5 respostas sobre a vacinação simultânea contra covid-19 e gripe no Brasil
Nas próximas semanas, o Brasil terá um desafio enorme: realizar duas campanhas de vacinação
ao mesmo tempo.
É que agora em abril começa a imunização contra a gripe, com o objetivo de proteger
mais de 80 milhões de brasileiros.
Já a vacinação contra a covid-19 teve início em janeiro de 2021 e tem uma meta ainda mais
ambiciosa: atingir quase 150 milhões de pessoas até o meio do ano.
Mas quem deve tomar cada vacina?
E é preciso ter um intervalo entre elas?
Meu nome é André Biernath, sou repórter da BBC News Brasil, em São Paulo, e neste
vídeo vou falar de cinco questões fundamentais para entender essa vacinação simultânea
contra a covid-19 e contra a gripe.
Bom, vamos começar pela pergunta mais importante de todas: quem deve tomar cada vacina?
É preciso ter muita atenção, porque os públicos-alvo de cada uma das campanhas são
bem diferentes.
No caso da vacinação contra a covid-19, os primeiros imunizados foram os profissionais
da saúde.
Depois, vieram os idosos divididos em faixas etárias.
As cidades começaram com aquelas pessoas com mais de 90 anos e foram baixando a idade
aos poucos, de acordo com a disponibilidade de doses.
Em alguns lugares, professores e forças de segurança e salvamento também já estão
começando a ficar protegidos contra o coronavírus.
No caso da vacina contra a gripe, a ordem muda e segue um cronograma divulgado pelo
Ministério da Saúde.
Os primeiros contemplados, a partir de 12 de abril, são crianças de 6 meses a 6 anos,
gestantes, mulheres que tiveram filho há pouco tempo, indígenas e trabalhadores da
área de saúde.
O segundo grupo, que poderá ir ao posto de saúde a partir de 11 de maio, inclui pessoas
com mais de 60 anos e professores.
Já entre os dias 9 de junho e 9 de julho será a vez de pessoas com doenças crônicas
ou deficiências permanentes, caminhoneiros, trabalhadores do sistema rodoviário e portuário,
integrantes forças de segurança e das Forças Armadas, funcionários do sistema prisional,
população privada de liberdade e jovens de 12 a 21 anos que estão sob medidas socioeducativas.
Se você se lembra das campanhas contra a gripe dos anos passados, os idosos costumavam
ser o primeiro grupo a receber as doses.
Mas, como estamos em meio à pandemia, os gestores de saúde preferiram garantir que
a população mais velha se proteja primeiro contra a covid-19.
A ideia é que, a partir de maio, todos os idosos já estejam imunizados contra o coronavírus
e possam também se proteger contra o influenza, o vírus causador da gripe.
Agora que você já conhece o cronograma e os grupos prioritários, imagino que esteja
se perguntando: se eu puder escolher, qual vacina devo tomar primeiro?
A recomendação é clara: dê prioridade à vacina contra a covid-19.
Mas é óbvio que prioridade não significa exclusividade: se você integrar algum público-alvo
da campanha contra a gripe, é importantíssimo tomar a sua dose, até porque essa doença
também é séria e em alguns casos pode exigir hospitalização ou evoluir para complicações
e morte.
Portanto, é sempre bom tomar cuidado e se prevenir.
Terceira questão: posso tomar as vacinas contra a covid-19 e contra a gripe juntas,
no mesmo dia?
A resposta é não.
Os especialistas indicam um intervalo mínimo de 14 dias entre uma vacina e outra.
A explicação para essa espera é simples: como o imunizante contra a covid-19 é novo,
os cientistas ainda não tiveram tempo de fazer os chamados estudos de co-administração,
que permitiriam saber a resposta do sistema imunológico à aplicação de dois tipos
de vacinas de uma vez só.
Como não existe essa informação até o momento, as autoridades preferiram tomar um
cuidado extra para evitar qualquer efeito colateral inesperado ou a diminuição de
efetividade das doses.
Na prática, o esquema pode variar de acordo com o tipo de vacina contra a covid-19
Se você tomar a CoronaVac, do Instituto Butantan e da Sinovac, você recebe a primeira dose
da vacina contra a covid-19 e aguarda entre 14 e 28 dias para a segunda dose.
Daí basta esperar mais 14 dias para tomar a vacina contra a gripe.
Já no caso da vacina AZD1222, de AstraZeneca, Universidade de Oxford e FioCruz, esse esquema
muda um pouco.
Você pode tomar a primeira dose e esperar 14 dias para tomar a vacina da gripe.
Na sequência, você espera dois meses e meio para receber a segunda dose da AZD1222 e assim
completar sua proteção contra a covid-19.
Na dúvida, converse com seu médico para receber uma orientação personalizada sobre
o melhor cronograma de vacinação para você.
Mas, afinal, qual é a importância de se imunizar contra essas duas doenças?
Bom, aqui temos duas respostas possíveis.
Do ponto de vista individual, tomar as vacinas te deixa mais protegido contra essas doenças
e a evolução delas para formas mais graves e perigosas à saúde.
Mas é preciso levar em conta que a vacinação é uma estratégia coletiva.
Quando você toma suas doses, não está protegendo somente a si mesmo, mas todo mundo ao seu
redor, inclusive aquelas pessoas que, por um motivo ou outro, não podem se vacinar.
Quanto mais gente vacinada, menor o risco de um vírus circular pela comunidade e afetar
uma parcela da população de forma mais grave e preocupante.
E isso, claro, ajuda a evitar a lotação de hospitais e o colapso do sistema de saúde
Outra dúvida que pode pintar na cabeça de várias pessoas: o Brasil tem doses suficientes
para lidar com as duas campanhas?
No caso das vacinas contra a gripe, a situação é tranquila: nosso país é autossuficiente
na produção das doses e nem depende mais da importação do IFA, o insumo farmacêutico
ativo.
O Instituto Butantan tem a maior fábrica de vacinas contra a gripe do Hemisfério Sul
e entrega todos os anos mais de 80 milhões de doses do imunizante para o Ministério
da Saúde.
Já no caso das vacinas contra a covid-19, a situação está um pouco mais complicada…
Para envasar e distribuir a Coronavac e a AZD1222, o Brasil depende do IFA, que vem
da China e da Índia.
Como há uma enorme demanda por esse material, as entregas estão atrasando e isso impacta
nossa campanha contra o coronavírus.
Algumas cidades precisaram até interromper a vacinação por alguns dias por causa da
falta de doses.
Mas a promessa é que a situação se regularize e fique mais tranquila daqui pra frente.
Além disso, a Anvisa aprovou outras vacinas contra a covid-19, como é o caso daquelas
produzidas por Pfizer e Johnson & Johnson. E isso deve garantir mais previsibilidade ao nosso programa de imunizações para que
a campanha deslanche e consiga proteger o maior número de brasileiros nos próximos
meses.
Você ficou com alguma dúvida ou tem algum comentário?
Escreva nos comentários aqui embaixo que nós sempre ficamos de olho.
Ah, e não se esqueça de se inscrever e ativar as notificações da BBC News Brasil no YouTube
para não perder nenhum vídeo que a gente publica.
Um abraço, se cuida, e até a próxima.