Rota cultural do Algarve desvenda legado islâmico que une Portugal e Espanha
Repórter: Num corridinho entre igrejas, museus e monumentos históricos são cada vez mais os turistas que procuram o sul da Península Ibérica pela sua oferta cultural. Os vestígios da ocupação islâmica no território não passam despercebidos para quem vem não apenas pelo sol e pelas praias. Uma riqueza historia destacada na Rota de al-Mutamid inspirado naquele que ficou conhecido no rei poeta nascido em Beja e que governou Silves antes de ser senhor de Sevilha. [música guitarra portuguesa] O percurso tem início em Lisboa, mas é entre a vila de Aljezur na região noroeste do Algarve e Cortegana na espanhola Andaluzia que foi sinalizado, dando a conhecer paisagens muito diferentes do litoral ao interior onde o rico património monumental alterna com os espaços naturais.
José Marreiros (Antigo Vice-Presidente da Associação de Aljezur): Isto foi criado com o objetivo de fazer a canalização de turistas interessados na rota histórica do rei al-Mutamid que foi rei, rei de Silves no período árabe, mais concretamente no seculo XI.
Francisco Serra (Presidente da CCDR do Algarve): A reconstituição de percursos como é o caso da Rota al-Mutamid que tem implícita uma ideia de cultura, de vivência do passado e que tem também relacionado intrinsecamente, digamos, a vivência dos povos essa importância que temos que preservar para o futuro para as novas gerações de como é que chegamos aqui.
João Fernandes (Presidente Região de Turismo do Algarve): Normalmente o turista tem estes centros de interesses, é um turismo, é um turista mais qualificado, portanto, normalmente com um maior poder económico e isso obviamente transmite-se para o consumo que faz no território, desde o restaurante até à animação turística, à participação nas inúmeras propostas que o território oferece a esse visitante.
Repórter: A rota cultural é cofinanciada por fundos europeus e em território português teve como parceiro as autarquias de Silves, Tavira, a direção regional de cultura e a associação de defesa do património histórico e arqueológico de Aljezur. No entanto o projeto terminado em 2014 parece pouco conhecido entre turistas e até habitantes apesar da sinalética, dos mapas e dos guias disponíveis.
Luís Brito (Chef em restaurante de Tavira): Olhe muito sinceramente, nunca ouvi falar nesse projeto, nem sei se existe, se realmente existe.
Jonathan Wilson (Historiador britânico): Um dos problemas que eu po... que eu posso ver, é uma falta de, de informação em, em outras línguas, principalmente em, em, em inglês, porque, hã, por acaso, é euh, euh, a língua internacional. O visitante fica com uma, uma impressão superficial de, de, da ocupação islâmica e euh, euh, e há muito mais para dizer.
Jorge Botelho (Presidente da Camara de Tavira): Temos na entrada da ponte romana a sinalização da rota de al-Mutamid aqui, temos mais dois ou três marcos na cidade. Mas obviamente quem procura esta rota procura informação, e a informação está disponível. É preciso digamos algum, alguma avaliação prévia daquilo que são os pontos marcantes da rota. Mas obviamente é sempre possível fazer mais.
Repórter: Alguns ex-libris da rota de al-Mutamid são a igreja de Santa Maria do Castelo em Tavira construído no antigo local de uma mesquita, o castelo de Aljezur ou a porta de Almedina em Silves. Nas paisagens a perder de vista ou nos pormenores que muitas vezes passam despercebidos é possível sentir a continuidade histórica das povoações do Alentejo e do Algarve com a Andaluzia ocidental. Um território conhecido na Idade Media como al-Andaluz que espera agora ser redescoberto.