FESTA PRÉ PANDEMIA| EMBRULHA PRA VIAGEM

Bom, pessoal, sejam bem vindos à mais uma aula.

E hoje vamos falar um pouco

sobre a celebração até o início do século XXI

no período pré pandêmico.

Ou seja, aquele período em que a sociedade se expunha

fora de casa.

Não apenas para ir à farmácia, supermercado,

ou outros serviços essenciais,

Mas também pra confraternizar e celebrar.

Ou seja, eu acho que já posso me adiantar.

A festa era uma tragédia anunciada.

Festas eram rituais que tinham como objetivo

celebrar uma data importante pra um determinado grupo.

Como, por exemplo, um aniversário,

uma confraternização, uma festa de casamento,

ou uma despedida de solteiro.

Em alguns casos, muitas vezes...

Espera só um minutinho, tem uma pergunta da Graciela.

Ótima pergunta, Graci.

Resumidamente, sendo bem franco aos fatos,

uma despedida de solteiro era basicamente uma festa,

para comemorar que dentro de duas semanas

aquele mesmo grupo de pessoas

estaria reunido em uma nova festa.

Porém, diferente de uma festa de casamento,

muitas vezes, uma despedida de solteiro,

esse grupo de pessoas passava boa parte do tempo

abraçando-se, esfregando-se, beijando-se e lambendo-se,

sem a menor assepsia.

Seja numa festa de casamento ou numa de aniversário,

alguns estudos apontam

que esse tipo de ritual de aglomeração

era tão festejado pelas pessoas dessa sociedade

que em algumas festas

era possível a realização de uma retrospectiva.

Um momento onde os convidados daquela festa

revisitavam fotos de registros daquelas mesmas pessoas,

em uma outra festa, praticando a aglomeração.

Ou seja, a retrospectiva era uma pausa naquela aglomeração

para celebrar aglomerações passadas.

Vai entender.

Talvez o tipo mais comum de festa eram as festas de aniversário.

O que hoje nós conhecemos por postagem de parabéns,

homenagem nos stories, eram substituídas por, pasmem,

um abraço apertado.

Nesse mesmo período, a gente...

Espera um pouquinho. Pergunta aqui do Denis.

Ótima pergunta, Denis.

O abraço era uma atitude extremamente irresponsável,

onde as pessoas aproximavam seus corpos

colando os rostos uns aos outros

falando, declarando, e desejando para o aniversariante,

sem qualquer tipo de proteção.

O ritual do abraço apertado

ainda sim viria a ser repetido pelo aniversariante

entre cerca de dez, vinte, trinta,

ou há registros de mais de duzentas pessoas

de uma mesma noite.

Um dos momentos mais aguardados de uma festa de aniversário era o bolo.

O bolo de aniversário era uma espécie de uma prenda

que viria a ser repartida entre os convidados

após o satânico ritual do parabéns.

Ou seja, os convidados

que já estavam aglomerando-se, expondo-se

de maneira irresponsável no mesmo ambiente

espremiam-se ainda mais em torno da mesa

que ofertava o bolo.

Durante esse rito,

eles cantavam, batiam palmas, gesticulavam bastante

a fim de concentrar

o maior número de germes, vírus e bactérias sobre essa prenda.

Não satisfeito, durante o clímax do rito,

o aniversariante, a fim de garantir que toda a superfície do bolo

estivesse completamente contaminada,

inclinava-se e assoprava

o maior número de germes, vírus, e bactérias

no intuito de apagar uma chama de uma vela

que encontrava-se acessa sobre essa prenda.

O apagar da chamas

simbolizava a extinção de toda e qualquer possibilidade

de um convidado não se infectar

ao provar um pedaço daquela prenda.

Enfim, segundo os infectologistas,

o bolo de aniversário era uma tragédia anunciada.

Não satisfeitos com o vexatório ritual do parabéns,

alguns convidados ainda amontoavam-se em coro

a fim de realizar o canto do "Com quem será?"

Uma espécie de praga rogada ao aniversariante

no qual um líder espontaneamente decidido entre os convidados

profetizava que ele

e mais algum convidado, convidada, convidadx da festa

passariam o resto de suas vidas

abraçando-se, beijando-se, esfregando-se e lambendo-se

sem a menor assepsia.

Bom, pessoal, por hoje é só.

E na aula que vem, vamos entrar na apostila quatro.

No capítulo "Os sacrifícios dos eventos em família."

Almoços, jantares e outros compromissos

em que a sociedade daquele período

era obrigada a enfrentar

sem qualquer álibi do gênero FICA EM CASA.

Por hoje é só, lavem bem as mãos,

e até a próxima aula.