Pronto! Acho que a gente conseguiu!
O que foi, meu filho?
A gente acabou de escapar dos zumbis,
está com essa cara por quê?
Mãe, eu acho...
Eu acho que eu quero virar zumbi também.
Você quer o quê, Carlos Augusto?
Tu está doido, garoto?
Mãe, todo mundo nesse mundo é zumbi, menos a gente.
Todo mundo é zumbi, quer virar zumbi também.
Se todo mundo pular da ponte, vai pular da ponte também, né?
É claro que eu vou pular...
Sendo zumbi, não tem o menor problema pular da ponte, mãe.
Olha só, Carlos Augusto!
Eu não criei filho pra virar zumbi,
ficar vagabundeando por aí o dia inteiro, tá?
Mãe, a gente passa o dia todo fugindo, mãe!
Se a gente vira zumbi em um mundo em que todo mundo é zumbi,
pronto!
Paz!
O problema é quando tem a gente.
Entre eles, não tem problema nenhum.
Está ficando igualzinho ao teu pai, né?
Só porque ele virou zumbi, nunca mais voltou!
Eu te educo, te ensinei a matar, te dei as armas que você me pediu.
Eu te ensinei a dirigir trator, tá?
Passo os meus dias esfregando essas tuas roupas cheias de sangue!
E é assim que você me trata!
Mãe, você lembra como eu era antes da epidemia?
Claro que eu lembro!
O dia inteiro trancado naquele quarto escuro,
jogando no computador, assistindo YouTube. Ridículo!
E você falava que eu era um...
Zumbi.
Está vendo? Eu já era zumbi antes de virar modinha!
Eu não quero saber, Carlos Augusto!
Quando você tiver 18 anos, você pode virar zumbi,
pode virar gnomo, pode virar conde, o que você quiser!
Agora estou dizendo que não!
-E a tatuagem na costela? -Só por cima do meu cadáver!
Mas não tem cadáver! Ou está vivo ou é zumbi!
Paciência.