Revolução em Mianmar: músico registra violência em protestos contra golpe militar
Mianmar é um país tomado pela revolta
Provocados por um golpe militar...
...protestos em massa no país inteiro...
... se depararam com uma força brutal
As fronteiras estão fechadas e a internet, bloqueada.
Não interessa aos militares que o mundo veja isso.
Mas o povo está registrando o que acontece nas ruas.
Nossa reportagem acompanhou um músico – que é de uma geração que respirou por pouco
tempo os ares da democracia…
E agora luta pelo futuro.
Conforme o cerco vai se fechando, surge a pergunta: s erá que eles têm chances de vencer?
Um mês depois do golpe que levou o general Ming Aung Hliang ao poder
nosso personagem, Bhone, de 18 anos, e alguns amigos, se preparam para mais um protesto.
Eles se juntam a milhares de jovens nas ruas de Yangon, a maior cidade do país.
Esta geração é inquieta, contestadora e está determinada a restaurar a democracia no país
Ele votou pela primeira vez em novembro do ano passado
O partido da Nobel da Paz Aung San Suu Kyi venceu a eleição de forma arrasadora.
Mas o chefe do Exército, general Ming Aung Hliang, contestou os resultados, tomou o poder
e prendeu Suu Kyi, além de outros líderes eleitos
Este era o mundo de Bhone antes do golpe militar
Ele é músico, e seu trabalho tem influências do trap americano.
Bhone planejava lançar seu primeiro álbum neste ano.
O golpe militar de 1º de fevereiro esmagou esses sonhos
O bairro de Bhone agora parece um campo de batalha
Ele mostra a resistência para nós
Uma vigília noturna está sendo montada
Um video está circulando na internet
Tropas com artilharia pesada chegaram a Yangon. No dia seguinte, Bhone decide não sair.
Mas acompanha o que acontece pelas mídias sociais
Zwe Htet Soe foi uma das cerca de 40 pessoas que morreram naquele dia...
Ele morreu num local não muito distante da casa de Bhone.
O grupo arrecada dinheiro para a viúva.
Apesar dos riscos, que só crescem… Bhone e seus amigos... se preparam para ir
às ruas novamente
Desta vez, ele está na linha de frente…
Sua irmã mais velha, Cindy, vai ficar na parte de trás, esperando por ele.
Eles estão com câmeras presas ao corpo para registrar o que acontece.
Cindy se perdeu do irmão.
As forças de seguranças estão se aproximando.
Desta vez, Bhone conseguiu sair a salvo…
Ele liga para a irmã.
Até a metade do mês de março, cerca de 200 pessoas já tinham sido mortas nos conflitos.
Em maio, os mortos já passavam de 700. Toda noite, vigílias são realizadas em todo país
A revolta é traduzida em panelaços.
Ele busca orientação da geração anterior, que já passou por isso antes.
BoBo é um representante da famosa geração de 1988 – da qual fazia parte a vencedora
do Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.
Os ativistas lutaram pela democracia e pelo fim do domínio militar em 1988.
Esse foi um dos momentos mais determinantes da história moderna de Mianmar.
Mais de 3 mil pessoas foram mortas.
Bobo ficou preso por 11 anos... e agora está vendo tudo acontecer novamente
Eles também ama música, e tem medo de ser preso de novo.
Mas, mesmo assim, se encontra com Bhone num lugar seguro
A essa altura, Bhone começa a perceber que essa vai ser uma longa
batalha.
Ele vê, pela TV estatal, o general Min Aung Hlaing celebrando o Dia das Forças Armadas.
Bhone sai às ruas novamente
mas decide ficar perto de casa
Mais tarde naquela noite ele fica sabendo do que aconteceu pelas mídias sociais
Naquela altura, mais de 750 pessoas já tinham sido mortas desde o golpe militar
É muito arriscado sair agora, os soldados estão por toda parte
Bhone e sua irmã decidem deixar Yangdon
Assim como muitos outros, eles vão para o interior para decidir quais serão os próximos passos.
O acesso à internet está ficando mais difícil
Ele encontra uma casa de chá para postar um último vídeo