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Os Escravos, por Antonio Frederico de Castro Alves, 18º Poema: Jesuítas e frades, de Os Escravos, de Castro Alves

18º Poema: Jesuítas e frades, de Os Escravos, de Castro Alves

Jesuítas e frades

Que o mundo antigo s'erga e lance a maldição Sobre vós... remembrando a negra lnquisição,

A hidra escura e vil da vil Teocracia,

O Santo Ofício, as provas, o azeite, a gemonia ...

Lisboa, Tours, Sevilha e Nantes na tortura,

Na fogueira Grandier, João Huss na sepultura,

Colombo a soluçar, a gemer Galileu...

De mil autos-da-fé o fumo enchendo o céu...

Que a maldição vos lance a pena do Gaulês

Tendo por tinta a borra das caldeiras de pez...

Que o Germano a sangrar maldiz em férreos hinos.

É justo! A História cega, aquentando o estilete

Nas brasas que apagar não pôde o Guadalete,

Tem jus de vos marcar com o ferro do labéu,

Como queima o carrasco o ombro nu do réu ...

Mas enquanto existir o grande, o novo mundo,

Ó Filhos de Jesus!... um cântico profundo

Irá vos embalar do sepulcro no solo...

A América por vós reza de pólo a pólo!

Dizei-o, vós, dizei, Tamoios, Guaranis,

Iroqueses, Tapuias, Incas, e Tupis...

A santa abnegação, o heroísmo, a doçura,

O amor paternal, a castidade pura

Destes homens que vinham, envoltos no burel,

A derramar dos lábios o amor — divino mel,

O perdão — óleo santo, a fé — mística luz,

E o Deus da caridade - o pródigo Jesus! ...

Oh! não! Mil vezes não! O poeta Americano

Vos deve sepultar no verso soberano

— Pano negro que tem por lágrimas de prata

As lágrimas que a Musa inspirada desata!! Se aqui houve cativos — eles os libertaram.

Se aqui houve selvagens — eles os educaram.

Se aqui houve fogueiras — eles nelas sofreram.

Se lá carrascos foram — cá mártires morreram.

Em vez do Inquisidor — tivemos a vedeta.

Loiola — aqui foi Nóbrega, Arbues — foi Anchieta!

Oh! Não! Mil vezes nãol O poeta Americano

Vos deve amortalhar no verso soberano

— Pano negro que tem por lágrimas de prata

As lágrimas que a musa inspirada desata!...

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18º Poema: Jesuítas e frades, de Os Escravos, de Castro Alves 18th Poem: Jesuits and friars, from Castro Alves' The Slaves

Jesuítas e frades

Que o mundo antigo s'erga e lance a maldição Sobre vós... remembrando a negra lnquisição,

A hidra escura e vil da vil Teocracia,

O Santo Ofício, as provas, o azeite, a gemonia ...

Lisboa, Tours, Sevilha e Nantes na tortura,

Na fogueira Grandier, João Huss na sepultura,

Colombo a soluçar, a gemer Galileu...

De mil autos-da-fé o fumo enchendo o céu...

Que a maldição vos lance a pena do Gaulês

Tendo por tinta a borra das caldeiras de pez...

Que o Germano a sangrar maldiz em férreos hinos.

É justo! A História cega, aquentando o estilete

Nas brasas que apagar não pôde o Guadalete,

Tem jus de vos marcar com o ferro do labéu,

Como queima o carrasco o ombro nu do réu ...

Mas enquanto existir o grande, o novo mundo,

Ó Filhos de Jesus!... um cântico profundo

Irá vos embalar do sepulcro no solo...

A América por vós reza de pólo a pólo!

Dizei-o, vós, dizei, Tamoios, Guaranis,

Iroqueses, Tapuias, Incas, e Tupis...

A santa abnegação, o heroísmo, a doçura,

O amor paternal, a castidade pura

Destes homens que vinham, envoltos no burel,

A derramar dos lábios o amor — divino mel,

O perdão — óleo santo, a fé — mística luz,

E o Deus da caridade - o pródigo Jesus! ...

Oh! não! Mil vezes não! O poeta Americano

Vos deve sepultar no verso soberano

— Pano negro que tem por lágrimas de prata

As lágrimas que a Musa inspirada desata!! Se aqui houve cativos — eles os libertaram.

Se aqui houve selvagens — eles os educaram.

Se aqui houve fogueiras — eles nelas sofreram.

Se lá carrascos foram — cá mártires morreram.

Em vez do Inquisidor — tivemos a vedeta.

Loiola — aqui foi Nóbrega, Arbues — foi Anchieta!

Oh! Não! Mil vezes nãol O poeta Americano

Vos deve amortalhar no verso soberano

— Pano negro que tem por lágrimas de prata

As lágrimas que a musa inspirada desata!...