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Buenas Ideias, A GUERRA DE IGUAPE - EDUARDO BUENO (1)

A GUERRA DE IGUAPE - EDUARDO BUENO (1)

Depois de dois anos, DOIS ANOS, assistindo ao canal Buenas Ideias, você chegou a uma

conclusão: a única coisa que você sabe é que você não sabe nada!

É ou não é?

É ou não é?

Tu concluiu "eu não sei nada!

Eu não sei nada!".

Tu já pensou até em processar o teu colégio, processar o teu professor de história que

não te ensinou nada!

Então agora, cara, como prêmio, eu vou te falar uma coisa que todo mundo sabe, cara,

que todo mundo conhece, e aí você vai se sentir como quem navega em águas conhecidas,

como quem caminha por um território cartografado, você vai se sentir em paz.

Eu vou falar sobre a guerra de Iguape.

O que?

Você não sabe o que que foi a guerra de Iguape?

Tu nunca ouviu falar na guerra de Iguape?

Mas nem sobre a guerra de Iguape te falaram, cara!?

A guerra de Iguape foi o primeiro confronto, a primeira luta, entre europeus... um europeu

contra um outro europeu, no caso, portugueses contra espanhóis, travadas em toda a América!

Em toda a América!

Talvez tenha tido já brigas antes lá no Caribe, que os espanhol tudo louco...

Mas na América do Sul...

E na América do Norte nem existia nada...

Foi a primeira vez que eles brigaram entre si!

É uma história maravilhosa!

Portugueses e castelhanos repetindo no Novo Mundo o que já faziam na Europa desde 1385,

na Batalha de Aljubarrota, e continuariam fazendo até 1644, na Batalha de Montijo.

E além de tudo, atrasou em 10 anos a ocupação do sul do Brasil.

E é essa a história que tu vai conhecer agora.

"Resgate, resgate!

Vamos resgatar a história da guerra de Iguape!".

Cara, a guerra de Iguape é uma história totalmente inacreditável.

Um monte de gente diz aqui "bah, tinha que virar episódio no Netflix, tinha que virar

filme!", cara!

E essa tinha mesmo.

Na verdade, o grande épico já é a expedição do Martim Afonso de Sousa, né cara.

O Martim Afonso de Sousa era um escroto, era um canalha, era um ladrão... mas mesmo assim,

ele teve grande importância na história do Brasil (talvez até por isso, né).

E aí, na verdade, tem muito pouca rua Martim Afonso de Sousa, muito pouca!

Rua Martim Afonso de Sousa, avenida Martim Afonso de Sousa, ninguém fala no Martim Afonso

de Sousa.

Tudo bem que ele era ladrão, tudo bem que depois ele virou vice-rei da Índia e roubou

muito dinheiro lá na Índia.

Sim, eu tô gripado, não interessa, tu vai aguentar minha voz assim e se eu tossir tu

vai ficar ouvindo de qualquer jeito.

É porque a história merece.

O Martim Afonso de Sousa fez a primeira expedição exploratória do Brasil em 1531.

Ele era amigo de infância do rei, do rei Dom João III...

Mas eu não vou contar a história dessa expedição, eu não vou contar a história do Martim Afonso

de Sousa, eu não vou contar a história de como o Brasil foi dividido em capitanias hereditárias...

Se tu quiser, tu compra o maravilhoso livro "Capitães do Brasil" que tudo vai estar aqui.

Eu vou me concentrar na Guerra de Iguape.

Eu também.. cof cof cof cof... não vou contar a história do meu personagem misterioso favorito

da história colonial do Brasil: o bacharel de Cananeia.

Algum dia eu vou falar do bacharel.

Mas o bacharel é figura chave nessa história que vai começar agora.

E como começa essa história?

Começa quando, no dia... tananã... quando no dia primeiro de agosto de 1531 o Martim

Afonso de Sousa chega na ilha verdejante de Cananeia, bem no finalzinho do litoral sul

de São Paulo, ainda um lugar isolado, ainda um lugar que inclusive requer a nossa atenção,

é um lugar que tem que ser preservado, é um lugar que ainda tem muita mata atlântica,

do lado ali fica a ilha do Cardoso, que é um parque estadual, e tal.

O Martim Afonso de Sousa chega ali em 1o de agosto de 1531...

E no dia 12 de agosto de 1531, depois que ele tá dez dias ancorado ali, sobe a bordo

um cara chamado Bacharel de Cananeia.

Era um cara que tava morando ali, segundo diz o irmão dele...

Porque essa expedição é minuciosamente contada pelo irmão do Martim Afonso de Sousa,

Pero Lopes de Sousa, que fez o "Diário da navegação de Martim Afonso de Sousa", que

é um livro sensacional, é um diário de bordo.

Chega nesse dia 12 de agosto a bordo esse bacharel de Cananeia.

Que o Pero Lopes escreve: "estava morando há mais de 30 anos no Brasil".

Estamos em 1531...

Eles estava morando há mais de 30 anos no Brasil, portanto...

Estava morando antes do descobrimento do Brasil?

Ou tinha chegado no exato momento do descobrimento do Brasil?

Ninguém sabe e você não vai ficar sabendo enquanto eu não te falar.

Porque não é essa a história.

A história é que junto com ele tinha um cara também incrível chamado Francisco de

Chaves, que também era um desertor espanhol..

Também não, porque eu não sei o Bacharel de Cananeia era um desertor espanhol... não

sei se ele era português, se ele era espanhol, ninguém sabe!

Provavelmente era português.

O Francisco de Chaves também era português mas tinha desertado de uma expedição espanhola.

E esses dois caras e outros que moravam ali, que estavam morando há mais de dez anos em

Cananeia, todos cheios de mulheres indígenas, e todos sobre a égide, sobre o poder do Bacharel,

dizendo pra ele o seguinte...

Tem uma trilha...

Tu já ouviu isso DEZ vezes, só que não a partir de Cananeia.

"Tem uma trilha que sai daqui e vai até um território repleto de montanhas enormes cobertas

de neve onde vive um povo riquíssimo cheio de ouro e prata".

Eles já tinham ouvido essa história em vários outros lugares, j[a se comentava nessa história

desde 1524, né, quando um cara inclusive, o Aleixo Garcia, você já viu aqui dez vezes,

não vou contar, vai lá ver "O Caminho do Peabiru"...

Sabiam que essa história existia, sabia que esse reino existia.

E o tal Francisco de Chaves disse pra ele o seguinte: "se tu me der uma tropa, se tu

me der 50 soldados, eu saio daqui de Cananeia, vou a pé até esse lugar e daqui a 10 meses

eu estarei de volta com 400 escravos indígenas carregados, cada um deles, com um cesto desse

tamanho cheio de ouro e de prata".

Tãããa.

Legal, né, gostei.

Bom, o Martim Afonso de Sousa, que já sabia dessas histórias, que já na verdade estava

em busca do Peru, porque essa história é o reino do Peru...

Pega 80,, 80 besteiros...

Né, você, besta é aquela arma bum bum bum né.

E arcabuzeiros...

Pegam um cara chamado Pero Lobo e diz "pode ir".

E o Pero Lobo e o Francisco de Chaves partem e dali a dez meses eles deveriam voltar carregados

de ouro e prata.

O Martim Afonso de Souza vai até o Rio da Prata, acontece mil coisas barará barará

barará, e em maio de... aliás, em janeiro de 1553, portanto mais de dez meses depois,

o Martim Afonso de Sousa volta pra Cananeia de descobre que os caras sumiram: não tem

notícias deles, não voltaram.

Ele sai de Cananeia e vai pra São Vicente, São Paulo.

São Vicente, você já viu aqui, era chamado Porto dos Escravos... era um lugar onde morava

o João Ramalho, onde morava outros portugueses, todos traficantes de escravos, todos uns caras

meio estranhos assim, embora menos estranhos que os que moravam em Cananeia, tá.

Bom, aí o Martim Afonso de Sousa fica ali esperando a volta... porque eles ficaram de

voltar pra São Vicente.

Fica esperando ali a volta dos caras em São Vicente, os caras não voltam.

Martim Afonso de Sousa deixa o seu lugar tenente que é um cara chamado Pedro de Góis, que

é um cara que depois ganharia a capitania de São Tomé, que é uma capitania onde hoje

é o Espírito Santo, que era, de certa forma, a pior capitania do Brasil...

Porque ele era o único donatário que recebeu terras no Brasil que não era rico.

Então deram pra ele a pior terra, a terra dos Goiatacá.

Que tem um monte de gente pedindo pra eu fazer aqui a história dos Goiatacá, algum dia

farei, que é uma história incrível a dos índos Waitaká, né.

O Pero Lopes fica ali... o Pero Lopes não, perdão, o Pero de Góis fica ali e aí o

Martim Afonso de Sousa diz pra ele "tu fica atento com as notícias do que terá acontecido

com essa minha expedição.

Se alguém foi o culpado pela morte... pelo desbaratamento, pela morte, pelo ataque a

esses caras... tu ataca eles também".

Bom, aí chegam as notícias, cara, em outubro de 1533, que a expedição do Pero Lobo e

do Francisco de Chaves teria sido atacada pelos índios Carijó e morta logo ali no

Paraná... no... perto da Foz do Iguaçu, ou seja, longe ainda do Peru.

E se diz, há o boato de que quem teria ordenado a morte dessa expedição tinha sido o....

Bacharel de Cananeia!

Que baixaria, Bacharel!

E aí... coffff... o.. ããã... o Pero Lopes manda um emissário até Cananeia e chega

em Cananeia e o emissário diz pro Bacharel de Cananeia: "o teu degredo"... ou seja, ele

era degredado, é a primeira vez na história que há o registro de que ele é um degredado,

porque ele diz "o teu degredo, a partir de agora, será cumprido não em Cananeia, e

sim em São Vicente".

E além de tudo, tinha lá junto com ele um cara que agora aparece na história, chamado

Ruy García Moschera, que era um espanhol pica das galáxias que tinha desertado da

expedição do Sebastião Caboto, que era um cara tão inacreditável que deu origem

a palavra "cabotino", é, um italiano que navegava sob bandeira espanhola, que tinha

passado por ali em 1526...

Cara, tu não sabe nada mesmo, né.

Eu tenho que perder muito tempo te explicando tudo.

Mas tá tudo aqui no livro "Capitães do Brasil", se tu quiser saber.

Esse Ruy García Moschera tinha desembarcado ali mas em vez de se instalar em Cananeia,

se instalou em...

Iguape!

Iguape!

Vou te mostrar aqui, tá aparecendo uns mapas, ó, tu que não sabe nem geografia...

Tu não sabe nada de história, tu não sabe nada de geografia também.

Então tu não sabe onde é que fica Cananeia, não sabe onde é que fica a ilha do Cardoso,

não sabe onde é que fica Iguape!

Esse Ruy García Moschera, em vez de se instalar em Cananeia, se instalou em Iguape.. mas com

as bênçãos, com a permissão do Bacharel, que mandava ali naquela área.

Mas esse Ruy García Moschera também não era mole.

Quando os emissários do... do Pero de Góis chegam lá pra dar um ultimato no Bacharel

de Cananeia, o Ruy García Moschera tá lá e era meio nobre espanhol assim e diz "essa

terra pertence a Espanha!".

E era bem na divisa mesmo, cara!

Talvez fosse da Espanha, sabe.

E ele diz "essa terra não pertence a Portugal, essa terra pertence a Espanha, eu estou aqui

em nome do rei Carlos V, imperador Carlos V"... que era mentira né, porque ele tinha

desertado... mas né, na hora do vamo ver ali né...

Porque cara, nós tamos numa história de cowboy mais louca que qualquer história de

cowboy que Hollywood já filmou, cara!

Porque eles eram os feios, sujos e malvados, ó!

Eles eram uns barbudo, uns até carregavam bomba assim ó na mão, cara, os cara eram

assim meu!

Os cara eram sinistro, sinistro!

Uns bandoleiro, uns fora da lei, uns cara perigoso, sabe.

E aí o Ruy García Moschera disse "não vou sair daqui não, cara, de jeito nenhum, nem

o Bacharel vai sair daqui!".

Aí o emissário diz "então"... o otário ainda dá o prazo, né... "daqui... se tu

não estiver em São Vicente daqui a duas semanas, a gente vai vir aqui te buscar a


A GUERRA DE IGUAPE - EDUARDO BUENO (1)

Depois de dois anos, DOIS ANOS, assistindo ao canal Buenas Ideias, você chegou a uma

conclusão: a única coisa que você sabe é que você não sabe nada!

É ou não é?

É ou não é?

Tu concluiu "eu não sei nada!

Eu não sei nada!".

Tu já pensou até em processar o teu colégio, processar o teu professor de história que

não te ensinou nada!

Então agora, cara, como prêmio, eu vou te falar uma coisa que todo mundo sabe, cara,

que todo mundo conhece, e aí você vai se sentir como quem navega em águas conhecidas,

como quem caminha por um território cartografado, você vai se sentir em paz.

Eu vou falar sobre a guerra de Iguape.

O que?

Você não sabe o que que foi a guerra de Iguape?

Tu nunca ouviu falar na guerra de Iguape?

Mas nem sobre a guerra de Iguape te falaram, cara!?

A guerra de Iguape foi o primeiro confronto, a primeira luta, entre europeus... um europeu

contra um outro europeu, no caso, portugueses contra espanhóis, travadas em toda a América!

Em toda a América!

Talvez tenha tido já brigas antes lá no Caribe, que os espanhol tudo louco...

Mas na América do Sul...

E na América do Norte nem existia nada...

Foi a primeira vez que eles brigaram entre si!

É uma história maravilhosa!

Portugueses e castelhanos repetindo no Novo Mundo o que já faziam na Europa desde 1385,

na Batalha de Aljubarrota, e continuariam fazendo até 1644, na Batalha de Montijo.

E além de tudo, atrasou em 10 anos a ocupação do sul do Brasil.

E é essa a história que tu vai conhecer agora.

"Resgate, resgate!

Vamos resgatar a história da guerra de Iguape!".

Cara, a guerra de Iguape é uma história totalmente inacreditável.

Um monte de gente diz aqui "bah, tinha que virar episódio no Netflix, tinha que virar

filme!", cara!

E essa tinha mesmo.

Na verdade, o grande épico já é a expedição do Martim Afonso de Sousa, né cara.

O Martim Afonso de Sousa era um escroto, era um canalha, era um ladrão... mas mesmo assim,

ele teve grande importância na história do Brasil (talvez até por isso, né).

E aí, na verdade, tem muito pouca rua Martim Afonso de Sousa, muito pouca!

Rua Martim Afonso de Sousa, avenida Martim Afonso de Sousa, ninguém fala no Martim Afonso

de Sousa.

Tudo bem que ele era ladrão, tudo bem que depois ele virou vice-rei da Índia e roubou

muito dinheiro lá na Índia.

Sim, eu tô gripado, não interessa, tu vai aguentar minha voz assim e se eu tossir tu

vai ficar ouvindo de qualquer jeito.

É porque a história merece.

O Martim Afonso de Sousa fez a primeira expedição exploratória do Brasil em 1531.

Ele era amigo de infância do rei, do rei Dom João III...

Mas eu não vou contar a história dessa expedição, eu não vou contar a história do Martim Afonso

de Sousa, eu não vou contar a história de como o Brasil foi dividido em capitanias hereditárias...

Se tu quiser, tu compra o maravilhoso livro "Capitães do Brasil" que tudo vai estar aqui.

Eu vou me concentrar na Guerra de Iguape.

Eu também.. cof cof cof cof... não vou contar a história do meu personagem misterioso favorito

da história colonial do Brasil: o bacharel de Cananeia.

Algum dia eu vou falar do bacharel.

Mas o bacharel é figura chave nessa história que vai começar agora.

E como começa essa história?

Começa quando, no dia... tananã... quando no dia primeiro de agosto de 1531 o Martim

Afonso de Sousa chega na ilha verdejante de Cananeia, bem no finalzinho do litoral sul

de São Paulo, ainda um lugar isolado, ainda um lugar que inclusive requer a nossa atenção,

é um lugar que tem que ser preservado, é um lugar que ainda tem muita mata atlântica,

do lado ali fica a ilha do Cardoso, que é um parque estadual, e tal.

O Martim Afonso de Sousa chega ali em 1o de agosto de 1531...

E no dia 12 de agosto de 1531, depois que ele tá dez dias ancorado ali, sobe a bordo

um cara chamado Bacharel de Cananeia.

Era um cara que tava morando ali, segundo diz o irmão dele...

Porque essa expedição é minuciosamente contada pelo irmão do Martim Afonso de Sousa,

Pero Lopes de Sousa, que fez o "Diário da navegação de Martim Afonso de Sousa", que

é um livro sensacional, é um diário de bordo.

Chega nesse dia 12 de agosto a bordo esse bacharel de Cananeia.

Que o Pero Lopes escreve: "estava morando há mais de 30 anos no Brasil".

Estamos em 1531...

Eles estava morando há mais de 30 anos no Brasil, portanto...

Estava morando antes do descobrimento do Brasil?

Ou tinha chegado no exato momento do descobrimento do Brasil?

Ninguém sabe e você não vai ficar sabendo enquanto eu não te falar.

Porque não é essa a história.

A história é que junto com ele tinha um cara também incrível chamado Francisco de

Chaves, que também era um desertor espanhol..

Também não, porque eu não sei o Bacharel de Cananeia era um desertor espanhol... não

sei se ele era português, se ele era espanhol, ninguém sabe!

Provavelmente era português.

O Francisco de Chaves também era português mas tinha desertado de uma expedição espanhola.

E esses dois caras e outros que moravam ali, que estavam morando há mais de dez anos em

Cananeia, todos cheios de mulheres indígenas, e todos sobre a égide, sobre o poder do Bacharel,

dizendo pra ele o seguinte...

Tem uma trilha...

Tu já ouviu isso DEZ vezes, só que não a partir de Cananeia.

"Tem uma trilha que sai daqui e vai até um território repleto de montanhas enormes cobertas

de neve onde vive um povo riquíssimo cheio de ouro e prata".

Eles já tinham ouvido essa história em vários outros lugares, j[a se comentava nessa história

desde 1524, né, quando um cara inclusive, o Aleixo Garcia, você já viu aqui dez vezes,

não vou contar, vai lá ver "O Caminho do Peabiru"...

Sabiam que essa história existia, sabia que esse reino existia.

E o tal Francisco de Chaves disse pra ele o seguinte: "se tu me der uma tropa, se tu

me der 50 soldados, eu saio daqui de Cananeia, vou a pé até esse lugar e daqui a 10 meses

eu estarei de volta com 400 escravos indígenas carregados, cada um deles, com um cesto desse

tamanho cheio de ouro e de prata".

Tãããa.

Legal, né, gostei.

Bom, o Martim Afonso de Sousa, que já sabia dessas histórias, que já na verdade estava

em busca do Peru, porque essa história é o reino do Peru...

Pega 80,, 80 besteiros...

Né, você, besta é aquela arma bum bum bum né.

E arcabuzeiros...

Pegam um cara chamado Pero Lobo e diz "pode ir".

E o Pero Lobo e o Francisco de Chaves partem e dali a dez meses eles deveriam voltar carregados

de ouro e prata.

O Martim Afonso de Souza vai até o Rio da Prata, acontece mil coisas barará barará

barará, e em maio de... aliás, em janeiro de 1553, portanto mais de dez meses depois,

o Martim Afonso de Sousa volta pra Cananeia de descobre que os caras sumiram: não tem

notícias deles, não voltaram.

Ele sai de Cananeia e vai pra São Vicente, São Paulo.

São Vicente, você já viu aqui, era chamado Porto dos Escravos... era um lugar onde morava

o João Ramalho, onde morava outros portugueses, todos traficantes de escravos, todos uns caras

meio estranhos assim, embora menos estranhos que os que moravam em Cananeia, tá.

Bom, aí o Martim Afonso de Sousa fica ali esperando a volta... porque eles ficaram de

voltar pra São Vicente.

Fica esperando ali a volta dos caras em São Vicente, os caras não voltam.

Martim Afonso de Sousa deixa o seu lugar tenente que é um cara chamado Pedro de Góis, que

é um cara que depois ganharia a capitania de São Tomé, que é uma capitania onde hoje

é o Espírito Santo, que era, de certa forma, a pior capitania do Brasil...

Porque ele era o único donatário que recebeu terras no Brasil que não era rico.

Então deram pra ele a pior terra, a terra dos Goiatacá.

Que tem um monte de gente pedindo pra eu fazer aqui a história dos Goiatacá, algum dia

farei, que é uma história incrível a dos índos Waitaká, né.

O Pero Lopes fica ali... o Pero Lopes não, perdão, o Pero de Góis fica ali e aí o

Martim Afonso de Sousa diz pra ele "tu fica atento com as notícias do que terá acontecido

com essa minha expedição.

Se alguém foi o culpado pela morte... pelo desbaratamento, pela morte, pelo ataque a

esses caras... tu ataca eles também".

Bom, aí chegam as notícias, cara, em outubro de 1533, que a expedição do Pero Lobo e

do Francisco de Chaves teria sido atacada pelos índios Carijó e morta logo ali no

Paraná... no... perto da Foz do Iguaçu, ou seja, longe ainda do Peru.

E se diz, há o boato de que quem teria ordenado a morte dessa expedição tinha sido o....

Bacharel de Cananeia!

Que baixaria, Bacharel!

E aí... coffff... o.. ããã... o Pero Lopes manda um emissário até Cananeia e chega

em Cananeia e o emissário diz pro Bacharel de Cananeia: "o teu degredo"... ou seja, ele

era degredado, é a primeira vez na história que há o registro de que ele é um degredado,

porque ele diz "o teu degredo, a partir de agora, será cumprido não em Cananeia, e

sim em São Vicente".

E além de tudo, tinha lá junto com ele um cara que agora aparece na história, chamado

Ruy García Moschera, que era um espanhol pica das galáxias que tinha desertado da

expedição do Sebastião Caboto, que era um cara tão inacreditável que deu origem

a palavra "cabotino", é, um italiano que navegava sob bandeira espanhola, que tinha

passado por ali em 1526...

Cara, tu não sabe nada mesmo, né.

Eu tenho que perder muito tempo te explicando tudo.

Mas tá tudo aqui no livro "Capitães do Brasil", se tu quiser saber.

Esse Ruy García Moschera tinha desembarcado ali mas em vez de se instalar em Cananeia,

se instalou em...

Iguape!

Iguape!

Vou te mostrar aqui, tá aparecendo uns mapas, ó, tu que não sabe nem geografia...

Tu não sabe nada de história, tu não sabe nada de geografia também.

Então tu não sabe onde é que fica Cananeia, não sabe onde é que fica a ilha do Cardoso,

não sabe onde é que fica Iguape!

Esse Ruy García Moschera, em vez de se instalar em Cananeia, se instalou em Iguape.. mas com

as bênçãos, com a permissão do Bacharel, que mandava ali naquela área.

Mas esse Ruy García Moschera também não era mole.

Quando os emissários do... do Pero de Góis chegam lá pra dar um ultimato no Bacharel

de Cananeia, o Ruy García Moschera tá lá e era meio nobre espanhol assim e diz "essa

terra pertence a Espanha!".

E era bem na divisa mesmo, cara!

Talvez fosse da Espanha, sabe.

E ele diz "essa terra não pertence a Portugal, essa terra pertence a Espanha, eu estou aqui

em nome do rei Carlos V, imperador Carlos V"... que era mentira né, porque ele tinha

desertado... mas né, na hora do vamo ver ali né...

Porque cara, nós tamos numa história de cowboy mais louca que qualquer história de

cowboy que Hollywood já filmou, cara!

Porque eles eram os feios, sujos e malvados, ó!

Eles eram uns barbudo, uns até carregavam bomba assim ó na mão, cara, os cara eram

assim meu!

Os cara eram sinistro, sinistro!

Uns bandoleiro, uns fora da lei, uns cara perigoso, sabe.

E aí o Ruy García Moschera disse "não vou sair daqui não, cara, de jeito nenhum, nem

o Bacharel vai sair daqui!".

Aí o emissário diz "então"... o otário ainda dá o prazo, né... "daqui... se tu

não estiver em São Vicente daqui a duas semanas, a gente vai vir aqui te buscar a