A incrível batalha do sistema imunológico contra o coronavírus
[Apr 7, 2020].
Sem um tratamento específico ou uma vacina no horizonte de curto prazo, a única defesa do nosso corpo contra o novo coronavírus é o sistema imunológico.
A resposta do nosso organismo à infecção, claro, vai depender do tipo de sintoma que eventualmente aparecer, desde os mais leves, como tosse seca, dor de garganta, cansaço e febre, aos mais graves, como a insuficiência respiratória e choque séptico.
Eu sou Camilla Veras Mota da BBC News Brasil e nesse vídeo vou falar sobre como funciona nosso sistema imunológico e como ele reage quando entra em contato com o coronavírus.
O sistema imunológico é uma rede complexa de células, órgãos e tecidos que trabalham em conjunto para defender o corpo de microrganismos e de substâncias tóxicas que podem nos fazer mal — fungos, parasitas, bactérias e os vírus que estão presentes aí no mundo que nos rodeia.
É algo que se assemelha a um pequeno exército que combate os inimigos.
Todos os nossos órgãos têm células do sistema imunitário, que também estão no sangue, os leucócitos, que são os glóbulos brancos, e na linfa, que é o líquido transparente que circula pelos vasos linfáticos.
Ainda que elas sejam produzidas na medula óssea, há locais em que as células do sistema imunológico se concentram mais, como os gânglios linfáticos, as amígdalas, o baço e o timo.
Elas também podem ser encontradas na pele, nas mucosas, nos pulmões, no aparelho digestivo.
Quando o corpo se depara com um agente patogênico, um microrganismo como o coronavírus, por exemplo, o sistema imunológico responde principalmente de duas formas que atuam em conjunto: primeiro, se ativa a resposta inata, que muitas vezes é suficiente para dar fim aos agressores.
Nessa fase, há um aumento do fluxo sanguíneo para a área afetada e dos vasos sanguíneos saem células e determinadas substâncias como proteínas e citocinas para tentar conter a infecção.
Por isso, essa parte do corpo geralmente incha, fica vermelha e quente.
Essa reação é, digamos, a primeira linha de defesa enquanto o sistema imunológico prepara uma outra frente de artilharia.
A resposta do sistema imune adaptativo, que demora alguns dias para chegar, está encarregada dos famosos anticorpos, que são células preparadas para destruir um invasor específico.
Essa resposta tem uma particularidade fundamental: ela tem memória.
Isso quer dizer que ela se lembra dos agentes patogênicos com os quais o corpo entrou em contato no passado, e por isso saberá como combatê-los o futuro.
É com base nesse mecanismo que são desenvolvidas as vacinas, por exemplo.
Isso significa que se nos contagiamos uma vez com coronavírus não deveríamos ser infectados uma segunda vez.
Mas isso ainda está no campo da teoria porque como esse é um vírus novo há muito ainda que não sabemos sobre ele.
Também é preciso levar em conta que os vírus sofrem mutações: isso quer dizer que se em um determinado momento você foi infectado pelo vírus da gripe, se outra cepa desse mesmo vírus eventualmente circular, você corre o risco de ser infectado novamente.
Estar protegido de uma cepa do vírus não significa que você tem defesa contra outras cepas.
Mas como o corpo reage especificamente ao novo coronavírus?
Como sabemos pouco sobre ele, os cientistas têm tentado deduzir a partir do que se sabe sobre outros vírus da mesma família dos coronavírus, a Síndrome Respiratória Aguda Grave, a Sars e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio, a Mers.
O que eles supõem é o seguinte: uma vez que o vírus entra no corpo pela boca, pelo nariz ou pelos olhos, o sistema imunológico tenta evitar que ele entre nas células dessas regiões onde seria capaz de se reproduzir.
Para fazer isso, o corpo produz uma proteína chamada interferon, que não deixa o vírus passar.
O que parece acontecer, entretanto, é que esse vírus novo muitas vezes inibe a produção de interferon.
Se ou quando o vírus entra na célula, o sistema imunológico tenta destruí-lo por meio de um mecanismo chamado apoptose, que é a morte celular programada.
Acredita-se, entretanto, que o coronavírus também consiga interferir nesse processo, assim como na produção de anticorpos específicos contra ele.
Falando dessa forma, parece que o coronavírus é o inimigo infalível, mas é importante lembrar que em 80% dos casos a resposta do sistema imunológico é efetiva e por isso as pessoas nem desenvolvem sintomas ou têm sintomas leves.
Nos 20% restantes, a situação se complica.
Quando o sistema imunológico não consegue bloquear o vírus, ele entra na célula e se reproduz.
A partir daí, avança pela garganta e pelas vias respiratórias até chegar aos pulmões.
Quando essas células infectadas começam a morrer de forma descontrolada, o corpo responde com outro tipo de célula que tenta estancar esse processo.
Nos casos mais graves, o que acaba acontecendo é que as células enviadas pelo sistema imunológico provocam uma inflamação generalizada em todo o pulmão.
Elas podem ir ainda mais longe e afetar outros órgãos, o que os médicos chamam de choque séptico.
Por isso é tão importante que as defesas do corpo esteja em boa forma.
Isso não é útil apenas contra o coronavírus, mas para fazer frente a qualquer outra doença.
E como cuidar então sistema imunológico?
Com uma a dieta saudável, dormindo a quantidade de horas necessárias para recuperar seu corpo, fazendo exercícios físicos com frequência, evitando álcool em excesso, o cigarro e o estresse na medida do possível.
Eu fico por aqui, obrigada por nos acompanhar, e até a próxima!