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Embrulha Pra Viagem, ANIVERSÁRIO DE CASAMENTO | EMBRULHA PRA VIAGEM

ANIVERSÁRIO DE CASAMENTO | EMBRULHA PRA VIAGEM

Deixei eles lá.

Tão lá, na cozinha.

Brigando por causa de um pedaço de bife.

E ninguém me ofereceu pra ver se eu queria.

Nem o bife muito menos a batata frita.

Fui pegar, não tinha nada pra mim.

Você sabe o que é passar a manhã

fritando batata pra uma manada de elefante?

E ninguém te agradece?

Ainda hoje que é meu aniversário de casamento?

A Joana teve o descaramento

de pegar todo o sorvete que tava no pote e colocar no copo!

Aí eu pensei, vai me proteger das crianças.

Vai dar um sorvete pra mim. Nada!

Sentou a bunda no sofá, matou o sorvete,

e deixou um copo sujo lá no meio.

Quase que eu falei pra ela,

vai lavar essa louça toda pra você aprender a não ser trouxa.

Só não fiz isso porque antes dessa reviravolta pandêmica,

que eu fiquei desempregado, e a Joana empregada,

eu nunca tinha lavado uma louça.

Sempre falava que quem trabalha

não tem tempo pra perder com essas futilidades

E agora eu tô conseguindo provar

que tudo isso não passa de uma futilidade.

Mas o pior não foi isso.

Fazia uns dois meses que eu tava dando indireta.

Que é nosso aniversário de casamento.

Que eu queria ir num show,

desses drive-in, que vai de carro, sabe?

Ou até no cinema drive-in.

Algo que me faça esquecer de louça, panela,

que me tire desse sufoco.

Hoje de manhã, quando eu entrei no quarto,

eu vi que tinha um pacote enorme na cama.

Falei nossa, a Joana lembrou do nosso aniversário de casamento.

Pensei, comprou uma jaqueta pra mim,

no bolso vai estar os convites.

Saí correndo, abri o pacote. Quando eu vi, era um...

Um jogo que panelas Agata.

Eu fechei a cara na hora.

Aí eu perguntei pra Joana.

"É esse meu presente de casamento?"

"Um jogo de panelas Agata?"

Aí ela respondeu.

"Você preferia de teflon?"

Quase que eu mandei a Joana enfiar a panela naquele lugar.

Só não fiz isso porque antes dessa reviravolta,

ano passado eu dei de presente pra ela

um liquidificador sete velocidades.

E ano retrasado, uma fritadeira elétrica linda.

Teve um outro que eu dei uma panela de pressão

de sete litros muito boa.

Então eu segurei o choro.

Respirei.

E pedi pra cagar.

E agora eu decidi que vou morar aqui no banheiro pra sempre.

Já que eu sou invisível, eu vou ficar aqui

até alguém perceber que eu existo.

Paulo, amorzinho, faz cinco horas que você tá aí.

Olha aí, funcionou!

O que cinco horas de ausência não fazem?

Vai aprendendo! Que você quer, amor?

Sete da noite! Tá todo mundo morrendo de fome.

Você não acha que tá na hora de tirar a bunda dessa privada

e colar a barriga no fogão?!

Você quer frango ou estrogonofe?

Qualquer um contanto que o arroz não fique papa como sempre, né?

-Essa foi boa. -Olha aí.

Já esboçou uma brincadeirinha.

Quer dizer, essa noite...

Promete.

Será?


ANIVERSÁRIO DE CASAMENTO | EMBRULHA PRA VIAGEM

Deixei eles lá.

Tão lá, na cozinha.

Brigando por causa de um pedaço de bife.

E ninguém me ofereceu pra ver se eu queria.

Nem o bife muito menos a batata frita.

Fui pegar, não tinha nada pra mim.

Você sabe o que é passar a manhã

fritando batata pra uma manada de elefante?

E ninguém te agradece?

Ainda hoje que é meu aniversário de casamento?

A Joana teve o descaramento

de pegar todo o sorvete que tava no pote e colocar no copo!

Aí eu pensei, vai me proteger das crianças.

Vai dar um sorvete pra mim. Nada!

Sentou a bunda no sofá, matou o sorvete,

e deixou um copo sujo lá no meio.

Quase que eu falei pra ela,

vai lavar essa louça toda pra você aprender a não ser trouxa.

Só não fiz isso porque antes dessa reviravolta pandêmica,

que eu fiquei desempregado, e a Joana empregada,

eu nunca tinha lavado uma louça.

Sempre falava que quem trabalha

não tem tempo pra perder com essas futilidades

E agora eu tô conseguindo provar

que tudo isso não passa de uma futilidade.

Mas o pior não foi isso.

Fazia uns dois meses que eu tava dando indireta.

Que é nosso aniversário de casamento.

Que eu queria ir num show,

desses drive-in, que vai de carro, sabe?

Ou até no cinema drive-in.

Algo que me faça esquecer de louça, panela,

que me tire desse sufoco.

Hoje de manhã, quando eu entrei no quarto,

eu vi que tinha um pacote enorme na cama.

Falei nossa, a Joana lembrou do nosso aniversário de casamento.

Pensei, comprou uma jaqueta pra mim,

no bolso vai estar os convites.

Saí correndo, abri o pacote. Quando eu vi, era um...

Um jogo que panelas Agata.

Eu fechei a cara na hora.

Aí eu perguntei pra Joana.

"É esse meu presente de casamento?"

"Um jogo de panelas Agata?"

Aí ela respondeu.

"Você preferia de teflon?"

Quase que eu mandei a Joana enfiar a panela naquele lugar.

Só não fiz isso porque antes dessa reviravolta,

ano passado eu dei de presente pra ela

um liquidificador sete velocidades.

E ano retrasado, uma fritadeira elétrica linda.

Teve um outro que eu dei uma panela de pressão

de sete litros muito boa.

Então eu segurei o choro.

Respirei.

E pedi pra cagar.

E agora eu decidi que vou morar aqui no banheiro pra sempre.

Já que eu sou invisível, eu vou ficar aqui

até alguém perceber que eu existo.

Paulo, amorzinho, faz cinco horas que você tá aí.

Olha aí, funcionou!

O que cinco horas de ausência não fazem?

Vai aprendendo! Que você quer, amor?

Sete da noite! Tá todo mundo morrendo de fome.

Você não acha que tá na hora de tirar a bunda dessa privada

e colar a barriga no fogão?!

Você quer frango ou estrogonofe?

Qualquer um contanto que o arroz não fique papa como sempre, né?

-Essa foi boa. -Olha aí.

Já esboçou uma brincadeirinha.

Quer dizer, essa noite...

Promete.

Será?