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Escriba Cafe Podcast, Espíritos

Espíritos

Estados Unidos, 31 de março de 1848

Naquela noite, as irmãs Margareth e Kate Fox, de 14 e 11 anos, disseram aos pais que iriam se comunicar com um espírito que habitava a pequena casa que moravam.

Antes que a mãe pudesse contrariar, batidas misteriosas foram ouvidas. As irmãs faziam perguntas, e as batidas pareciam responder.

Uma vizinha foi chamada para testemunhar aquele estranho acontecimento. A mãe das irmãs mandou o espírito contar até cinco. E então cinco batidas eram ouvidas.

Enquanto todos se assombravam com aquele fenômeno, a mãe continuava fazendo perguntas e dando ordens, e o espírito respondia com as fantasmagóricas batidas.

Logo as Irmãs Fox foram convidadas e demonstrar o fenômeno em outros lugares, não demorando para já estarem realizando turnês por toda a parte.

Pagando uma entrada, as pessoas podiam participar de uma sessão em volta de uma mesa, onde através de batidas e outras formas de sinalização, espíritos se comunicavam com as irmãs.

A busca pelos mortos

A busca do homem por uma forma de se comunicar com os mortos não era novidade. Desde a antiquidade, menções em livros mostram que o homem sempre teve problemas em aceitar a morte e recorria a diversas formas de se comunicar com seus entes falecidos.

Porém, no século XIX esse interesse pelo contato com os mortos parecia estar em alta. O confronto filosófico entre a religião e a racionalidade parecia ser a causa disso, já que o rápido avanço científico da época fez com que religiosos passassem a procurar por evidências de suas crenças, e o caso das Irmãs Fox, foi a evidência que muitos buscavam.

O Espiritualismo

As irmãs chamaram a atenção de vários místicos e ocultistas e um movimento mundial começava a surgir.

O espiritualismo se espalhou pela América e Europa. Sessões eram realizadas por toda parte. Nas casas dos mais ricos, vários desses, convidavam mediuns para realizar as sessões fantasmagóricas até mesmo por modismo ou entretenimento macabro.

Esse movimento atraiu figuras proeminentes, como Abraham Lincoln e, curiosamente, Arthur Conan Doyle, médico e autor de Sherlock Holmes, personagem esse puramente racional.

Por outro lado, haviam os céticos, como o famoso ilusionista Harry Houdini, que tentava desmascarar mediuns fraudulentos.

Houdini vs Conan Doyle

Harry Houdini e Sir Arthur Conan Doyle eram amigos, e essa inusitada amizade que viria a se tornar inimizade, representava a sociedade daquela época em relação ao espiritualismo.

No entanto, se tivéssemos que advinhar qual dos dois era o cético e qual o que acreditava em magia e espíritos, teríamos que escolher entre o mágico e autor de um dos personagens mais racionais da literatura, e certamente erraríamos.

Porém, no início, Conan Doyle até elogiava o trabalho de Houdini em desmascarar os charlatões, já que assim ele permitia que o trabalho dos mediuns que ele achava serem sérios, pudesse ser valorizado.

Nas diversas cartas que eles trocaram, os diferentes pontos de vista eram debatidos de forma amistosa.

Porém, certa vez, o casal Houdini foi convidado a jantar na casa dos Doyle. A esposa de Arthur, que se dizia medium, se ofereceu a realizar uma sessão com o ilusionista para que ele compreendesse melhor a seriedade do espiritualismo. Nada menos do que o espírito da mãe de Houdini veio se comunicar através da suposta medium. Porém, o espírito desenhou uma cruz para adornar o papel em que escrevia em inglês, mas a mãe de Houdini era judia e não entendia quase nada em inglês. O suposto espírito ignorou também o fato de que, coincidentemente, aquele dia era o aniversário dela.

Por cortesia, Houdini não falou nada naquela noite sobre o assunto, mas, alguns meses depois escreveu um artigo dizendo que, até então, não havia encontrado nenhuma prova de comunicação com espíritos.

A amizade entre o mágico e o médico escritor começou, então a se desmanchar.

Houdini continuou desmascarando os charlatões até mesmo depois de sua morte, tendo combinado com Bess, sua esposa, um código a ser usado para confirmar que era ele mesmo fazendo contato.

A viúva realizou sessões anuais para tentar entrar em contato com Houdini, mas sem sucesso.

O Espiritismo de Kardec

Enquanto isso, na França, um pedagogo chamado Hippolyte Léon Denizard Rivail, se aproxima do espiritualismo e então começa a se comunicar com espíritos, que o guiam nos trabalhos que ele passaria a fazer sob o pseudônimo de Allan Kardec.

Kardec começou a elaborar a dountrina espírita, que era muito do já conhecido espiritualismo, porém com um toque de ceticismo ao tentar trazer também um pouco da ciência para a doutrina.

Reunindo textos enviados por mediuns de várias partes, ele publicou o Livro dos Espíritos em 1857, codificando assim o espiritismo. E no ano seguinte era fundada a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

A fraude

A era do espiritualismo entrou em decadência tão rápido quanto começou. Não bastasse os inúmeros charlatões que eram constantemente desmascarados, em 1888, Maggie, uma das irmãs Fox, confessou ao New York World que toda a história que teve início na casa dos Fox, não passou de uma brincadeira de crianças que, ao se mostrar lucrativa, acabou se tornando uma grande mentira. Maggie inclusive demonstrou como elas faziam os sons de batidas que tanto impressionaram as pessoas.

A fraude das irmãs Fox deu início ao espiritualismo, mas a confissão de que tudo era mentira, feita pela própria Maggie Fox, não foi suficiente para acabar com a crendice. Apesar da decadência do espiritualismo, muitas pessoas já estavam tão inseridas na crença de que tudo aquilo era real, que mesmo fatos contrários não as fariam mudar de ideia.

Além disso, o Espiritismo, por ter sido codificado e transformado em doutrina, conseguiu se desviar do tiro de canhão que fora a confissão de Maggie Fox, como se não tivesse nada a ver com o espiritualismo. E apesar de ter decaído da Europa, começou a fazer sucesso nas américas.

O Espiritismo no Brasil

O Brasil se tornou o país com a maior comunidade espírita do mundo. Todo o frenesi que o epiritualismo causou na Europa e Estados Unidos no século XIX, começou a despontar no Brasil no século XX. Inúmeros charlatões começaram a surgir e fazer sucesso para, então, acabarem desmascarados.

Mas a doutrina ganhava força não só pelo apelo da possibilidade de comunicação com os entes queridos que já morreram, mas também pelos ensinamentos que guiavam as pessoas para o bem em vida.

O Espiritismo prega a reencarnação e a evolução da alma. Além disso cre-se na existência de outros planetas, inferiores ou superiores ao nosso, onde reencarnam os evoluídos.

A ciência por trás dos espíritos

A era dos espíritos causou as mais diversas reações. Trouxe conforto para uns, medo para outros e desconfiança por parte de inúmeros céticos que taxavam os mediums de charlatões. E isso fez com que muitos fossem desmascarados.

A ciência entra então em campo. Diversos pesquisadores, muitos motivados pelos fenômenos paranormais causados por mediuns e sessões espíritas, passaram a estudar e explicar de onde vem os supostos espíritos.

Basicamente tudo gira em torno da mente e do corpo humano. O poder da sugestão já foi estudado e demonstrado diversas vezes.

Um experimento realizado pelo professor Richard Wiseman, é um exemplo disso. Ele reproduziu várias sessões do século XIX, usando os absurdos e já batidos truques que eram usados na época, como objetos se movendo e, ao final de cada uma delas, entrevistava os participantes. Um quinto das 152 pessoas que participaram das sessões, acreditaram ter vivenciado um fenômeno paranormal.

A explicação para isso está também no enquadramento. A partir do momento que você acha que tem uma explicação para algo, você não procura outra.

Fenômenos como as mesas que se moviam, o tabuleiro de Ouija e a brincadeira do copo também, foram desmistificadas há muito tempo. O próprio Michael Faraday elaborou um experimento que demonstrou que eram as pessoas e não fantasmas que moviam a mesa. E, claro que apesar de muitas vezes alguém estar querendo pregar uma peça, outras vezes esses fenômenos aconteciam sem que ninguém tivesse conscientemente movido nada. Trata-se do efeito ideomotor.

O efeito ideomotor é o movimento dos músculos de forma inconsciente, influenciados pela sugestão. Esse fenômeno já tinha sido estudado em 1808 pelo químico Michel Chevreul e melhor elaborado pelo naturalista William Carpenter em 1852.

E é exatamente o efeito ideomotor que explica o tabuleiro Ouija, que é basicamente a mesma coisa que a brincadeira do copo e outros parecidos, onde os participantes colocam seus dedos sobre o copo que é misteriosamente arrastado até letras presentes na mesa para formar palavras e, assim, receber mensages de espíritos.

A psicóloga Susan Blackmore realizou vários experimentos para demonstrar o efeito involuntário nessas atividades. Num deles, ela virou as letras de forma que os participantes não pudessem ver, mas um suposto espírito não teria dificuldades nisso, e assim, apesar de o copo ter se movido, nenhuma palavra real foi formada.

E por que o copo se mexe? Depois de um tempo, os braços dos participantes começam a ficar cansados e a pessoa começa a perder a habilidade de julgar com precisão onde está seu dedo. Assim isso acaba fazendo com que um ajuste involuntário cause um mínimo movimento no copo. Porém esse quase imperceptível movimento é o suficiente para que todos os outros braços cançados tentem se ajustar também involuntariamente ao movimento inicial. E como o que se espera é que o copo vá até alguma letra assim os participantes o levam inconscientemente, e as letras seguintes são nada menos do que achamos se tratar a palavra.

O psicólogo Joseph Jastrow, fez um experimento mostrando isso. Com um aparelho que media o movimento involuntário das mãos. Bastava que ele pedisse ao entrevistado que se imaginasse olhando para um objeto na sala, que sua mão imediamente realizada um pequeno movimento em direção ao mesmo.

Mas dentre todos os fenômenos, os que mais intrigam são os textos psicografados. Não só o fenômeno em si é impressionante, como a explicação para o mesmo é mais interessante ainda.

As mensagens psicografadas, conhecidas também como escrita automática, é quando o medium, escreve textos que, supostamente, são de autoria de espíritos e ele não tem consciência do que está escrevendo, normalmente de forma rápida. Há mediuns que psicografaram poemas, peças, romances, inúmeras cartas e publicaram vários livros de autoria de espíritos.

Apesar de existirem os charlatões que escrevem conscientemente, muitos mediuns realmente estão realizando a escrita automática. Porém isso não quer dizer que há um espírito usando o medium para escrever. O psicólogo Dan Wegner explica a psicografia através da nossa ilusão de livre arbítrio.

Em 1960, o neurofisiólogo William Grey Walker, realizou um experimento onde ele pedia que voluntários mudassem os slides de um projetor. Bastava que os participantes apertassem um botão para que o projetor passasse para o próximo slide. Eles podiam apertar o botão no momento que quisessem, e seus cérebros eram monitorados por eletrodos.

No entanto, o botão era falso, e o que realmente fazia a troca de slides era a atividade cerebral do participante através do eletrodo.

Algo curioso então acontecia: os participantes ficavam perplexos ao acharem que a máquina estava prevendo quando iriam apertar o botão, pois uma fração de segundo antes de tomarem a decisão de apertar o botão, o slide era trocado.

Assim o experimento mostrou que havia uma fração de segundo de atraso entre o cérebro tomar uma decisão e a pessoa ficar ciente que estava tomando uma decisão.

O cérebro faz duas coisas quando toma a decisão de mover o braço. Ele passa a mensagem para a parte do cérebro responsável por criar consciência e atrasa em uma fração de segundo o sinal que é enviado para o braço. Esse atraso é o que faz com que tenhamos a ilusão de que nossa consciência tomou uma decisão.

Assim, Wegner afirma que a psicografia acontece quando há um problema nesse processo de tomada de decisão, onde o cérebro manda o sinal para o braço escrever mas não envia o alerta para a parte que cria a consciência fazendo com que a pessoa tenha a sensação de estar escrevendo de forma involuntária.

Benevolência

Apesar de a própria ciência desbancar os fenômenos paranormais de religiões e doutrinas, aqueles que as seguem não se deixam abalar, pois a crença e a fé — as quais a ciência também demonstra como exercem influência sobre nossas mentes e corpos — as mantém fiéis no que acreditam.

E isso não é algo necessariamente ruim. O espiritismo, por exemplo, prega que os médiuns de fato se comunicam com os mortos, mas além disso, também prega o amor, a benevolência e a caridade. Não é preciso procurar muito para encontrar hospitais, lar de idosos, creches e várias outras instituições de caridade criadas e geridas pelos espíritas.

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Espíritos Spirits (1 Spirituosen Spirits Espíritus Les esprits Spiriti スピリッツ Geesten

Estados Unidos, 31 de março de 1848

Naquela noite, as irmãs Margareth e Kate Fox, de 14 e 11 anos, disseram aos pais que iriam se comunicar com um espírito que habitava a pequena casa que moravam. ||||Margareth||Kate|Fox|||||||||||||||||||| ||||Margareth Fox||Kate Fox|Fox sisters||||said||||would||communicate|||||inhabited|||||they lived That night, sisters Margaret and Kate Fox, ages 14 and 11, told their parents that they were going to communicate with a spirit that inhabited the small house they lived in.

Antes que a mãe pudesse contrariar, batidas misteriosas foram ouvidas. |||||||mysteriöse|| ||||could|object|knocking sounds|mysterious knocks||heard ||||||golpes||| As irmãs faziam perguntas, e as batidas pareciam responder. ||||||knocks||answering them

Uma vizinha foi chamada para testemunhar aquele estranho acontecimento. |||||zeugen||| |neighbor||||testify about|||event A neighbor was called to witness that strange event. A mãe das irmãs mandou o espírito contar até cinco. The sisters' mother told the spirit to count to five. E então cinco batidas eram ouvidas. And then five knocks were heard.

Enquanto todos se assombravam com aquele fenômeno, a mãe continuava fazendo perguntas e dando ordens, e o espírito respondia com as fantasmagóricas batidas. |||erschreckten||||||||||||||||||gespenstischen| |||were astonished|||phenomenon|||kept on|||||orders||||responded|||phantasmagoric| While everyone was haunted by that phenomenon, the mother continued asking questions and giving orders, and the spirit responded with the ghostly knocks.

Logo as Irmãs Fox foram convidadas e demonstrar o fenômeno em outros lugares, não demorando para já estarem realizando turnês por toda a parte. |||||eingeladene Frauen||||||||nicht|nicht lange|||||Tourneen||ganz, überall|| |||||invited||demonstrate|||||||not taking long|||they are|doing|tours|||| Soon the Fox Sisters were invited to demonstrate the phenomenon elsewhere, and it wasn't long before they were touring far and wide.

Pagando uma entrada, as pessoas podiam participar de uma sessão em volta de uma mesa, onde através de batidas e outras formas de sinalização, espíritos se comunicavam com as irmãs. Paying|||||||||session||||||||||||||signaling|||communicated||| Paying an entrance, people could participate in a session around a table, where through knocking and other forms of signaling, spirits communicated with the sisters.

A busca pelos mortos |||the dead

A busca do homem por uma forma de se comunicar com os mortos não era novidade. ||||||||||||the dead||| The search of man for a way to communicate with the dead was not new. Desde a antiquidade, menções em livros mostram que o homem sempre teve problemas em aceitar a morte e recorria a diversas formas de se comunicar com seus entes falecidos. ||Antike||||||||||||||||suchte Hilfe||||||||||Verstorbenen ||antiquity|mentions|||show||||||||||||resorted|||||||||loved ones|deceased relatives Since antiquity, mentions in books show that man has always had difficulties accepting death and resorted to various ways of communicating with his deceased loved ones.

Porém, no século XIX esse interesse pelo contato com os mortos parecia estar em alta. |||||||||||||betont| sin embargo|||||||||||||| However, in the 19th century, this interest in contact with the dead seemed to be on the rise. O confronto filosófico entre a religião e a racionalidade parecia ser a causa disso, já que o rápido avanço científico da época fez com que religiosos passassem a procurar por evidências de suas crenças, e o caso das Irmãs Fox, foi a evidência que muitos buscavam. The philosophical confrontation between religion and rationality seemed to be the cause of this, since the rapid scientific advancement of the time made religious people start looking for evidence of their beliefs, and the case of the Fox Sisters, was the main evidence that many were looking for. .

O Espiritualismo |Spiritualismus |Spiritualism

As irmãs chamaram a atenção de vários místicos e ocultistas e um movimento mundial começava a surgir. |||||||||Okkultisten||||||| ||called|||||mystics||occultists||||||| The sisters caught the attention of many mystics and occultists, and a worldwide movement began to emerge.

O espiritualismo se espalhou pela América e Europa. |||spread|||| Spiritualism spread across America and Europe. Sessões eram realizadas por toda parte. Sessions||held||| Nas casas dos mais ricos, vários desses, convidavam mediuns para realizar as sessões fantasmagóricas até mesmo por modismo ou entretenimento macabro. |||||||einluden|Medien|||||||||Modetrend||| |||||||invited|mediums|||||phantasmagoric sessions||||trend||entertainment|macabre entertainment In the homes of the richest, several of them invited mediums to perform ghostly sessions even as a fad or macabre entertainment.

Esse movimento atraiu figuras proeminentes, como Abraham Lincoln e, curiosamente, Arthur Conan Doyle, médico e autor de Sherlock Holmes, personagem esse puramente racional. ||||||||||Arthur Conan Doyle|Arthur Conan Doyle|Arthur Conan Doyle||||||Holmes|||| ||attracted||prominent figures||Abraham Lincoln|Lincoln|||Arthur Conan Doyle|Arthur Conan Doyle|Arthur Conan Doyle|||||Sherlock Holmes|Sherlock Holmes|character|||rational character

Por outro lado, haviam os céticos, como o famoso ilusionista Harry Houdini, que tentava desmascarar mediuns fraudulentos. |||||Skeptiker|||||||||entlarven||betrügerischen |||||skeptics||||illusionist|Harry Houdini|Houdini|||unmask|mediums|fraudulent mediums

Houdini vs Conan Doyle Houdini|||

Harry Houdini e Sir Arthur Conan Doyle eram amigos, e essa inusitada amizade que viria a se tornar inimizade, representava a sociedade daquela época em relação ao espiritualismo. Harry|||||||||||ungewöhnlich|||||||Feindschaft||||||||| |||||||||||unusual|||would come||||enmity||||||||| Harry Houdini and Sir Arthur Conan Doyle were friends, and this unusual friendship that would become enmity represented the society of that time in relation to spiritualism.

No entanto, se tivéssemos que advinhar qual dos dois era o cético e qual o que acreditava em magia e espíritos, teríamos que escolher entre o mágico e autor de um dos personagens mais racionais da literatura, e certamente erraríamos. |||||||||||skeptic|||||||||||||||||||||||||||| However, if we had to guess which of the two was the skeptic and which believed in magic and spirits, we would have to choose between the magician and the author of one of the most rational characters in literature, and we would certainly be wrong. Sin embargo, si tuviéramos que adivinar cuál de los dos era el escéptico y cuál creía en la magia y los espíritus, tendríamos que elegir entre el mago y el autor de uno de los personajes más racionales de la literatura, y sin duda nos equivocaríamos.

Porém, no início, Conan Doyle até elogiava o trabalho de Houdini em desmascarar os charlatões, já que assim ele permitia que o trabalho dos mediuns que ele achava serem sérios, pudesse ser valorizado. |nicht|||||lobte|aber||||||||||||||||||||||||| ||||||praised||||||exposing|||||||allowed||||||||||serious|||valued |||||||||||||||||||||||||||creía||||| However, in the beginning, Conan Doyle even praised Houdini's work in unmasking the charlatans, since in this way he allowed the work of the mediums, who he thought to be serious, to be valued.

Nas diversas cartas que eles trocaram, os diferentes pontos de vista eram debatidos de forma amistosa. |||||||||||||||freundlich |||||exchanged|||||||discussed|||friendly manner

Porém, certa vez, o casal Houdini foi convidado a jantar na casa dos Doyle. |gewisse|||||||||||| However, once, the Houdini couple was invited to dinner at the Doyle house. A esposa de Arthur, que se dizia medium, se ofereceu a realizar uma sessão com o ilusionista para que ele compreendesse melhor a seriedade do espiritualismo. |||||||medium|||||||||||||understand|||seriousness|| Arthur's wife, who claimed to be a medium, offered to hold a session with the illusionist so that he could better understand the seriousness of spiritualism. Nada menos do que o espírito da mãe de Houdini veio se comunicar através da suposta medium. |||||||||||||||supposed|medium Nothing less than the spirit of Houdini's mother came to communicate through the supposed medium. Porém, o espírito desenhou uma cruz para adornar o papel em que escrevia em inglês, mas a mãe de Houdini era judia e não entendia quase nada em inglês. |||zeichnete||||adorn||||||||||||||||||||| |||drew|||to|decorate||||||||||||||Jewish||||||| However, the spirit drew a cross to adorn the paper on which he wrote in English, but Houdini's mother was Jewish and understood almost nothing in English. O suposto espírito ignorou também o fato de que, coincidentemente, aquele dia era o aniversário dela. |supposed||ignored||||||coincidentally||||||

Por cortesia, Houdini não falou nada naquela noite sobre o assunto, mas, alguns meses depois escreveu um artigo dizendo que, até então, não havia encontrado nenhuma prova de comunicação com espíritos. |courtesy||||||||||||||||||||||||||||| Out of courtesy, Houdini said nothing that night on the subject, but a few months later he wrote an article saying that so far he had found no evidence of communication with spirits.

A amizade entre o mágico e o médico escritor começou, então a se desmanchar. |||||||||||||sich auflösen |||||||||||||fall apart |||||||||||||desmoronarse The friendship between the magician and the medical writer then began to unravel.

Houdini continuou desmascarando os charlatões até mesmo depois de sua morte, tendo combinado com Bess, sua esposa, um código a ser usado para confirmar que era ele mesmo fazendo contato. ||||||||||||||Bess||||||||||dass|war|||| ||unmasking||||||||||agreed||Bess||||code|||||confirm|||||| ||desenmascarando||||||||||||Bess||||||||||||||| Houdini continued to unmask the charlatans even after his death, having agreed with Bess, his wife, a code to be used to confirm that it was he himself making contact.

A viúva realizou sessões anuais para tentar entrar em contato com Houdini, mas sem sucesso. |the widow|||annual sessions|||||||||| The widow held annual sessions to try to get in touch with Houdini, but to no avail.

O Espiritismo de Kardec |Spiritualismus||Kardec |Spiritism||Kardec's Spiritism Kardec's Spiritism

Enquanto isso, na França, um pedagogo chamado Hippolyte Léon Denizard Rivail, se aproxima do espiritualismo e então começa a se comunicar com espíritos, que o guiam nos trabalhos que ele passaria a fazer sob o pseudônimo de Allan Kardec. |||||Pädagoge|||Léon|Denizard|Rivail|||||||||||||||||||||||||||Allan Kardec| |||||educator||Hippolyte Léon Denizard Rivail|Léon Denizard Rivail|Denizard Rivail|Rivail||approaches|||||||||||||guide|||||would begin|||||pseudonym||Allan Kardec| Meanwhile, in France, a pedagogue named Hippolyte Léon Denizard Rivail approaches spiritualism and then begins to communicate with spirits, who guide him in the work he would go on to do under the pseudonym Allan Kardec. Mientras tanto, en Francia, un pedagogo llamado Hippolyte Léon Denizard Rivail se acercó al espiritismo y comenzó a comunicarse con espíritus, que le guiaron en el trabajo que llegaría a realizar bajo el seudónimo de Allan Kardec.

Kardec começou a elaborar a dountrina espírita, que era muito do já conhecido espiritualismo, porém com um toque de ceticismo ao tentar trazer também um pouco da ciência para a doutrina. |||||Doktrin||||||||||||||||||||||||| |||||doctrine|spiritist doctrine|||||||||||touch||skepticism||||||||||| |||||doctrina|espírita|||||||||||||||||||||||| Kardec began to elaborate the spiritist doctrine, which was much of the already known spiritualism, but with a touch of skepticism when trying to bring a little science to the doctrine as well.

Reunindo textos enviados por mediuns de várias partes, ele publicou o Livro dos Espíritos em 1857, codificando assim o espiritismo. Gathering texts||sent by|||||||||||||codifying||| Reuniendo textos|||||||||||||||codificando||| E no ano seguinte era fundada a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. ||||||||Parisian Society|||Spiritualist |||||||||||Espírita

A fraude |the fraud

A era do espiritualismo entrou em decadência tão rápido quanto começou. |||||||so||| ||||||decline|||| Não bastasse os inúmeros charlatões que eram constantemente desmascarados, em 1888, Maggie, uma das irmãs Fox, confessou ao New York World que toda a história que teve início na casa dos Fox, não passou de uma brincadeira de crianças que, ao se mostrar lucrativa, acabou se tornando uma grande mentira. ||||||||||Maggie Fox|||||||||||||||||||||nicht|||||||||||lukrativ|||||| |were not enough|||||||unmasked||Maggie Fox|||||confessed||||World newspaper||||||||||||||||joke|||||||profitable|||||| ||||||||desmascarados||Maggie Fox||||||||||||||||||||||||||||||||lucrativa|||||| As if the countless charlatans were constantly being exposed, in 1888, Maggie, one of the Fox sisters, confessed to the New York World that the whole story that began in the Fox house, was nothing more than a child's game that, when it proved to be profitable , turned out to be a big lie. Maggie inclusive demonstrou como elas faziam os sons de batidas que tanto impressionaram as pessoas. ||showed|||||sounds||||||| ||demostró|||||||golpes|||impresionaron a|| Maggie even demonstrated how they made the tapping sounds that so impressed people.

A fraude das irmãs Fox deu início ao espiritualismo, mas a confissão de que tudo era mentira, feita pela própria Maggie Fox, não foi suficiente para acabar com a crendice. |||||||||||||||||||||||||||||Aberglaube |||||||||||confession||||||||||||||||||credulity |fraude|||||||espiritualismo|||confesión||||||||||||||||||creencia Apesar da decadência do espiritualismo, muitas pessoas já estavam tão inseridas na crença de que tudo aquilo era real, que mesmo fatos contrários não as fariam mudar de ideia. ||||||||||eingebettet|||||||||||||||||| ||||||||||inserted||||||||||||contradictory facts|||would not||| ||||||||||inseridas|||||||||||||||||| Despite the decay of spiritualism, many people were already so embedded in the belief that all that was real, that even contrary facts would not make them change their minds.

Além disso, o Espiritismo, por ter sido codificado e transformado em doutrina, conseguiu se desviar do tiro de canhão que fora a confissão de Maggie Fox, como se não tivesse nada a ver com o espiritualismo. |||||||kodifiziert|||||||||Schuss||||||||||||||||||| besides|||Spiritism||||codified|||||||diverge||cannon shot||cannon shot||||confession||||||||||||| |||||||codificado|||||||||||||||||||||||||||| Furthermore, Spiritism, having been codified and transformed into doctrine, managed to avoid the cannon shot that was Maggie Fox's confession, as if it had nothing to do with spiritualism. E apesar de ter decaído da Europa, começou a fazer sucesso nas américas. ||||verfallen|||||||| ||||fallen|||||||| And despite having declined in Europe, it began to be successful in the Americas.

O Espiritismo no Brasil

O Brasil se tornou o país com a maior comunidade espírita do mundo. ||||||||||spiritist community|| Todo o frenesi que o epiritualismo causou na Europa e Estados Unidos no século XIX, começou a despontar no Brasil no século XX. ||Frenzy|||Spiritualismus||||||||||||aufkommen||||| ||frenzy|||spiritualism||||||||||||emerge||||| Inúmeros charlatões começaram a surgir e fazer sucesso para, então, acabarem desmascarados. ||||||||||werden| ||||||||||end up| ||||||||||quedar| Countless charlatans began to emerge and become successful, only to end up unmasked.

Mas a doutrina ganhava força não só pelo apelo da possibilidade de comunicação com os entes queridos que já morreram, mas também pelos ensinamentos que guiavam as pessoas para o bem em vida. ||||||||appeal|||||||loved ones|dear ones|||||||||guided||||||| |||||||||||||||||||||||||guiaban||||||| But the doctrine gained strength not only by the appeal of the possibility of communication with loved ones who have died, but also by the teachings that guided people towards the good in life.

O Espiritismo prega a reencarnação e a evolução da alma. ||||Wiedergeburt||||| ||teaches||reincarnation||||| ||predica||reencarnación||||| Spiritism preaches reincarnation and the evolution of the soul. Além disso cre-se na existência de outros planetas, inferiores ou superiores ao nosso, onde reencarnam os evoluídos. ||man glaubt|||||||||überlegen|||||| ||believes|||||||inferior to||superior||||reincarnate||evolved beings ||cree|||||||inferiores||||||reencarnan||evolucionados Besides, it is believed in the existence of other planets, inferior or superior to ours, where the evolved ones reincarnate.

A ciência por trás dos espíritos |||behind|| the science behind the spirits

A era dos espíritos causou as mais diversas reações. ||||||||reactions Trouxe conforto para uns, medo para outros e desconfiança por parte de inúmeros céticos que taxavam os mediums de charlatões. |||||||||||||||taxierten|||| brought|comfort|||||||distrust|||||skeptics||labeled||mediums|| |||||||||||||||tildaban||médiums|| It brought comfort to some, fear to others and distrust on the part of countless skeptics who labeled the mediums as charlatans. E isso fez com que muitos fossem desmascarados. And that caused many to be unmasked.

A ciência entra então em campo. Science then enters the field. Diversos pesquisadores, muitos motivados pelos fenômenos paranormais causados por mediuns e sessões espíritas, passaram a estudar e explicar de onde vem os supostos espíritos. |researchers||motivated|||paranormal phenomena|caused|||||spiritist sessions||||||||||supposed| |investigadores||||||||||||||||||||||

Basicamente tudo gira em torno da mente e do corpo humano. ||revolves|||||||| Basically everything revolves around the human mind and body. O poder da sugestão já foi estudado e demonstrado diversas vezes. ||||||studied||demonstrated||

Um experimento realizado pelo professor Richard Wiseman, é um exemplo disso. ||||||Weiser|||| |||||Professor Richard|Wiseman (1)|||| ||||||Wiseman|||| Ele reproduziu várias sessões do século XIX, usando os absurdos e já batidos truques que eram usados na época, como objetos se movendo e, ao final de cada uma delas, entrevistava os participantes. |||||||benutzt||||||Tricks||||||||||||||||||| |reproduced||||||||absurd tricks|||overused|tricks||||||||themselves|moving objects||||||||interviewed||participants |reprodujo|||||||||||gastados|||||||||||||||||||| He reproduced several sessions from the 19th century, using the absurd and well-worn tricks that were used at the time, such as moving objects, and, at the end of each session, interviewed the participants. Reprodujo varias sesiones del siglo XIX, utilizando los absurdos y trillados trucos que se usaban en la época, como mover objetos y, al final de cada una, entrevistó a los participantes. Um quinto das 152 pessoas que participaram das sessões, acreditaram ter vivenciado um fenômeno paranormal. |||||participated|||believed||experienced|||paranormal phenomenon One-fifth of the 152 people who attended the sessions believed they had experienced a paranormal phenomenon.

A explicação para isso está também no enquadramento. |||||||Rahmenbedingungen |||||||context |||||||contexto The explanation for this is also in the framing. A partir do momento que você acha que tem uma explicação para algo, você não procura outra. Once you think you have an explanation for something, you don't look for another one.

Fenômenos como as mesas que se moviam, o tabuleiro de Ouija e a brincadeira do copo também, foram desmistificadas há muito tempo. ||||||||Brett||Ouija-Brett|||Spielerei|||||entmystifiziert||| Phenomena|||tables|||||Ouija board||Ouija board|||glass game|||||debunked||| ||||||||||ouija||||||||desmitificadas||| Phenomena such as moving tables, the Ouija board and the cup game too, were demystified a long time ago. O próprio Michael Faraday elaborou um experimento que demonstrou que eram as pessoas e não fantasmas que moviam a mesa. |eigenen|Michael|Faraday|||||||||||||||| ||Michael Faraday|Faraday himself|elaborated|||||||||||ghosts|||| |||Faraday|elaboró||||||||||||||| E, claro que apesar de muitas vezes alguém estar querendo pregar uma peça, outras vezes esses fenômenos aconteciam sem que ninguém tivesse conscientemente movido nada. ||||||||||eine Falle stellen|||||||passierten, geschahen||||||| ||||||||||play a trick||trick|||||happened|||||consciously|moved| ||||||||||hacer una broma||broma|||||||||||| And, of course, although many times someone was trying to play a trick, other times these phenomena happened without anyone having consciously moved anything. Trata-se do efeito ideomotor. |||ideomotorischer Effekt| ||||ideomotor effect This is the ideomotor effect.

O efeito ideomotor é o movimento dos músculos de forma inconsciente, influenciados pela sugestão. ||ideomotorischer Effekt||||||||||| ||||||||||unconscious|influenced|| Esse fenômeno já tinha sido estudado em 1808 pelo químico Michel Chevreul e melhor elaborado pelo naturalista William Carpenter em 1852. |||||||||Michel Chevreul|Chevreul|||||||William Carpenter| ||||||||chemist|Michel Chevreul|Chevreul|||developed||naturalist||Carpenter|

E é exatamente o efeito ideomotor que explica o tabuleiro Ouija, que é basicamente a mesma coisa que a brincadeira do copo e outros parecidos, onde os participantes colocam seus dedos sobre o copo que é misteriosamente arrastado até letras presentes na mesa para formar palavras e, assim, receber mensages de espíritos. |||||||||||||||||||Spiel||||||||||||||||||gezogen|||||||||||||| ||||||||||||||||||||||||||||||||||||mysteriously|dragged|||||||form|||||messages||

A psicóloga Susan Blackmore realizou vários experimentos para demonstrar o efeito involuntário nessas atividades. ||Susan||||||||||| |psychologist Susan|Susan Blackmore|Blackmore||||||||involuntary effect|| Num deles, ela virou as letras de forma que os participantes não pudessem ver, mas um suposto espírito não teria dificuldades nisso, e assim, apesar de o copo ter se movido, nenhuma palavra real foi formada. |||turned|||||||||||||supposed|||||||||||||||||||formed In one, she turned the letters around so that the participants couldn't see them, but a supposed spirit would have no difficulty doing so, and so, although the glass moved, no actual words were formed.

E por que o copo se mexe? |||||sich|bewegt sich ||||||moves ||||||se mueve And why does the glass move? Depois de um tempo, os braços dos participantes começam a ficar cansados e a pessoa começa a perder a habilidade de julgar com precisão onde está seu dedo. |||||||||||||||||||||||Präzision|||| |||||||||||||||||||||judge|||||| |||||||||||||||||||||juzgar|||||| Assim isso acaba fazendo com que um ajuste involuntário cause um mínimo movimento no copo. |||||||Anpassung||||||| |||||||adjustment||causes||||| Porém esse quase imperceptível movimento é o suficiente para que todos os outros braços cançados tentem se ajustar também involuntariamente ao movimento inicial. ||||||||||||||erschöpft|||||||| |||imperceptible|||||||||||tired|try to||adjust||involuntarily||| But this almost imperceptible movement is enough for all the other tired arms to try to adjust involuntarily to the initial movement as well. E como o que se espera é que o copo vá até alguma letra assim os participantes o levam inconscientemente, e as letras seguintes são nada menos do que achamos se tratar a palavra. And since what is expected is that the glass goes to some letter, the participants take it unconsciously, and the subsequent letters are nothing less than what we think is the word.

O psicólogo Joseph Jastrow, fez um experimento mostrando isso. |||Jastrow||||| ||Joseph Jastrow|Joseph Jastrow|||experiment|| Com um aparelho que media o movimento involuntário das mãos. ||device||measures||||| With a device that measured the involuntary movement of the hands. Bastava que ele pedisse ao entrevistado que se imaginasse olhando para um objeto na sala, que sua mão imediamente realizada um pequeno movimento em direção ao mesmo. It was enough|||asked||interviewee|||imagine||||object in the||||||immediately|made|||||||

Mas dentre todos os fenômenos, os que mais intrigam são os textos psicografados. ||||||||||||psychografiert ||||||||intrigue||||psychographed texts But among all the phenomena, the ones that most intrigue are the psychographed texts. Não só o fenômeno em si é impressionante, como a explicação para o mesmo é mais interessante ainda. |||||||impressive|||||||||| Not only is the phenomenon itself impressive, the explanation for it is even more interesting.

As mensagens psicografadas, conhecidas também como escrita automática, é quando o medium, escreve textos que, supostamente, são de autoria de espíritos e ele não tem consciência do que está escrevendo, normalmente de forma rápida. ||psychographed messages|||||automatic writing||||||||supposedly|||authorship|||||||awareness|||||||| Psychographed messages, also known as automatic writing, is when the medium writes texts that, supposedly, are authored by spirits and he is not aware of what he is writing, usually quickly. Há mediuns que psicografaram poemas, peças, romances, inúmeras cartas e publicaram vários livros de autoria de espíritos. |||psychographed||plays|novels||||they published|||||| There are mediums who have psychographed poems, plays, novels, countless letters and published several books authored by spirits.

Apesar de existirem os charlatões que escrevem conscientemente, muitos mediuns realmente estão realizando a escrita automática. ||there being||||write|consciously||mediums||||||automatic Although there are charlatans who consciously write, many mediums are actually doing automatic writing. Porém isso não quer dizer que há um espírito usando o medium para escrever. |||||||||||medium|| However, this does not mean that there is a spirit using the medium to write. O psicólogo Dan Wegner explica a psicografia através da nossa ilusão de livre arbítrio. ||Dan|Wegner|||||||||| ||Dan Wegner|Wegner|||psychography|||||||will Psychologist Dan Wegner explains psychographics through our illusion of free will.

Em 1960, o neurofisiólogo William Grey Walker, realizou um experimento onde ele pedia que voluntários mudassem os slides de um projetor. ||Neurophysiologist||Grau|Walker|||||||||||Folien||| ||neurophysiologist||Walker|Walker (1960)||||||asked|||change||slides|||projector In 1960, neurophysiologist William Gray Walker conducted an experiment where he asked volunteers to change slides on a projector. Bastava que os participantes apertassem um botão para que o projetor passasse para o próximo slide. |||||||||||||||Folie ||||pressed||button|||||advance||||slide 1 Participants simply pressed a button for the projector to move to the next slide. Eles podiam apertar o botão no momento que quisessem, e seus cérebros eram monitorados por eletrodos. |||||||||||||überwacht||Elektroden ||press||||||they wanted|||brains||monitored||electrodes

No entanto, o botão era falso, e o que realmente fazia a troca de slides era a atividade cerebral do participante através do eletrodo. |||||||||||||||||||||||Elektrode ||||||||||||switching||||||brain activity||participant(1)|||electrode (1) However, the button was fake, and what actually caused the slides to change was the participant's brain activity through the electrode.

Algo curioso então acontecia: os participantes ficavam perplexos ao acharem que a máquina estava prevendo quando iriam apertar o botão, pois uma fração de segundo antes de tomarem a decisão de apertar o botão, o slide era trocado. |||||||perplexed||finding|||||predicting|||press|||||fraction|||||they would make||||||||||switched

Assim o experimento mostrou que havia uma fração de segundo de atraso entre o cérebro tomar uma decisão e a pessoa ficar ciente que estava tomando uma decisão. ||||||||||||||||||||||bewusst||||| |||||||||||delay|||brain||||||||aware||||| ||||||||||||||||||||||consciente|||||

O cérebro faz duas coisas quando toma a decisão de mover o braço. Ele passa a mensagem para a parte do cérebro responsável por criar consciência e atrasa em uma fração de segundo o sinal que é enviado para o braço. ||||||||||||||verzögert||||||||||||| |passes|||||||||||||delays|||||||signal|||sent||| ||||||||||||||retrasa||||||||||||| It passes the message to the part of the brain responsible for creating awareness and delays the signal sent to the arm by a fraction of a second. Esse atraso é o que faz com que tenhamos a ilusão de que nossa consciência tomou uma decisão. |delay|||||||we have|||||||made||

Assim, Wegner afirma que a psicografia acontece quando há um problema nesse processo de tomada de decisão, onde o cérebro manda o sinal para o braço escrever mas não envia o alerta para a parte que cria a consciência fazendo com que a pessoa tenha a sensação de estar escrevendo de forma involuntária. |||||psychography||||||||||||||||||||||||sends|||||||||||||||||||||||involuntary writing

Benevolência Wohlwollen Benevolence (1)

Apesar de a própria ciência desbancar os fenômenos paranormais de religiões e doutrinas, aqueles que as seguem não se deixam abalar, pois a crença e a fé — as quais a ciência também demonstra como exercem influência sobre nossas mentes e corpos — as mantém fiéis no que acreditam. |||||entlarven|||||||Lehren||||||||erschüttern|||||||||||||||||||||||||| |||||debunk|||||||doctrines||||follow them||||shake||||||faith||||||demonstrates||exert||||minds||||keep them|faithful||| Although science itself debunks the paranormal phenomena of religions and doctrines, those who follow them are unfazed, as belief and faith — which science also demonstrates to exert influence over our minds and bodies — keep them faithful in what they do. believe.

E isso não é algo necessariamente ruim. ||||||bad O espiritismo, por exemplo, prega que os médiuns de fato se comunicam com os mortos, mas além disso, também prega o amor, a benevolência e a caridade. |Spiritism|||teaches|||mediums||||communicate||||||||advocates||||benevolence|||charity ||||predica|||||||||||||||||||||| Não é preciso procurar muito para encontrar hospitais, lar de idosos, creches e várias outras instituições de caridade criadas e geridas pelos espíritas. |||||||||||Kitas||||||||||| |||||||hospitals|nursing home||elderly home|daycare centers||||institutions|||created||managed||spiritists ||||||||hogar de ancianos|||guarderías|||||||||gestionadas|| No hay que buscar mucho para encontrar hospitales, residencias de ancianos, guarderías y otras organizaciones benéficas creadas y dirigidas por espiritistas.