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Buenas Ideias, O AMOR DE TARSILA DO AMARAL E OSWALD DE ANDRADE - EDUARDO BUENO

O AMOR DE TARSILA DO AMARAL E OSWALD DE ANDRADE - EDUARDO BUENO

O amor está no ar!

Ah, love is in the air, tatatã, love is in the air.

Você já tá sentindo as fragrâncias, os odores, os perfumes do dia dos namorados!

E você que acompanha o canal Buenas Ideias com esse fervor, com essa paixão que, na

verdade, é uma paixão genuína, autêntica...

Sabe como esse canal é romântico.

Se não, vejamos: olha os números de casos de amor que a gente já apresentou aqui: Caramuru

e Paraguaçu, vai lá ver se ainda não viu, Lampião e Maria Bonita, Nair de Teffé e

o sargentão sem compostura...

Hahaha falam mal do Hermes da Fonseca porque não sabiam o que ia vir por aí.

Então cara, já teve esses casos de amor tão bonitos, e agora, em homenagem a essa

data, e se você não está vendo esse programa em data muito próxima ao dia dos namorados

de 2019 é porque você não é da comunidade do canal Buenas Ideias!

Mas pode ver igual porque esse canal é eterno.

É, eterno, olha a dica pro título desse episódio que vai entrar agora nessa rima

que só o canal Buenas Ideias sabe fazer, porque somos poetas: "Não foi eterno, não

foi eterno, o amor moderno de Tarsila e Oswald!".

Tarsila do Amaral!

Bá que mulher né.

Falando sério, que mulher, que artista.

Nasceu em berço de ouro, nasceu rica, em São Paulo, numa fazenda de café.

Os pais eram cafeicultores, eram pais esclarecidos, eram pais luminosos, botaram a garota a estudar

nos melhores colégios... o que nem sempre significa grande coisa né, vide eu próprio...

e estudou no colégio Sion, em São Paulo, e foi logo mandada pra Europa.

Acabou casando, eu acho que foi na Europa mesmo, não interessa, não interessa se foi

na Europa ou não que ela casou porque ela casou com um mala, um sei lá, nem vou dizer

o nome, sei que o sobrenome era Pinto Mole..

Pinto!

Sobrenome Pinto.

Casou com o cara, e ela já era artista, já tinha toda uma tendência a ser uma mulher

moderna e pintora e já tava querendo pintar, casou com o cara e o cara exigiu que ela fosse

"do lar" hehe "bela, recatada e 'do lar'", disse "nãao, você não vai ser pintora,

não vai fazer nada, você vai viver na casa como uma esposa", né... e ainda tem ministra,

ainda tem ministra, hoje, hoje, que diz que o papel da mulher é submisso ao do marido...

A mulher falou isso faz pouco, né.

E aí, a Tarsila queria seguir a sua carreira artística e o marido proibiu.

Só que é o seguinte, se meteu não só com a mulher errado como com o sogro errado, com

o sogro errado...

Porque o pai da Tarsila, que era um homem tão a frente do seu tempo e também tão

poderoso e tão rico que acabou fazendo o que, que que ele fez?

Ele anulou o casamento, ele anulou o casamento da Tarsila com o Pinto meio mole meio duro

e aí ela ficou liberada para casar com quem?

Com Oswald!

Oswald!

Ela tinha conhecido o Oswald de Andrade, que preferia mesmo ser chamado de Osváldi, tinham

se conhecido na Europa em 1922, não sei agora, não fiz a lição de casa, não interessa

se antes ou se depois da Semana de Arte Moderna, muito provavelmente depois... claro que foi

depois, porque a semana de arte moderna foi em fevereiro.

Se conheceram na Europa os dois e foi paixão instantânea.

E, por um lado, eles tinham de fato a ver porque o Oswald também era... era rico, era

artista, era rebelde.

O pai dele era um grande proprietário de terras em São Paulo, né, até posso estar

errado porque uma vez falei isso e alguém corrigiu, mas a Vila Mariana, Vila Madalena

e Vila Beatriz teriam a ver com ele, seriam os nomes das filhas deles, alguma coisa assim

tem a ver, eu sei também que ele era dono de vastas porções de terra ali no Pacaembú,

ali no bairro do Pacaembú, acho que a Vila Madalena tem a ver com ele... ele era um loteador,

um empreendedor imobiliário, gente legal...

Mas pelo menos fazia casas e vilas legais e o Oswald ganhou um monte de dinheiro, teve

uma infância rica barará barará, e o Oswald inclusive ele tinha um cadillac, um cadillac

verde, o único cadillac de São Paulo e se não fosse o único seria o único verde,

né.

Verde que nem esse chroma aqui que você não tá vendo porque tem uma falsa biblioteca

atrás, iiih tô entregando, não era pra dizer isso.

O que interessa é que ele comprou esse cadillac só porque o cadillac tinha cinzeiro ehehe

é, ele fumava sem parar né, fumava a coisa errada mas fumava...

E ele também usava ã ã luvas pretas e brancas e com losangos, né, e era um artista, e era

um iconoclasta e era um doidão, conheceu a Tarsila, que era uma mulher chique, incrível,

requintada, uma grande pintora, uma artista de primeira, e que...

Em Paris cara, em Paris, se tornou grande amiga do Léger, do Fernand Léger,

do Braque, conheceu o Picasso, conheceu o Blaise Cendras, que era o grande poeta...

o Vinicus de Moraes francês... e ela reunia todas essas pessoas cara, no apartamento dela

em Paris cara, e servia feijoada genuinamente brasileira, e servia caipirinha e oferecia

cigarros com fumo brasileiro enrolado em palha de milho e depois de tudo isso... e doces,

de minas gerais, é, doces de Minas dali da fronteira Minas-São Paulo, sabe, doce de

abóbora, que os caras nunca tinham visto, e depois arrematava tudo com um cafézinho

cheiroso.

Imagina cara, a mina linda, a mina pintora de talento e ainda reunia todos esses caras

pra esses regabofes...

Todo mundo adorava a mina né cara, e dizem, e dizem, que caipirinha, caipirinha pra essa

bebida tradicional brasileira né, que é a cachaça com limão e um pouco de açúcar,

pouco açúcar, cara, não exagere no açúcar, é, foi dado em homenagem a ela porque o apelido

dela era de fato caipirinha, porque ela era do interior de São Paulo, ela falava com

sotaque caipira e ela se vestia... passou, ela se encantou depois com o interior do Brasil,

né, quando ela...

Porque eles trouxeram o Blaise Cendras pro Brasil... algum dia ainda vou fazer um episódio

sobre o Modernismo mais complexo porque hoje só vamos falar de amor, hoje só vamos falar

de amor!

Eles trazem, os modernistas trazem o Blaise Cendras pro Brasil

e é uma coisa incrível porque todos esses modernistas viviam com o olhar voltado para

a Europa, pras vanguardas artísticas europeias, né, pra tudo que se produzia na arte em Paris,

basicamente, e quando o Blaise Cendras vem ao Brasil ele PIRA com o Brasil, ele se apaixona

pelo Brasil e eles fazem uma viagem pelo interior de Minas Gerais e ele se encanta com o barroco

mineiro, ele se apaixona pela cidade de Vila Rica, Ouro Preto, por Mariana, por tudo, pela

comida mineira, pela arte mineira e pelo Brasil caipira e ele olha pros modernistas e ele

diz "cês tão LOUCOS, o que que vocês querem com a Europa, o que que vocês querem com

a arte europeia, a Europa morreu, a Europa tá morta, o Brasil é o presente, o Brasil

é o futuro, se apaixonem pelo país de vocês" e aí desperta realmente uma grande piração

em todos os modernistas que aí pela primeira vez na vida olham o Brasil com outro olhar

e a Tarsila se assume como caipira, como caipirinha, né, e o apelido dela vira "a caipirinha",

e ela e o Oswald se casam em 1923 em São Paulo.

E sabe quem foram os padrinhos do casamento cara, sabem quem foram os padrinhos do casamento,

cara... foram o presidente, então presidente do Brasil, Washington Luís, né, o chamado

"o mais paulista dos cariocas" porque havia nascido em Maricá, no Rio de Janeiro, mas

toda a formação dele era paulista, tinha sido prefeito de São Paulo, governador ou

presidente da província de São Paulo e depois presidente do Brasil e é um cara bem interessante,

vai ganhar um episódio também alguma vez, porque ele também escreveu um livro, ele

adorava história antiga de São Paulo, ele escreveu um livro chamado "Na capitania de

São Vicente", sobre o João Ramalho, sobre o Tibiriçá, sobre o Martim Afonso de Sousa,

sobre o Bacharel de Cananéia, personagens que você já ouviu falar nem que seja de

revesgueio aqui nesse extraordinário canal, magnífico canal Buenas Ideias que, além

de tudo, é um canal amoroso.

Porque daí tem esse casamento e o Julio Prestes, que seria eleito presidente do Brasil e aí

derrubado pelo golpe militar de 1930, chamada Revolução de 30, também era padrinho do

casamento, todos ricos ali todos bebendo, comendo barará barará, nada como rico chique

né, porque de rico brega nós já tamo por aqui, né.

De rico burro e de rico que ainda vota errado nós já tamo até aqui né, agora rico chique,

rico letrado, rico artista, tamo dentro, aliás, pena que não fui convidado pra festa.

Aí o Oswald e a Tarsila, que já tinham viajado por todo o interior de Portugal e Espanha,

acho que em 22 mesmo, se casam em 23, daí tem um casamento que de início é lindo,

muito bonito, super amoroso... bom daí você já viu aqui no episódio do Hans Staden né,

que eles conhecem o Paulo Prado, o Eduardo Prado, aqueles ricaços lá, papapá, e aí

eles tomam contato com o livro do Hans Staden onde tem a descrição do banquete antropofágico

e piram com a antropofagia e aí a Tarsila pinta cara, o quadro fantástico, admirável,

aqueles que muitos consideram a maior pintura já feita no Brasil, né, o onírico, primitivo,

misterioso, insinuante, envolvente, hipnótico, que é o quadro Abaporu e dá de presente

pro Oswald e eles se perguntam "o que que é isso, que homem, que imagem misteriosa

é essa?"

e aí resolvem botar o nome "abaporu", "o comedor de gente", né.

E aí o Oswald, entusiasmado por isso, faz o Manifesto Antropofágico né, já tinha

feito lá o Pau Brasil anteriormente, né, e criam as bases desse grande movimento Modernista

que dá uma guinada na arte brasileira.

E vivem felizes para sempre, felizes para sempre, felizes para sempre, e digo mais,

felizes para sempre, até 1926!

Porque cara, tu precisa ser feliz por mais de três anos?

Três anos tá bom.

Porque cara, na real o Oswald era um doidão, era maluco pra cacete né cara, e aí encontrou

uma mulher tão maluca quanto ele, né, a Pagu, né, um anjo anárquico que veio para

trazer confusão e revolução, como o Plínio Marcos, o dramaturgo Plínio Marcos diria

dela anos depois.

E aí o Oswald se apaixona pela Pagu cara, e se separa da Tarsila.

É uma separação meio triste, é uma separação turbulenta, o casamento dele com a Pagu também

seria turbulento, as coisas não terminam muito bem pra nenhum dos três mas isso não

interessa cara, porque que nem disse o Vinicius de Moraes, "o amor é eterno enquanto dura"

e o amor eterno que durou apenas três anos, contando lá o tempo de namoro e o tempo de

legalidade durou mais, do Oswald e da Tarsila, reluz até hoje, cara, mudou a história do

Brasil, foi verdadeiro enquanto existiu e é isso que interessa e é essa a nossa mensagem

no dia dos namorados, porque além de história, o canal Buenas Ideias ainda é puro amor.

Tchau.

"O que você acaba de ver está repleto de generalizações e simplificações, mas o

quadro geral era esse aí mesmo.

Agora, se você quiser saber como as coisas de fato foram, ah, então você vai ter que

ler".


O AMOR DE TARSILA DO AMARAL E OSWALD DE ANDRADE - EDUARDO BUENO

O amor está no ar!

Ah, love is in the air, tatatã, love is in the air.

Você já tá sentindo as fragrâncias, os odores, os perfumes do dia dos namorados!

E você que acompanha o canal Buenas Ideias com esse fervor, com essa paixão que, na

verdade, é uma paixão genuína, autêntica...

Sabe como esse canal é romântico.

Se não, vejamos: olha os números de casos de amor que a gente já apresentou aqui: Caramuru

e Paraguaçu, vai lá ver se ainda não viu, Lampião e Maria Bonita, Nair de Teffé e

o sargentão sem compostura...

Hahaha falam mal do Hermes da Fonseca porque não sabiam o que ia vir por aí.

Então cara, já teve esses casos de amor tão bonitos, e agora, em homenagem a essa

data, e se você não está vendo esse programa em data muito próxima ao dia dos namorados

de 2019 é porque você não é da comunidade do canal Buenas Ideias!

Mas pode ver igual porque esse canal é eterno.

É, eterno, olha a dica pro título desse episódio que vai entrar agora nessa rima

que só o canal Buenas Ideias sabe fazer, porque somos poetas: "Não foi eterno, não

foi eterno, o amor moderno de Tarsila e Oswald!".

Tarsila do Amaral!

Bá que mulher né.

Falando sério, que mulher, que artista.

Nasceu em berço de ouro, nasceu rica, em São Paulo, numa fazenda de café.

Os pais eram cafeicultores, eram pais esclarecidos, eram pais luminosos, botaram a garota a estudar

nos melhores colégios... o que nem sempre significa grande coisa né, vide eu próprio...

e estudou no colégio Sion, em São Paulo, e foi logo mandada pra Europa.

Acabou casando, eu acho que foi na Europa mesmo, não interessa, não interessa se foi

na Europa ou não que ela casou porque ela casou com um mala, um sei lá, nem vou dizer

o nome, sei que o sobrenome era Pinto Mole..

Pinto!

Sobrenome Pinto.

Casou com o cara, e ela já era artista, já tinha toda uma tendência a ser uma mulher

moderna e pintora e já tava querendo pintar, casou com o cara e o cara exigiu que ela fosse

"do lar" hehe "bela, recatada e 'do lar'", disse "nãao, você não vai ser pintora,

não vai fazer nada, você vai viver na casa como uma esposa", né... e ainda tem ministra,

ainda tem ministra, hoje, hoje, que diz que o papel da mulher é submisso ao do marido...

A mulher falou isso faz pouco, né.

E aí, a Tarsila queria seguir a sua carreira artística e o marido proibiu.

Só que é o seguinte, se meteu não só com a mulher errado como com o sogro errado, com

o sogro errado...

Porque o pai da Tarsila, que era um homem tão a frente do seu tempo e também tão

poderoso e tão rico que acabou fazendo o que, que que ele fez?

Ele anulou o casamento, ele anulou o casamento da Tarsila com o Pinto meio mole meio duro

e aí ela ficou liberada para casar com quem?

Com Oswald!

Oswald!

Ela tinha conhecido o Oswald de Andrade, que preferia mesmo ser chamado de Osváldi, tinham

se conhecido na Europa em 1922, não sei agora, não fiz a lição de casa, não interessa

se antes ou se depois da Semana de Arte Moderna, muito provavelmente depois... claro que foi

depois, porque a semana de arte moderna foi em fevereiro.

Se conheceram na Europa os dois e foi paixão instantânea.

E, por um lado, eles tinham de fato a ver porque o Oswald também era... era rico, era

artista, era rebelde.

O pai dele era um grande proprietário de terras em São Paulo, né, até posso estar

errado porque uma vez falei isso e alguém corrigiu, mas a Vila Mariana, Vila Madalena

e Vila Beatriz teriam a ver com ele, seriam os nomes das filhas deles, alguma coisa assim

tem a ver, eu sei também que ele era dono de vastas porções de terra ali no Pacaembú,

ali no bairro do Pacaembú, acho que a Vila Madalena tem a ver com ele... ele era um loteador,

um empreendedor imobiliário, gente legal...

Mas pelo menos fazia casas e vilas legais e o Oswald ganhou um monte de dinheiro, teve

uma infância rica barará barará, e o Oswald inclusive ele tinha um cadillac, um cadillac

verde, o único cadillac de São Paulo e se não fosse o único seria o único verde,

né.

Verde que nem esse chroma aqui que você não tá vendo porque tem uma falsa biblioteca

atrás, iiih tô entregando, não era pra dizer isso.

O que interessa é que ele comprou esse cadillac só porque o cadillac tinha cinzeiro ehehe

é, ele fumava sem parar né, fumava a coisa errada mas fumava...

E ele também usava ã ã luvas pretas e brancas e com losangos, né, e era um artista, e era

um iconoclasta e era um doidão, conheceu a Tarsila, que era uma mulher chique, incrível,

requintada, uma grande pintora, uma artista de primeira, e que...

Em Paris cara, em Paris, se tornou grande amiga do Léger, do Fernand Léger,

do Braque, conheceu o Picasso, conheceu o Blaise Cendras, que era o grande poeta...

o Vinicus de Moraes francês... e ela reunia todas essas pessoas cara, no apartamento dela

em Paris cara, e servia feijoada genuinamente brasileira, e servia caipirinha e oferecia

cigarros com fumo brasileiro enrolado em palha de milho e depois de tudo isso... e doces,

de minas gerais, é, doces de Minas dali da fronteira Minas-São Paulo, sabe, doce de

abóbora, que os caras nunca tinham visto, e depois arrematava tudo com um cafézinho

cheiroso.

Imagina cara, a mina linda, a mina pintora de talento e ainda reunia todos esses caras

pra esses regabofes...

Todo mundo adorava a mina né cara, e dizem, e dizem, que caipirinha, caipirinha pra essa

bebida tradicional brasileira né, que é a cachaça com limão e um pouco de açúcar,

pouco açúcar, cara, não exagere no açúcar, é, foi dado em homenagem a ela porque o apelido

dela era de fato caipirinha, porque ela era do interior de São Paulo, ela falava com

sotaque caipira e ela se vestia... passou, ela se encantou depois com o interior do Brasil,

né, quando ela...

Porque eles trouxeram o Blaise Cendras pro Brasil... algum dia ainda vou fazer um episódio

sobre o Modernismo mais complexo porque hoje só vamos falar de amor, hoje só vamos falar

de amor!

Eles trazem, os modernistas trazem o Blaise Cendras pro Brasil

e é uma coisa incrível porque todos esses modernistas viviam com o olhar voltado para

a Europa, pras vanguardas artísticas europeias, né, pra tudo que se produzia na arte em Paris,

basicamente, e quando o Blaise Cendras vem ao Brasil ele PIRA com o Brasil, ele se apaixona

pelo Brasil e eles fazem uma viagem pelo interior de Minas Gerais e ele se encanta com o barroco

mineiro, ele se apaixona pela cidade de Vila Rica, Ouro Preto, por Mariana, por tudo, pela

comida mineira, pela arte mineira e pelo Brasil caipira e ele olha pros modernistas e ele

diz "cês tão LOUCOS, o que que vocês querem com a Europa, o que que vocês querem com

a arte europeia, a Europa morreu, a Europa tá morta, o Brasil é o presente, o Brasil

é o futuro, se apaixonem pelo país de vocês" e aí desperta realmente uma grande piração

em todos os modernistas que aí pela primeira vez na vida olham o Brasil com outro olhar

e a Tarsila se assume como caipira, como caipirinha, né, e o apelido dela vira "a caipirinha",

e ela e o Oswald se casam em 1923 em São Paulo.

E sabe quem foram os padrinhos do casamento cara, sabem quem foram os padrinhos do casamento,

cara... foram o presidente, então presidente do Brasil, Washington Luís, né, o chamado

"o mais paulista dos cariocas" porque havia nascido em Maricá, no Rio de Janeiro, mas

toda a formação dele era paulista, tinha sido prefeito de São Paulo, governador ou

presidente da província de São Paulo e depois presidente do Brasil e é um cara bem interessante,

vai ganhar um episódio também alguma vez, porque ele também escreveu um livro, ele

adorava história antiga de São Paulo, ele escreveu um livro chamado "Na capitania de

São Vicente", sobre o João Ramalho, sobre o Tibiriçá, sobre o Martim Afonso de Sousa,

sobre o Bacharel de Cananéia, personagens que você já ouviu falar nem que seja de

revesgueio aqui nesse extraordinário canal, magnífico canal Buenas Ideias que, além

de tudo, é um canal amoroso.

Porque daí tem esse casamento e o Julio Prestes, que seria eleito presidente do Brasil e aí

derrubado pelo golpe militar de 1930, chamada Revolução de 30, também era padrinho do

casamento, todos ricos ali todos bebendo, comendo barará barará, nada como rico chique

né, porque de rico brega nós já tamo por aqui, né.

De rico burro e de rico que ainda vota errado nós já tamo até aqui né, agora rico chique,

rico letrado, rico artista, tamo dentro, aliás, pena que não fui convidado pra festa.

Aí o Oswald e a Tarsila, que já tinham viajado por todo o interior de Portugal e Espanha,

acho que em 22 mesmo, se casam em 23, daí tem um casamento que de início é lindo,

muito bonito, super amoroso... bom daí você já viu aqui no episódio do Hans Staden né,

que eles conhecem o Paulo Prado, o Eduardo Prado, aqueles ricaços lá, papapá, e aí

eles tomam contato com o livro do Hans Staden onde tem a descrição do banquete antropofágico

e piram com a antropofagia e aí a Tarsila pinta cara, o quadro fantástico, admirável,

aqueles que muitos consideram a maior pintura já feita no Brasil, né, o onírico, primitivo,

misterioso, insinuante, envolvente, hipnótico, que é o quadro Abaporu e dá de presente

pro Oswald e eles se perguntam "o que que é isso, que homem, que imagem misteriosa

é essa?"

e aí resolvem botar o nome "abaporu", "o comedor de gente", né.

E aí o Oswald, entusiasmado por isso, faz o Manifesto Antropofágico né, já tinha

feito lá o Pau Brasil anteriormente, né, e criam as bases desse grande movimento Modernista

que dá uma guinada na arte brasileira.

E vivem felizes para sempre, felizes para sempre, felizes para sempre, e digo mais,

felizes para sempre, até 1926!

Porque cara, tu precisa ser feliz por mais de três anos?

Três anos tá bom.

Porque cara, na real o Oswald era um doidão, era maluco pra cacete né cara, e aí encontrou

uma mulher tão maluca quanto ele, né, a Pagu, né, um anjo anárquico que veio para

trazer confusão e revolução, como o Plínio Marcos, o dramaturgo Plínio Marcos diria

dela anos depois.

E aí o Oswald se apaixona pela Pagu cara, e se separa da Tarsila.

É uma separação meio triste, é uma separação turbulenta, o casamento dele com a Pagu também

seria turbulento, as coisas não terminam muito bem pra nenhum dos três mas isso não

interessa cara, porque que nem disse o Vinicius de Moraes, "o amor é eterno enquanto dura"

e o amor eterno que durou apenas três anos, contando lá o tempo de namoro e o tempo de

legalidade durou mais, do Oswald e da Tarsila, reluz até hoje, cara, mudou a história do

Brasil, foi verdadeiro enquanto existiu e é isso que interessa e é essa a nossa mensagem

no dia dos namorados, porque além de história, o canal Buenas Ideias ainda é puro amor.

Tchau.

"O que você acaba de ver está repleto de generalizações e simplificações, mas o

quadro geral era esse aí mesmo.

Agora, se você quiser saber como as coisas de fato foram, ah, então você vai ter que

ler".