×

Usamos cookies para ayudar a mejorar LingQ. Al visitar este sitio, aceptas nuestras politicas de cookie.

image

Diogo Elzinga, A PIOR PARTE do RIO GRANDE DO SUL

A PIOR PARTE do RIO GRANDE DO SUL

Esses dias eu estava pensando, eu não sei se você sabe,

mas eu moro no Rio Grande do

Sul, o que automaticamente, me faz ser um gaúcho.

Só que muita gente que vem pra cá, no fim das contas acaba dizendo que não foi muito

bem acolhida pelo povo.

No início eu também me sentia mais ou menos assim,

mas para tudo tem uma explicação

e logo eu me adaptei.

Não existe você, aqui é tu.

Vo.... tu...

tucê.

É tu que se diz, tu, tu, tu, tu

Que nem quando alguém desliga o telefone na tua cara, mongolão.

O fato é que é difícil memorizar que você tem que falar tu,

eu mesmo já fui encurralado

uma vez em um cantinho e me obrigaram a falar tu porque você era errado.

E agora se bostinha, quero ver tu falar você.

Não, não, por favor seu gaúcho, leve meus pertences, mate minha família, mas por favor

não me obrigue a fazer isso.

Mas isso, de longe, é o pior.

Porque no Rio Grande do Sul todo mundo quer saber qual é o teu sobrenome, de que família

você é.

Eles traçam basicamente uma árvore genealógica na cabeça deles como se fossem uma cigana

ou então, sei lá, uma ficha policial.

Estava eu esses dias atrás andando a cavalo quando, de repente, torci meu tornozelo, assim,

do nada.

Chamei a minha esposa e enquanto ela não chegava, tu sabe o que eu pensava?

O que?

Eu pensava "de que família tu é afinal, criatura?"

E é aqui que vem a parte interessante porque eles só querem saber se você vem de uma

família que eles conhecem. Só isso.

A minha família é Silva.

Silva?

Mas não tem outro sobrenome menos genérico, assim não?

Tenho Machado também.

Mas machado até eu tenho para cortar lenha no inverno.

Eu quero dizer, não tem um sobrenome mais de gaúcho macho?

Sobrenome de macho... como assim?

Como é isso?

Tipo Fagundes?

Ah, não, não.

Isso não.

Não tenho.

Mas então te arranca daqui, vagabundo.

E alguma vez alguém já te disse que as praias do Rio Grande do Sul são geladas?

A maior sorte de um turista é conseguir se banhar depois de ter dado uma semana de sol

escaldante.

O problema é que o sol no Rio Grande do Sul nunca passa dos 30°C, como se ele tivesse

uma temperatura máxima e essa temperatura ela nunca passa dos 30°C, então, por isso,

é bem difícil de esquentar o marzão.

Outra coisa, que viver no Rio Grande do Sul te coloca constantemente em um teste de macheza.

Significa que se você diz que é macho todo tempo alguém vai estar te testando para ver

se você é macho, macho.

Mais macho. Do tipo mais macho que o macho mais macho.

Tu sabe fazer um churrasco?

Sei.

Bom, muito bom.

E preparar um mate tu sabe?

Perfeitamente.

Ótimo.

Mas então já pode entrar no nosso CTG.

Ótimo, seu gaúcho.

Muito obrigado.

É muito importante para mim ser aceito no seu CTG.

Eu posso andar no cavalo também?

Pra mim é muito importan... ah!

Você viu a aranha que tinha aqui?

Tchê, tu realmente levou um susto?

Confessa.

Confessa agora.

Tá bom, tá bom.

Eu só sei fazer churrasco no forninho.

E eu uso camisinha na bomba para não trancar.

Bah.

Mas então te arranca daqui.

Outra coisa.

Se você não gosta de carne fica muito difícil, às vezes, participar de alguns grupos no

Rio Grande do Sul, porque tudo, simplesmente, tudo acaba em churrasco.

E é sério.

O propósito na vida de um gaúcho é ter um motivo para fazer churrasco.

E se não tem motivo, eles arranjam um motivo

e aí o motivo é ter um motivo para fazer um churrasco.

Ai, tava jogando futebol e eu acho que quebrei a perna.

Mas, então, compra a carne, eu asso e tu melhora.

Você nem sabe, perdi o emprego hoje.

Mas que pena, tchê.

Seria muito bom discutir sobre isso durante um churrasco, eu pago a carne já que tu está

desempregado, né.

O tio Antônio faleceu.

Que triste, tchê.

Muito triste.

Isto é uma tristeza descomunal, mas sabe o que ele gostaria que a gente fizesse neste

momento?

Um churrasco.

Se ele não gostaria, azar o dele por não estar junto com a gente porque eu vou fazer

um churrasco.

Vamos fazer um churrasco?

Mas é claro, meu guri.

Fazia tempo que eu não via uma carne.

Já são 3 horas da tarde e a última vez que eu vi foi no almoço.

Posso pegar salsichão?

Te arranca daqui, imundice, seu folgado.

Há também quem diga que o gaúcho é grosso, de poucas palavras, pavio curto.

E também existem os gaúchos que contestam isso até a morte persuasivamente.

Seu gaúcho, como você se sente quando alguém te chama de grosso?

Grosso é teu #*.

Mas o fato é que no Rio Grande do Sul o povo se divide de suas

formas: os gaúchos raiz e os gaúchos de apartamento, também conhecidos como gaúchos

nutella.

E existe uma diferença gritante entre os dois tipos.

Limpar a casa

Eu limpo minha casa com vassoura de palha.

Eu gosto de usar o meu robozinho aspirador.

Fazer um churrasco.

Eu cavo um buraco no chão para fazer o meu churrasco.

Forninho Fischer, 200° graus, melhor temperatura.

Ir as compras.

A melhor forma de ir as compras é sempre a cavalo.

Meu Fiat 500.

Um verão perfeito.

Definitivamente Arroio do Sal ou então Cidreira, também é muito bom.

Lençóis Maranhenses, né.

Uma fruta preferida.

Uma bergamota tirada do próprio pé para eu descascar com minhas próprias mãos.

Tangerina e, por favor, já descascada.

E se você pensa que no Rio Grande do Sul todo mundo fala da mesma forma, engana-se

redondamente, porque em cada canto do estado existe um sotaque diferente.

Mas o mais legal de tudo é que o idioma é sempre o mesmo.

Então é só entender o que o pessoal está querendo dizer.

Home, home, home do céu.

Piá que doideira, mas que doideira, mas home do céu, piá.

Mas bá, tchê.

Que barbaridade, tchê.

Mas que tchê, que bá, mas que barbaridade.

Mas que tchê.

Nem te conto, hoje eu e os guris a gente vai passar a tarde lá na Redença tomando um

chimas.

Eu falei também para convidar as gurias, né, a Pati, a Nati, a Tati, a Cati.

Final da tarde a gente vai fazer um churras bem bagual, passar lá no super.

Má dio cramento, me roubaram de novo a carroça, dio polenta frita, dio, dio.

Tu fizeste exatamente o que eu pedi.

Não me agradeça, merece.

Merece, merece.

Merece, merece, fizesse, merece.

Merece, fizesse.

Então é isso aí gente.

No mais o Rio Grande do Sul é bem legal,

as vezes dá umas brigas de facão, mas você

pode desviar.

Ou então você pode pisar em uma bosta de cavalo em setembro, mas daí é só ficar

em casa, não sai de casa que você não pisa em bosta de cavalo.

No mais, o Rio Grande do Sul é top.

Esperto que vocês tenham gostado, se vocês gostaram vamos fazer sobre outros estados

brasileiros e elencar as coisas mais estranhas, bizarras e loucas.

Enfim, coisas que acontecem em outros estados do Brasil.

Tá bom, gente?!

Um beijo para vocês em suas tetas e até a próxima.

Learn languages from TV shows, movies, news, articles and more! Try LingQ for FREE

A PIOR PARTE do RIO GRANDE DO SUL DER SCHLIMMSTE TEIL VON RIO GRANDE DO SUL THE WORST PART OF RIO GRANDE DO SUL LA PARTE PEGGIORE DI RIO GRANDE DO SUL リオ・グランデ・ド・スルの最悪の部分

Esses dias eu estava pensando, eu não sei se você sabe,

mas eu moro no Rio Grande do

Sul, o que automaticamente, me faz ser um gaúcho.

Só que muita gente que vem pra cá, no fim das contas acaba dizendo que não foi muito

bem acolhida pelo povo.

No início eu também me sentia mais ou menos assim,

mas para tudo tem uma explicação

e logo eu me adaptei.

Não existe você, aqui é tu.

Vo.... tu...

tucê.

É tu que se diz, tu, tu, tu, tu

Que nem quando alguém desliga o telefone na tua cara, mongolão.

O fato é que é difícil memorizar que você tem que falar tu,

eu mesmo já fui encurralado

uma vez em um cantinho e me obrigaram a falar tu porque você era errado.

E agora se bostinha, quero ver tu falar você.

Não, não, por favor seu gaúcho, leve meus pertences, mate minha família, mas por favor

não me obrigue a fazer isso.

Mas isso, de longe, é o pior.

Porque no Rio Grande do Sul todo mundo quer saber qual é o teu sobrenome, de que família

você é.

Eles traçam basicamente uma árvore genealógica na cabeça deles como se fossem uma cigana

ou então, sei lá, uma ficha policial.

Estava eu esses dias atrás andando a cavalo quando, de repente, torci meu tornozelo, assim,

do nada.

Chamei a minha esposa e enquanto ela não chegava, tu sabe o que eu pensava?

O que?

Eu pensava "de que família tu é afinal, criatura?"

E é aqui que vem a parte interessante porque eles só querem saber se você vem de uma

família que eles conhecem. Só isso.

A minha família é Silva.

Silva?

Mas não tem outro sobrenome menos genérico, assim não?

Tenho Machado também.

Mas machado até eu tenho para cortar lenha no inverno.

Eu quero dizer, não tem um sobrenome mais de gaúcho macho?

Sobrenome de macho... como assim?

Como é isso?

Tipo Fagundes?

Ah, não, não.

Isso não.

Não tenho.

Mas então te arranca daqui, vagabundo.

E alguma vez alguém já te disse que as praias do Rio Grande do Sul são geladas?

A maior sorte de um turista é conseguir se banhar depois de ter dado uma semana de sol

escaldante.

O problema é que o sol no Rio Grande do Sul nunca passa dos 30°C, como se ele tivesse

uma temperatura máxima e essa temperatura ela nunca passa dos 30°C, então, por isso,

é bem difícil de esquentar o marzão.

Outra coisa, que viver no Rio Grande do Sul te coloca constantemente em um teste de macheza.

Significa que se você diz que é macho todo tempo alguém vai estar te testando para ver

se você é macho, macho.

Mais macho. Do tipo mais macho que o macho mais macho.

Tu sabe fazer um churrasco?

Sei.

Bom, muito bom.

E preparar um mate tu sabe?

Perfeitamente.

Ótimo.

Mas então já pode entrar no nosso CTG.

Ótimo, seu gaúcho.

Muito obrigado.

É muito importante para mim ser aceito no seu CTG.

Eu posso andar no cavalo também?

Pra mim é muito importan... ah!

Você viu a aranha que tinha aqui?

Tchê, tu realmente levou um susto?

Confessa.

Confessa agora.

Tá bom, tá bom.

Eu só sei fazer churrasco no forninho.

E eu uso camisinha na bomba para não trancar.

Bah.

Mas então te arranca daqui.

Outra coisa.

Se você não gosta de carne fica muito difícil, às vezes, participar de alguns grupos no

Rio Grande do Sul, porque tudo, simplesmente, tudo acaba em churrasco.

E é sério.

O propósito na vida de um gaúcho é ter um motivo para fazer churrasco.

E se não tem motivo, eles arranjam um motivo

e aí o motivo é ter um motivo para fazer um churrasco.

Ai, tava jogando futebol e eu acho que quebrei a perna.

Mas, então, compra a carne, eu asso e tu melhora.

Você nem sabe, perdi o emprego hoje.

Mas que pena, tchê.

Seria muito bom discutir sobre isso durante um churrasco, eu pago a carne já que tu está

desempregado, né.

O tio Antônio faleceu.

Que triste, tchê.

Muito triste.

Isto é uma tristeza descomunal, mas sabe o que ele gostaria que a gente fizesse neste

momento?

Um churrasco.

Se ele não gostaria, azar o dele por não estar junto com a gente porque eu vou fazer

um churrasco.

Vamos fazer um churrasco?

Mas é claro, meu guri.

Fazia tempo que eu não via uma carne.

Já são 3 horas da tarde e a última vez que eu vi foi no almoço.

Posso pegar salsichão?

Te arranca daqui, imundice, seu folgado.

Há também quem diga que o gaúcho é grosso, de poucas palavras, pavio curto.

E também existem os gaúchos que contestam isso até a morte persuasivamente.

Seu gaúcho, como você se sente quando alguém te chama de grosso?

Grosso é teu #*.

Mas o fato é que no Rio Grande do Sul o povo se divide de suas

formas: os gaúchos raiz e os gaúchos de apartamento, também conhecidos como gaúchos

nutella.

E existe uma diferença gritante entre os dois tipos.

Limpar a casa

Eu limpo minha casa com vassoura de palha.

Eu gosto de usar o meu robozinho aspirador.

Fazer um churrasco.

Eu cavo um buraco no chão para fazer o meu churrasco.

Forninho Fischer, 200° graus, melhor temperatura.

Ir as compras.

A melhor forma de ir as compras é sempre a cavalo.

Meu Fiat 500.

Um verão perfeito.

Definitivamente Arroio do Sal ou então Cidreira, também é muito bom.

Lençóis Maranhenses, né.

Uma fruta preferida.

Uma bergamota tirada do próprio pé para eu descascar com minhas próprias mãos.

Tangerina e, por favor, já descascada.

E se você pensa que no Rio Grande do Sul todo mundo fala da mesma forma, engana-se

redondamente, porque em cada canto do estado existe um sotaque diferente.

Mas o mais legal de tudo é que o idioma é sempre o mesmo.

Então é só entender o que o pessoal está querendo dizer.

Home, home, home do céu.

Piá que doideira, mas que doideira, mas home do céu, piá.

Mas bá, tchê.

Que barbaridade, tchê.

Mas que tchê, que bá, mas que barbaridade.

Mas que tchê.

Nem te conto, hoje eu e os guris a gente vai passar a tarde lá na Redença tomando um

chimas.

Eu falei também para convidar as gurias, né, a Pati, a Nati, a Tati, a Cati.

Final da tarde a gente vai fazer um churras bem bagual, passar lá no super.

Má dio cramento, me roubaram de novo a carroça, dio polenta frita, dio, dio.

Tu fizeste exatamente o que eu pedi.

Não me agradeça, merece.

Merece, merece.

Merece, merece, fizesse, merece.

Merece, fizesse.

Então é isso aí gente.

No mais o Rio Grande do Sul é bem legal,

as vezes dá umas brigas de facão, mas você

pode desviar.

Ou então você pode pisar em uma bosta de cavalo em setembro, mas daí é só ficar

em casa, não sai de casa que você não pisa em bosta de cavalo.

No mais, o Rio Grande do Sul é top.

Esperto que vocês tenham gostado, se vocês gostaram vamos fazer sobre outros estados

brasileiros e elencar as coisas mais estranhas, bizarras e loucas.

Enfim, coisas que acontecem em outros estados do Brasil.

Tá bom, gente?!

Um beijo para vocês em suas tetas e até a próxima.