Vamos agora com o candidato Plínio, que pergunta para o candidato Aloísio.
Boa noite, obrigado.
Candidato Aloísio,
eu gostaria de saber como o senhor vai fazer
para acabar com o desemprego no nosso país.
Muito bem, excelente pergunta, candidato.
O desemprego realmente é um problema gravíssimo
que o nosso país atravessa hoje.
E eu pretendo reduzir pela metade a taxa de desemprego.
Como? Muito simples.
Reduzindo também a carga horária de trabalho
-e formalizando assim novos... -Desculpa, só um segundo.
-Candidato? -É que eu estou anotando aqui.
Você pode voltar àquela parte, Aloísio, por gentileza?
Eu não estou entendendo.
Candidato, o senhor tem que deixar o seu colega terminar de falar.
Não, eu vou deixar. É que ele fala muito acelerado.
É só falar um pouquinho mais pausado.
Faz esse favor para mim, meu anjo?
-Você está anotando? -Estou.
É que ele está falando como acabar com o desemprego,
e eu não tenho ideia de como eu vou fazer isso.
Já é meio caminho andado. Se você puder me ajudar com isso.
De verdade mesmo. Só aquela parte de antes, coisa boba.
Sr. Candidato, pode terminar.
-Não vou terminar, não... -Aloísio...
Eu não vou terminar. Para ele copiar o que vou falar depois?
-Mas, candidato... -Não tem nenhum otário aqui.
-Toda vez é isso. -Não...
Não é a primeira vez é a terceira eleição que perco para ele.
Eu falo minhas ideias aqui, aí depois ele usa,
ele tem mais carisma e ganha.
-Para com isso! -Pelo amor de Deus!
-Você está cismado com isso! -Seu último governo foi a minha cara.
-Tudo ideia que eu dei... -Besteira!
Não falo mais nada, não.
-Pergunte você a ele. -Perguntar a ele?
Isso, manda a pergunta.
Candidato Plínio,
qual é o seu nome?
Você sabe que meu nome é Plínio, Aloísio.
-Plínio, muito obrigado. -Não, manda uma pergunta.
Não vai perguntar nada?
Se eu perguntar um negócio sério, ele vai falar qualquer coisa
ou falar um negócio errado,
para eu ficar achando que o errado é o certo.
Depois na tréplica eu dou resposta certa,
e ele copia a minha para o programa dele.
Eu não sou otário, não. Para mim, já deu.
Bom, então cada um tem 1 minuto
para perguntar por que o eleitor deveria votar em você.
-Por quê? -É.
-Porque sim. -Ah...
-Vai, sua vez. Quero ver. -Mas você tem que...
-Dá um motivo. -Eu preciso de uma base.
Dá um motivo... Você tem que falar para eu ter uma base aqui.
Eu já falei: "Porque sim." Vamos lá, quero ver a sua.
Não, eu não vou responder. Ele tem essa mania desde os 15 anos.
Eu não vou responder! Eu não vou responder, não!
Gente, então o debate vai acabar.
-Tudo bem. -A culpa não é minha.
-Duvido que ele tenha algo para perguntar. -Eu tenho, sim.
-Você tem? -Eu tenho.
O que você tem para me perguntar?
-Não tem a resposta? -Não tenho.
-Para quê? -Tem a resposta?
Então como acabar com os juros deste país?
Como acabar com esses juros altíssimos? Como acabar?
Entendi o que você está fazendo. Não vou responder.
Só porque você não sabe como acabar...
-aí depois vai acabar... -Não vai responder, não sabe responder!
Não tem resposta para mim!
Aí o candidato deste país. Não sabe responder!
A resposta eu tenho, só não quero que me copiem.
É porque não sabe, meu anjo.
-É porque não sabe. -Saber, eu sei. Só não quero.
-Não quer... -Não sou obrigado a responder nada.
Sabia que ele não ia responder.
Como acabar com as taxas de juros deste país? Não sabe!
-É a coisa mais fácil do mundo. -Então responde!
É o Banco Central que impõe a taxa Selic.
Se ele...
Coisa boba, rapidinho, Aloísio.
Oi, meu nome é Plínio, e meus planos são:
construir estradas, aumentar a malha ferroviária,
diminuir o pedágio, vamos fixar o preço do combustível.
-Vote em mim, meu nome é... -Plínio.
-Mudar para crescer. Meu número é... -77.