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BBC News 2021 (Brasil), Imunidade contra a covid-19: como funciona e por que diminui com o tempo

Imunidade contra a covid-19: como funciona e por que diminui com o tempo

Muitas vacinas têm sido desenvolvidas ao redor do mundo para tentar frear o avanço da covid-19.

O objetivo de todas elas é o de ajudar a nos defender do coronavírus.

Para isso, elas induzem nosso corpo a produzir anticorpos,

que circulam no nosso sistema sanguíneo e atacam o vírus caso ele consiga entrar.

O que não se sabe ainda é por quanto tempo essa imunidade dura. Os estudos mais recentes

mostram que o volume de anticorpos decai de forma relativamente rápida quando somos

infectados e nos recuperamos - ou seja, quando desenvolvemos esses anticorpos de forma natural.

Resta saber ainda como a resposta imunológica gerada pelas vacinas vai se comportar com o tempo.

Meu nome é Camilla Veras Mota, e neste vídeo explico como funciona

a resposta imunológica de curto, médio e longo prazo.

Steven Smith, que é professor de Ciências Biomédicas da Universidade de Brunel,

em Londres, escreveu um artigo sobre isso – e é nele que nos baseamos aqui.

Bom, então vamos começar por um componente importantíssimo do

nosso sistema imunológico - os anticorpos, que estão lá na linha de frente e atuam

diretamente contra eventuais agentes invasores.

Os anticorpos são proteínas e, por isso, não duram para

sempre. Elas geralmente são eliminadas do nosso corpo depois de alguns meses.

Mas as células que produzem os anticorpos têm memória. Aliás,

nosso organismo tem uma capacidade incrível de lembrar de encontros antigos com vírus,

bactérias e outras ameaças e saber como se proteger.

Essa memória reside nos glóbulos brancos conhecidos como linfócitos.

Funciona assim: Quando nosso corpo se depara com uma ameaça - de um vírus,

por exemplo - ou passa por uma simulação dessa invasão, que é o princípio por trás das vacinas,

esses linfócitos são chamados para o confronto e produzem anticorpos para atacar o invasor.

Depois desse combate, “versões de memória” dessas células permanecem no nosso corpo.

Elas ficam de prontidão para o caso de um futuro encontro

com o mesmo agente que ela acabou de derrotar.

É por isso que se você pegar covid-19 e conseguir se recuperar, seu corpo vai

ficar imune ao coronavírus por algum tempo. E acontece a mesma coisa quando somos vacinados.

Mas por que essa proteção pode desaparecer ou diminuir no longo prazo?

Quando nós recebemos anticorpos passivamente, através do leite materno,

por exemplo, a proteção não dura muito. Pra que ela seja longeva,

é preciso que o nosso corpo produza anticorpos por conta própria.

Isso tem a ver com o mecanismo de funcionamento daqueles linfócitos que eu mencionei há pouco.

Mais especificamente, um tipo conhecido como linfócito B.

Quando o nosso corpo percebe a presença de uma ameaça - ainda que ela seja simulada,

como no caso das vacinas -, esses linfócitos B sofrem uma diferenciação e viram plasmócitos,

que são verdadeiras fábricas de anticorpos.

O problema é que quando a infecção é eliminada do corpo, as células B param de se transformar

em plasmócitos. E a fábrica de anticorpos fica com menos funcionários, digamos.

Mas tem uma boa notícia.

Algumas dessas células plasmáticas podem permanecer por bastante tempo no nosso

organismo. Elas são chamadas, não por acaso de células plasmáticas de longa vida, as LLPCs,

na sigla em inglês - que são a chave da imunidade mais duradoura.

Elas nem sempre são produzidas após uma infecção, mas se o forem, podem viver por longos períodos

na nossa medula óssea, produzindo e liberando anticorpos de boa qualidade.

Mas a ciência ainda não entende completamente as

melhores condições imunológicas para estimular a produção dessas células.

Outra coisa que os cientistas também têm estudado é qual o efeito dos diferentes

tipos de vacinas sobre a resposta do nosso sistema imune. Isso porque

os anticorpos gerados após tomarmos vacina contra o tétano e a difteria,

por exemplo, duram menos que os criados depois da vacinação contra sarampo, caxumba e varíola.

E isso acontece porque elas são vacinas de tipos diferentes.

As de tétano e difteria contêm apenas proteínas isoladas, ou seja,

versões modificadas das toxinas produzidas pelas bactérias do tétano e da difteria.

Já no caso do sarampo, caxumba e varíola, as vacinas usam versões atenuadas do vírus - eles

estão ativos, mas são enfraquecidos a ponto de não conseguirem provocar a doença.

E o fato é que essas vacinas que usam o vírus ativo parecem

manter a resposta imune por mais tempo.

Isso tem a ver com a persistência, digamos assim, do imunizante no corpo, que encoraja

a reposição em curto prazo de células plasmáticas. As fábricas de anticorpos que mencionei mais cedo.

Também é provável que essas vacinas produzam células plasmáticas de

longo prazo, as LLPCs, com mais eficiência.

Ainda não existem evidências nesse sentido para as vacinas contra a covid-19,

que ainda estão sendo estudadas,

mas vamos aproveitar pra recapitular rapidamente os diferentes métodos

usados por aquelas que estão sendo aplicadas aqui no Brasil.

Bom, nenhuma usa o vírus Sars-CoV-2 ativo. A da Oxford/AstraZeneca utiliza um vírus ativo - mas um

adenovírus, vírus da gripe comum. É uma tecnologia conhecida como vetor viral não replicante:

esse adenovírus, que não tem capacidade de se reproduzir no nosso organismo, carrega uma

proteína semelhante ao do Sars-CoV-2, e é isso que estimula a resposta do nosso sistema imunológico.

A Coronavac, por sua vez, usa uma versão inativada do vírus.

A vacina da Pfizer usa a nova tecnologia RNA mensageiro,

que você talvez já tenha visto escrita por aí como mRNA.

Isso significa que cientistas usam só um pequeno fragmento do código genético do vírus,

que conseguiram criar em laboratório. É a mesma tecnologia utilizada pelo imunizante da Moderna.

Essas vacinas de RNA mensageiro têm um custo menor de produção,

embora exijam temperaturas bem baixas para o armazenamento. E,

o que é melhor, têm sido mais eficazes em uma proteção rápida contra o coronavírus.

Mas só o tempo dirá se a proteção que elas oferecem será duradoura.

É isso! Espero que vocês tenham gostado. Muito obrigada e até a próxima!

Imunidade contra a covid-19: como funciona e por que diminui com o tempo Immunity against covid-19: how it works and why it wanes over time Immunité contre le covid-19 : comment fonctionne-t-elle et pourquoi diminue-t-elle avec le temps ? コビド-19に対する免疫:どのように働くのか、なぜ時間の経過とともに衰えるのか Імунітет проти ковід-19: як він працює і чому з часом слабшає

Muitas vacinas têm sido desenvolvidas ao redor  do mundo para tentar frear o avanço da covid-19.

O objetivo de todas elas é o de  ajudar a nos defender do coronavírus.

Para isso, elas induzem nosso  corpo a produzir anticorpos,

que circulam no nosso sistema sanguíneo  e atacam o vírus caso ele consiga entrar. that circulate in our bloodstream and attack the virus if it manages to get in.

O que não se sabe ainda é por quanto tempo  essa imunidade dura. Os estudos mais recentes

mostram que o volume de anticorpos decai  de forma relativamente rápida quando somos

infectados e nos recuperamos - ou seja, quando  desenvolvemos esses anticorpos de forma natural.

Resta saber ainda como a resposta imunológica  gerada pelas vacinas vai se comportar com o tempo.

Meu nome é Camilla Veras Mota, e  neste vídeo explico como funciona

a resposta imunológica de  curto, médio e longo prazo.

Steven Smith, que é professor de Ciências  Biomédicas da Universidade de Brunel,

em Londres, escreveu um artigo sobre  isso – e é nele que nos baseamos aqui.

Bom, então vamos começar por um  componente importantíssimo do

nosso sistema imunológico - os anticorpos,  que estão lá na linha de frente e atuam

diretamente contra eventuais agentes invasores.

Os anticorpos são proteínas  e, por isso, não duram para

sempre. Elas geralmente são eliminadas  do nosso corpo depois de alguns meses.

Mas as células que produzem os  anticorpos têm memória. Aliás,

nosso organismo tem uma capacidade incrível  de lembrar de encontros antigos com vírus,

bactérias e outras ameaças  e saber como se proteger.

Essa memória reside nos glóbulos  brancos conhecidos como linfócitos.

Funciona assim: Quando nosso corpo se  depara com uma ameaça - de um vírus,

por exemplo - ou passa por uma simulação dessa  invasão, que é o princípio por trás das vacinas,

esses linfócitos são chamados para o confronto  e produzem anticorpos para atacar o invasor.

Depois desse combate, “versões de memória”  dessas células permanecem no nosso corpo.

Elas ficam de prontidão para  o caso de um futuro encontro They are on standby in case of a future encounter.

com o mesmo agente que ela acabou de derrotar. mit demselben Agenten, den sie gerade besiegt hatte.

É por isso que se você pegar covid-19  e conseguir se recuperar, seu corpo vai

ficar imune ao coronavírus por algum tempo. E  acontece a mesma coisa quando somos vacinados.

Mas por que essa proteção pode  desaparecer ou diminuir no longo prazo? Aber warum könnte dieser Schutz auf lange Sicht verschwinden oder abnehmen?

Quando nós recebemos anticorpos  passivamente, através do leite materno,

por exemplo, a proteção não dura  muito. Pra que ela seja longeva, zum Beispiel, hält der Schutz nicht lange an. Damit er anhält,

é preciso que o nosso corpo produza  anticorpos por conta própria. unser Körper muss selbst Antikörper produzieren.

Isso tem a ver com o mecanismo de funcionamento  daqueles linfócitos que eu mencionei há pouco.

Mais especificamente, um tipo  conhecido como linfócito B.

Quando o nosso corpo percebe a presença de  uma ameaça - ainda que ela seja simulada,

como no caso das vacinas -, esses linfócitos B  sofrem uma diferenciação e viram plasmócitos, wie im Falle von Impfstoffen - diese B-Lymphozyten differenzieren sich und werden zu Plasmazellen,

que são verdadeiras fábricas de anticorpos.

O problema é que quando a infecção é eliminada  do corpo, as células B param de se transformar

em plasmócitos. E a fábrica de anticorpos  fica com menos funcionários, digamos. in Plasmazellen. Und die Antikörperfabrik hat sozusagen weniger Mitarbeiter.

Mas tem uma boa notícia.

Algumas dessas células plasmáticas podem  permanecer por bastante tempo no nosso

organismo. Elas são chamadas, não por acaso de  células plasmáticas de longa vida, as LLPCs, Organismus. Sie werden nicht zufällig als langlebige Plasmazellen (LLPCs) bezeichnet,

na sigla em inglês - que são a  chave da imunidade mais duradoura.

Elas nem sempre são produzidas após uma infecção,  mas se o forem, podem viver por longos períodos Sie werden nicht immer nach einer Infektion produziert, aber wenn sie produziert werden, können sie lange Zeit überleben.

na nossa medula óssea, produzindo e  liberando anticorpos de boa qualidade. in our bone marrow, producing and releasing good quality antibodies.

Mas a ciência ainda não entende completamente as

melhores condições imunológicas para  estimular a produção dessas células.

Outra coisa que os cientistas também têm  estudado é qual o efeito dos diferentes

tipos de vacinas sobre a resposta  do nosso sistema imune. Isso porque

os anticorpos gerados após tomarmos  vacina contra o tétano e a difteria,

por exemplo, duram menos que os criados depois  da vacinação contra sarampo, caxumba e varíola. for example, they last less than those created after vaccination against measles, mumps and smallpox.

E isso acontece porque elas são  vacinas de tipos diferentes.

As de tétano e difteria contêm  apenas proteínas isoladas, ou seja,

versões modificadas das toxinas produzidas  pelas bactérias do tétano e da difteria. modifizierte Versionen der von Tetanus- und Diphtherie-Bakterien produzierten Toxine.

Já no caso do sarampo, caxumba e varíola, as  vacinas usam versões atenuadas do vírus - eles

estão ativos, mas são enfraquecidos a  ponto de não conseguirem provocar a doença.

E o fato é que essas vacinas  que usam o vírus ativo parecem

manter a resposta imune por mais tempo.

Isso tem a ver com a persistência, digamos  assim, do imunizante no corpo, que encoraja

a reposição em curto prazo de células plasmáticas.  As fábricas de anticorpos que mencionei mais cedo.

Também é provável que essas vacinas  produzam células plasmáticas de

longo prazo, as LLPCs, com mais eficiência.

Ainda não existem evidências nesse  sentido para as vacinas contra a covid-19,

que ainda estão sendo estudadas, die noch untersucht werden,

mas vamos aproveitar pra recapitular  rapidamente os diferentes métodos

usados por aquelas que estão  sendo aplicadas aqui no Brasil.

Bom, nenhuma usa o vírus Sars-CoV-2 ativo. A da  Oxford/AstraZeneca utiliza um vírus ativo - mas um

adenovírus, vírus da gripe comum. É uma tecnologia  conhecida como vetor viral não replicante: Adenovirus, das gewöhnliche Grippevirus. Es handelt sich um eine Technologie, die als nicht replizierender viraler Vektor bekannt ist:

esse adenovírus, que não tem capacidade de  se reproduzir no nosso organismo, carrega uma

proteína semelhante ao do Sars-CoV-2, e é isso que  estimula a resposta do nosso sistema imunológico.

A Coronavac, por sua vez, usa  uma versão inativada do vírus. Coronavac hingegen verwendet eine inaktivierte Version des Virus.

A vacina da Pfizer usa a nova  tecnologia RNA mensageiro,

que você talvez já tenha visto  escrita por aí como mRNA. die Sie vielleicht schon einmal als mRNA gelesen haben.

Isso significa que cientistas usam só um  pequeno fragmento do código genético do vírus,

que conseguiram criar em laboratório. É a mesma  tecnologia utilizada pelo imunizante da Moderna.

Essas vacinas de RNA mensageiro  têm um custo menor de produção,

embora exijam temperaturas bem  baixas para o armazenamento. E,

o que é melhor, têm sido mais eficazes em  uma proteção rápida contra o coronavírus.

Mas só o tempo dirá se a proteção  que elas oferecem será duradoura.

É isso! Espero que vocês tenham gostado. Muito obrigada e até a próxima!