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Gloss Brazilian Portuguese Level 2+, Internet não pode pagar sozinha o pato na questão da espionagem eletrônica.

Internet não pode pagar sozinha o pato na questão da espionagem eletrônica.

Daniel Lima

Repórter da Agência Brasil

Brasília – A internet está pagando o pato sozinha nessa história de espionagem, diz Demi Getschko, um dos membros do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Pioneiro da internet no Brasil, Getschko é defensor do caráter livre da rede mundial de computadores. Ele lembra que a bisbilhotagem eletrônica começou na infraestrutura, aconteceu em telefonia e, eventualmente, na internet, mas só se discute como a internet pode ser mais segura, como pode deixar de vazar dados etc.

“Na verdade, o vazamento é de cabo submarino e de infraestrutura. Aonde os cabos chegam são monitorados. O vazamento em telefonia, é um vazamento em telecomunicações. Tem outras coisas envolvidas, como o vazamento de e-mails. Bom, aí estamos em outra área, e não queria que a internet fosse pagar o pato aí”, destaca Getschko.

Para ele, a internet se desenvolveu muito bem no Brasil, não está atrasada em relação a nenhum lugar no mundo, mas, claro, em volume menor, porque o país tem dificuldade de infraestrutura e custo, sob o ponto de vista econômico. Ao fazer um balanço da introdução da rede no país, ele diz, categoricamente, que foi tudo normal do ponto de vista da introdução da novidade.

“Quando a web nasceu, veio para o Brasil. Quando o Facebook nasceu, veio para o Brasil e, quando o Orkut surgiu, o país foi um dos que adotaram pesadamente [a rede de relacionamentos]. Então, o Brasil não tem perdido em nada o pé nesta evolução da internet”, ressaltou.

Com esse argumento, Getschko diz que o Brasil não tem perdido em nada “nesta evolução da internet” e é, por isso, que insiste em ter uma declaração de princípios, como é o Marco Civil, “não para consertar o que está errado, mas para prevenir doenças e infecções que ela [internet] possa ter”.

No perfil que traçou da rede no Brasil, ele destaca o começo, quando ainda não existia regulação. "Era preciso, apenas, ter a licença para ser provedor de internet. Mandic, UOL e BOL criaram seus provedores, simplesmente, porque tiveram a iniciativa e resolveram arriscar naquilo”, lembrou.

Para Getschko, dessa forma, sem barreira de entrada, houve crescimento rápido e com muito conteúdo em português. Segundo o cientista, a Lei Geral das Telecomunicações reconhece duas camadas distintas. Uma camada regulada, que é a das telecomunicações, com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), e uma camada de valor adicionado, que é de conteúdo, de neutralidade e que não deve ser regulada por ninguém, sendo livre e neutra. “É um ponto do Marco Civil”, diz Getschko, que defende a privacidade e a proteção de dados dos cidadãos.

Por mais que se diga que a rede foi criada durante a guerra fria, como defesa após uma possível hecatombe apocalíptica e outras histórias desse tipo, Getschko defende o caráter livre da internet. Segundo ele, a rede nasceu de um projeto com dinheiro do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, mas o pessoal que se envolveu era o da ciência, da pesquisa, eram engenheiros da melhor qualidade, na Califórnia, onde funcionava o centro da contracultura dos anos 70.

Era um pessoal que estava envolvido em todo o movimento cultural, que penetrou nos conceitos básico da internet, enfatiza o cientista. De acordo com ele, o dinheiro era militar – os militares tinham aplicações para o novo projeto, como vários outros projetos são desenvolvidos de uma fonte genérica. “Mas o produto veio de cabeças abertas, de algo que não tem centro, não tem controle, que é aberto para todo mundo e que é basicamente libertário. Isto transpira até no nome que deram às coisas. Os padrões que a internet gera chamam-se request for comment [RFC, em português, solicitamos comentários]", destaca. Os RFCs são documentos que tratam de padrões na internet. Ou seja, nada é imposto e a comunidade tem liberdade para comentar, explica.

Getschko ressalta, além disso, a internet foi concebida para ser uma rede ponto a ponto, onde um equipamento fala com o outro diretamente, sem que alguém filtre no meio do caminho. Ninguém deveria filtrar nada no meio do caminho.”

Outra discussão, informa, é que a rede precisa ser simples para poder crescer, sem qualquer complexidade. “Aí vem as discussões sobre criptografia, como fazemos e-mail protegido, como atendemos o decreto da Presidência, sobre as comunicações nacionais etc. São complicações que não são da internet. São das bordas. Aliás, isso não deve ser tributado à internet, que está pagando o pato sozinha nessa história da espionagem, e isso é injusto.

Demi Getschko esteve em João Pessoa, no início de dezembro, onde participou da Conferência Brasil-Canadá 3.0, edição 2013

Edição: Nádia Franco

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Internet não pode pagar sozinha o pato na questão da espionagem eletrônica. Das Internet kann den Preis für elektronische Spionage nicht allein zahlen. The Internet cannot pay the price alone on the issue of electronic spying.

Daniel Lima

Repórter da Agência Brasil

Brasília – A internet está pagando o pato sozinha nessa história de espionagem, diz Demi Getschko, um dos membros do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). ||||||duck|||||||Demi|Getschko|||||||||||CGI| Pioneiro da internet no Brasil, Getschko é defensor do caráter livre da rede mundial de computadores. Ele lembra que a bisbilhotagem eletrônica começou na infraestrutura, aconteceu em telefonia e, eventualmente, na internet, mas só se discute como a internet pode ser mais segura, como pode deixar de vazar dados etc. ||||eavesdropping|||||||||||||||||||||||||||||

“Na verdade, o vazamento é de cabo submarino e de infraestrutura. Aonde os cabos chegam são monitorados. O vazamento em telefonia, é um vazamento em telecomunicações. Tem outras coisas envolvidas, como o vazamento de e-mails. Bom, aí estamos em outra área, e não queria que a internet fosse pagar o pato aí”, destaca Getschko.

Para ele, a internet se desenvolveu muito bem no Brasil, não está atrasada em relação a nenhum lugar no mundo, mas, claro, em volume menor, porque o país tem dificuldade de infraestrutura e custo, sob o ponto de vista econômico. Ao fazer um balanço da introdução da rede no país, ele diz, categoricamente, que foi tudo normal do ponto de vista da introdução da novidade.

“Quando a web nasceu, veio para o Brasil. Quando o Facebook nasceu, veio para o Brasil e, quando o Orkut surgiu, o país foi um dos que adotaram pesadamente [a rede de relacionamentos]. Então, o Brasil não tem perdido em nada o pé nesta evolução da internet”, ressaltou.

Com esse argumento, Getschko diz que o Brasil não tem perdido em nada “nesta evolução da internet” e é, por isso, que insiste em ter uma declaração de princípios, como é o Marco Civil, “não para consertar o que está errado, mas para prevenir doenças e infecções que ela [internet] possa ter”.

No perfil que traçou da rede no Brasil, ele destaca o começo, quando ainda não existia regulação. |||drew||||||||||||| "Era preciso, apenas, ter a licença para ser provedor de internet. Mandic, UOL e BOL criaram seus provedores, simplesmente, porque tiveram a iniciativa e resolveram arriscar naquilo”, lembrou. Mandic|||BOL|||||||||||||

Para Getschko, dessa forma, sem barreira de entrada, houve crescimento rápido e com muito conteúdo em português. Segundo o cientista, a Lei Geral das Telecomunicações reconhece duas camadas distintas. Uma camada regulada, que é a das telecomunicações, com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), e uma camada de valor adicionado, que é de conteúdo, de neutralidade e que não deve ser regulada por ninguém, sendo livre e neutra. ||||||||||||||Anatel|||||||||||||||||||||||| “É um ponto do Marco Civil”, diz Getschko, que defende a privacidade e a proteção de dados dos cidadãos.

Por mais que se diga que a rede foi criada durante a guerra fria, como defesa após uma possível hecatombe apocalíptica e outras histórias desse tipo, Getschko defende o caráter livre da internet. Segundo ele, a rede nasceu de um projeto com dinheiro do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, mas o pessoal que se envolveu era o da ciência, da pesquisa, eram engenheiros da melhor qualidade, na Califórnia, onde funcionava o centro da contracultura dos anos 70.

Era um pessoal que estava envolvido em todo o movimento cultural, que penetrou nos conceitos básico da internet, enfatiza o cientista. De acordo com ele, o dinheiro era militar – os militares tinham aplicações para o novo projeto, como vários outros projetos são desenvolvidos de uma fonte genérica. “Mas o produto veio de cabeças abertas, de algo que não tem centro, não tem controle, que é aberto para todo mundo e que é basicamente libertário. Isto transpira até no nome que deram às coisas. Os padrões que a internet gera chamam-se request for comment [RFC, em português, solicitamos comentários]", destaca. ||||||||request||comment|RFC||||| Os RFCs são documentos que tratam de padrões na internet. |RFCs|||||||| Ou seja, nada é imposto e a comunidade tem liberdade para comentar, explica.

Getschko ressalta, além disso, a internet foi concebida para ser uma rede ponto a ponto, onde um equipamento fala com o outro diretamente, sem que alguém filtre no meio do caminho. Ninguém deveria filtrar nada no meio do caminho.”

Outra discussão, informa, é que a rede precisa ser simples para poder crescer, sem qualquer complexidade. “Aí vem as discussões sobre criptografia, como fazemos e-mail protegido, como atendemos o decreto da Presidência, sobre as comunicações nacionais etc. São complicações que não são da internet. São das bordas. ||edges Aliás, isso não deve ser tributado à internet, que está pagando o pato sozinha nessa história da espionagem, e isso é injusto.

Demi Getschko esteve em João Pessoa, no início de dezembro, onde participou da Conferência Brasil-Canadá 3.0, edição 2013

Edição: Nádia Franco