha uma rede de espionagem cara, incrível, em Lisboa, Sevilha e Madrid,

então tudo que os portugueses descobriam, os espanhóis ficavam sabendo.

E vice versa.

Então tanto é que os espanhóis perceberam que pela demarcação de Tordesilhas, esse

rio ficaria na parte que pertenceria à Espanha.

O limite do tratado de Tordesilhas era em Cananéia, no sul de São Paulo.

Embora alguns digam que era em Laguna, em Santa Catarina.

Não era.

Era em Cananéia.

Então eles sabiam que esse rio era pela longitude e pela latitude onde ele ficava, ficaria,

evidentemente em território português.

Então enviaram pra lá uma expedição.

Essa expedição foi comandada por um cara chamado Juan Díaz de Solís

O mais incrível é que se diz que esse Juan Díaz de Solís, na verdade antes se chamada

João Pedro Dias de Solis que era português, e tinha desertado, fugido de Portugal, e se

naturalizou espanhol.

Não se sabe.

Os espanhóis, parará, discutem...

Os argentinos, uruguaios, entre outros, dizem: não, isso é coisa de brasileiro, de português,

de brasileiro, que ficam dizendo que o nosso descobridor era português.

Não sei.

Eu sei que eu acho que ele era português.

Por tudo que li.

E o apelido dele ainda era Bofes de Bagaço.

Bofes, quer dizer intestino.

E bagaço quer dizer o bagaço da uva.

Ele bebia tanto vinho que ele tinha um puta bafo de álcool.

E o apelido dele, então era Bofes de Bagaço.

Que o intestino, o estômago dele seriam cheio de uva prensada.

Ele matou a própria mulher em Portugal e fugiu de Lisboa, sorrateiramente, e foi para

Sevilha, se naturalizou espanhol e comandou essa expedição em 1515.

Dobrou onde hoje é Punta del Este, passou ali pelo Cassino Conde, etc...

Viu o Bob Dylan andando de bicicleta, vestido de mulher.

E continuou.

Deu uma paradinha e desceu.

E o que aconteceu quando ele desceu?

Foi capturado, morto e comido.

Sério, a vingança da mulher que ele teria matado.

Se é que ele era português.

Se é que ele era esse cara.

Ele foi morto, foi morto na frente dos homens dele.

E devorado pelas tribos indígenas ali do Uruguai.

Então a caravela dele, eram duas caravelas, voltaram rapidamente para o Brasil.

Primeiro concluíram que não era um estreito, era só um rio mesmo, e voltaram para o Brasil.

Então, voltando para o Brasil, uma dessas caravelas entra pela boca sul da ilha de Santa

Catarina, onde é a praia de naufragados.

Eles entram por ali e naufragam.

Caravela blublubu.

Aquele, realmente era um estreito muito difícil de entrar.

Não se deve jamais entrar por ali.

A entrada para a ilha de Santa Catarina é lá por cima, lá pelo norte, onde é Canasvieiras.

Eles tentaram entrar por ali e pum, afundaram, naufragaram.

E tu sabe que se deram bem, cara?

Porque naufragaram e sobreviveram 17caras.

Desses 17, 11 acabariam sendo presos numa expedição seguinte, comandado por um cara

chamado Cristóvão Jacques, em 1516.

Mas outros seis ou sete se diz, ficaram ali, morando num lugar que viria a se chamar "Porto

dos Patos".

Ninguém sabe exatamente se era um Porto dos Patos, se sabe que patos eram o nome dos índios

que viviam ali, os Carijós.

Carijó também é o nome de uma galinho.

Tinha tanto pato, tanta ave na lagoa de Marui, que é a lagoa que deu origem à laguna.

Tinha tanta ave por ali, e esses Índios andavam com tanta penas de aves que foram batizados

de índios patos.

Portanto esses caras criaram um lugar chamado Porto dos Patos, onde ficaram vivendo por

muitos anos.

Com várias mulheres indígenas.

Comendo tainha, comendo garoupa, comendo camarão, ostra, marisco, pitanga, butiá...

Tá bom, ne?

Num lugar que talvez seja essa enseada de Brito, um lugar que eu vou te mostrar.

E ai esses mesmos índios chamados Carijós, contavam pra eles exatamente a mesma história

que contavam os outros índios de outra nação totalmente diferente, que eram os Charruas.

Dizendo que sim, havia um povo que morava em imensas montanhas sempre cobertas de gelo

e que esse povo era riquíssimo e que esse povo era civilizado.

E que esse povo tinha estradas e tinha pontes e tinha cidades e acima de tudo, que é o

que interessa, tinha um monte de ouro e um monte de prata.

Po, os cara, ne.

Bom, daí esses caras construíram um bergantin sabe, canoas e ficaram percorrendo toda essa

região da costa que ia de Santa Catarina até São Vicente, em São Paulo.

E todas as demais tribos repetiam a mesma história.

E não apenas repetiam essa história, como diziam que tem um caminho que leva pra lá.

Os caras: sério, te um caminho?

Sim, cara.

O que se sabe é que o corpo do que seria esse lugar chamado América era todo ocupado

por trilhas pré-históricas, não é?

Então havia uma trilha que saia de três lugares.

Que saia de Santa Catarina, de Cananéia e de São Paulo, do centro de São Paulo.

Você já ouviu falar isso aqui no episódio da fundação de São Paulo.

E essas trilhas se uniam em algum lugar do oeste do Paraná.

Na verdade nem é oeste..

Perto de Ponta Grossa, no Paraná.

E ai vinham os campos gerais, que eram campos limpos, campos de araucária.

Então era muito fácil ter uma trilha por ali.

E essa trilha ia direto para Asunción no Paraguai.

E de Asunción você pegava o Rio Pilcomayo e subia o Rio Pilcomayo, contra a corrente,

mas dava, ia remando.. e chegava até a Bolívia.

E da Bolívia chegava a Chuquisaca.

Chuquisaca.

Então em 1524, um desses caras chamado Aleixo Garcia, liderou um grupo de dois mil índios

Guaranis, né, os Carijós eram da grande nação Guarani.

Sai nessa caminhada com um monte de farinha de pinhão, com um monte de farinha de marisco,

já armazenadas previamente, com mel em favos, e iniciou essa caminhada cara, do sul da ilha

de Santa Catarina até o Peru.

E chegou muito próximo de onde é Potosí.

A cidade em que foi descoberta uma montanha de prata, uma montanha de 600 metros de altura

praticamente de prata pura.

E ele chegou lá e atacou, atacou os poços fronteiriços do Império Inca.

E saqueou vários cestos de outo e prata.

E veio voltando com eles para o Brasil.

Só que quando ele foi atravessar o Rio Paraguai, ele foi atacado por uma tribo chamada Paiaguás,

os que viriam a ser chamados de Piratas do Rio Paraguai.

Que eram uma índios canoeiros, que depois dariam origem aos Avaca que é uma tribo já

em extinção.

Uma tribo que era muito feroz.

Então dizem que eles fizeram furos nas canoas dos caras e cobriram com barro.

Quando eles vinham vindo carregados de ouro e prata, o furo que era de barro, na água...

e afundaram e morreram.

Ninguém sabe realmente se foi assim que aconteceu.

O que se sabe com certeza é que o Aleixo Garcia morreu.

Mas algumas dessas peças de ouro e prata que ele tinha saqueado lá nas franjas, nas

fraldas do império Inca, chegaram até Santa Catarina.

E dois sobreviventes dessa aventura que se sabe o nome, Henrique Montes e Melchior Ramirez,

viviam na ilha.

E quando passavam novos navegantes espanhóis e portugueses eles mostravam.

Segundo relato da expedição do Sebastião Caboto, em 1526, o Henrique Montes mostrava


O CAMINHO DO PEABIRU - EDUARDO BUENO (1)

Tu sabe, ne cara.

As pessoas têm mania de perguntar.

Andando na rua... ai vem um cara e: "Ah, eu queria te fazer uma pergunta."

"Tá, qual é a pergunta?""

"Qual é o seu episódio favorito da história do Brasil?"

Tá bom, cara.

Já me perguntaram isso 10 vezes.

Então vou te responder agora "qual é o meu episódio favorito da história do Brasil",

e tu vai ficar de queixo caído.

Peabiru, Peabiru.

Venha caminhar daqui até o Peru.

Meu, a história do Brasil é cheia de histórias inacreditáveis.

Mas a minha favorita, a história que me levou a escrever a maior parte dos livros que já

escrevi sobre a história do Brasil, foram 30, ela começou por causa de um fato extraordinário,

que todos nós deveríamos saber, e por algum motivo estranho não nos contaram no colégio.

A história dos náufragos que caminharam da ilha de Santa Catarina até o Peru, em

1524.

Uma história incrível, por um caminho indígena chamado Peabiru.

Cada vez mais gente sabe dessa história e eu me orgulho muito, muitíssimo, de ter ajudado

a propagar essa história com esse livro: náufragos, traficantes de degredados.

Que eu sei que você já está louco para comprar, e vai comprar.

No final desse episódio é certo que vai comprar.

Porque esse é um livro que resgatou essa história, que já tinha contada, mas não

foi contada de uma forma mais popular, mais pop, digamos assim.

Essa história se inicia em 1524, mas para chegar nela você tem que retroceder um pouco

no tempo e chegar na descoberta do Rio da Prata.

A história da descoberta do Rio da Prata já é por si só extraordinária.

Os europeus descobriram o “novo mundo”, logo descobriram que era uma massa continental.

Colombo quando chegou...

Colombo você já sabe, eu já falei aqui, é o cara que quando saiu não sabia para

onde estava indo, e quando voltou não sabia dizer onde tinha estado.

É uma piada que contam sobre o Colombo lá no Caribe.

E é verdadeira, ne.

Porque ele chegou ali nas Antilhas, ante-ilhas, ne, no Caribe, achando que estava chegando

nas proximidades da Índia.

Nessa época que nós vamos começar a falar agora, 1515, por ai... os europeus já tinham

plena consciência que este era um novo mundo.

Uma massa continental.

E tudo que tem início tem fim, ne.

Então essa massa continental tinha que ter um fim.

Tinha que ter um lugar que daria passagem pro outro lado.

Que daria passagem para o oceano que não se conhecia.

O oceano que viria a ser chamado de Pacífico.

Então se enviaram várias expedições para o norte.

O norte onde é a América do Norte, o Canadá...

Expedições que todas resultaram em naufrágios, em desgraça, em tragédia.

Porque eram continentes gelados.

Os portugueses mandaram muitos caras pra lá.

Essa é outra história, não é a nossa história.

E os portugueses mandaram também uma expedição em 1514 para tentar descobrir onde é que

terminava o continente.

Quando eles chegaram onde é hoje Punta del Este, depois de ter navegado em uma costa

inacreditável, que vai de Laguna , em Santa Catarina até Punta del Este, que é a maior

costa retilínea do mundo.

São 660 quilômetros sem nenhuma baía, nenhuma retranca, sem nenhum porto natural.

Um lugar onde até hoje é muito difícil navegar.

Eles enfrentaram essa terrível navegação, e quando chegaram aonde hoje é Punta del

Este, viram uma grande abertura, que eles acharam que era um estreito.

Eles entraram e não era um estreito.

Era o Rio da Prata.

Que eles chamaram de Mar Dulce.

Aliás o mesmo nome que o Vicente Pinzón, tinha dado para o Amazonas lá em cima.

De tão grande que era a foz do Amazonas e de tão grande, embora menor que o Amazonas,

a foz desse rio que viria a ser chamada de Rio da Prata.

E por que que ele foi chamado de Rio da Prata?

Porque em 1514 essa expedição portuguesa encontrou indígenas da nação Charruas,

que viviam, onde hoje é o Uruguai, e que deram pra eles um machado de prata.

E que disseram que essa prata vinha de um lugar onde esse próprio rio nascia.

Que era um lugar de montanhas enormes, montanhas permanentemente geladas.

Onde vivia um povo serrano muito rico, repleto de ouro, repleto de prata e com uma civilização

desenvolvida.

E que essa prata tinha vindo dali.

Tu imagine ne, Tah!

Os europeus: oh essa prata..

E havia aquela prova material, ne.

E além de tudo a largura e dimensões daquele rio eram provas geográficas o suficiente

para saber que ele deveria ter nascido muito longe e em lugare elevado.

Porque senão não seria um rio tão gigantesco quanto era o rio que acabou sendo batizado

de Rio da Prata.

Isso foi em 1514, e tinha uma rede de espionagem cara, incrível, em Lisboa, Sevilha e Madrid,

então tudo que os portugueses descobriam, os espanhóis ficavam sabendo.

E vice versa.

Então tanto é que os espanhóis perceberam que pela demarcação de Tordesilhas, esse

rio ficaria na parte que pertenceria à Espanha.

O limite do tratado de Tordesilhas era em Cananéia, no sul de São Paulo.

Embora alguns digam que era em Laguna, em Santa Catarina.

Não era.

Era em Cananéia.

Então eles sabiam que esse rio era pela longitude e pela latitude onde ele ficava, ficaria,

evidentemente em território português.

Então enviaram pra lá uma expedição.

Essa expedição foi comandada por um cara chamado Juan Díaz de Solís

O mais incrível é que se diz que esse Juan Díaz de Solís, na verdade antes se chamada

João Pedro Dias de Solis que era português, e tinha desertado, fugido de Portugal, e se

naturalizou espanhol.

Não se sabe.

Os espanhóis, parará, discutem...

Os argentinos, uruguaios, entre outros, dizem: não, isso é coisa de brasileiro, de português,

de brasileiro, que ficam dizendo que o nosso descobridor era português.

Não sei.

Eu sei que eu acho que ele era português.

Por tudo que li.

E o apelido dele ainda era Bofes de Bagaço.

Bofes, quer dizer intestino.

E bagaço quer dizer o bagaço da uva.

Ele bebia tanto vinho que ele tinha um puta bafo de álcool.

E o apelido dele, então era Bofes de Bagaço.

Que o intestino, o estômago dele seriam cheio de uva prensada.

Ele matou a própria mulher em Portugal e fugiu de Lisboa, sorrateiramente, e foi para

Sevilha, se naturalizou espanhol e comandou essa expedição em 1515.

Dobrou onde hoje é Punta del Este, passou ali pelo Cassino Conde, etc...

Viu o Bob Dylan andando de bicicleta, vestido de mulher.

E continuou.

Deu uma paradinha e desceu.

E o que aconteceu quando ele desceu?

Foi capturado, morto e comido.

Sério, a vingança da mulher que ele teria matado.

Se é que ele era português.

Se é que ele era esse cara.

Ele foi morto, foi morto na frente dos homens dele.

E devorado pelas tribos indígenas ali do Uruguai.

Então a caravela dele, eram duas caravelas, voltaram rapidamente para o Brasil.

Primeiro concluíram que não era um estreito, era só um rio mesmo, e voltaram para o Brasil.

Então, voltando para o Brasil, uma dessas caravelas entra pela boca sul da ilha de Santa

Catarina, onde é a praia de naufragados.

Eles entram por ali e naufragam.

Caravela blublubu.

Aquele, realmente era um estreito muito difícil de entrar.

Não se deve jamais entrar por ali.

A entrada para a ilha de Santa Catarina é lá por cima, lá pelo norte, onde é Canasvieiras.

Eles tentaram entrar por ali e pum, afundaram, naufragaram.

E tu sabe que se deram bem, cara?

Porque naufragaram e sobreviveram 17caras.

Desses 17, 11 acabariam sendo presos numa expedição seguinte, comandado por um cara

chamado Cristóvão Jacques, em 1516.

Mas outros seis ou sete se diz, ficaram ali, morando num lugar que viria a se chamar "Porto

dos Patos".

Ninguém sabe exatamente se era um Porto dos Patos, se sabe que patos eram o nome dos índios

que viviam ali, os Carijós.

Carijó também é o nome de uma galinho.

Tinha tanto pato, tanta ave na lagoa de Marui, que é a lagoa que deu origem à laguna.

Tinha tanta ave por ali, e esses Índios andavam com tanta penas de aves que foram batizados

de índios patos.

Portanto esses caras criaram um lugar chamado Porto dos Patos, onde ficaram vivendo por

muitos anos.

Com várias mulheres indígenas.

Comendo tainha, comendo garoupa, comendo camarão, ostra, marisco, pitanga, butiá...

Tá bom, ne?

Num lugar que talvez seja essa enseada de Brito, um lugar que eu vou te mostrar.

E ai esses mesmos índios chamados Carijós, contavam pra eles exatamente a mesma história

que contavam os outros índios de outra nação totalmente diferente, que eram os Charruas.

Dizendo que sim, havia um povo que morava em imensas montanhas sempre cobertas de gelo

e que esse povo era riquíssimo e que esse povo era civilizado.

E que esse povo tinha estradas e tinha pontes e tinha cidades e acima de tudo, que é o

que interessa, tinha um monte de ouro e um monte de prata.

Po, os cara, ne.

Bom, daí esses caras construíram um bergantin sabe, canoas e ficaram percorrendo toda essa

região da costa que ia de Santa Catarina até São Vicente, em São Paulo.

E todas as demais tribos repetiam a mesma história.

E não apenas repetiam essa história, como diziam que tem um caminho que leva pra lá.

Os caras: sério, te um caminho?

Sim, cara.

O que se sabe é que o corpo do que seria esse lugar chamado América era todo ocupado

por trilhas pré-históricas, não é?

Então havia uma trilha que saia de três lugares.

Que saia de Santa Catarina, de Cananéia e de São Paulo, do centro de São Paulo.

Você já ouviu falar isso aqui no episódio da fundação de São Paulo.

E essas trilhas se uniam em algum lugar do oeste do Paraná.

Na verdade nem é oeste..

Perto de Ponta Grossa, no Paraná.

E ai vinham os campos gerais, que eram campos limpos, campos de araucária.

Então era muito fácil ter uma trilha por ali.

E essa trilha ia direto para Asunción no Paraguai.

E de Asunción você pegava o Rio Pilcomayo e subia o Rio Pilcomayo, contra a corrente,

mas dava, ia remando.. e chegava até a Bolívia.

E da Bolívia chegava a Chuquisaca.

Chuquisaca.

Então em 1524, um desses caras chamado Aleixo Garcia, liderou um grupo de dois mil índios

Guaranis, né, os Carijós eram da grande nação Guarani.

Sai nessa caminhada com um monte de farinha de pinhão, com um monte de farinha de marisco,

já armazenadas previamente, com mel em favos, e iniciou essa caminhada cara, do sul da ilha

de Santa Catarina até o Peru.

E chegou muito próximo de onde é Potosí.

A cidade em que foi descoberta uma montanha de prata, uma montanha de 600 metros de altura

praticamente de prata pura.

E ele chegou lá e atacou, atacou os poços fronteiriços do Império Inca.

E saqueou vários cestos de outo e prata.

E veio voltando com eles para o Brasil.

Só que quando ele foi atravessar o Rio Paraguai, ele foi atacado por uma tribo chamada Paiaguás,

os que viriam a ser chamados de Piratas do Rio Paraguai.

Que eram uma índios canoeiros, que depois dariam origem aos Avaca que é uma tribo já

em extinção.

Uma tribo que era muito feroz.

Então dizem que eles fizeram furos nas canoas dos caras e cobriram com barro.

Quando eles vinham vindo carregados de ouro e prata, o furo que era de barro, na água...

e afundaram e morreram.

Ninguém sabe realmente se foi assim que aconteceu.

O que se sabe com certeza é que o Aleixo Garcia morreu.

Mas algumas dessas peças de ouro e prata que ele tinha saqueado lá nas franjas, nas

fraldas do império Inca, chegaram até Santa Catarina.

E dois sobreviventes dessa aventura que se sabe o nome, Henrique Montes e Melchior Ramirez,

viviam na ilha.

E quando passavam novos navegantes espanhóis e portugueses eles mostravam.

Segundo relato da expedição do Sebastião Caboto, em 1526, o Henrique Montes mostrava