Guerra do Paraguai - Quarta parte - Fim da guerra: o comando do Conde d'Eu
No terceiro período da guerra (1869-1870), o genro do imperador Dom Pedro II, Luís Filipe Gastão de Orléans, Conde d'Eu, foi nomeado para dirigir a fase final das operações militares no Paraguai, pois buscava-se, além da derrota total do Paraguai, o fortalecimento do Império Brasileiro. O marido da princesa Isabel era um dos poucos membros da família imperial com experiência militar, já que na década de 1850 participara, como oficial subalterno, da campanha espanhola na Guerra do Marrocos. A indicação de um membro da família imperial pretendia diminuir as dificuldades operacionais das forças brasileiras, problema agravado pelos muitos anos de campanha, pela insatisfação dos veteranos e pelos conflitos, políticos e pessoais, que se alastravam entre os oficiais mais experientes.
Em agosto de 1869, a tríplice aliança instalou em Asunción um governo provisório fantoche aliado de contrários a Solano, encabeçado pelo paraguaio Cirilo Antonio Rivarola. O Império acelerou o processo para a formação do governo, que prometerá realizar eleições democráticas no ano seguinte e criar uma assembleia constituinte.
Solano López, prosseguindo na resistência, refez um pequeno exército de 5000 homens, a maioria velhos, crianças e veteranos semi-inválidos e 36 canhões na região montanhosa de Ascurra-Caacupê-Peribebuí, aldeia que transformou em sua capital. À frente de 12 mil homens, o conde d'Eu chefiou a campanha contra a resistência paraguaia, a chamada Campanha das Cordilheiras, encerrada em 18 de agosto. Principalmente no Brasil, após os conservadores terem voltado ao poder no camará imperial, se tornou prioridade a reconstrução do estado paraguaio. Para este ser reconhecido, era necessário a vitória sobre Solano. O processo foi acelerado pela entrada no governo argentino, em 1868, de Domingo Faustino Sarmiento, cujos desejos expansionistas o Império do Brasil temia.
O exército brasileiro flanqueou as posições inimigas de Ascurra e venceu a batalha de Peribebuí (12 de agosto), para onde López transferira sua capital. Após a batalha de Peribuí, o Conde d'Eu parece ter-se exasperado com a obstinação paraguaia em continuar a luta, nada fazendo para evitar a degola de prisioneiros capturados durante e depois dos combates. Na batalha seguinte, Campo Grande ou Nhu-Guaçu (16 de agosto), as forças brasileiras se defrontaram com um exército formado, em sua maioria, por adolescentes e crianças e idosos, recrutados a força pelo ditador paraguaio. A derrota paraguaia encerrou o ciclo de batalhas da guerra. Os passos seguintes consistiram na mera caçada a López, que abandonou Ascurra e, seguido por menos de trezentos homens, embrenhou-se nas matas, marchando sempre para o norte.
Dois destacamentos foram enviados em perseguição ao presidente paraguaio, que se internara nas matas do norte do país acompanhado de 200 homens. No dia 1° de março de 1870, as tropas do general José Antônio Correia da Câmara (1824-1893), o Visconde de Pelotas, surpreenderam o último acampamento paraguaio, em Cerro Corá, onde Solano López foi ferido a lança pelo cabo Chico Diabo e depois baleado, nas barrancas do arroio Aquidabanigui, após recusar-se à rendição. Depois de Cerro Corá, as tropas brasileiras ficaram eufóricas, assassinando civis, pondo fogo em acampamentos e matando feridos e doentes que se encontravam nos ranchos.
Não era esse o desejo do imperador D.Pedro II, que preferia ter López preso a morto. No Rio de Janeiro, a morte de Lopéz foi muito bem recebida e o imperador recuperou sua popularidade que havia sido abalada pela dispendiosa guerra. Em 20 de junho de 1870, Brasil e Paraguai assinaram um acordo preliminar de paz.