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Embrulha Pra Viagem, MARIDÃO QUARENTENA | EMBRULHA PRA VIAGEM

MARIDÃO QUARENTENA | EMBRULHA PRA VIAGEM

E aí?

Como é que tá a quarentena?

Mais de três meses e meio. E a gente aqui, firme.

Família grande, apartamento minúsculo.

Mas eu tô aí, dando meu relax.

Sozinho. Trancado dentro do banheiro.

Antes da quarentena pra eu ficar sozinho,

eu inventava que ia no supermercado,

fingia que ia jogar futebol, que ia correr, ir na musculação.

Agora, pra eu ficar sozinho, eu finjo que eu vou cagar.

Funciona. Eu só tenho que falar baixinho,

porque se eles escutam eu conversar,

acham que eu não tô fazendo nada, me botam pra trabalhar.

Mas eu só tenho a agradecer à pandemia.

Porque antes, em relação aos serviços domésticos,

eu sempre falei pra minha esposa que era uma coisa fácil.

E agora eu tive a oportunidade de provar.

Porque eu tô desempregado e ela tá fazendo home office.

Pra vocês terem uma ideia,

sabe aquele livro que você nunca leu?

Aquele filme que você queria assistir?

Então, eu ainda não consegui.

Mas você não faz ideia do que é a emoção

de lavar uma banana com casca, um saco de batata palha,

cortar o cabelo dos seus filhos e o seu filho tentar cortar o seu.

Fora a velocidade que eu desenvolvia pra fazer o serviço de casa.

São nove da manhã, acordei às seis.

Fiz café pra todo mundo, lavei a louça do jantar,

coloquei o lixo, coloquei o feijão no fogo.

Acumulou a louça do café da manhã, lavei.

Piquei batata e tomate, coloquei a roupa de molho.

esterilizei a máscara, lavei a salada,

lavei a bunda do nenê que fez cocô.

Fui encontrar fralda no armário,

encontrei um ninho de barata.

Taquei veneno.

Peguei o brócolis, taquei na panela.

Peguei a carne congelada, taquei no microondas.

Peguei a fralda lotada, taquei na privada.

Veio o maior em cima, fez cocô.

Entupiu. Eu fui lá, desentupi.

Era o tempo pro feijão queimar e a carne esturricar.

Desliguei. Respirei.

E pedi pra cagar.

E agora tô aqui, curtindo minha privacidade.

Paulo, quê você tá fazendo no banheiro?

Quer dizer, privacidade é uma coisa que você aprende a desapegar.

Na quarentena.

Eu tô só finalizando as minhas necessidades, amor.

Nossa, trinta minutos?!

É merda que não acaba mais!

Pudor também é uma coisa que você aprende a desapegar.

Eu lembro que antes eu soltava um punzinho,

Era engraçado.

Servia pra esquentar a relação.

Mas agora...

Que saco, mãe. Quem tá no banheiro?

É seu tio. Deve estar com prisão de ventre.

Não é tio, não. É marido.

Eu não sei se isso tá acontecendo com vocês.

Mas a minha esposa pensa

que eu sou primo, sobrinho, irmão, pai.

Eu sou todo mundo menos o marido.

Não aperta a descarga que eu quero ver a cor desse cocô!

-Agora é mãe. -Quero ver se tem fibra!

Eu não aguento mais você acordar com gases

dizendo que é infarto!

Lembrou que eu sou marido.

Quer dizer, de repente, sexo?


MARIDÃO QUARENTENA | EMBRULHA PRA VIAGEM

E aí?

Como é que tá a quarentena?

Mais de três meses e meio. E a gente aqui, firme.

Família grande, apartamento minúsculo.

Mas eu tô aí, dando meu relax.

Sozinho. Trancado dentro do banheiro.

Antes da quarentena pra eu ficar sozinho,

eu inventava que ia no supermercado,

fingia que ia jogar futebol, que ia correr, ir na musculação.

Agora, pra eu ficar sozinho, eu finjo que eu vou cagar.

Funciona. Eu só tenho que falar baixinho,

porque se eles escutam eu conversar,

acham que eu não tô fazendo nada, me botam pra trabalhar.

Mas eu só tenho a agradecer à pandemia.

Porque antes, em relação aos serviços domésticos,

eu sempre falei pra minha esposa que era uma coisa fácil.

E agora eu tive a oportunidade de provar.

Porque eu tô desempregado e ela tá fazendo home office.

Pra vocês terem uma ideia,

sabe aquele livro que você nunca leu?

Aquele filme que você queria assistir?

Então, eu ainda não consegui.

Mas você não faz ideia do que é a emoção

de lavar uma banana com casca, um saco de batata palha,

cortar o cabelo dos seus filhos e o seu filho tentar cortar o seu.

Fora a velocidade que eu desenvolvia pra fazer o serviço de casa.

São nove da manhã, acordei às seis.

Fiz café pra todo mundo, lavei a louça do jantar,

coloquei o lixo, coloquei o feijão no fogo.

Acumulou a louça do café da manhã, lavei.

Piquei batata e tomate, coloquei a roupa de molho.

esterilizei a máscara, lavei a salada,

lavei a bunda do nenê que fez cocô.

Fui encontrar fralda no armário,

encontrei um ninho de barata.

Taquei veneno.

Peguei o brócolis, taquei na panela.

Peguei a carne congelada, taquei no microondas.

Peguei a fralda lotada, taquei na privada.

Veio o maior em cima, fez cocô.

Entupiu. Eu fui lá, desentupi.

Era o tempo pro feijão queimar e a carne esturricar.

Desliguei. Respirei.

E pedi pra cagar.

E agora tô aqui, curtindo minha privacidade.

Paulo, quê você tá fazendo no banheiro?

Quer dizer, privacidade é uma coisa que você aprende a desapegar.

Na quarentena.

Eu tô só finalizando as minhas necessidades, amor.

Nossa, trinta minutos?!

É merda que não acaba mais!

Pudor também é uma coisa que você aprende a desapegar.

Eu lembro que antes eu soltava um punzinho,

Era engraçado.

Servia pra esquentar a relação.

Mas agora...

Que saco, mãe. Quem tá no banheiro?

É seu tio. Deve estar com prisão de ventre.

Não é tio, não. É marido.

Eu não sei se isso tá acontecendo com vocês.

Mas a minha esposa pensa

que eu sou primo, sobrinho, irmão, pai.

Eu sou todo mundo menos o marido.

Não aperta a descarga que eu quero ver a cor desse cocô!

-Agora é mãe. -Quero ver se tem fibra!

Eu não aguento mais você acordar com gases

dizendo que é infarto!

Lembrou que eu sou marido.

Quer dizer, de repente, sexo?