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Parafernalha, PONTO DE ÔNIBUS | PARAFERNALHA

-Ah não, mané. Rogério Bebezão! -Que isso, Maurição!

-Ô, moleque! -Saudades. Está sumido, hein, rapaz?

Está pegando ônibus com o pessoal agora?

Então, meu carro quebrou.

Ih, rapaz, que situação quebrar carro, hein?

Aí voltei a pegar ônibus, estou vendo que está lotado aqui.

Ah é, isso aí está todo dia assim,

mas logo logo se acostuma, pode ficar tranquilo.

Só pegar um negócio rapidinho aqui na mochila.

-O quê? -Coisa boba.

-Que isso, Rogério? -Isso aqui é uma espada medieval.

Não, tô ligado, mas pra que isso, irmão?

Pra que isso? Maurício, como assim?

A gente está no ponto de ônibus, irmão.

A mulher atrás de você aí está com uma katana.

E o cara que está atrás de mim está com uma besta.

Por que eles estão armados, brother?

Por que eles estão armados? A gente está num ponto de ônibus!

-É pra pegar lugar sentado, óbvio! -Como assim, cara?

Como assim? Segura isso aqui que eu vou te explicar.

Isso aqui é transporte público, Mauriciola.

Onde o filho chora e a mãe não vê, irmão.

Pô, tá maluco? Tu não quer chegar em casa hoje?

Tu não quer ver teu "Jornal nacional"? Tu não quer?

Tu não quer ver tua esposa também?

Tu não quer fazer carinho no teu cachorro?

Tu não quer chegar antes de meia-noite?

Então meu filho! Tem que entrar no ônibus

e deixar algumas coisas pra fora, infelizmente.

-Deixar o que pra fora, cara? -Deixar o que pra fora?

Qualquer pensamento que não seja

sentar no banco de couro sintético do ônibus.

-Qualquer pensamento. -Pô, isso é desumano!

Aí tu reclama com a Prefeitura, não é comigo!

-Vai botar? -Quê? Pra que isso, cara?

Pô, como é que é "pra que isso?", irmão?

Isso aqui é pra causar medo, causar medo nas pessoas!

Olha devagar pra trás de você,

que essa aqui é a Dona Sônia do fuzil.

Essa velha matou dois caras semana passada,

de dois metros de altura, porque ela queria ir na janela.

Só isso! E tinha lugar pra sentar se ela quisesse,

mas ela não quis, não.

-Ela quis ir na janela. -Aquela senhorinha ali?

Aquela senhorinha ali. Está rindo por quê?

-Pô, aquela senhorinha? -Aquela senhorinha.

Para de rir que ela não gosta.

-Para de rir! -Jeová Jireh!

-A velha está com um trabuco. -Obviamente!

A dona só anda com um trabuco, ela tem que ter um trabuco!

Ela vai matar quem, cara? Que isso!

Ela vai matar quem entrar no caminho dela!

Essa velha é assim. Ou você derruba a velha,

ou a velha te derruba. É assim que funciona.

Não, não. Pera aí, bebezão! Segura aqui, só um segundo!

Tem outro jeito. Tem que ter outro jeito.

Não, pera aí. Pessoal, junta aqui!

Olha só, não vamos nos tratar como animais.

Se a gente machuca as pessoas por causa de um assento,

o que vai ser do futuro da sociedade?

Então vamos fazer uma fila, organizar direitinho,

com educação, por favor!

Ele é assim desde a época da escola, rapaz.

Era representante de turma!

Filha da mãe! Presta atenção, presta atenção que aqui é diferente.

É ele!

É ele!

-Pode abrir, pode abrir! -Abre agora!

-Poupa a minha vida agora! -Ô motorista, abre!

Poupa minha vida!

Vai lá, sobe, sobe, sobe!

Agora, sim, agora vai.

É o 342, né? Ih, não é 34...

Ih, está errado. Perdão, desculpa.

Não é esse, não, Maurício. Vambora!

Putz...

Eu vou esperar o próximo.


-Ah não, mané. Rogério Bebezão! -Que isso, Maurição!

-Ô, moleque! -Saudades. Está sumido, hein, rapaz?

Está pegando ônibus com o pessoal agora?

Então, meu carro quebrou.

Ih, rapaz, que situação quebrar carro, hein?

Aí voltei a pegar ônibus, estou vendo que está lotado aqui.

Ah é, isso aí está todo dia assim,

mas logo logo se acostuma, pode ficar tranquilo.

Só pegar um negócio rapidinho aqui na mochila.

-O quê? -Coisa boba.

-Que isso, Rogério? -Isso aqui é uma espada medieval.

Não, tô ligado, mas pra que isso, irmão?

Pra que isso? Maurício, como assim?

A gente está no ponto de ônibus, irmão.

A mulher atrás de você aí está com uma katana.

E o cara que está atrás de mim está com uma besta.

Por que eles estão armados, brother?

Por que eles estão armados? A gente está num ponto de ônibus!

-É pra pegar lugar sentado, óbvio! -Como assim, cara?

Como assim? Segura isso aqui que eu vou te explicar.

Isso aqui é transporte público, Mauriciola.

Onde o filho chora e a mãe não vê, irmão.

Pô, tá maluco? Tu não quer chegar em casa hoje?

Tu não quer ver teu "Jornal nacional"? Tu não quer?

Tu não quer ver tua esposa também?

Tu não quer fazer carinho no teu cachorro?

Tu não quer chegar antes de meia-noite?

Então meu filho! Tem que entrar no ônibus

e deixar algumas coisas pra fora, infelizmente.

-Deixar o que pra fora, cara? -Deixar o que pra fora?

Qualquer pensamento que não seja

sentar no banco de couro sintético do ônibus.

-Qualquer pensamento. -Pô, isso é desumano!

Aí tu reclama com a Prefeitura, não é comigo!

-Vai botar? -Quê? Pra que isso, cara?

Pô, como é que é "pra que isso?", irmão?

Isso aqui é pra causar medo, causar medo nas pessoas!

Olha devagar pra trás de você,

que essa aqui é a Dona Sônia do fuzil.

Essa velha matou dois caras semana passada,

de dois metros de altura, porque ela queria ir na janela.

Só isso! E tinha lugar pra sentar se ela quisesse,

mas ela não quis, não.

-Ela quis ir na janela. -Aquela senhorinha ali?

Aquela senhorinha ali. Está rindo por quê?

-Pô, aquela senhorinha? -Aquela senhorinha.

Para de rir que ela não gosta.

-Para de rir! -Jeová Jireh!

-A velha está com um trabuco. -Obviamente!

A dona só anda com um trabuco, ela tem que ter um trabuco!

Ela vai matar quem, cara? Que isso!

Ela vai matar quem entrar no caminho dela!

Essa velha é assim. Ou você derruba a velha,

ou a velha te derruba. É assim que funciona.

Não, não. Pera aí, bebezão! Segura aqui, só um segundo!

Tem outro jeito. Tem que ter outro jeito.

Não, pera aí. Pessoal, junta aqui!

Olha só, não vamos nos tratar como animais.

Se a gente machuca as pessoas por causa de um assento,

o que vai ser do futuro da sociedade?

Então vamos fazer uma fila, organizar direitinho,

com educação, por favor!

Ele é assim desde a época da escola, rapaz.

Era representante de turma!

Filha da mãe! Presta atenção, presta atenção que aqui é diferente.

É ele!

É ele!

-Pode abrir, pode abrir! -Abre agora!

-Poupa a minha vida agora! -Ô motorista, abre!

Poupa minha vida!

Vai lá, sobe, sobe, sobe!

Agora, sim, agora vai.

É o 342, né? Ih, não é 34...

Ih, está errado. Perdão, desculpa.

Não é esse, não, Maurício. Vambora!

Putz...

Eu vou esperar o próximo.