General Mourão diz ser gêmeo siamês de Bolsonaro e critica 'choro de perdedores'
[Nov 1, 2018]
O senhor disse ao longo da campanha que não pretende ser um vice decorativo, como disse o presidente Temer, e que o senhor pretende inclusive ter uma sala próxima à sala do presidente Bolsonaro para trabalhar.
De que áreas especificamente o senhor pretende se ocupar?
Bom, quando o presidente Bolsonaro me convidou pra ser o vice, ele me disse que eu teria outras tarefas, né?
Foi bem no começo da nossa campanha.
Ao longo desse período aí nós fomos afinando os nossos discursos e eu vejo que eu sou um assessor privilegiado dele: privilegiado que eu digo porque eu fui eleito também junto com ele, né?
Os demais assessores, se forem escalados, podem ser mandados embora a qualquer momento.
Eu permaneço: nós somos irmãos siameses.
Então, a minha visão é cooperar em tudo aquilo que ele julgar necessário ao meu conhecimento e à minha expertise.
Então, se pudermos coordenar alguns trabalhos, projetos, aquele jogo necessário, estarei pronto para isso.
Vou ocupar a área que a vice-presidência tem, que eu acho que é mais coerente.
Estarei sempre próximo dele, em condições de apoiá-lo em todas as suas decisões.
O presidente já disse que não é simpático à ideia de privatizar áreas estratégicas, por exemplo Petrobras, Eletrobras.
O que o senhor pensa sobre o assunto?
A questão da Petrobras o presidente Bolsonaro já disse que a área de refino e distribuição poderiam ser privatizadas.
Eu concordo com ele.
Em relação à Eletrobras, tem que haver um estudo claro e, se for possível, julgo que pode ser privatizada.
Houve uma série de manifestações em jornais estrangeiros e alguns artistas, enfim, demonstrando preocupação com o futuro da democracia no Brasil.
Qual a palavra que o senhor diz em relação a isso?
Eu acho que isso é choro de perdedor, né?
Esse grupo que esteve no poder por tanto tempo não admite um dos princípios básicos da democracia, que se chama alternância do poder.
Então, eles não podem querer nos criticar como sendo antidemocratas.
E prestam um desserviço à nação no momento em que buscam com seus contatos internacionais, apresentar o presidente Bolsonaro como um homem antidemocrata, e com todos esses pejorativos que foram colocados nele.
O presidente falou em ter um Itamaraty sem ideologia, livre de ideologias.
O que é isso na prática?
É um relacionamento entre os países de estado, e não de governo.
Nós tivemos muito aqui no passado recente relacionamento de governo.
'Aquele governo me é simpático, eu vou me relacionar com aquele país'.
O relacionamento tem que ser de estado, a gente sabe muito bem que os interesses entre os países hora coincide hora não, e nós temos que ter essa visão pragmática, que sempre foi a característica do nosso Ministério de Relações Exteriores.
Bom, tanto o senhor quanto o presidente já falaram de uma aproximação com os Estados Unidos, até natural, enfim, o senhor morou lá, teve uma experiência por lá...
Isso não esfriaria o relacionamento com a China, que é um parceiro comercial quase tão importante?
Não, nós temos que saber balancear.
O Brasil tem que se apresentar como um global partner, um global trader, e não um mero vendedor de quinquilharias.
Então, nós temos que ter esse relacionamento buscando não só o relacionamento comercial, mas principalmente o relacionamento estratégico com ambos os países, cada um com suas características.
O presidente fez um discurso antes da eleição dizendo que pretendia ver ou poderia ver o Fernando Haddad na cadeia em Curitiba.
Também houve menções a varrer vermelhos, alguma coisa nessa linha.
O senhor acha que isso vai continuar nesse nível de tensão ou o presidente, por exemplo, tem algum motivo para falar de Fernando Haddad na cadeia?
O presidente foi muito claro no discurso que ele fez ontem na rede aberta de televisão, onde foi um discurso de estadista, colocando todas aquelas ideias que vão nortear a administração dele, principalmente a forma como ele enxerga o futuro do país e a própria pacificação do país.
Ele foi claro nisso aí.
Em relação ao caso do Fernando Haddad estar na cadeia ou não, ele responde aí a uns 30 processos mais ou menos.
Se comprovarem que sejam verdadeiros ou que provarem realmente que há alguma culpa dele, ele terá que pagar, né?
Agora, essa pacificação, por exemplo, alguns aliados no setor evangélico falam em kit gay, enfim, algumas outras coisas que foram muito criticadas durante a campanha.
Isso vai continuar assim em redes sociais, essa pressão em relação à comunidade LGBT, por exemplo?
Na realidade, o que houve é um projeto ideológico levado às escolas e que você não pode querer ultrapassar os limites que a família estabelece dentro do seu lar.
A forma como você educa os seus filhos é uma prerrogativa, isso aqui não é um estado totalitário, né?
Na antiga União Soviética, os filhos eram retirados dos pais e eram educados pelo estado, assim como em outros países que viveram sob esse regime.
Então, a escola tem que saber os limites e o nosso Ministério da Educação, em determinado momento, ele não entendeu isso.
Mas no momento em que esse combate, especificamente ao que vocês classificam como uma doutrinação na escola, ele extrapola para ameaças, por exemplo, a homossexuais nas ruas, isso não acende uma luz vermelha?
Eu acho que eu não vejo ameaça.
Eu ando pelas ruas e vejo casais homossexuais andando de mãos dadas tranquilamente, sem problema nenhum.
Tenho amigos que assim são, e eu acho que isso é uma questão de escolha de vida.
Apenas, ninguém deve procurar impor o seu modo de vida aos outros, Viva sua vida.
É aquela velha frase: viva e deixe viver.
Em relação ao ex-presidente Lula, ele continua na superintendência da PF ou vai haver algum movimento para transferi-lo?
Não, Ele está cumprindo a pena dele lá, que é a sala, digamos assim, de estado maior.
Ele tem direito por ter sido o ex-presidente, porque na realidade como ele não tem curso superior, poderia estar uma prisão comum mesmo.
Mas em virtude de ter sido um ex-presidente, algo que me envergonha muito, acho que envergonha o país, nós termos um ex -residente preso por desvio de recurso público.
Em relação à flexibilização do acesso às armas, nós temos dados que mostram que, de 2008 pra cá, quintuplicou o número de armas registradas, armas legais.
Mesmo assim, a violência explodiu como explodiu.
Então, por que o acesso mais fácil a armas reduziria a violência a partir de agora?
Na realidade esse aumento do número de armas legais foi uma via de escape que as pessoas encontraram dentro daquela sigla CAC, caçadores atiradores e colecionadores.
São essas as armas legais que estão aí.
O que o Bolsonaro tem colocado é o direito do cidadão ter arma em casa.
O porte da arma na rua ele entra nas regras de teste psicotécnico, teste de tiro.
Isso atinge também muito a comunidade rural, onde a pessoa fica lá numa fazenda, num sítio, em área isolada e tem que ter uma arma pra se defender"