NEURÓTICO | PARAFERNALHA
É sempre a mesma coisa, entendeu? Parece que é uma repetição de padrão na minha vida.
Eu não aguento mais a cara desse babaca.
Sei lá, eu queria esquecer a cara dele, entendeu?
Qualquer coisa quando eu começo a falar relacionado a ele na verdade vai...
- Vai.... - Você quer uma bombinha pra asma?
Não, não precisa. Eu só quero esquecer a cara do Bruno de vez.
OK, Ana, tudo bem. Então eu vou fazer o seguinte:
eu vou te passar um remedinho para ajudar a baixar a sua ansiedade...
e te ajudar a esquecer o Bruno de vez.
De vez?
Ah!
- Que foi, gente, que isso. - Ai, que susto.
Meu Deus, eu sonhei que você tava lá... tava querendo que eu sumisse da sua vida...
Tava querendo... foi horrível.
Calma, calma, é só um sonho. Você tem terapia hoje, fala tudo pro terapeuta.
Aí ela tava nessa mesma sala aqui, sabe, ela chorava, chorava desesperada.
Aí me dá uma aflição, cara, um desespero, um medo disso, sabe?
- Quer uma bombinha pra asma? - Não, não é asma, doutor.
Eu não sei explicar, é um medo de sumir da vida das pessoas...
de você desaparecer da vida dos outros, sabe?
Aí foi me dando aquela angústia, aquela falta de ar só de pensar que um dia eu vou morrer.
Então, Bruno, eu vou fazer o seguinte com você:
eu vou te receitar um remedinho para baixar um pouco a sua ansiedade...
e te ajudar esquecer esse medo da morte de vez.
e aí que é chato não ser lembrado, doutor é chato quando a pessoa não lembra da gente, sabe?
É difícil...
Pô, que ideia boa, vou até escrever pro Parafernalha essa ideia.
Caralho. Sonhei que trabalhava no Parafernalha.
Que merda.
Sabia que eu devia ter estudado.