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Embrulha Pra Viagem, VÍDEO GAME | EMBRULHA PRA VIAGEM

VÍDEO GAME | EMBRULHA PRA VIAGEM

Oi, turma!

Voltei com vocês aqui.

Com minha família, sempre. Isolados e buscando forças.

Pra um futuro melhor.

Hoje eu queria falar um pouco sobre video game.

Bom, eu e a Eleonora sempre fomos muito rigorosos

com essa coisa de video game aqui em casa.

O mais velho só podia jogar duas vezes por semana.

Uma hora e meia, mais ou menos.

Final de semana a gente liberava um pouquinho.

O mais novo até um ano e meio não teve acesso à isso.

Nem iPad, celular.

Eleonora lia muito sobre isso, e viu que prejudicava a criança.

Então sempre fomos rigorosos.

Aí veio a pandemia.

Que estragou tudo.

Nosso processo educacional...

Assim, a criança tem muita energia, né?

Ela não pode descer no parquinho do prédio,

não pode jogar bola, não vai pra escola,

não vai pro clube, não vai pro parque, não vai...

Pra lugar nenhum.

E como é que faz com essa energia toda?

O mais novo, por exemplo, que tá com dois anos agora,

duas vezes por dia ele corre pela casa

com os bracinhos pra cima, gritando alto.

Ele já quebrou uns três vasos nossos.

Os porta retratos, tudo.

Não é tristeza, não é alegria.

É energia. Ele precisa botar pra fora.

Entendemos isso. A gente deixa a criança gritando.

Então revimos um pouco o processo do video game.

Hoje liberamos mais, eles jogam todos os dias.

De nove à dez horas por dia.

Parando mais pra almoçar e pra aula online.

Que nós já conversamos sobre a aula online.

De resto, a gente entregou um pouco pra Deus, assim.

Eles jogam de tudo. Jogos de violência,

com sangue, tiro.

Tem um que tem um roubo, também.

Meu filho manipula o ladrão,

que rouba bancos, atira em policiais.

É pesado.

Mas eu e a Eleonora a gente raciocinou assim.

Melhor ele roubar em casa, que a gente tá vendo,

do que roubar na rua.

Foi um jeito que a gente raciocinou.

Quem não entende muito isso é a nossa vizinha aqui.

A dona Renata Toberlem, do sessenta e quatro.

É que ela já é idosa, né?

Meu filho mais velho joga online com os amigos.

Vários amigos. Eles ficam gritando "mata, mata!"

"Atira na cabeça! Me salva!"

"Socorro, socorro! Ele vai me matar!"

Já baixou polícia duas vezes aqui no prédio.

Dona Renata que chamou.

Falou que eu tava machucando meus filhos.

Você vê...

Eu não tenho força nem pra tomar banho.

Como é que eu vou machucar um filho meu?

Ela...

Não entende.

Do jogo.


VÍDEO GAME | EMBRULHA PRA VIAGEM

Oi, turma!

Voltei com vocês aqui.

Com minha família, sempre. Isolados e buscando forças.

Pra um futuro melhor.

Hoje eu queria falar um pouco sobre video game.

Bom, eu e a Eleonora sempre fomos muito rigorosos

com essa coisa de video game aqui em casa.

O mais velho só podia jogar duas vezes por semana.

Uma hora e meia, mais ou menos.

Final de semana a gente liberava um pouquinho.

O mais novo até um ano e meio não teve acesso à isso.

Nem iPad, celular.

Eleonora lia muito sobre isso, e viu que prejudicava a criança.

Então sempre fomos rigorosos.

Aí veio a pandemia.

Que estragou tudo.

Nosso processo educacional...

Assim, a criança tem muita energia, né?

Ela não pode descer no parquinho do prédio,

não pode jogar bola, não vai pra escola,

não vai pro clube, não vai pro parque, não vai...

Pra lugar nenhum.

E como é que faz com essa energia toda?

O mais novo, por exemplo, que tá com dois anos agora,

duas vezes por dia ele corre pela casa

com os bracinhos pra cima, gritando alto.

Ele já quebrou uns três vasos nossos.

Os porta retratos, tudo.

Não é tristeza, não é alegria.

É energia. Ele precisa botar pra fora.

Entendemos isso. A gente deixa a criança gritando.

Então revimos um pouco o processo do video game.

Hoje liberamos mais, eles jogam todos os dias.

De nove à dez horas por dia.

Parando mais pra almoçar e pra aula online.

Que nós já conversamos sobre a aula online.

De resto, a gente entregou um pouco pra Deus, assim.

Eles jogam de tudo. Jogos de violência,

com sangue, tiro.

Tem um que tem um roubo, também.

Meu filho manipula o ladrão,

que rouba bancos, atira em policiais.

É pesado.

Mas eu e a Eleonora a gente raciocinou assim.

Melhor ele roubar em casa, que a gente tá vendo,

do que roubar na rua.

Foi um jeito que a gente raciocinou.

Quem não entende muito isso é a nossa vizinha aqui.

A dona Renata Toberlem, do sessenta e quatro.

É que ela já é idosa, né?

Meu filho mais velho joga online com os amigos.

Vários amigos. Eles ficam gritando "mata, mata!"

"Atira na cabeça! Me salva!"

"Socorro, socorro! Ele vai me matar!"

Já baixou polícia duas vezes aqui no prédio.

Dona Renata que chamou.

Falou que eu tava machucando meus filhos.

Você vê...

Eu não tenho força nem pra tomar banho.

Como é que eu vou machucar um filho meu?

Ela...

Não entende.

Do jogo.