ACHO QUE PEGUEI COVID | EMBRULHA PRA VIAGEM
Oi, turma. É isso aí, 2021 já tá rolando, né?
Eu ainda tô na vibe de 2020.
Mas com muita esperança no coração, né?
Hoje a nossa reflexão é sobre aquela sensação
que a gente às vezes tem que já pegou o COVID.
Quem nunca, atire a primeira pedra, né?
Aquela pessoa que não deu aquela tossidinha marota,
aí já ficou cheia de caraminholas na cabeça.
Foi dormir à noite com aquela reza brava, baixinho,
pedindo a Jesus pra não ter pego o COVID.
Muita gente já passou por isso.
É que esse vírus, ele mexeu muito com o psicológico de todo mundo,
então isso é bem comum.
Aqui em casa mesmo, a Eleonora é pura paranoia,
não vou mentir pra vocês.
Teve uma vez aqui em casa
que a gente tava assistindo um filminho com as crianças,
muito gostoso, comendo uma pipoquinha.
Mas eu acabei engasgando com aquele milhinho seco
que sempre não estoura, sabe?
Foi parar na minha garganta, eu engasguei, comecei tossir,
a criançada dando tapa na minhas costas,
e a Eleonora sentou um tapão que eu consegui cuspir o milho,
graças a Deus, e melhorei na hora.
Agora quem tirava da cabeça dela
que aquilo não podia ser um princípio de COVID.
Aí eu disse, "mas, meu bem, você viu que era um milho,
quando eu cuspi eu já tava bom."
Não adiantou nada.
Ela me fez passar uma semana na área de serviço, isolado,
até que eu comprovasse que não tinha sintoma algum.
Foi bem difícil, mas eu contei com a ajuda dos familiares aqui de casa.
A Eleonora jogou um edredom lá pra mim, foi muito carinhosa,
me servia comida todos os dias
através do vidro que tem entre a cozinha e a área de serviço.
Ela empurrava comida assim e fechava.
Perguntava se tava tudo bem, eu falava que sim, que eu queria sair,
ela fazer assim ó, e eu fiquei lá.
Não tive sintoma algum da COVID,
e graças a Deus também não me atacou a sinusite,
porque ali na área de serviço tem uma corrente de ar gelado péssima,
mas eu sobrevivi.
Enfim, é isso, gente.
Muita gente acha que quando entrou a COVID no mundo,
todas as outras doenças acabaram.
Não tem mais hipertensão, diabetes, enxaqueca, cirrose.
Mesmo uma dorzinha de cabeça normal não existia mais, só é a COVID.
Minha mãe é um exemplo bem radical disso.
Por exemplo, no mês passado, Miltinho, meu primo,
foi atropelado por uma van, uma coisa horrorosa,
teve que ir pro hospital às pressas operar o joelho.
Ele fraturou a tíbia,
teve que fazer várias fisioterapias pra recuperar o movimento do braço,
e a minha mãe disse, "Nada, isso aí é COVID."
Eu falei, "Mãe, que COVID o quê.
A tia Lígia tava do lado dele na hora do atropelamento.
Foi ela que ligou pra ambulância."
"Mentira deles, eles não querem contar que é COVID."
"Por que eles tão mentindo com isso, mãe?"
"O pessoal fica com medo de falar que é COVID
porque a família afasta."
Eu vou falar o quê?
Ontem o Miltinho postou uma foto no Instagram de muleta,
vários pinos na perna, cicatrizes das operações.
Minha mãe olhou e falou, "Olha o que dá não usar máscara."
Fiquei quieto, né?
É melhor.