Trump cumpriu promessa de erguer muro entre EUA e México?
A construção de um muro entre Estados Unidos e México foi uma das grandes
promessas de campanha de Donald Trump em 2016.
Trump também garantiu que faria com que o México pagasse pelo muro.
Quatro anos depois, o presidente americano diz que o muro está praticamente pronto.
E que o México está pagando Mas é assim mesmo?
A fronteira entre México e Estados Unidos se estende por mais de três
mil quilômetros e é a mais movimentada do mundo. São dezesseis postos de fronteira, dos quais oito
se destacam pela quantidade de pessoas que cruzam legalmente para ambos os lados a cada dia.
É difícil saber quantos migrantes sem documentos tentam cruzar, mas os últimos números disponíveis
falam de menos de meio milhão por ano. Essa quantidade é muito menor do que os
que entram por avião e com visto — e que terminam ficando nos Estados Unidos quando o visto vence.
No entanto, Trump insiste que o muro é necessário para frear o que ele chama de
“uma invasão de imigrantes” e “para manter os americanos a salvo dos traficantes de drogas”.
Partindo dessa premissa, ele prometeu construir um muro que encobrisse toda a fronteira.
Depois, esclareceu que só cobriria a metade, porque a natureza já se encarrega do resto.
De fato, um terço da fronteira já tinha algum tipo de barreira física
antes de que Trump chegasse à Casa Branca. O governo do democrata Bill Clinton foi o que
começou a construir partes do muro para frear o aumento da imigração irregular.
Atualmente, em vários pontos, a fronteira tem duas ou até
três camadas de barreiras, uma atrás da outra. Elas vão desde painéis de aço liso ou ondulado,
passando por cercas de arame farpado, vigas verticais fincadas em cimento e separadas por
espaços muito pequenos até, em alguns trechos, grandes blocos de cimento.
Esta estrutura é complementada por patrulhas, holofotes, câmeras e outras tecnologias
de vigilância, como sensores e drones. E quanto disso foi construído no governo Trump?
Para começar, o Congresso se negou a aprovar o orçamento para o muro,
e isso atrasou os planos de construção. Agora, em plena campanha eleitoral,
o presidente diz que foram construídos 500 quilômetros e que espera que 800
quilômetros estejam completos no início de 2021. A Agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras
dos Estados Unidos diz que foram construídos 507 quilômetros do “sistema de muro fronteiriço”.
Só que isso não significa que seja um muro novo.
Vamos ver: Destes 507, mais de 450 quilômetros
são substituições ou consertos de estruturas que já existiam e estavam deterioradas.
Isso significa que só foram levantados 56 quilômetros de muro novo, dos quais
43 quilômetros são barreiras secundárias que servem para reforçar a segurança das principais.
Isso deixa um total de 13 quilômetros de barreiras primárias totalmente novas.
Há muitas razões pelas quais está sendo tão difícil construir o muro do zero.
De um lado, estão os obstáculos naturais como as montanhas, o deserto,
os pântanos e o rio Bravo — chamado de rio Grande nos Estados Unidos, com seus canais.
Outro fator é que grande parte do território que está próximo à fronteira no Texas, do lado
americano, está em propriedades privadas, e seus donos não querem ceder o terreno ao governo.
A tudo isso se soma a falta de dinheiro. Trump diz que o México está
pagando a construção do muro, mas o México nega. E com razão.
Os números oficiais dizem que grande parte dos fundos,
na verdade, vêm dos Departamentos de Segurança Nacional, Defesa e Tesouro dos Estados Unidos.
Isso acontece porque, em fevereiro de 2019, Trump assinou uma declaração de estado de emergência
nacional na fronteira com o México, alegando que isso era necessário para a segurança do país.
Essa medida permitiu realocar milhões de dólares de rubricas orçamentais
destes três departamentos para o muro. Todo esse dinheiro, somado à quantia de um bilhão
e 375 milhões de dólares que acabou sendo aprovada pelo Congresso, dá um total de quinze bilhões.
É uma quantia menor do que os vinte e cinco bilhões que foram orçados inicialmente.
Mas, para além de quem está pagando e de quão avançada está a sua construção,
o muro simboliza o endurecimento da política migratória durante os anos Trump.
Esse tema ocupou um lugar central na sua presidência, com o drama das famílias separadas
na fronteira e com as imagens das caravanas de milhares de migrantes que chegavam da
América Central, depois de semanas caminhando.
Isso sem falar nos jovens sem documentos, os chamados sonhadores, que entraram nos EUA quando crianças
e agora não sabem se vão conseguir emprego e manter as suas vidas lá.
É isso. Eu fico por aqui. Se vocês tiverem dúvidas, elogios, críticas, sugestões,
deixem aí nos comentários que a gente vai, como sempre, tentar ler e responder o máximo possível
Tchau!