#256: Vai que é tua, Lira! - Part 2
que chega em gente mais graúda, porque seria o esquema de financiamento,
inclusive de campanhas, que é uma das maneiras que o Artur Lira tem de se manter
na posição de poder que ele tem como presidente da Câmara e que o fez chegar
à presidência da Câmara. A gente ainda não sabe onde vai parar essa investigação,
mas ela está indo por um caminho que é perigoso para o Artur Lira,
está pegando os meandros do esquema dele.
Agora, o Artur Lira, como eu disse, negocia por cima, e o melhor exemplo disso
veio essa semana no julgamento dele no Supremo Tribunal Federal.
O que aconteceu ali, eu confesso que eu nunca tinha visto.
O julgamento se deu não no plenário, mas numa turma,
então um número menor de ministros.
Aconteceu de tudo. Primeiro que esse julgamento ficou parado por anos,
porque o Toffoli tinha pedido vistas no processo e deixou o julgamento parado.
No meio do caminho, eles aprovaram uma lei na Câmara,
e o Artur Lira, o cenário onde ele manda e opera,
que mudou a lei, fazendo com que as delações premiadas
perdessem importância nas denúncias, elas teriam que ser substanciadas
por outras provas para valerem.
Com base nessa desculpa, dois ministros, inclusive o Alexandre de Moraes,
mudaram seu voto de condenação para absolvição.
E, num ato sensacional, pirueta carpada com três giros caindo de bunda,
um ministro votou no lugar de um ministro que já se aposentou e que tinha votado.
Isso eu nunca tinha visto. O cara tinha votado pela condenação.
Aí ele se aposentou. Aí entra um novo ministro.
Anulam o voto do ministro que já tinha votado,
e o novo ministro vota pela absolvição do Artur Lira.
Então, assim, piruetas mil mostrando a capacidade do Artur Lira
de fazer articulações de alta cúpula.
Sem falar na mudança da PGR, que a PGR anterior
tinha mandado investigar ele, e o novo PGR, o que substituiu,
falou não à arquiva.
Sim. E não é só no Supremo.
O Tribunal de Contas da União tem um parecer sobre esse caso da Megalic,
lá dos kits de robótica, dizendo que está tudo bem.
Que não tem superfatoramento, que não tem direcionamento na licitação.
Enfim, no que depender da alta cúpula, o Artur Lira está bem.
Agora, na opinião pública, ele nunca esteve tão mal.
A gente está numa fase que a gente não sabe mais se vale a pressão das ruas
que começou em 2013, ou se vale a velha política
que é decidida tudo em Brasília.
Pelo recuo que o ministro da Casa Civil teve que dar essa semana
se desculpando com Brasília, o Rui Costa, que tinha falado
que Brasília é uma ilha da fantasia, o que é verdade?
Ele falou, não, veja bem, fui infeliz nas minhas palavras,
mostra que, de fato, não são as ruas, mas é Brasília quem está mandando.
Muito bem, eu quero fazer dois rápidos comentários
sobre o que vocês disseram, duas coisas que me ocorreram.
Primeiro, como o STF é permeável a essas pressões de grupos poderosos
ou de pessoas poderosas, é esse episódio dessa semana,
é mais um que mostra como o STF é poroso, como ele é inconfiável
em relação àquilo que ele deveria ser.
Eu acho que isso não é uma coisa trivial no Brasil,
embora tenha sido o Supremo e a figura do Alexandre de Moraes
tenham sido fundamentais para que a aventura autoritária do Bolsonaro
não chegasse a bom termo ou fosse interrompida,
a gente não pode deixar de fazer essas observações sobre o Supremo.
A minha segunda observação é sobre o papel da Polícia Federal
no governo Lula. Tanto a investigação contra o Bolsonaro
como agora contra o Lira, elas são investigações relevantes
e substantivas, ninguém está pondo isso em dúvida,
mas a Polícia Federal está sendo um instrumento...
Elas são anteriores, elas começaram muito antes,
as duas investigações começaram muito antes.
Eu sei que as investigações já tinham começado,
elas aparecem, elas passam a existir para a opinião pública
em momentos cruciais para o governo.
O Bolsonaro sofreu um revés bravo ali naquele momento,
ele estava tirando as manguinhas de fora, a gente até estava comentando isso,
ele tinha ido à feira do Agro em Ribeirão,
tinha feito a volta, enfim, estava se recolocando
e tentando fazer algum barulho.
A operação da PF foi um tiro na testa dele.
Estou falando disso, o papel, estou tentando evitar a palavra protagonismo,
mas é o protagonismo da Polícia Federal nesse início de governo Lula.
Eu tenho dúvida, vou te explicar por quê.
A gente já está falando de Polícia Federal aqui.
Sim, mas a investigação contra o Bolsonaro
é comandada praticamente pelo Alexandre Moraes,
é a Partido Supremo.
São tudo desdobramentos dos inquéritos do Alexandre Moraes,
não tem nada a ver com o Lula.
E essa investigação da Polícia Federal sobre o Arthur Lira
começa com uma reportagem da Folha em 2022,
lá no começo, em março, há um ano atrás.
Sim, mas eles só deflagram a operação contra o Luciano Cavalcanti.
Sim, estou falando, a PF é um personagem,
na crônica desses primeiros meses de governo Lula,
a PF virou um personagem mais do que central.
É só para a gente refletir sobre as encrencas que isso pode trazer.
No governo Bolsonaro também, lembra a quantidade de mudanças
de superintendentes nos estados e o superintendente do Rio e tal.
É que eu não sei até que ponto tem o dedo do governo,
eu não sei, realmente eu não sei, não tenho informação,
mas a gente não assistiu toda essa intervenção que houve no Bolsonaro
no começo do governo Lula, de briga de poder
para trocar superintendente, intervir diretamente.
Isso não.
Eu não sei até que ponto isso vem de um autonomismo da própria polícia, entendeu?
Sim, é, para pensar a respeito disso.
Muito bem, encerramos assim o segundo bloco do programa,
a gente vai para um rápido intervalo e no terceiro bloco
vamos falar do governo Lula. Já voltamos.
Você já ouviu falar do Praia dos Ossos?
Não há Praia dos Ossos que fica em Búzios,
ou a Praia dos Ossos, que é o podcast da Rádio Novelo
sobre a vida e a morte da Ângela Diniz.
Ela foi morta na véspera do Réveillon, de 76 para 77.
O caso ficou famoso com o nome do assassino,
caso Doca Strit.
Mas é dela que a gente fala no podcast.
De como ela virou a Pantera de Minas e caiu na boca
e nas festas da High Society Carioca
e do julgamento que ela sofreu antes e depois
de ser assassinada com quatro tiros.
Eu sou a Branca Viana, e se você ainda não ouviu,
estou te convidando a ouvir o Praia dos Ossos,
um original da Rádio Novelo.
Está em todos os aplicativos de podcast.
Muito bem, Thais Bilenk, vamos começar com você.
Eu mencionei na abertura algumas iniciativas do governo,
alguns programas que foram deflagrados,
o Desenrola para abater dívidas,
o barateamento dos carros populares
e também ônibus e caminhões,
o Farmácia Popular também, que eu não havia citado,
remédios mais baratos para quem recebe Bolsa Família,
enfim, uma série de iniciativas do governo
para atender demandas da população mais pobre
e de alguns grupos sociais, por exemplo, dos caminhoneiros.
O que você apurou a respeito disso?
Curioso, né?
De toda a agenda positiva do governo Lula,
a mais positiva ou a mais promissora talvez seja a inflação.
Essa semana, o IPCA, que é a inflação oficial de maio,
veio abaixo das expectativas
e o que mais puxou a inflação para baixo
foi o preço dos alimentos, que desacelerou bastante.
Conversei sobre isso com o André Perfeito,
o economista André Perfeito,
que explicou que a desaceleração do preço dos alimentos
é prima e irmã da expansão do agronegócio no PIB do Brasil,
que vem crescendo com pujança,
porque aumenta a produção, aumenta a oferta,
portanto, logo cai o preço.
A desaceleração da inflação puxada por um fator como esse
é um indicativo importante para o Banco Central
estudar quando vai começar a baixar os juros.
Pode não ser mês que vem, não deve ser, nem no seguinte,
mas o COPOM pode começar a dar sinalizações
nas atas das próximas reuniões
e isso, como diz bem o André Perfeito,
já é muito importante para mudar o humor do empresariado,
dos investidores, encorajá-los a investir,
o que gera emprego e faz a roda girar.
O que aconteceu nessa semana,
além do lançamento desses programas,
que você perfeitamente mencionou,
porque foi um esforço concentrado do governo
de tirar do papel promessas de campanha
e que estavam enterradas mesmo,
e que o Lula vinha cobrando a dade publicamente,
até para tirar o desenrolar do...
Desenrolar esse negócio aí, a dadinha.
Dar um jeito no subsídio dos carros populares,
enfim, o Lula estava pressionando.
E o que ele fez mais essa semana?
Ele foi para Luiz Eduardo Magalhões,
o Polo Agro da Bahia,
participar da terceira maior feira do agronegócio no Brasil
e a maior do Nordeste,
e fez um discurso contra a polarização
entre pequenos produtores e ruralistas
e passou uma faturinha ali.
Lula que ligou para o Xi Jinping,
que o Alckmin ligou para o vice da China
para liberar dezenas de toneladas de carne
que estavam presas num contêiner no oceano,
porque a data das carnes
era diferente da que tinha sido combinada com a China
e que o Brasil tem que receber pelo que produz
e não importa se o cara votou no Lula ou não votou no Lula,
mas que ele fez tudo o que ele pode fazer
para facilitar os negócios dos ruralistas brasileiros.
E ainda anunciou bilhões e bilhões de reais
em linhas de crédito e plano safra
e fez todo o papel dele lá nessa feira.
O André Perfeito coloca isso em termos muito claros.
Ele fala que o mercado tem uma leitura muito ingênua do Lula,
porque o Lula opera o agro
tanto quanto opera o Banco Central
e vai conseguir no fim agradar todo mundo
na opinião do André Perfeito.
Como assim? Ele fala mal do agro na televisão,
que os ruralistas e tal,
aquelas declarações que a gente já comentou aqui,
mas ao mesmo tempo ele dá todas as condições
para o agro operar como tem que operar.
É o clássico do Lula, né?
Ele bate a cena para um lado e faz o outro.
Com o Banco Central, a mesma coisa.
Bateu no Roberto Campos Neto até não poder mais
para criar um seguro do tipo
dizer que estou tentando, estou fazendo a minha parte,
mas ele que não deixa.
Enquanto isso, ele faz o que precisa
para pavimentar uma baixa estruturada segura da Selic,
que foi, por exemplo, reuneirar a gasolina
ou retomar o ICMS da energia elétrica.
E o Roberto Campos Neto, essa semana também,
deu demonstrações de que entendeu tudinho, tudinho
do recado do Lula, porque ele tocou
num assunto que é caríssimo ao presidente da República
ao dizer que a inflação é perversa
para transferência de renda
e que afeta muito mais quem não consegue
se proteger do aumento de preços,
isso é, corrói o poder de compra das pessoas mais pobres.
E essa palavra do Roberto Campos Neto,
qualquer coisa que ele diga em relação
à perspectiva da Selic e sobre a inflação
é preciosíssima para mudar o humor e o apetite
de novo dos investidores e dos empresários
e dos operadores da economia,
porque eles se antecipam
quando o Roberto Campos Neto dá sinais otimistas,
digamos assim, eles se antecipam
e já começam a atuar e a agir
como quem lida com a perspectiva
de uma economia mais aquecida.
E é isso que o Lula precisa,
exatamente isso que o Lula precisa
para ter sucesso no mandato dele.
Os sinais que vêm sendo colhidos recentemente
são de que a economia de 2023
talvez seja um pouco menos pior
do que se esperava para esse ano
e a de 2024 talvez seja um pouco melhor
que a de 2023.
E é isso que interessa, 2024 ainda por cima
é eleição municipal,
é disso que o Lula precisa,
então enquanto ele fala e morde, assopre,
a roda está girando.
Muito bem, eu aqui atento
ouvindo as explicações da Thaís,
mas não conseguindo deixar de pensar
martelando aqui na minha cabeça
o nome desse economista, André Perfeito.
Eu queria ter esse nome,
eu, olá,
bem-vindos ao Fórum de Terezinha,
eu, Fernando Perfeito,
tenho o prazer de conversar
com o meu amigo José Roberto de Toledo
e Thaís Milenka,
Fernando Perfeito.
José Roberto de Toledo, vamos voltar
a falar de coisas sérias.
José Roberto Imperfeito.
José Imperfeito de Toledo.
José Imperfeito, vamos lá,
Zé Imperfeito, é um bom apelido
esse daí, acho que dá para ganhar a eleição.
Eu quero que a gente também
não deixe de lado a pauta ambiental,
não sei se você vai continuar falando da questão.
Falarei, falarei,
não, falarei da questão ambiental
que a Thaís já tratou
da pauta econômica
com perfeição.
A Thaís Imperfeita já tratou
de toda perfeição nesse negócio.
A Thaís Imperfeita, exatamente.
Bom, primeiro, o governo
conseguiu uma mágica essa semana
e não foi por acaso, eles trabalharam
bastante para isso.
Em vez de as buscas serem Lula Maduro,
Lula Zanin,
as buscas passaram a ser Lula Carro Popular.
Eles conseguiram mudar
a agenda, mudar a pauta
sobre o que a gente está conversando.
A semana passada foi uma das piores semanas
para o governo, essa semana
as notícias variam entre o neutro
e o positivo.
Até a briga com o Arthur Lira é boa para o governo,
porque o Arthur Lira é o vilão,
é o chantageiro, é o cara que
virou inimigo da república e o Lula.
Se você pesquisasse Lula
no Google Trends no ano passado,
ia ser Lula Mensalão,
Lula...
Só coisa negativa. Hoje já está
mais equilibrada.
Então esse é um aspecto. Eles trabalharam muito
para isso, cobraram muitos ministérios.
A semana que vem deve ter o anúncio
do Plano Nacional de Alfabetização.
Eles estão tentando manter essa agenda
positiva para controlar
o fluxo de notícias e evitar
o massacre que foi
graças às bobagens que o Lula falou
na semana passada. O que eu acho
fundamental do que foi anunciado,
tem muita coisa improvisada, tem muita coisa
que vai ter pouco impacto,
mesmo esse negócio do carro popular
tem propaganda do
Jeep Renegade dizendo
o plano do governo beneficia o Jeep Renegade.
Não é sério, né gente? Vamos dar
a real aqui. Agora, tem algumas
coisas que podem ser relevantes.
Esse plano que foi
anunciado para controlar
o desmatamento, o plano de ação
de prevenção e controle do desmatamento da Amazônia Legal,
ele é um plano consistente
porque ele prevê
aumentar as ações de fiscalização
usando tecnologia,
ou seja, você pega o PROD,
que é aquele projeto de monitoramento do desmatamento
da Amazônia via satélite,
identifica as áreas
onde houve mais desmatamento e
concentra a ação ali, então vai aumentar
o número de ações de fiscalização.
Eles vão embargar
metade da área desmatada
ilegalmente, que foi identificada por esse
sistema de satélites do PROD,
que estão em áreas de conservação
porque é justamente aí
que o desmatamento cresce mais
nos últimos anos e assim
vai, são vários pontos
que são relevantes. Um dos mais
importantes, na minha opinião,
é suspender ou cancelar
todos os registros
irregulares do Cadastro Ambiental Rural.
O Cadastro Ambiental Rural
é uma ferramenta muito importante,
só que ela é autodeclaratória.
Você entra no sistema
e dá os pontos geográficos
e diz essa área é minha.
E depois, supostamente, haveria
algum tipo de fiscalização para
comprovar se aquela área é sua ou não.
Na prática, o que aconteceu é que na
Amazônia tem área indígena
que tem três andares de cá,
porque todo mundo diz que a área indígena é dele.
Então, a floresta lá de Jamanxim
é um desses casos, entendeu?
Você entra lá e tem cá espalhado para tudo
quanto é canto e daí com o cá
você consegue
até financiamentos,
você consegue ter instrumentos
para viabilizar a destruição
da floresta. Ao
suspender ou cancelar os registros,
você vai minar
um dos tripés para a devastação.
Então, no papel,
o plano é bom, na minha opinião.
Saber se ele vai se concretizar.
Nessa semana já teve a notícia de que
caiu a área desmatada na Amazônia
e, em compensação, explodiu no Cerrado.
Mas, enfim, eu acho que
esse foi um bom plano,
anunciado, que pode, às vezes, se tornar uma
boa notícia e extremamente necessária
porque essa questão da Amazônia
é mais fundamental do que qualquer
intervenção do Brasil na
Guerra da Ucrânia. É isso que
o Brasil é relevante no mundo.
E é um contraponto a tudo
que vocês falaram, que o Lula falou
que o Lula ia para tentar seduzir o agro.
É um tiro lá e outro cá.
Esse jogo de equilibrismo
que o Lula vai
ter que fazer para sustentar
o motor agropecuário da economia
e controlar o desmatamento.
Acho que é um bom exemplo.
Sem trocadilho, né, Fernando?
Perfeito! Sem trocadilho.
Estou tão lerdo aqui que nem percebi o trocadilho.
Que eu mesmo.
É porque era assim.
Muito bem. Sem trocadilho.
A gente vai encerrando o terceiro bloco
do programa por aqui. Vamos direto
então para o momento Kinder Ovo.
Muito bem,
Mari Faria. Eu estou
numa seca danada aqui.
Quero ver se a gente interrompe essa série
vitoriosa da
Thaís Bilenk. Não vamos interromper
não, gente. Vamos manter o cabelo.
A Thaís perfeita.
Solta aí, Mari.
Porque Flavio Dino fez um passeio na CCJ.
Ele engoliu uns 10 deputados lá.
Muita gente foi despreparada.
Feliciano.
Comissão mais séria da casa e quis lacrar o ministro.
Aí o ministro, ele é juiz de direito,
ele conhece a linguagem, governador de Estado,
comunista de carteirinha,
extremamente preparado e guerrilheiro.
Aí eu acho que ele estava com um ponto no ouvido,
que ele estava cheio de assessores.
Ele moeu, cara.
Ficou com vergonha. E assim, na maciota,
batendo de vacilão, ele está
E assim, na maciota, batendo devagarinho.
Thaís perfeita.
Thaís perfeita.
Esse negócio, eu quero uma investigação.
Vou acionar a Polícia Federal.
Quero uma operação da Polícia Federal nesse Kinder Ovo.
Isso é da Thaís?
Eu já desisti, né?
Eu estou indo tomar café na hora do Kinder Ovo.
É.
Eu notei um tom de felicidade
do Marco Feliciano
nesse comentário.
Parece que está adorando.
Parece que está querendo mudar de lado.
É.
Como é que a Thaís vai acertar o Feliciano?
Meu Deus do céu.
Bom, encerramos o Kinder Ovo.
Hoje temos o momento Cabeção.
O momento Cabeção, como vocês sabem,
a gente dá umas dicas,
fala de livros, séries
e que tais.
Começamos pela vencedora do Kinder Ovo.
A rainha do Kinder, Thaís Vilen.
Vou indicar a nossa
colega, inclusive que
vem aqui na bancada, que publicou
a Ana Clara Costa. Publicou uma reportagem
na Piauí desse mês, que é
pra ler comendo pipoca.
A teia do golpe. A trama
montada por políticos, militares e policiais
pra golpear a democracia no Brasil.
É saborosa, porque ela conta
bastidores, detalhes, aquela
sucessão de eventos que todo mundo
acompanhou paralisado
e agora em retrospectiva com detalhes
interessantes,
novidades, enfim, conseguiu
relatar um período
muito recente da nossa história
que ainda vai ter que ser recontado
inúmeras vezes. Estamos aí
às voltas com 2013 e ainda imagina
o que aconteceu ano passado, é material
abundante. Então
eu recomendo essa leitura,
que inclusive é uma matéria tão grande, né,
Ana Clara, eu sei que você ralou,
que vale quase que um livro. Muito bom.
José Roberto de Toledo,
vamos com você. Bom,
eu vou recomendar
dois livros, acho que são os mesmos
que o Fernando vai recomendar,
mas enfim, a gente pode fazer um dueto.
A gente combinou, a gente falou antes.
A gente combinou de não recomendar e
daí eu não recomendei e os dois vão recomendar.
É assim que a gente, né, foi o que aconteceu.
Digamos assim que temos
uma unanimidade
no programa, que é recomendar
o livro 13, A Política de Rua
de Lula a Dilma,
da Ângela Alonso,
professora titular, curso de Sociologia
da Universidade de São Paulo,
que faz uma
análise dos 10 anos
de junho de 2013,
mas uma análise muito original.
Primeiro que ela faz uma crítica
de todas as interpretações
que houve desde a época
até as mais recentes, mas o bacana
é que ela faz análise de como chegamos
a junho de 2013
e não o que aconteceu
depois de junho de 2013. Também tem
um pouco sobre isso, mas o mais interessante
é essa análise anterior,
as condições, porque ela revela
a meu ver, dá um melhor
retrato do que foi junho de 2013,
que é uma colcha de retalhos
para usar a imagem mais gasta
da língua portuguesa, né.
Ela até me contou que ela queria
para a capa do livro uma foto que saiu no New York Times,
que é em altíssima resolução,
em que cada um
dos milhares de manifestantes
tinham um cartaz na mão e cada cartaz
era diferente do outro. E aquilo é a
versão do que foi junho de 2013
que abrigava da extrema direita
à extrema esquerda, só não tinha o governo,
que foi
massacrado no final das contas.
Mas enfim, queria recomendar,
é uma ótima leitura, ela escreve muito bem
também. O outro livro é para dar
um refresco no momento cabeção,
porque é um livro muito gostoso
de ler, chama-se O Homem do Sapato
Branco, do nosso amigo Maurício
Stayser, que
conta a história de um apresentador
de televisão que talvez para os
jovens ouvintes não
soe familiar,
mas que é simplesmente o inventor
do munducão na televisão brasileira.
Ele, nos anos 60
ainda, quando a televisão
funcionava à base de carvão,
ele criou esse modelo
que foi desembocar no
Siqueira Júnior, no Datena,
de exploração
do que há de pior. Para vocês terem uma ideia,
era tão popular esse
programa na época, que os
policiais prendiam alguém,
algemavam, e antes de levar
para delegacias, levavam para o estúdio
Jacinto Figueira Júnior, que era o Homem do
Sapato Branco, entendeu? E o cara botava
no ar. E tinha humilhação,
era um horror. Ele foi
deputado, foi cassado, é um personagem muito
rico, muito interessante,
mas explica
de onde veio esse munducão
que a gente assiste até hoje na televisão.
Até rimou. Só acrescentando
primeiro, para falar da nota
não é só triste, da nota
revoltante dessa semana,
essa cena dos policiais carregando
aquele rapaz amarrado
pelas mãos e pelos pés,
mostra que a gente, desde aquela época
do Jacinto, as coisas não melhoraram nada,
ou seja, tem uma violência no Brasil,
tipo um padrão
de comportamento da polícia, que é inaceitável.
A menção a esse livro
do Jacinto me faz... Acho que é
necessário que a gente registre o horror
desse negócio e isso.
Em relação ao Jacinto, ele é realmente um precursor,
ele é o primeiro, ele foi
para a política, como o Zé falou,
então também é um comportamento padrão de todos
esses apresentadores. Tem uma espetacularização
da violência,
uma perspectiva totalmente favorável
às forças policiais, né?
E é muito interessante mesmo.
O Sticer é um jornalista que
leva a televisão a sério. Não que ela seja
séria sempre, muitas vezes ela não é,
mas justamente por isso que ela tem que ser vista, porque a televisão
é meio formadora no Brasil. Ela tem uma centralidade
na sociedade brasileira,
que às vezes as pessoas não
levam em conta. Muito bem,
rapidamente, teria outras
indicações aqui, mas eu não quero deixar passar,
ainda sobre 2013,
saiu pela editora Zahar
o livro A Razão dos Centavos
Crise Urbana, Vida Democrática
e as Revoltas de 2013.
Mais um livro sobre junho de 2013,
escrito pelo Roberto Andrés,
que é colaborador da Piauí também. O Andrés
é um urbanista,
é um ensaísta e é um estudioso
da questão urbana, da tragédia
urbana brasileira. É ligado
à questão do meio ambiente.
Foi um dos fundadores
da revista Pisiagrama, que é uma
revista importante sobre urbanismo
de uma perspectiva progressista
de esquerda. E ele reconstitui
a partir dessa experiência dele,
o que aconteceu em 2013, também cava
a pré-história desse movimento,
mostra as reivindicações em relação
à questão do transporte gratuito
no Brasil, o que evoluiu, o que não evoluiu.
É isso? Isso é sá.
Se você não tiver mais nada,
mas realmente você não pode ter nada melhor
pra fazer, né? Você sobrou ali no domingo.
Para tudo o que você estiver fazendo.
Esse trio aqui,
Parada Dura, estará
no domingo, às 17 horas,
na Praça Charles Miller,
não pra jogar uma partida de futebol,
mas ali na Feira do Livro, vai ter
um foro ao vivo
que a gente vai falar bobagem
pra quem estiver passando.
5 horas da tarde, domingo, estaremos lá na feira,
que é um lugar muito simpático.
É de grátis. Um dos assuntos
que a gente vai tratar é justamente
2013. Vamos aprofundar
um pouco, desenrolar um pouco
mais esse fio. A gente espera vocês
por lá. Vamos fechar o feriado
juntos ali, quem estiver em São Paulo
vai ser um prazer. Muito bem.
Bom, dado o recado, vamos
para o Correio Elegante. É isso?
Eu começo, vou ler aqui
a cartinha da
Isa Maris Raulino,
de Palhoça, Santa Catarina.
Sou ouvinte assídua há anos.
Vocês fazem parte do meu ritual preferido.
Às sextas-feiras, quando abro
a minha cervejinha no final do dia,
e coloco o foro de Terezinha pra tocar.
Escrevo pra deixar registrado que, conforme prometido
pelo presidente Lula, o namorado
veio em 2023.
E agora já é parte do ritual.
E o nosso poder viver juntos, inclusive, tem o mesmo
peso de uma traição. Por isso,
queria enviar um beijo para o meu querido Giovanni,
parceiro de vida e de foro.
Um grande abraço pra vocês. Obrigado
por trazerem leveza e coerência
para assuntos tão complexos da
política brasileira.
Muito obrigado, Isa Maris.
Eu não sei, as pessoas adoram
esse negócio. Tem alguma coisa
que acontece aqui que os casais,
a gente virou uma espécie de... Como é que chama
aqueles negócios em
São Paulo? Essa Junina, que tá na época agora
Correio do Amor. Correio da Gretchen.
Vem pra casa, um detalhe.
É o nome dessa sessão.
Eu sei que vocês não vão
tirar isso da edição.
Então fica esse
mito. Fernando Perfeito
também com Gretchen Suas.
Isso daí! Como é que chama
aquele negócio?
Você tem uma de Thaís agora, vamos falar a real.
É, de Thaís.
Bom, então deixa eu dar uma de Thaís também.
Muito bom. Vou ler o recadinho que
chegou do Joaquim Lozada.
Sou argentino, vou falar
portanhola então.
Sou argentino
e no dia 4 de junho completaram
três anos que conheci meu amor
brasileiro. Ela me fez ouvir o programa
e logo se tornou nosso ritual das
sextas-feiras à tarde. E foi ótimo,
não só pra exercitar meu português,
mas pra ter informações jornalísticas
de alta qualidade sustentadas
com dados, algo que ainda não encontrei
em meu país.
Gostaria muito de pedir
um cumprimento para a Anitta, minha amada,
com quem estamos esperando o primeiro filho
ou filha. E com quem espero
passar o resto da minha vida.
Continuem com esse trabalho espetacular
de uma Cataluña repleta de
rava-porcos. Muitas graças
e hasta luego.
Eu introduzi termos aqui só pra gastar
bastante, vocês estão vendo.
Beijos!
Então, descobrimos
agora que a Grande Matão incorporou a
Cataluña. A Mari me passou
duas mensagens. O primeiro é um
comentário feito no YouTube pelo
Manuel Rodrigues Pereira 7345
que vocês vão
entender que é uma
alusão à perfeição
deste programa.
Taís, humilhando no Kinder Ovo
em 2023 é a prova
que o novo sempre vem.
Boa, mana!
A segunda
mensagem é uma
recomendação do Ministério da Saúde
é o seguinte
é um e-mail que foi enviado pela
Isabel Bizarrias
deve ser prima do André Perfeito
Sou advogada. Na última
sexta-feira, como sempre
estressantes prazos da profissão
senti que
uma crise de ansiedade
iria me abater. Como
eu tinha entregas no fatídico prazo
engolir as emoções e seguir trabalhando
no sábado, acordei com a
mesma sensação. Então,
resolvi andar pela rua, tomar um sol
enquanto ouvia o foro
a ideia pareceu boa, afinal
poderia ser mais relaxante
e eficaz pra evitar
uma crise de ansiedade do que
ouvir as mazelas do país. Bom
fui parar no pronto-socorro
obviamente
não culpo o excelente
jornalismo pela crise que
já se anunciava fazia tempo
mas culpo a caxtocracia
isso me parece mais adequado
de qualquer forma
fico meu aviso aqui pros ouvintes
que sofrem com ansiedade
esse podcast incrível é contendicado para os momentos de crise
consuma com moderação. Um abraço
para toda a equipe do foro e para
o meu irmão Guilherme de 15 anos
que cresceu da noite pro dia
e já não é mais um bebê. Gui
você já lê a Piauí. O que custou
Gui ouça o foro
enquanto você ainda não
tem crise de ansiedade e quem sabe
você desenvolve uma né. É
tem que ouvir na João
Gilberto
quando sai por crise de ansiedade
não o foro. Ou seja
o foro faz mal à saúde não digam
que não avisamos. E assim a gente vai
terminando o programa de hoje se você
gostou não deixe de seguir
dar 5 stars, fazer o comentário
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no Youtube. Foros Terezinha
é uma produção da Rádio Novelo para a Revista Piauí
com a coordenação geral da Evelyn
Argenta que hoje também foi
nosso apoio de produção.
A direção é da Mari Faria
a produção da Maria Júlia Vieira
e do Marcos Amoroso.
A edição é da Evelyn Argenta e do
Tiago Picado. A finalização e mixagem
são do Luiz Rodrigues e do João Jabassi
do Pipoca Sound. Jabassi que é
também o intérprete da nossa melodia tema
composta por Vânia Salles e Beto Boreno.
A nossa coordenação digital é
feita pela Bia Ribeiro. A checagem
do programa é do João Felipe Carvalho
e a ilustração no site do Fernando
Carvalho. O foro foi gravado nas nossas
casas. Eu me despeço dos meus
amigos José Roberto Perfeito
José Roberto Imperfeito
até domingo. Estaremos
perfeitamente no domingo
provocando crises de ansiedade ao vivo
isso aí
em quem se aventurara nos escutar
lá na frente do estádio do Pacaembu
e Thaís Bilenka
mais que perfeita. Até domingo
Thaís. Até domingo
ai ai, tem nem o que falar
espero que isso não aconteça domingo ao vivo
ela tá gritante, ganhando kinder ovo
aliás no domingo vai ter um monte
de bobagem como sempre, mas vai ter uma
novidade, vai ter uma brincadeira nova
vai ter uma inovação
só saberá quem for
exatamente
vai dar tudo errado e a gente não vai repetir
de novo, então vai ser uma oportunidade
única. Exato, de ver o mexanelbi
vou fazer xixi nesse momento, vou me retirar
do palco, vocês fazem sozinho
que não vai dar certo
tá bom? Então é isso gente, boa
semana a todos, até semana que vem
até domingo pra quem estiver
em São Paulo e quiser ir lá