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Os Escravos, por Antonio Frederico de Castro Alves, 31º Poema: Saudação a Palmares, de Os Escravos, de Castro Alves

31º Poema: Saudação a Palmares, de Os Escravos, de Castro Alves

Saudação a Palmares

Nos altos cerros erguido

Ninho d'águias atrevido, Salve! — País do bandido!

Salve! — Pátria do jaguar!

Verde serra onde os palmares

— Como indianos cocares —

No azul dos colúmbios ares

Desfraldam-se em mole arfar! ...

Salve! Região dos valentes

Onde os ecos estridentes

Mandam aos plainos trementes

Os gritos do caçador!

E ao longe os latidos soam...

E as trompas da caça atroam...

E os corvos negros revoam

Sobre o campo abrasador! ...

Palmares! a ti meu grito!

A ti, barca de granito,

Que no soçobro infinito

Abriste a vela ao trovão.

E provocaste a rajada,

Solta a flâmula agitada

Aos uivos da marujada

Nas ondas da escravidão!

De bravos soberbo estádio,

Das liberdades paládio,

Pegaste o punho do gládio,

E olhaste rindo pra o val:

"Descei de cada horizonte... Senhores! Eis-me de fronte!" E riste... O riso de um monte!

E a ironia... de um chacal!...

Cantem Eunucos devassos

Dos reis os marmóreos paços;

E beijem os férreos laços,

Que não ousam sacudir ...

Eu canto a beleza tua,

Caçadora seminua!...

Em cuja perna flutua

Ruiva a pele de um tapir.

Crioula! o teu seio escuro

Nunca deste ao beijo impuro!

Luzidio, firme, duro,

Guardaste pra um nobre amor.

Negra Diana selvagem,

Que escutas sob a ramagem

As vozes — que traz a aragem

Do teu rijo caçador! ...

Salve, Amazona guerreira!

Que nas rochas da clareira,

— Aos urros da cachoeira —

Sabes bater e lutar...

Salve! — nos cerros erguido —

Ninho, onde em sono atrevido,

Dorme o condor... e o bandido!...

A liberdade... e o jaguar!


31º Poema: Saudação a Palmares, de Os Escravos, de Castro Alves

Saudação a Palmares

Nos altos cerros erguido

Ninho d'águias atrevido, Salve! — País do bandido!

Salve! — Pátria do jaguar!

Verde serra onde os palmares

— Como indianos cocares —

No azul dos colúmbios ares

Desfraldam-se em mole arfar! ...

Salve! Região dos valentes

Onde os ecos estridentes

Mandam aos plainos trementes

Os gritos do caçador!

E ao longe os latidos soam...

E as trompas da caça atroam...

E os corvos negros revoam

Sobre o campo abrasador! ...

Palmares! a ti meu grito!

A ti, barca de granito,

Que no soçobro infinito

Abriste a vela ao trovão.

E provocaste a rajada,

Solta a flâmula agitada

Aos uivos da marujada

Nas ondas da escravidão!

De bravos soberbo estádio,

Das liberdades paládio,

Pegaste o punho do gládio,

E olhaste rindo pra o val:

"Descei de cada horizonte... Senhores! Eis-me de fronte!" E riste... O riso de um monte!

E a ironia... de um chacal!...

Cantem Eunucos devassos

Dos reis os marmóreos paços;

E beijem os férreos laços,

Que não ousam sacudir ...

Eu canto a beleza tua,

Caçadora seminua!...

Em cuja perna flutua

Ruiva a pele de um tapir.

Crioula! o teu seio escuro

Nunca deste ao beijo impuro!

Luzidio, firme, duro,

Guardaste pra um nobre amor.

Negra Diana selvagem,

Que escutas sob a ramagem

As vozes — que traz a aragem

Do teu rijo caçador! ...

Salve, Amazona guerreira!

Que nas rochas da clareira,

— Aos urros da cachoeira —

Sabes bater e lutar...

Salve! — nos cerros erguido —

Ninho, onde em sono atrevido,

Dorme o condor... e o bandido!...

A liberdade... e o jaguar!