Militares de Portugal em missões de paz no mundo - Part 1 of 2
Jornalista: As Nações Unidas realizam um encontro, éuma conferência que reúne chefes militares e temos hoje connosco o representante de Portugal. Almirante Silva Ribeiro, é um prazer.
Almirante Silva Ribeiro: Muito bom dia, obrigada, igualmente.
Jornalista: O chefe de Estado-Maior General, hã... das Forças Armadas portuguesas, e bom, 'tá [sic] aqui a fazer uma serie de contactos no âmbito deste evento. Queremos saber qual é a principal mensagem que traz aqui pr'as [sic] Nações Unidas?
Almirante Silva Ribeiro: Olhe a principal missage…, mensagem é logo um contributo de Portugal pr'aquilo que são os grandes propósitos das Nações Unidas que são hã... contribuir pr'a paz no mundo. E é isso hã... que os chefes militares, é neste contexto que os chefes militares de todo o mundo aqui estão hoje hã..., presentes, hã... hoje e amanhã hã... nos trabalhos preparatórios e depois na conferência onde vamos analisar as possibilidades de desenvolver capacidades em âmbito multilateral, de… contribuir para que as forças militares dos diferentes países possam dar contributos técnica e militarmente mais habilitado p'o [sic] cumprimentos das suas missões e também para aprofundar o papel das mulheres nas operações de paz das Nações Unidas.
Jornalista: Esteve aqui a explicar a pouco, hã…, Portugal faz parte de 26 operações de paz em todo o mundo…
Almirante Silva Ribeiro: Sim
Jornalista: Esta experiência que Portugal carrega, como é que vai ajudar nesta definição de prioridades para todo o mundo?
Almirante Silva Ribeiro: Hã..., pr'um pequeno país é é difícil, não é. Nós estamos envolvidos em 26 operações. Evidentemente, hã… algumas com mais intensidades que outras. No quadro das Nações Unidas, a missão mais exigente que temos é na República Centro-Africana, mas temos outras de hã… nível de exigência também muito elevado, nomeadamente no Afeganistão, no Iraque. Hã… depois outras missões no Mediterrâneo, hã… no Atlântico hã... que envolvem os três ramos das Forças Armadas. Aquilo que hã… Portugal adota é hã… tendo em consideração as capacidades e os recursos que o país tem, hã… ser hã… afetar esses recursos de forma a que a paz e a segurança no mundo hã… sobretudo nas áreas onde Portugal tem interesses diretos, hã… possa hã… ser mais hã… eficaz e mais adequada daquilo que é hoje, minimizando hã... os problemas hã… das populações indefesas como é o caso hã… daquilo que se verifica na República Centro-Africana, onde grupos hã… armados, hã… saqueiam, violam, matam indiscriminadamente as populações. E evidentemente que um país democrático, um país que preserva os valores essenciais da liberdade, da igualdade e da fraternidade como é o caso de Portugal e de muitos outros, tem que empenhar as suas forças para evitar que essas situações proliferem ou se mantenham afeitando populações indefesas.
Jornalista: Ressaltou aqui a complexidade da hã… operação na República Centro-Africana quando se sabe que o Mali tem hã… a missão mais perigosa, como se diz, das Nações Unidas. Porquê a República Centro-Africana é complexa hã... na visão de Portugal?
Almirante Silva Ribeiro: Olhe hã…, é desde logo porque ah … hã… a situação de instabilidade na RCA é muito grande. Existem cerca de 14 grupos armados, que há anos vem desestabilizando o país e criando situações absolutamente injustificadas à luz daquilo que são os grandes princípios da convivência pacífica entre os povos. Ora aquilo que se verifica é que hã… hã… há um conjunto vasto de militares que estão na República Centro-Africana, das Nações Unidas, ao serviço das Nações Unidas, e a Portugal hã… foi solicitado que empenhasse uma força de reação rápida. E essa força tem tido desempenhos relevantíssimos, tem sido chamada às situações mais complexas, situações de elevadíssimos riscos, situações de combate direto, como já não acontecia às forças militares portuguesas desde os problemas da guerra do Ultramar, portanto que terminou em 1974. E é por isso é que nos consideramos que é a missão mais exigente, é porque de facto as tropas que estamos a enviar para a República Centro-Africana têm tido hã… empenhamentos operacionais de grande intensidade e de elevado risco e é por isso evidentemente que as Nações Unidas e, nomeadamente no Mali, têm situações também de grande risco. Mas onde temos um contingente hã… operacional que tem como missão hã… intervir nas situações de perturbação da da segurança, é na República Centro-Africana que estão … que estamos a ser sujeitos aos maiores desafios.
Jornalista: E perante toda esta exposição a que estão sujeitas as forças, espera-se algo de novo, na missão, na República Centro-Africana?
Almirante Silva Ribeiro: Não. Não, nós já estamos a planear o ano de 2020 e tudo indica que a missão vai continuar. Num, num há nenhum fator de planeamento euh … que nós a nível militar estamos, [e]'stejamos a considerar, para alterar a situação. O compromisso político português euh … relativamente à República Centro-Africana e às Nações Unidas tem sido muito evidenciado pelas autoridades políticas portuguesas, e, portanto, aquilo que nós a nível militar estamos a fazer é a preparar os empenhamentos pr'a 2021 onde a Re … onde a missão da República Centro-Africana está a ser considerada dentro daquilo que tem sido euh … o… os nível de esforço que Portugal tem apresentado ultimamente. E como sabe, nós já tivemos que reforçar a nossa presença euh … em dois aspetos fundamentais: oc… ocupando e concorrendo ao ao lugar de segundo comandante euh … porque pra' nós, é muito importante o desempenho dessa função, na medida em que tendo as nossas forças militares empenhadas em situações de combate, euh … interessa-nos ter na estrutura de comando e no Estado-Maior da MINUSCA oficiais euh … que euh… consigam transmitir bem euh … quais são os nossos padrões de empenhamento operacional que como sabe as missões das Nações Unidas reúnem, e muito bem, militares de todo o mundo, e nós somos um país da NATO temos procedimentos técnico-táticos operacionais que caracterizam aquilo que são as forças da NATO. E para euh... haver essa perceção daquilo que são os nossos padrões é muito importante termos este nível de representação na estrutura do Estado-Maior e do comando. Mas pr'além disso, também tivemos que reforçar a nossa presença enviando numa fase inicial seis Pandur e agora mais duas Pandur que são viaturas blindadas de grande capacidade adequadas àquele teatro operacional euh … que nos permitem uma euh um desempenho adequado àquilo que têm sido as operações a que temos sidos sujeitos. E, portanto, vai ser neste contexto que nós vamos manter a nossa presença na RCA.