O GOLPE MILITAR DE 15 DE NOVEMBRO DE 1889
Todas as vezes que uma guarnição militar deixa a caserna, em geral ao raiar do dia,
com o objetivo de derrubar um regime constitucional, essa ação tem apenas um nome: se chama golpe
militar.
Pode ser golpe baixo, pode ser golpe brando, pode ser um golpe sanguinário, pode ser um
golpe duro, pode ter sido dado com o apoio da sociedade civil, pode ter sido dado à
revelia da maior parte dos cidadãos, mas é única e exclusivamente um golpe.
Você também pode chamar com outro nome, você pode chamar assim de...
Proclamação da República.
Você pode chamar de Revolução de 30.
Você pode chamar de Movimento de 1964, mas nada disso muda o fato de que é golpe.
Foi golpe.
E o que aconteceu, no dia 15 de novembro de 1889, ao raiar do dia, no Campo de Santana,
no Rio de Janeiro?
Um golpe militar.
Um golpe militar.
Tanto é que um dos melhores textos sobre esse movimento é do então ministro, presidente
do conselho de ministros, que seria assim, uma espécie de primeiro ministro, né, da
época, o Visconde de Ouro Preto, que escreveu um livro chamado "Advento da Ditadura Militar
no Brasil".
É, publicado em Paris, em 1891, quando ele estava no exílio, né.
O Marechal Deodoro da Fonseca, que aliás, cê sabe, era monarquista, né... 67 dias
antes do golpe ele disse: "os brasileiros estão e estarão muito mal educados para
republicanos.
Ruim com a monarquia, pior sem ela".
Hehe é, o Marechal Deodoro era monarquista, mudou de lado...
O tenente coronel Benjamin Constant, esse sim, era republicano de primeira ordem e acima
de tudo era positivista, né, o positivismo era uma doutrina filosófica já em decadência
na Europa, na época, mas que tinha conquistado muitas mentes no Brasil, inclusive e principalmente
ali na escola militar da Praia Vermelha, liderada pelo Benjamin, mas também o Euclides da Cunha,
o futuro marechal Rondon, eram positivistas ferrenhos, em pelo menos momentos de suas
vidas.
E é claro, o jornalista golpista Quintino Bocaiúva.
O Quintino Bocaiúva era o diretor de redação do jornal "O País".
A articulação basicamente desses dois homens, Benjamin e o Quintino, fez com que o Deodoro
se unisse a esse movimento golpista e, no dia 15 de novembro ele derrubou, de forma
quase patética, um golpe brancaleônico, o ministro Visconde de Ouro Preto.
Só que no fim da tarde, já sofrendo de dispneia e dificuldades respiratórias, é que ele
derrubaria o imperador sem mencioná-lo.
Ele diria apenas "digam ao povo que a República está feita".
É, é, porque vocês sabem, eles mandam dizer pra vocês, o povo.
Povo, que aliás, segundo Aristides Lobo, que era um jornalista e depois virou Ministro
do Interior, do governo Deodoro, "povo que assistiu a tudo bestializado, atônito, sem
alcançar o que significava".
Que nem tem pessoas aqui que não alcançam o canal Buenas Ideias.
Mas essas tão indo embora lentamente, né, só ficam as que alcançam.
Cara, esse é um dos momentos mais legais da minha peça, Não Vai Cair no Enem, quando
eu conto os episódios que parecem uma comédia, que parecem uma tragicomédia, que parecem
o Exército de Brancaleone, mas que infelizmente foram verdadeiros e foi assim que a República
foi proclamada no Brasil.
Porém, foi proclamada provisoriamente, e na Constituição de 1891 diz que um plebiscito
seria convocado para que o povo, vocês, o povo, decidissem se queriam monarquia ou República.
Bom, com os representantes atuais da monarquia no Brasil né, que nem o cara que foi eleito
lá né, um cara constrangedor que foi eleito, né cara, e ainda...
Bom, não vou nem falar dessa criatura.
Então monarquia né, na Inglaterra acho legal, na Holanda eu acho legal, mas cara, nos tristes
trópicos aqui...
Lembrando, aliás, que todas as províncias espanholas, de língua espanhola, quando se
separaram da metrópole, todas viraram República, todas aboliram a escravidão, em 1810, 1808,
antes da independência do Brasil, que dirá da República.
Mas hoje, passamos apenas dois dias do feriado, você ainda está curtindo o feriado, e recebeu
aqui, de mão beijada, sem ter visto a peça Não Vai Cair no Enem, mas também sem spoiler,
porque há outros acontecimentos que vieram depois desse que eu falei...
Você recebeu esse breve ã acepipe, esse pequeno aperitivo, de como se deu a República
no Brasil.
Sim, meu amigo, foi um golpe militar.
Você pode apoiar, pode gostar, mas foi GOLPE.
Foi golpe.
Hehe.
É isso aí, quando cair no Enem você diz que foi golpe, o Eduardo Bueno disse que fo
golpe.
Tá bom, então tá, valeu, foi legal né, tchau.