EMPREGADA DOMÉSTICA | EMBRULHA PRA VIAGEM

Olha isso.

Meu Deus. Meu Deus!

Eu não acredito que você veio!

Rita, você é a salvação dessa casa!

Desculpa eu ter ameaçado te mandar embora pelo telefone,

eu sei que você tá com problema em casa com seu marido

mas deixar a gente na mão de segunda-feira é impossível.

-Eu sei, Seu Paulo. -E você viu?

E depois da tragédia que aconteceu aqui com o Bruninho

Maria Eugênia tá lá acabada. Fiquei sem chão.

O senhor deve estar se sentindo muito mal.

Você nem me fala, cara!

Ontem o Bruninho tava pra cima e pra baixo pulando,

inventou de ir na festa do amigo, comeu, se entupiu de doce.

Pra quê! Cagou e vomitou na casa inteira.

-Coitado, Seu Paulo. -Pior não é isso, Rita.

Você acredita que ele vomitou no tapete persa da Maria Eugênia?

Nossa, que tragédia.

Agora você entende o tamanho da tragédia, né?

Maria Eugênia tá lá arrasada.

Falou que só sai do quarto quando a casa estiver em ordem.

Desculpa, Seu Paulo, de ter pedido pra faltar hoje.

Mas como eu disse pro senhor, ontem o meu marido...

Não, fica tranquila. Te entendo perfeitamente.

Eu, na sua situação, teria feito o mesmo, entendeu?

A sua noite deve ter sido um inferno.

Quer dizer, a nossa noite foi um inferno.

-Foi. -Mas também eles abusam, né?

O Bruninho tinha que se entupir de bala a festa inteira?

O seu marido Romildo foi bala também, né?

-Foi uma. -Uma só?

Bala perdida.

Mas onde o Romildo tava pra levar essa bala perdida?

Em casa, enchendo a laje.

Ta vendo? Eu falo que você mora em uma região violenta.

Além de violento, é longe daqui!

Quando a gente precisa numa emergência,

você demora duas horas pra chegar, Rita!

Numa outra oportunidade, tenta morar aqui perto!

Não precisa ser aqui no bairro não.

Você pode arrumar um apartamento em Perdizes,

Higienópolis, até no Jardins. Mas enfim, como tá o Romildo?

Agora o sofrimento acabou.

Ah, que ótimo! Então tá em casa.

O velório está sendo em casa.

Meu Deus, Rita, eu nem sabia

que o velório tava acontecendo na sua casa!

A gente batendo papo-furado... Esquece! Esquece esse negócio

-de dormir aqui em casa. -Obrigada, Seu Paulo.

Vamos pra cozinha.

Você só vai fazer arroz, feijão, três legumes,

a carninha da Maria Eugênia,

uma canjinha pro Bruno, dá uma faxina nos banheiros,

e pelo amor de Deus,

dá uma geral nessa sala que isso aqui tá insuportável.

Não esquece de limpar o tapete persa da Maria Eugênia

-de jeito nenhum! -Pode deixar.

Senão, o velório nessa casa vai ser o meu!

Depois você volta pra sua família que o pessoal tá precisando de você.

-Tá, sim senhor. -Pera aí, dá licencinha querida.

Seguinte, Rita.

Você não precisa me esperar pra almoçar,

eu devo almoçar com os amigos, depois a gente vai jogar tênis.

Porque com a tragédia que aconteceu aqui hoje,

eu não tenho estômago pra trabalhar.

Pode ir, Seu Paulo. Fica tranquilo.

Precisou de alguma coisa, pode contar com a gente.

Deixa disso. Eu que agradeço, seu Paulo. Muito obrigada.

Que isso, Rita.

-Já se inscreveu no YouTube? -Sim, senhor.

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-Já compartilhou o vídeo? -Sim, senhor.

Então bora arrumar a piscina e depois tá dispensada pra sua casa.