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Porta Dos Fundos 2020, FODA ASSISTIDA

-Alô? -Marília?

Opa, é o Paulo. Teu vizinho aqui de baixo.

-Tudo bem? -Oi. Tudo bem.

-Aconteceu alguma coisa? -Não, não.

Não, estou bem. Está tudo bem.

Estou ligando só pra saber como estão você e Rogério.

Como vocês estão? Está tudo bem?

Está tudo bem.

Então por que vocês não estão transando mais?

O quê?

O barulho da transa de vocês

parece aquele barulhinho de chuva caindo, sabe?

E tem duas semanas que vocês não fazem nada.

Eu estou precisando dormir, eu estou com insônia, entendeu?

O que eu posso fazer pra ajudar vocês?

Você fica ouvindo a gente transar, seu doente?

Olha aqui, seu pervertido, eu vou ligar pro síndico agora.

Marília, dá pra ouvir. O prédio inteiro ouve.

Todo mundo sabe que, de noite, tem novela da Globo

e o gemidão do 207.

Até o porteiro desliga a televisão na guarita pra ouvir melhor.

É por isso que, toda quinta de manhã, eu passo por ele

e ele faz um joinha. Por que nunca ninguém reclamou?

Depois de três anos, a gente ouvindo você gemer,

Rogério uivar, tua cama ficar batendo na parede,

a gente acaba acostumando, né?

Fala. O que está acontecendo com vocês.

Eu e Rogério, a gente terminou.

Peguei umas conversas dele com a ex

-e acabou. -Puta que pariu.

Vai foder a minha produtividade do home office.

Marília, pelo amor de Deus. Como você vai jogar fora

um relacionamento de três anos, a minha promoção,

por causa de babaquice de mensagem de ex?

Olha, eu não sei.

Bota um fone no XVideos e tenta dormir.

-Sei lá. -Eu já tentei, Marília.

Eu já tentei até ASMR, mas não dá.

Eu preciso ouvir o uivo do Rogério quando ele está gozando

pra conseguir dormir. Já é um vínculo emocional.

Em algum momento, eu vou conhecer um outro cara.

Em algum momento, Marília?

Como "em algum momento"? Eu preciso trabalhar é hoje.

Não é no ano que vem, não.

E como "outro cara"? Você acha que dá pra substituir o Rogério

depois de três anos de convivência auditiva?

Você acha que vai ficar tudo bem?

Cara, é que está muito difícil pra mim ainda, sabe?

Eu estou sofrendo demais.

Eu estou perdida. Não sei o que fazer da minha vida.

Não está sendo fácil.

Espera aí.

Me ouve aqui.

Respira. Chega.

Você vai agora baixar o Tinder.

Nós vamos superar o Rogério juntos, tá?

Porque, se você começar a ouvir sertanejo de sofrência,

eu vou, pessoalmente, aí em cima levar aquela multa.

Ai, Rogério.

Ai, Rogério. Ui.

Mas já?


-Alô? -Marília?

Opa, é o Paulo. Teu vizinho aqui de baixo.

-Tudo bem? -Oi. Tudo bem.

-Aconteceu alguma coisa? -Não, não.

Não, estou bem. Está tudo bem.

Estou ligando só pra saber como estão você e Rogério.

Como vocês estão? Está tudo bem?

Está tudo bem.

Então por que vocês não estão transando mais?

O quê?

O barulho da transa de vocês

parece aquele barulhinho de chuva caindo, sabe?

E tem duas semanas que vocês não fazem nada.

Eu estou precisando dormir, eu estou com insônia, entendeu?

O que eu posso fazer pra ajudar vocês?

Você fica ouvindo a gente transar, seu doente?

Olha aqui, seu pervertido, eu vou ligar pro síndico agora.

Marília, dá pra ouvir. O prédio inteiro ouve.

Todo mundo sabe que, de noite, tem novela da Globo

e o gemidão do 207.

Até o porteiro desliga a televisão na guarita pra ouvir melhor.

É por isso que, toda quinta de manhã, eu passo por ele

e ele faz um joinha. Por que nunca ninguém reclamou?

Depois de três anos, a gente ouvindo você gemer,

Rogério uivar, tua cama ficar batendo na parede,

a gente acaba acostumando, né?

Fala. O que está acontecendo com vocês.

Eu e Rogério, a gente terminou.

Peguei umas conversas dele com a ex

-e acabou. -Puta que pariu.

Vai foder a minha produtividade do home office.

Marília, pelo amor de Deus. Como você vai jogar fora

um relacionamento de três anos, a minha promoção,

por causa de babaquice de mensagem de ex?

Olha, eu não sei.

Bota um fone no XVideos e tenta dormir.

-Sei lá. -Eu já tentei, Marília.

Eu já tentei até ASMR, mas não dá.

Eu preciso ouvir o uivo do Rogério quando ele está gozando

pra conseguir dormir. Já é um vínculo emocional.

Em algum momento, eu vou conhecer um outro cara.

Em algum momento, Marília?

Como "em algum momento"? Eu preciso trabalhar é hoje.

Não é no ano que vem, não.

E como "outro cara"? Você acha que dá pra substituir o Rogério

depois de três anos de convivência auditiva?

Você acha que vai ficar tudo bem?

Cara, é que está muito difícil pra mim ainda, sabe?

Eu estou sofrendo demais.

Eu estou perdida. Não sei o que fazer da minha vida.

Não está sendo fácil.

Espera aí.

Me ouve aqui.

Respira. Chega.

Você vai agora baixar o Tinder.

Nós vamos superar o Rogério juntos, tá?

Porque, se você começar a ouvir sertanejo de sofrência,

eu vou, pessoalmente, aí em cima levar aquela multa.

Ai, Rogério.

Ai, Rogério. Ui.

Mas já?