Interpretação da Literatura
[vinheta ♫♫♫]
Bom dia! O nosso curso de hoje será sobre a revisão da literatura dentro do artigo científico,
uma etapa fundamental pro estudo e para compreensão do texto acadêmico.
Então, o que significa, qual é a função da revisão da literatura dentro do artigo?
É um momento em que o autor, o escritor citou o seu trabalho em relação a uma série de outros trabalhos
e faz uma exposição de fatos, pesquisas, pensamentos e ideias de autores.
Não há uma padronização sobre um número considerado ideal, de autores citados dentro da revisão da literatura.
Em geral, nós observamos 3 autores, no mínimo, citados em 1 ou 2 que constituem a referência principal da pesquisa do artigo.
O número vai ser então, determinado pela quantidade de pesquisa que o tema suscita.
Há temas que têm um número maior de pesquisas, um número muito grande e há temas que têm pouca bibliografia.
Inclusive, quando o autor encontra bastante dificuldade, escassez de pesquisa, ele costuma assinalar isso
com uma frase, afirmando a sua dificuldade com a pesquisa.
Muitas vezes, essa informação é colocada de forma explícita no artigo.
Quais as funções então, da revisão da literatura no artigo científico? Nós temos então, 4 funções principais.
A primeira é reconhecer e dar crédito à criação intelectual de uma determinada cultura disciplinar.
A segunda é indicar, que se qualifica como membro de uma cultura disciplinar, através da familiaridade com a produção do conhecimento da área.
A terceira é abrir espaço para estabelecer novas pesquisas.
E a quarta função é emprestar ao texto uma voz de autoridade, mostrando ao leitor que se conhece o tema.
Um aspecto bastante importante da revisão é que ela possui uma estrutura, uma organização retórica e essa organização, então, apresenta
8 estágios em geral. Alguns artigos obedecem mais a estrutura, outros menos, mas isso você só
vai perceber na análise, na leitura dos artigos em si, e verificando, muitas vezes, quais desses 8 passos
são realmente importantes para aquele tópico ou não.
O primeiro movimento é estabelecer o interesse profissional utópico, levantando interesses, levantando questionamentos,
a importância da pesquisa para a área profissional.
O segundo é fazer generalizações sobre tópicos. São frases ditas do senso comum ou óbvias, mas que ajudam a fazer um ancoramento do leitor com o texto.
O terceiro é citar o objetivo do estudo, para que fazer esse estudo.
O quarto é citar pesquisas prévias. Aqui, realmente, a gente entra no coração da revisão da literatura, que a gente então
faz essas citações, essa exposição dos autores em discurso direto ou indireto como nós já vimos no outro vídeo.
A quinta, o quinto movimento é estender pesquisas prévias. O que quer dizer isso?
É comentar, é questionar, é trazer um comentário um pouco mais aprofundado de algumas dessas pesquisas.
Nem todas são estendidas, e é também fazer relações...fazer relações dessa pesquisa com outras pesquisas.
O sexto movimento é contra-argumentar pesquisas prévias, em que muitas vezes o autor,
ele compara a pesquisa "A" com a "C", com a "D", colocando-as em contraponto, em contra-argumentação.
Sétimo: indicar lacunas em pesquisas prévias. Quais são as questões que não são observadas nos estudos.
Resumir ou situar o leitor a pesquisa prévia mais relevante para o objetivo da pesquisa.
Os bons escritores fazem isso, eles fazem uma espécie de resumo e eles retomam a pesquisa mais importante, de modo que
a leitura, da revisão da literatura não fique monótona, ou não fique apenas algo para cumprir um papel meramente burocrático.
De maneira geral, os procedimentos discursivos que a revisão da literatura apresenta,
qual é sua função dentro do texto acadêmico. São os seguintes:
Definição. Definir conceitos, comportamentos, pesquisas, termos, de modo a situar o leitor nos significados apresentados.
Comparação. Então, há essa comparação de textos. Essa comparação pode ser mais ou menos implícita.
Questionamento. Então, são as perguntas que são colocadas a partir da leitura dos autores.
Situação. Como nós já vimos, no outro vídeo, ela tem a função, então, de apresentar de maneira mais ou menos
clara e definida, as ideias dos outros autores.
E a acumulação de argumentos, muitas vezes, um único parágrafo, ele apresenta 4, 5, 6 autores condensados, às vezes, numa única frase, quando trazem ideias muito semelhantes.
Bom, como nós já vimos, a descrição linguística da revisão da literatura, ela é constituída por uma espécie
de polifonia linguística, que é utilizada para atingir essa autoridade intelectual.
Como é que a gente consegue essa polifonia, que é esse conjunto de voz? Essas vozes têm que conversar numa certa
harmonia, numa complementaridade como numa banda. Uma voz não pode se sobrepor à outra, elas devem estar
organizadas, de forma que todas cumpram uma função na revisão.
Ela é feita, então, pelo uso das vozes do discurso direto e indireto, pelo debate interno entre vozes
e pela função principal... é confirmar ou refutar os pressupostos de alguns autores, de modo que algumas vozes,
nessa composição, ela se torne um pouco mais ressaltada do que as outras,
mas todas devem trazer então, de alguma maneira um auxílio para a construção da argumentação textual.
Essa ideia polifonia linguística é bem importante.
Tipos de citação. Nós temos citação direta, indireta, e a citação posicional, que nós já vimos no outro vídeo com bastante detalhe.
O que nós temos então, como atitude do investigador, que verbos, que ideias nós vamos encontrar então, na revisão da literatura?
Verbos de procedimento, de objetividade, de efeito, de qualificação e de incerteza.
Por exemplo: categorizar, conduzir, comparar, investigar, analisar. Objetividade: obter resultado, mostrar, encontrar.
Efeito: mostrar. Qualificação: chamar a atenção. Incerteza: é engraçado a gente dizer, mas artigo científico também tem verbos de incerteza,
como: estimar, hipotetizar, predizer e propor. Todos esses mostram atitudes do investigador,
em relação aos autores que ele está trazendo. Verbos de argumentação: apresentar, suportar, oferecer evidência,
fornecer dados e concluir. E verbos de informação: referir, notar, reportar, documentar.
E de atitude cognitiva: acreditar, pensar, focalizar e interpretar.
Ainda sobre a polifonia linguistíca é importante a gente trazer um conceito, que se chama encadeamento frasal,
que é como se dá a transição entre parágrafos, dentro da revisão da literatura.
Então aqui nós temos uma frase.... que vai trazer um pouco... uma reflexão sobre essa questão do encadeamento.
Como é que a gente faz a passagem de um autor pra outro, de uma ideia pra outra, em termos linguísticos.
Todo enunciado faz alusão à sua enunciação: desde que se fala, fala-se de sua fala. Essa hipótese pode desempenhar um grande papel na descrição
dos encadeamentos de enunciados que constituem o discurso.
É interessante para compreender que 2 enunciados sucessivos são ligados um com o outro.
Admitir que sua relação semântica concerne não as informações que lhes comunica, relativamente aos eventos do mundo,
mas a este evento particular que constitui sua enunciação, vista através da imagem que dela dá o sentido do enunciado.
Então, o que vem a ser então esse encadeamento frasal? Ele se marca através .... vai chamar de operadores argumentativos.
Na passagem de uma frase a outra, é possível ver elementos de transição pequenas pistas ou instruções gramaticais
que nos possibilitam ver o discurso por baixo do discurso, o ponto de vista do locutor ou escritor,
sua orientação discursiva. Essas instruções são dadas por operadores argumentativos.
Existem então, alguns operadores argumentativos e eu vou descrever brevemente quais são e qual
a sua força, sua orientação. Há operadores como: ao menos e no mínimo, que encaminham a argumentação
do argumento mais forte para o mais fraco, deixando subentendido a existência de outros mais forte.
Ao menos, no mínimo, tal coisa. Existem operadores que encaminham a argumentação do argumento mais fraco
para o mais forte, contrário. Deixando subentendido o argumento fraco, que ele já seria suficiente para
enunciar: mesmo, até, inclusive. Então a gente traz aquele último argumento, que é a carta na manga.
Aquele argumento mais forte que quase ele poderia ser dispensado da argumentação.
Também nós temos argumentadores que introduzem de maneira...um argumento decisivo, apresentado a título de lambuja.
Como por exemplo o aliás, o além disso. E alguns operadores marcam oposição de elementos semânticos
de forma explícita ou implícita. Mas porém, contudo, embora, todavia.
Exemplos: ele é bom jogador, mas inteligente. Ela é bonita, mas inteligente. O que o 'mas' marca ali?
Que o escritor, ele tinha uma ideia, uma hipótese, uma visão de mundo que o jogador de futebol é burro.
E que naquele caso específico, daquele jogador que está falando, ele é um jogador inteligente ou ela é bonita mais inteligente,
então por que geralmente, ele acha que as mulheres inteligentes ou as mulheres bonitas são burras,
mas ela é inteligente, ela é bonita, mas inteligente, ele está então, ao mesmo tempo afirmando o problema
'é bonita e inteligente', mostrando sua visão de mundo. Então, cuidado com os operadores argumentativos
eles mostram preconceitos, eles mostram alguns pressupostos de enunciação.
'Ela é bonita, mas inteligente". Então, a pessoa que fala isso, ela acha que as mulheres em geral são bonitas e burras,
nesse pressuposto que está por baixo. Isso deve ser cuidado na argumentação.
Além disso, nós temos alguns operadores que esclarecem, modalismo é uma afirmação anterior,
fazendo um ajustamento enunciativo, fazendo uma explicação, especialmente, quando é uma
conceituação bastante difícil. Algumas vezes também, tem um argumento mais forte no sentido de
uma determinada conclusão: isto é, quer dizer, de fato. E alguns operadores encaminham para
uma afirmação plena: tudo, todos. Ou de negação: nada, nenhum. Vamos, então, terminar o nosso vídeo de hoje
com uma atividade, como sempre, uma análise da revisão da literatura. Então, vou pedir que vocês façam
o seguinte: escolham 3 artigos de um mesmo tema. Respondam às seguintes questões.
Esses artigos, como vocês sabem, sempre no portal de periódicos Capes, que é um dos portais mais
abrangentes de pesquisa no Brasil. Responda às questões. 1) Dentro de cada revisão de cada artigo,
os autores têm a seguinte atitude em relação aos autores citados: confronto, complementação,
repetição, um outro ou um pouco de cada uma das três atitudes.
Quais as etapas da estrutura retórica de cada artigo? Quase os recursos de cada artigo (discurso direto, discurso indireto)?
Como é o uso dos operadores argumentativos (exagerado, moderados, sutil)?
Responda e justifique qual é melhor o artigo dos 3 selecionados, considerando a sua revisão da literatura?
Utilize as 3 perguntas acima para tomar a sua decisão. Se necessário, faça uma tabela
para você ajudar a tomar uma decisão. Então, vocês vão comparando com essas 3 perguntas.
Isso vai ajudar vocês a observar a revisão da literatura. Então, por hoje é isso, obrigada pela atenção.
Nós estamos encerrando o vídeo revisão da literatura.
[vinheta ♫♫♫]