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Os Escravos, por Antonio Frederico de Castro Alves, 10º Poema: Antítese, de Os Escravos, de Castro Alves

10º Poema: Antítese, de Os Escravos, de Castro Alves

Antítese

O seu prêmio? — O desprezo e

uma carta de alforria quando tens

gastas as forças e não pode mais

ganhar a subsistência.

Maciel Pinheiro

Cintila a festa nas salas!

Das serpentinas de prata

Jorram luzes em cascata

Sobre sedas e rubins.

Soa a orquestra ... Como silfos

Na valsa os pares perpassam,

Sobre as flores, que se enlaçam

Dos tapetes nos coxins.

Entanto a névoa da noite

No átrio, na vasta rua,

Como um sudário flutua

Nos ombros da solidão.

E as ventanias errantes,

Pelos ermos perpassando,

Vão se ocultar soluçando

Nos antros da escuridão.

Tudo é deserto. somente

À praça em meio se agita

Dúbia forma que palpita,

Se estorce em rouco estertor.

— Espécie de cão sem dono

Desprezado na agonia,

Larva da noite sombria,

Mescla de trevas e horror.

É ele o escravo maldito,

O velho desamparado,

Bem como o cedro lascado,

Bem como o cedro no chão.

Tem por leito de agonias

As lájeas do pavimento,

E como único lamento

Passa rugindo o tufão.

Chorai, orvalhos da noite,

Soluçai, ventos errantes.

Astros da noite brilhantes

Sede os círios do infeliz!

Que o cadáver insepulto,

Nas praças abandonado,

É um verbo de luz, um brado

Que a liberdade prediz.

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10º Poema: Antítese, de Os Escravos, de Castro Alves 10th Poem: Antithesis, from Castro Alves' The Slaves

Antítese

O seu prêmio? — O desprezo e

uma carta de alforria quando tens

gastas as forças e não pode mais

ganhar a subsistência.

Maciel Pinheiro

Cintila a festa nas salas!

Das serpentinas de prata

Jorram luzes em cascata

Sobre sedas e rubins.

Soa a orquestra ... Como silfos

Na valsa os pares perpassam,

Sobre as flores, que se enlaçam

Dos tapetes nos coxins.

Entanto a névoa da noite

No átrio, na vasta rua,

Como um sudário flutua

Nos ombros da solidão.

E as ventanias errantes,

Pelos ermos perpassando,

Vão se ocultar soluçando

Nos antros da escuridão.

Tudo é deserto. somente

À praça em meio se agita

Dúbia forma que palpita,

Se estorce em rouco estertor.

— Espécie de cão sem dono

Desprezado na agonia,

Larva da noite sombria,

Mescla de trevas e horror.

É ele o escravo maldito,

O velho desamparado,

Bem como o cedro lascado,

Bem como o cedro no chão.

Tem por leito de agonias

As lájeas do pavimento,

E como único lamento

Passa rugindo o tufão.

Chorai, orvalhos da noite,

Soluçai, ventos errantes.

Astros da noite brilhantes

Sede os círios do infeliz!

Que o cadáver insepulto,

Nas praças abandonado,

É um verbo de luz, um brado

Que a liberdade prediz.