03.07.23-Brasil rumo à Copa do Mundo feminina
Goleras, Leticia Isidoro, Corinthians, Camila Santos, Bárbara Flamengo.
Esta é a voz de Pia Sunghai, a técnica da Seleção Brasileira de Futebol.
Bruninha, Gotham City, Kathleen, Real Madrid, Laurine, Mônica, Madrid CFF.
E os nomes que você ouve são das 23 atletas convocadas para a Copa do Mundo Feminina,
que será disputada entre 20 de julho e 20 de agosto na Austrália e na Nova Zelândia.
O grupo embarca nesta segunda-feira em busca do Mundial, um título ainda inédito para o Brasil.
Benfica, Bia Sanerato, Palmeiras, Gabi Nunes, Dibinha, Kansas City e Marta Orlando Pride.
Acho que vai ser a maior Copa de todos os tempos.
A gente vê pela cobertura da mídia, de como está sendo a venda de ingressos na Austrália,
de como eles estão preparando a Copa.
Então, vai ser uma Copa para entrar para a história.
E o Brasil espera fazer o nosso melhor e chegar na final, se Deus quiser.
A gente vai lá para alegrar vocês e vocês vão acordar felizes e empolgados para mais um.
Time com número recorde de novatas.
A renovação da seleção está em curso.
11 jogadoras convocadas hoje nunca estiveram numa Copa.
Esse número pula para 14, com as três substitutas para casos de lesão no grupo principal.
Mas mantendo a experiência consagrada daquela que é a maior artilheira de todos os tempos da competição.
O último nome dessa lista de 23 jogadoras que vão para a Copa do Mundo
é a cara da seleção brasileira feminina há duas décadas.
Aos 37 anos, Marta, eleita seis vezes a melhor do mundo, vai para a sexta Copa dela.
Ainda imprescindível, mas, aparentemente, com um papel novo no time.
A Pia disse que ainda não sabe se a Marta vai ser titular ou não.
Mas tem 100% de certeza.
A rainha vai cumprir o papel que a técnica der para ela.
Da redação do G1, eu sou Natuzaneri e o assunto hoje é
a Copa do Mundo feminina.
No dia em que a seleção brasileira embarca em busca do título inédito,
eu converso com Renata Mendonça, comentarista de futebol da TV Globo.
Segunda-feira, 3 de julho.
Renata, a seleção que embarca para uma Copa do Mundo é a primeira com tantas jogadoras novas,
mas da metade nunca disputou uma Copa.
Então, ao mesmo tempo, tem nomes experientes, como a Marta, a Debinha, a Rafaelha, a Tamiris.
Mas eu queria te perguntar, o que essa seleção híbrida, mas com uma parte tão jovem,
diz sobre o estado do futebol feminino brasileiro?
Acho que essa seleção representa a transformação que o futebol vive entre as mulheres aqui no Brasil.
Se a gente antes dependia muito de talentos que precisavam resistir, insistir, persistir,
para jogar futebol, como a Marta, que precisou sair de dois reaixos de Alagoas com 14 anos,
pegar um ônibus sozinha, vir para o Rio de Janeiro para jogar bola num clube
que depois fechou as portas para o futebol feminino.
E ela teve que ir lutando contra a lógica, vamos dizer assim.
Hoje o processo é um pouquinho menos tortuoso.
E essa seleção, ela mescla isso, mescla jogadoras que passaram por dificuldades absurdas,
jogadoras que não puderam sonhar em ser jogadoras.
Eram mulheres, eram meninas que cresceram com esse desejo de jogar futebol,
com o talento para jogar futebol, mas que eram proibidas de sonhar,
porque o futebol não era um sonho possível para elas.
E agora, para essa nova geração, eu citaria por exemplo a Ari, que é a Eroline, jogadora de 23 anos,
e até mesmo a Aline Gomes, que está na lista de suplente, tem só 17 anos.
Para essas meninas, o futebol é um sonho possível.
Eu conversando com a Rafael, umas semanas atrás, que é a zagueira de mais de 30 anos da seleção brasileira,
está indo para mais uma Copa do Mundo, ela falava que quando ela cresceu no interior da Bahia,
ela sonhava em ser engenheira, porque ela achava que o futebol não podia ser uma profissão para ela,
que nunca ia ser uma profissão para ela.
E hoje, todos os sonhos que ela está realizando são por meio do futebol.
E no caso da Aline, conversando com ela essa semana, ela disse, ela com 17 anos,
que com 8 anos as pessoas perguntavam o que você quer ser quando crescer,
e ela dizia jogadora de futebol, porque isso já era uma possibilidade para uma menina como ela.
Incrível esse relato.
Conta para a gente, Renata, quais são as seleções favoritas,
o que a gente pode esperar do desempenho do Brasil?
O Brasil hoje está em oitavo no ranking da FIFA,
então tem algumas seleções na frente e tem muito a ver esse passo à frente que as outras seleções estão,
tem muito a ver com o investimento em categorias de base,
com o desenvolvimento do futebol feminino justamente entre as meninas,
que é algo que é muito tardio aqui no Brasil.
Eu colocaria como favoritos para essa Copa do Mundo,
Estados Unidos, por lá, o futebol é coisa de menina,
então qualquer menina que nasce nos Estados Unidos,
ela vai ter a oportunidade de jogar bola se ela quiser.
No Brasil, segundo dados oficiais, apenas 1% dos jogadores registrados são mulheres,
não profissionais, amadores, apenas 1% mulheres e meninas,
e nos Estados Unidos são 40%,
então os repórteres americanos e os torcedores americanos que estão no Brasil estão surpresos com isso,
porque aqui nos Estados Unidos é um esporte, como a gente viu, 40%,
muito popular entre as mulheres, inclusive quase todas as escolas onde tem futebol, as meninas jogam.
E isso faz com que as americanas tenham uma seleção que se renova a cada ciclo,
são muitos talentos, são muitas jogadoras de nível internacional,
e que quando uma está se aposentando, já tem muitas outras surgindo,
e essa seleção é muito forte também mentalmente, até porque já é tetracampeã do mundo,
então vai chegar forte de toda forma, mesmo com um ciclo um pouco mais instável dessa vez.
Inglaterra, atual campeã europeia, tem uma história muito interessante,
porque o Brasil tem a ver com o desenvolvimento da Inglaterra no futebol feminino,
pelo fato de que Brasil e Inglaterra jogaram na Olimpíada de 2012 em Londres, em Wembley lotado,
e isso despertou a federação inglesa de futebol para o investimento no futebol feminino,
e aí houve uma série de ações para desenvolver centro de treinamento para as mulheres,
para fortalecer a liga inglesa, que hoje é uma das mais fortes do mundo,
e a Inglaterra foi campeã da Eurocopa no ano passado com um recorde de público em Wembley.
E eu vou mostrar para vocês agora a primeira edição da finalíssima,
uma decisão que reuniu o Brasil, que é o campeão da Copa América, e a Inglaterra, campeã da Eurocopa.
A primeira finalíssima da história foi resolvida nos pênaltis.
Chloe Kelly bateu forte e garantiu o título para a Inglaterra.
Apesar da derrota, o saldo da finalíssima foi positivo.
A atuação no segundo tempo e a personalidade demonstrada diante da excelente equipe da Inglaterra
em um estádio como esse, absolutamente lotado,
fizeram com que a seleção brasileira saísse fortalecida daqui.
Temos também, a Alemanha foi vice-campeã europeia, justamente perdendo a final para a Inglaterra no ano passado.
É uma seleção sempre muito forte, que também tem muitos talentos,
e que o Brasil ganhou da Alemanha, tá? Recentemente, em abril, então dá para a gente se animar.
2x1 para o Brasil em cima da seleção que atualmente está em segundo lugar no ranking da FIFA.
Fazia mais de três anos que o Brasil não conseguia vencer uma das cinco melhores seleções do mundo,
e essa vitória veio num momento certo.
Um pensamento muito positivo de que a gente chega muito forte para a Copa do Mundo.
E além da Alemanha, eu coloco a Suécia, porque a Suécia é um time que sempre foi muito forte, né?
Tem uma seleção também de jogadoras experientes que estão batendo na trave há algum tempo,
foram vice-campeãs olímpicas.
Aliás, a Suécia venceu o Brasil na Olimpíada de 2016, né?
Quando ela era comandada pela Pia Sonuhag, que hoje está do nosso lado.
A Suécia foi vice-campeã olímpica em 16 e em 2020, né?
21, que no caso foi Tóquio.
E foi também terceiro lugar da Copa de 2019.
Então é uma seleção que está batendo na trave e está querendo muito uma conquista maior.
Aí acredito nesses quatro países aí como grandes favoritos.
Tem a França, que pode dar um grande trabalho, está no nosso grupo, né?
Este será o primeiro Mundial Feminino com 32 seleções.
As brasileiras estão no Grupo F, com a cabeça de chave França,
além da Jamaica e Panamá, nosso adversário de estreia, dia 24 de julho.
É uma seleção muito forte também, que acabou de trocar de treinador,
mas essas quatro primeiras aí para mim despontam como grandes favoritas.
Espera um pouquinho que eu já volto para falar com a Renata.
Bom, já que você citou a rainha, não dá para falar de seleção sem falar da Marta.
Ela aos 37 anos está indo para a sexta Copa do Mundo dela.
É uma atleta completamente fora da curva, Renata.
Mesmo assim, até muito pouco tempo atrás,
os gols da Marta e de outras jogadoras sequer eram contabilizados pela CBF, né?
O que é um contrassenso, né?
Você pode falar um pouco sobre a importância de ter a Marta no elenco?
Ela que é referência para tantas Alines, né?
Eu tenho certeza que a Aline só pôde sonhar em ser jogadora,
porque existia lá uma Marta derrubando tudo pela frente
e construindo essa história de referência.
Você sabe, Natuza, que nessa conversa com a Aline,
ela faz aniversário essa semana agora, no início de julho, né?
E elas viajam para a Copa do Mundo juntas,
e ela vai estar no grupo junto com a Marta.
E ela falou para mim,
eu não acredito que a Marta vai me dar parabéns no meu aniversário.
Então ela está vivendo essa expectativa de encontrar com a Marta a primeira vez,
porque ela foi convocada para a seleção principal nesses jogos de abril, né?
Entre a Inglaterra e a Alemanha, e a Marta teve que ser cortada,
teve que sentir uma lesão muscular na época.
Então ela está vivendo essa expectativa.
E a Marta é exatamente isso, ela é um símbolo do futebol feminino, né?
A gente compara muito com o Pelé,
porque quando você fala de futebol brasileiro, você fala de Pelé.
E quando você fala de futebol entre as mulheres no Brasil,
você tem que falar de Marta.
Para quem tem seis prêmios de melhor jogadora de futebol do mundo,
ser o centro das atenções é rotina.
Mas a rotina da Marta mesmo é abrir caminhos para as mulheres no futebol.
Ela é a primeira a entrar para o rol da fama do Maracanã,
lugar onde Pelé, Garrincha e tantos outros craques foram eternizados.
Faltava a rainha.
Tem uma carta que ela escreve para a Marta, de 14 anos, que ela fala assim,
Por que Deus você me deu esse talento se eu não posso utilizá-lo?
E acho que esse é o símbolo da Marta,
porque ela de fato era uma jogadora muito talentosa,
uma menina que gostava de jogar bola e que não podia fazer isso.
Aí ela vem para o Rio de Janeiro, vem para jogar no Vasco com o time adulto,
ela tinha 14 anos, dois dias de viagem num ônibus.
Ela chega aqui e passa um ano e o Vasco encerra as atividades do futebol feminino.
Então ela tem que buscar outro lugar.
Daqui a pouco ela vai parar na Suécia,
que era a possibilidade, a porta que se abriu para ela,
ela sozinha na Suécia com 17 anos.
Então quantos nãos essa mulher não teve que ouvir
até que ela chegasse hoje a ser essa jogadora referência no mundo inteiro,
para que as mulheres do mundo inteiro, para as pessoas do mundo inteiro
olhassem para ela com essa reverência que hoje se olha como rainha Marta.
E acho que a gente vai ver uma Copa do Mundo especial,
porque deve ser a última Copa do Mundo dela
e as jogadoras falam muito sobre dar tudo dentro de campo
para justamente premiar a Marta,
para que seja realmente uma experiência para ela diferente,
sem tanto choro, sem tanta decepção,
aquela coisa de você lutar, lutar, lutar e não conseguir,
como aconteceu na Copa do Mundo de 2007,
quando o Brasil foi vice-campeão mundial, sem nenhum apoio.
As jogadoras sobem ao pódio, elas escreveram na folha de um travesseiro
Brasil precisamos de apoio para o futebol feminino.
E a Marta estava ali, esse era o início da trajetória da Marta,
a segunda Copa do Mundo dela.
São os segundos finais de um jogo histórico para o futebol feminino.
O Brasil chega a final, guiado pelo talento da Marta,
numa atuação de gala, numa atuação mágica.
4x0 Brasil, 0x0 Estados Unidos.
E naquele momento a perspectiva era nenhuma.
A primeira competição de futebol feminino nacional surgiu depois,
justamente desse vice-campeonato mundial,
ou seja, as meninas realmente não tinham nada naquela época
e conquistaram o vice-campeonato.
E hoje, depois de muita luta, a gente começa a ter possibilidades.
Então imagina para a Marta que viveu tudo isso lá atrás,
hoje, finalmente, poder ver as coisas acontecerem
e meninas como a Aline sonharem,
e esse sonho ser possível de ser realizado, ser jogadora de futebol.
Se você olhar para o passado, a Copa masculina tem 100 anos de história,
a feminina tem 30.
Até 1979, as mulheres eram proibidas de jogar futebol aqui no Brasil,
de jogar no Brasil.
E essa vai ser a primeira vez em que o time brasileiro tem um traje especial,
uma coisa que já é comum na seleção masculina.
Vou aqui com mais dados.
Até 2019, Renata, não havia sequer coletiva de imprensa
para anunciar as jogadoras convocadas.
Olha só quanto tempo a gente demorou
e quanto mulheres como a Marta foram importantes para mudar essa história.
Na convocação para a Copa, a técnica Pia se surpreendeu
com a quantidade de jornalistas presentes.
Então eu te pergunto, na sua avaliação,
tem havido uma mudança no tratamento dado ao futebol feminino?
Essa mudança é uma mudança divulta a contar com o tão pouco tempo
que a gente tem de chamar a atenção das pessoas para as mulheres no futebol?
Acho que é uma mudança muito significativa e dessa vez eu realmente acredito
que é uma mudança que veio para ficar.
Porque acho que em outros momentos, até mesmo, por exemplo, na Copa de 2007,
quando veio essa conquista de um vice-campeonato,
que ninguém esperava, Brasil vice-campeão mundial,
se falava, não, agora que conquistou um pódio da Copa do Mundo,
agora as coisas vão mudar.
Mas as coisas não mudavam.
Só que hoje a gente tem um alicerce muito mais consolidado.
Porque, por exemplo, se a gente liga a televisão constantemente,
sabe, num fim de semana, num domingo,
você vai ver futebol feminino além do futebol masculino.
A Zanotti passa por trás das defensoras do Cruzeiro,
da Luana para a Gabi Portilho,
da Portilho para a Zanotti,
da Zanotti para o fundo da rede,
mexe no placar em Moriaé,
o Corinthians larga na frente...
Se você liga a televisão para acompanhar um canal esportivo,
hoje as mulheres fazem parte desse dia a dia de debate esportivo.
Então, essa mensagem de que futebol é coisa de homem ou de menino,
ela está ficando obsoleta.
Porque como é que você vai falar isso para as suas filhas, por exemplo?
Você vai falar, não, filha, você não pode jogar futebol,
porque futebol é coisa de menino.
Se você liga a televisão e você vê mulheres jogando?
Não tem, isso cai por terra.
E eu acho que essa transformação que a gente está vendo
passa muito pela nossa parte, pela grande mídia,
pelo fato de que a gente está dando visibilidade,
essa coletiva de imprensa lotada com a convocação da seleção,
ela mostrou que tinha muita gente ali acompanhando a seleção,
que fazia perguntas, não só perguntas desconexas da realidade,
não, as pessoas estavam perguntando ali,
poxa, por que a Mônica Zagueira foi convocada?
Por que a Bárbara Goleira voltou para a seleção se não tinha sido convocada até então?
Ficou uma coisa muito parecida com o que a gente vê no futebol masculino,
que as pessoas acompanham o dia a dia da seleção masculina
e questionam o treinador sobre aquilo que está acontecendo,
poxa, por que convocou esse e não aquele?
E na feminina esse debate não existia.
Pela primeira vez a seleção feminina vai viajar com uma roupa social feita sob medida,
porque até então só os homens tinham traje de viagem para exibir nos grandes eventos.
Um cuidado que a gente percebe que eles estão tendo com a gente,
e sem dúvida alguma isso também dá um gás para a gente poder demonstrar também
que a gente mereceu isso há muito tempo atrás e não só agora.
Então é importante que exista justamente para que a gente cobre desenvolvimento.
Então hoje as pessoas acompanham mais de perto, as pessoas sabem mais o que está acontecendo,
o futebol feminino faz mais parte da vida das pessoas,
ele faz parte da pauta do jornalismo esportivo brasileiro.
Talvez precisasse fazer mais parte ainda, mas a gente está no processo.
Era isso que eu queria te perguntar, o que você acha que ainda precisa melhorar urgentemente?
Eu acho que justamente esse dia a dia, porque a gente fala às vezes ainda esporadicamente do futebol feminino,
eu não estou querendo aqui que seja a mesma coisa do masculino,
não tem como hoje você comparar uma coisa que existe há só 30 anos com algo que é parte do nosso dia a dia.
Ah, sim, é diferente, são contextos distintos, mas seria muito mais fácil se não houvesse tanta resistência,
resistência de todas as partes, da confederação que organiza os campeonatos,
dos clubes que às vezes insistem em boicotar as jogadoras, colocar os jogos para acontecer em estádios distantes,
não divulgar para sua torcida, a televisão que pode colocar os jogos nos melhores horários possíveis
para justamente atrair os torcedores.
Eu acho que se todo mundo jogasse junto em vez de jogar contra, a gente conseguiria crescer muito mais.
Mas essa Copa do Mundo para mim vai ser um segundo passo na transformação do futebol feminino aqui.
E agora acho que os olhares estão no futebol feminino, acho que principalmente para nós brasileiros
que a gente não vem tendo tanto sucesso na seleção masculina, agora a gente tem mais uma chance,
a esperança da seleção feminina conseguir colocar essa estrela aqui no peito.
Em 2019 as pessoas descobriram a Copa do Mundo feminina, descobriram a seleção feminina,
agora essa seleção vai fazer parte da vida delas, o futebol das mulheres vai fazer parte da vida delas,
porque continua, vai acabar a Copa, a gente vai vir com mata-mata, semifinal do Campeonato Brasileiro Feminino,
a gente vai transmitir grandes jogos, então acho que vai fazer cada vez mais parte da vida das pessoas.
E a partir daí a gente vai ver a mudança real, que é o seguinte, nasceu um menino ou nasceu uma menina,
a bola de futebol pode fazer parte da vida desses dois seres humanos igualmente.
E Renata, para finalizar, um exemplo concreto de como o futebol feminino está avançando
é a existência de campeonatos para as categorias de base.
Que diferença isso faz para o futuro da seleção?
A grande diferença é que o futebol vira uma possibilidade para as meninas,
porque se antigamente você queria, eu por exemplo, eu tenho 34 anos,
quando eu estava crescendo na minha escola eu não tinha possibilidade de jogar futebol,
eu não tinha escolinha de futebol para jogar, essa possibilidade de pensar assim,
poxa, quero ser jogadora de futebol, isso não existia para mim.
Para o meu irmão existia, o meu irmão fez escolinha, o meu irmão não chegou a fazer teste de peneira de futebol,
mas se ele quisesse ele poderia ter feito.
Para mim não existia essa peneira, ah, quero jogar num clube,
quero começar uma carreira para um dia ser atleta de futebol, isso não existia.
Hoje quando você começa a ter campeonatos, sub-17, no caso o Campeonato Brasileiro, sub-17 e sub-20,
você tem campeonatos estaduais como o Campeonato Paulista, sub-15 inclusive,
a menina que tem 10, 11, 12 anos de idade, ela vai buscar um clube,
apesar de ser difícil, ainda não tem muitos, mas tem.
Então a menina começa a jogar futebol com 12, 13 anos,
ela já começa a ser inserida nesse meio do campo de futebol,
ela começa a aprender o que é tática, o que é o jogo de futebol aplicado dentro de um campo,
e não só na quadra, porque a dimensão é muito diferente,
você chega muito mais pronta para quando você vai num futebol adulto,
para quando você vai numa seleção principal,
então você consegue fomentar talentos,
porque se você não tem essa possibilidade, a menina que pode ser muito boa jogadora,
ela vai parar em algum momento.
Se a gente transforma o futebol nessa possibilidade de carreira para as meninas desde cedo,
você vai parar de perder talentos.
A Marta podia ter parado, a gente poderia ter perdido a Marta,
a gente não perdeu porque ela persistiu, mas a gente deu zero condições para ela continuar.
Se a gente der o mínimo de condições, será que a gente não vai ter muitas outras Martas surgindo?
E eu acho que é esse o paradigma que a gente precisa quebrar
para a gente ser o país do futebol também para as mulheres.
Renata, não tenho nem como te agradecer,
você tem um lugar aqui no meu coração guardadinho, reservado,
porque foi o primeiro episódio que eu fiz como titular do assunto
e eu fico muito contente quando você volta aqui,
me lembra desse dia especial para mim.
Foi um dia muito especial para mim, me convide sempre,
que é um prazer e uma honra.
Já vou dar o crachá do assunto para você.
Um beijo, obrigada.
Um beijo.
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Eu sou Nath Zaneri e fico por aqui.
Até o próximo Assunto.
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