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Embrulha Pra Viagem, TEATRO ALTERNATIVO | EMBRULHA PRA VIAGEM

TEATRO ALTERNATIVO | EMBRULHA PRA VIAGEM

Licença.

Caraca, não acredito! O cara veio!

Eu tava lá no palco, enlouquecido, texto, loucura!

Te vi na plateia!

É, eu falei que eu vinha!

E aí.

Que energia, hein?

Gostou?

Sem comentários! Cara, você escreveu,

atuou, dirigiu, produziu, assinou a trilha.

Que coragem!

Cara, se eu for depender dos outros, eu não faço nada!

E outra! Eu gosto de fazer do meu jeito.

O que você assistiu hoje

é a arte que eu quero mostrar pro mundo.

-Olha aí. -E o texto?

-Que que tem? -Polêmico!

-Porra! -Puta soco no estômago!

Você viu na terceira hora de espetáculo?

Quando eu pego o pintinho e arranco a cabeça dele com os dentes?

Sei.

Representando a falta de amor ao próximo?

É. Muita gente vai embora.

É que bate cada um em um lugar.

Eu achei um pouco mais polêmico aquela hora que você

você meio que se masturba, aí toma o próprio esperma.

Nossa! Aquela hora nem minha mãe ficou na plateia!

Na verdade, a minha família odiou.

É mesmo?

Mas você não escreveu monólogo pra agradar a família, né?

-Pau no cu da família. -É isso aí.

Os críticos detestaram.

-Tá brincando? -Meteram o pau no espetáculo.

Você escreveu o teatro pra agradar crítico?

Não.

Pau no cu da crítica!

O público eu tenho certeza que tá adorando.

A casa cheia.

É, o público tá...

Quer dizer, não tá casa cheia sempre.

Na verdade, quinta-feira não veio ninguém.

Mas quinta-feira acabou, ninguém vai ao teatro mesmo.

É, sexta-feita também não.

Choveu pra cacete, pô!

É, mas ontem não choveu.

Mas com aquele calor, pessoal quer sair

pra tomar um chopp, comer uma pizza,

Ninguém quer se enfiar no teatro, meio cabeça...

Mas hoje tava um dia agradável.

Você vê! Hoje teve público.

Você.

Túlio, que que é? Você virou ator vendido?

Faz teatro pra... Pau no cu do público!

Bicho, cara, eu não sabia que a peça tinha 4 horas de duração,

deixei o carro no estacionamento aqui da frente. Fecha em 20 minutos.

Como é que é? Tem convênio, tem que carimbar?

Os caras do estacionamento ficaram tão putinhos

que não tinha público que tiraram até meu desconto.

Vem cá, você faz teatro pra estacionar o carro de graça?

Não, já até vendi pra pagar o cenário.

Então pau no cu do estacionamento!

Vamos fazer o seguinte, tô morrendo de fome.

Vamos comer? Tá com permuta, desconto em algum restaurante?

O dono do restaurante leu o texto...

Não, não, Túlio! Que que isso, cara!

Você tá fazendo peça pra comer de graça?!

Não.

Então pau no cu dessas cantinas aí!

-Pau no cu. -Vambora, bicho.

Te dou uma carona, a gente para na padaria,

come um salgado. Vamos aí.

Não, não. Nem me espera, cara.

Pode ir embora que eu vou sair umas duas horas.

Tenho que desmontar uns 4 metros de andaime,

de cenário, limpar banheiro.

E a equipe técnica?

Você acredita que eles não entenderam a proposta?

Foram embora no primeiro ensaio.

Bicho, pau no cu da técnica.

-E você? -Eu o quê?

Gostou do espetáculo?

Túlio!

Pau no meu cu, né?

Queridão, preciso ir embora. Sucesso merda aí no teu projeto.

Vida longa. Au revouir

Pau no cu.

O Barros, cara, ele trabalhou muito tempo no show de calouros.

Ele fazia crossover.

Aqui na época que ele fez Wando.

Meu iá iá, meu iô iô.

Cadê o seu Jorge Vercillo!

Tá aqui o Jorge Vercillo.

E aí, claro, no final de carreira,

já cantando no Biroska ali da Lílian Gonçalves,

É ele de Silvio Caldas.

Eu o que?


TEATRO ALTERNATIVO | EMBRULHA PRA VIAGEM

Licença.

Caraca, não acredito! O cara veio!

Eu tava lá no palco, enlouquecido, texto, loucura!

Te vi na plateia!

É, eu falei que eu vinha!

E aí.

Que energia, hein?

Gostou?

Sem comentários! Cara, você escreveu,

atuou, dirigiu, produziu, assinou a trilha.

Que coragem!

Cara, se eu for depender dos outros, eu não faço nada!

E outra! Eu gosto de fazer do meu jeito.

O que você assistiu hoje

é a arte que eu quero mostrar pro mundo.

-Olha aí. -E o texto?

-Que que tem? -Polêmico!

-Porra! -Puta soco no estômago!

Você viu na terceira hora de espetáculo?

Quando eu pego o pintinho e arranco a cabeça dele com os dentes?

Sei.

Representando a falta de amor ao próximo?

É. Muita gente vai embora.

É que bate cada um em um lugar.

Eu achei um pouco mais polêmico aquela hora que você

você meio que se masturba, aí toma o próprio esperma.

Nossa! Aquela hora nem minha mãe ficou na plateia!

Na verdade, a minha família odiou.

É mesmo?

Mas você não escreveu monólogo pra agradar a família, né?

-Pau no cu da família. -É isso aí.

Os críticos detestaram.

-Tá brincando? -Meteram o pau no espetáculo.

Você escreveu o teatro pra agradar crítico?

Não.

Pau no cu da crítica!

O público eu tenho certeza que tá adorando.

A casa cheia.

É, o público tá...

Quer dizer, não tá casa cheia sempre.

Na verdade, quinta-feira não veio ninguém.

Mas quinta-feira acabou, ninguém vai ao teatro mesmo.

É, sexta-feita também não.

Choveu pra cacete, pô!

É, mas ontem não choveu.

Mas com aquele calor, pessoal quer sair

pra tomar um chopp, comer uma pizza,

Ninguém quer se enfiar no teatro, meio cabeça...

Mas hoje tava um dia agradável.

Você vê! Hoje teve público.

Você.

Túlio, que que é? Você virou ator vendido?

Faz teatro pra... Pau no cu do público!

Bicho, cara, eu não sabia que a peça tinha 4 horas de duração,

deixei o carro no estacionamento aqui da frente. Fecha em 20 minutos.

Como é que é? Tem convênio, tem que carimbar?

Os caras do estacionamento ficaram tão putinhos

que não tinha público que tiraram até meu desconto.

Vem cá, você faz teatro pra estacionar o carro de graça?

Não, já até vendi pra pagar o cenário.

Então pau no cu do estacionamento!

Vamos fazer o seguinte, tô morrendo de fome.

Vamos comer? Tá com permuta, desconto em algum restaurante?

O dono do restaurante leu o texto...

Não, não, Túlio! Que que isso, cara!

Você tá fazendo peça pra comer de graça?!

Não.

Então pau no cu dessas cantinas aí!

-Pau no cu. -Vambora, bicho.

Te dou uma carona, a gente para na padaria,

come um salgado. Vamos aí.

Não, não. Nem me espera, cara.

Pode ir embora que eu vou sair umas duas horas.

Tenho que desmontar uns 4 metros de andaime,

de cenário, limpar banheiro.

E a equipe técnica?

Você acredita que eles não entenderam a proposta?

Foram embora no primeiro ensaio.

Bicho, pau no cu da técnica.

-E você? -Eu o quê?

Gostou do espetáculo?

Túlio!

Pau no meu cu, né?

Queridão, preciso ir embora. Sucesso merda aí no teu projeto.

Vida longa. Au revouir

Pau no cu.

O Barros, cara, ele trabalhou muito tempo no show de calouros.

Ele fazia crossover.

Aqui na época que ele fez Wando.

Meu iá iá, meu iô iô.

Cadê o seu Jorge Vercillo!

Tá aqui o Jorge Vercillo.

E aí, claro, no final de carreira,

já cantando no Biroska ali da Lílian Gonçalves,

É ele de Silvio Caldas.

Eu o que?