Obrigada.
-Oi, tudo bem? -Tudo bem.
Me vê um ingresso para alguma peça em cartaz aí.
Qualquer uma, que eu estou meio desatualizado...
Eu não sei o que tá em cartaz, eu só quero uma peça.
Aqui está, senhor, o seu ingresso.
-Quanto é que deu? -Já tá pago, senhor.
Será que eu comprei on-line e esqueci,
porque eu estou meio avoado, não tô lembrando.
A gente ainda não tá trabalhando
com reconhecimento facial, no caso, senhor.
-Alguém pagou pro senhor. -Ih! Quem?
Não faço ideia, senhor. Próximo!
Algodão doce vegano, do jeito que a senhora gosta.
Opa, tudo bom?
Pipoca grande, refrigerante grande... Já tá aqui.
Não, não. É que eu nem pedi ainda.
-Não, então... -Ah, entendi!
Você viu um gordo e pensou assim: "Ah, um gordo!
Gordo vai querer pipoca grande, um guaraná grande."
Não. Gordo quer respeito!
É que na verdade tá pago. O refrigerante e a pipoca.
Quem pagou?
Eu não vou poder estar falando pro senhor quem pagou.
Porque eu trabalho aqui há 7 anos e a gente tem código de conduta.
Você tá dizendo o quê? Que eu vou morrer?
Não, senhor, que vai... Não, não. É porque...
Faz o seguinte, então: eu corto o combo pela metade.
Solta isso! Que isso?
Não, porque o gordo tem que fazer dieta!
Gordo tem que cortar isso, tem que cortar aquilo. Que isso?
Reeducação alimentar essa hora pra mim?
-Não! Bota um sal que tá ótimo! -Tá, um salzinho...
Olha lá. Falei. Tá amarradão.
É, mas agora eu que estou sem poupança, né?
Eu não sabia que professor não pagava meia no teatro.
Para de graça, Paty, pelo amor de Deus.
Esse cara atura a gente aporrinhando o ano inteiro.
Imagina o desafio que não é.
Aguentando até quem não tem cérebro.
Tentar raciocinar... É difícil.
É verdade mesmo.
A gente devia ter comprado ingresso pra ele
no IMAX ultra 9-D triple sound surround.
Não aqui nesse teatro, pô.
Até porque deve ser maior perrengue deixar todo mundo quieto, né?
-E pra corrigir nossa prova? -Porra!
Deve ter mais erro de gramática do que em letra de funk.
-Paty sempre coloca letra de funk. -Eu amo funk.
Eu amo funk.
Vamos, vamos. Sai, sai, sai!
-Seu boné, animal! -Sai daí, sai daí.
Meu irmão, é aula de História!
Bom dia, turma!
E aí, como foram de feriadão? Espero que bem.
Aproveitaram bastante, se divertiram, riram muito.
Porque agora eu quero lágrima!
Que isso?
Teste surpresa!
Como assim, cara?
Eu falei que precisava comprar um chocolate a mais, cara.
Você não comprou chocolate?
-Eu falo que não é isso. -Calma!
Eu programei, mas posso desprogramar também.
Ah, viu?
Então... Hoje não tem mais teste surpresa, queridos.
-Falei? -Porque o professor...
Ele tem a visão com alcance igual a de uma águia.
Tem a visão periférica igual a de um coelho.
E ele escuta igual um morcego, meus amores.
E a fome de um elefante.
Ah, ele riu!
Parou!
Teste amanhã. Matéria toda.
Não, não, não. Você falou que não ia ter teste surpresa.
Agora vocês já sabem.
Não é mais surpresa. Só teste mesmo.
-Me diz a necessidade... -Cala a boca.
Ninguém fala com ele! Vai fumar maconha e cala a boca.
Sem chorar!