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Os Escravos, por Antonio Frederico de Castro Alves, 21º Poema: Mater dolorosa, de Os Escravos, de Castro Alves

21º Poema: Mater dolorosa, de Os Escravos, de Castro Alves

Mater dolorosa

Deixa-me murmurar à tua ali

adeus eterno, em vez de lá chorar

sangue, chorar o sangue! meu

coração sobre meu filho; tu deves

morrer, meu filho, tu deves

morrer.

NATHANIEL LEE

Meu Filho, dorme, dorme o sono eterno

No berço imenso, que se chama - o céu.

Pede às estrelas um olhar materno,

Um seio quente, como o seio meu.

Ai! borboleta, na gentil crisálida,

As asas de ouro vais além abrir.

Ai! rosa branca no matiz tão pálida,

Longe, tão longe vais de mim florir.

Meu filho, dorme Como ruge o norte

Nas folhas secas do sombrio chão!

Folha dest'alma como dar-te à sorte? É tredo, horrível o feral tufão!

Não me maldigas... Num amor sem termo

Bebi a força de matar-te a mim

Viva eu cativa a soluçar num ermo

Filho, sê livre... Sou feliz assim...

- Ave - te espera da lufada o açoite,

- Estrela - guia-te uma luz falaz.

- Aurora minha - só te aguarda a noite,

- Pobre inocente - já maldito estás.

Perdão, meu filho... se matar-te é crime

Deus me perdoa... me perdoa já.

A fera enchente quebraria o vime...

Velem-te os anjos e te cuidem lá.

Meu filho dorme... dorme o sono eterno

No berço imenso, que se chama o céu.

Pede às estrelas um olhar materno,

Um seio quente, como o seio meu.

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21º Poema: Mater dolorosa, de Os Escravos, de Castro Alves 21st Poem: Mater dolorosa, from Castro Alves' The Slaves 21º Poema: Mater dolorosa, de Los esclavos, de Castro Alves 21e poème : Mater dolorosa, extrait de Les esclaves, de Castro Alves

Mater dolorosa

Deixa-me murmurar à tua ali

adeus eterno, em vez de lá chorar

sangue, chorar o sangue! meu

coração sobre meu filho; tu deves

morrer, meu filho, tu deves

morrer.

NATHANIEL LEE

Meu Filho, dorme, dorme o sono eterno

No berço imenso, que se chama - o céu.

Pede às estrelas um olhar materno,

Um seio quente, como o seio meu.

Ai! borboleta, na gentil crisálida,

As asas de ouro vais além abrir.

Ai! rosa branca no matiz tão pálida,

Longe, tão longe vais de mim florir.

Meu filho, dorme Como ruge o norte

Nas folhas secas do sombrio chão!

Folha dest'alma como dar-te à sorte? É tredo, horrível o feral tufão!

Não me maldigas... Num amor sem termo

Bebi a força de matar-te a mim

Viva eu cativa a soluçar num ermo

Filho, sê livre... Sou feliz assim...

- Ave - te espera da lufada o açoite,

- Estrela - guia-te uma luz falaz.

- Aurora minha - só te aguarda a noite,

- Pobre inocente - já maldito estás.

Perdão, meu filho... se matar-te é crime

Deus me perdoa... me perdoa já.

A fera enchente quebraria o vime...

Velem-te os anjos e te cuidem lá.

Meu filho dorme... dorme o sono eterno

No berço imenso, que se chama o céu.

Pede às estrelas um olhar materno,

Um seio quente, como o seio meu.