CINEMA PRÉ PANDEMIA | EMBRULHA PRA VIAGEM
Oi, pessoal. Sejam bem-vindos a mais uma aula.
E hoje vamos falar um pouco sobre cinema
até o início do século XXI, no período pré pandêmico.
Ou seja, aquele período em que a sociedade
ainda costumava se expor muito fora de casa
não apenas para ir ao supermercado, às farmácias,
ou a outros serviços essenciais,
mas também com motivos para entreter-se, informar-se,
e, porque não, paquerar.
Bom, a gente vai começar falando um pouquinho sobre...
"Professor, o que é paquera?"
Sheila, isso a gente já estudou no capítulo Costumes pré pandêmicos,
quando a gente deu uma olhada no extinto ritual do primeiro encontro.
Dá uma olhadinha lá no início da apostila.
Bom, a gente vai se aprofundar um pouquinho mais
no termo cinema, que já vimos na apostila 1
no capítulo A origem do streaming.
Em primeiro lugar, é importante nós frisarmos
que a diferença mais gritante entre o cinema e o streaming
foi a privacidade e o baixo grau de exposição
conquistado por seus espectadores.
Os cinemas eram salas enormes com inúmeras fileiras
onde dezenas de pessoas acomodavam-se
para assistirem a um filme.
É extremamente importante nós frisarmos
que apesar de toda a aglomeração que essas pessoas se sujeitavam,
esse ritual era extremamente festejado pelas sociedades desse período.
Famílias inteiras arrumavam-se, programavam-se,
enfrentavam filas não só das bilheterias,
mas muitas vezes dos estacionamentos dos shoppings.
Lembram-se do termo "shopping"
que vimos na apostila 2, capítulo 3, A origem do Aliexpress?
Pois é, muitas dessas famílias
estavam dispostas a enfrentar todos esses percalços,
pra daí sim, adentrar ao cinema,
e, finalmente, enfrentar a fila mais aguardada,
a fila da pipoca.
A pipoca era uma espécie de prenda
da qual os espectadores sentiam a necessidade de consumir
durante o ritual do filme.
Banhada em uma gordura amarelada, seu irresistível perfume
podia ser sentido em um raio de até 300 metros de distância.
Em alguns casos, acompanhada de uma bebida gaseificada,
e muitas vezes com o advento do refil.
O refil era um recurso que permitia o espectador,
ao término de sua prenda,
levantar-se de seu lugar durante a sessão,
atrapalhando a concentração dos espectadores a seu entorno,
a fim de preencher seu recipiente com mais pipoca
sem nenhum custo extra.
Enfim, o refil era uma tragédia anunciada.
Alguns estudos afirmam que o recurso da sessão de cinema
era utilizado pro muitos jovens no calor de sua puberdade
a fim de colocar em prática o resultado de suas paqueras.
Eles adentravam em uma sessão de cinema,
sem qualquer ligação com o conteúdo exposto na tela,
apenas para ficarem abraçando-se, esfregando-se, beijando-se,
e lambendo-se sem a menor assepsia.
Outro fator que distanciava a sessão de cinema do streaming
era o livre-arbítrio.
Ou seja, o espectador não tinha autonomia
para pausar, adiantar ou voltar o filme para determinado ponto.
Os minutos que antecediam o início da sessão
eram aclamados por muitos por conta da exibição dos trailers.
Os trailers eram pequenos resumos de no máximo dois minutos
dos próximos filmes que entrariam em cartaz naquela sessão.
Muitas vezes, eram muito mais interessantes do que o próprio filme.
Bom, pessoal, por hoje é só. Lavem bem as mãos e até a...
Espera aí, tem uma pergunta aqui do Osmar.
Professor, trailers não eram aquelas vans motorizadas
que as pessoas de países mais desenvolvidos
adquiriam pra poder viajar?
Tem razão, não tinha parado pra pensar nessa semelhança.
Às vezes eles tinham esse nome
porque essas famílias costumavam amontoar-se nessas vans
pra pegar a estrada rumo a um cinema mais próximo,
talvez por isso a possibilidade...
Eu preciso urgentemente parar de baforar álcool em gel.
Bom, gente. Até mais.